quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 28

Quando anoitece, chega ao Posto de Socorro uma família de colônia próxima. Esta família é composta pelo casal Bacelar e suas duas filhas. Eles são velhos conhecidos de Alfredo e Ismália.

Bacelar é chefe de turmas de assistência aos irmãos do círculo carnal. Aniceto pergunta-lhe então como está o serviço. O visitante então informa que o serviço vai bem, embora os irmãos encarnados não correspondam a todas as oportunidades oferecidas. Em especial, ele fala do desculpismo.
"Nesse terreno de assistência espiritual, verão, um dia, quantos pretextos são inventados pelas criaturas terrestres por fugir ao testemunho da verdade divina, nas tarefas que lhes são próprias. Os mordomos das responsabilidades alegam excesso de deveres, os servidores da obediência afirmam ausência de ensejo. Os que guardam possibilidades financeiras montam guarda ao patrimônio amoedado, os que receberam a bênção da pobreza de recursos monetários aconselham-se com a revolta. Os moços declaram-se muito jovens para cultivar as realidades sublimes, os mais idosos afirmam-se inúteis para servi-las. Os casados reclamam quanto à família, os solteiros queixam-se da ausência dela. Dizem os doentes que não podem, comentam os sãos que não precisam. Raros companheiros encarnados conseguem viver sem a contradição."
Passados quase 70 anos dessa estória narrada por André Luiz, nós continuamos a cometer os mesmos erros. E o que é pior: muitos que usam o desculpismo para fugir do trabalho na seara do Mestre são Espíritas.

Todos os dias, eu me questiono o pouco que eu faço e o muito que poderia fazer. Sei que estou neste grupo que Bacelar se refere. Estou sempre me prometendo fazer um pouco mais e sempre adiando para amanhã as novas tarefas.

Quando li a biografia de Divaldo Franco, eu fiquei encantada pela determinação e serenidade desse tarefereiro. Sem condições financeiras e sem ainda muitos conhecimentos da doutrina espírita, ele não parou para se lamentar e nem esperou por condições mais favoráveis. Com apenas 17 anos, arregaçou as mangas e criou as atividades da Casa do Caminho. Os erros ele consertou à medida que foi se esclarecendo. As lágrimas ele enxugou enquanto trabalhava. Os irmãos que lhe viraram as costas, ele abençou. Em momento algum, ele deu desculpas para não trabalhar.


Carmem Bezerra

Nenhum comentário:

Postar um comentário