domingo, 19 de agosto de 2012

Nosso Lar - Capítulo 50

Não se sentindo capaz de ajudar ao marido de sua ex-esposa, André Luiz pede em oração a ajuda de Narcisa. A querida tarefeira aparece no antigo lar de André e toma ciência da situação. Vê que o irmão adoentado precisa de remédios.
"Não só o homem pode receber fluidos e emiti-los. As forças naturais fazem o mesmo, nos reinos diversos em que se subdividem. Para o caso do nosso enfermo, precisamos das árvores. Elas nos auxiliarão eficazmente."
Narcisa então pede informações a entidades espirituais da Natureza sobre a existência de mangueiras e eucaliptos por perto. André se admira da existência dessas entidades.
"São servidores comuns do reino vegetal, os irmãos que nos atenderam. Como vê, nada existe de inútil na Casa de Nosso Pai. Em toda parte, se há quem necessite aprender, há quem ensine; e onde aparece a dificuldade, surge a Providência. O único desventurado, na obra divina, é o espírito imprevidente, que se condenou às trevas da maldade."
André fica a semana cuidando da recuperação de Ernesto. Ao regressar à colônia, ele é recebido por mais de 200 companheiros. O Ministro Clarêncio lhe explica:
"Até hoje, André, você era meu pupilo na cidade; mas, doravante, em nome da Governadoria, declaro-o cidadão de Nosso Lar."
Acho este capítulo um dos mais bonitos do livro por três motivos.
  • Primeiro, por nos permitir testemunhar a evolução espiritual de um irmão a quem muito hoje devemos. Ele teve a humildade de contar a sua estória para que outros pudessem encarar a morte sem medo e entender que todos podem recomeçar, por pior que tenha sido os erros cometidos. 
  • Segundo, por nos falar de entidades espirituais que cuidam da natureza. André não dá muitos detalhes, acho que evita nos chocar. Mas pelo espanto que demonstra no texto, podemos deduzir que estas entidades não tinham (as nossas) formas humanas. Provavelmente, são irmãos que estão fazendo a transição para a espécie humana. É importante frisar que nem todos os espíritas acreditam que o princípio inteligente passa pelos reinos mineral, vegetal e animal, antes de pertencer à espécie humana. Minha opinião é que passamos, sim, por estes 3 reinos.
  • Terceiro, por nos falar que André ganhou o título de "Cidadão de Nosso Lar" por mérito próprio. Isto significa que também um dia podemos ser trabalhadores de uma colônia espiritual. Alguns, por mérito, irão receber o título logo após o desencarne pelo muito que trabalharam pelo bem na Terra. Outros vão obter o título, como André, após um período de aprendizagem.
Espero que esse estudo tenha ajudado a alguém como muito me ajudou.

Que Deus abençoe a todos nós.


Carmem Bezerra

sábado, 18 de agosto de 2012

Nosso Lar - Capítulo 49

André Luiz finalmente recebe autorização para visitar a sua família na Terra. Para a sua surpresa, encontra os filhos crescidos  e a esposa casada com Ernesto que estava acamado. Tinham se passado quase 10 anos desde o seu desencarne.

Clarêncio o aconselha:
"Compreendo suas mágoas e rejubilo-me pela ótima oportunidade deste testemunho. Não tenho diretrizes novas. Qualquer conselho de minha parte, portanto, seria intempestivo. Apenas, meu caro, não posso esquecer que aquela recomendação de Jesus para que amemos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, opera sempre, quando seguida, verdadeiros milagres de felicidade e compreensão, em nossos caminhos."
André então encontra serenidade para pensar em tudo que aprendeu desde o seu desencarne.
"Então, em face da realidade, absolutamente só no testemunho, comecei a ponderar o alcance da recomendação evangélica e refleti com mais serenidade. Afinal de contas, por que condenar o procedimento de Zélia? E se fosse eu o viúvo na Terra? Teria, acaso, suportado a prolongada solidão? Não teria recorrido a mil pretextos para justificar novo consórcio? E o pobre enfermo? Como e por que odiá-lo? Não era também meu irmão na Casa de Nosso Pai? Não estaria o lar, talvez, em piores condições, se Zélia não lhe houvesse aceitado a aliança afetiva? Preciso era, pois, lutar contra o egoísmo feroz. Jesus conduzira-me a outras fontes. Não podia proceder como homem da Terra. Minha família não era, apenas, uma esposa e três filhos na Terra. Era, sim, constituída de centenas de enfermos nas Câmaras de Retificação e estendia-se, agora, à comunidade universal. Dominado de novos pensamentos, senti que a linfa do verdadeiro amor começava a brotar das feridas benéficas que a realidade me abrira no coração."
André mostra nesta passagem do livro que o trabalho nas Câmaras de Retificação o ajudou a evoluir moralmente. Ele deixa o ciúme de lado e tenta ver um irmão no marido da antiga companheira. Não imaginem ter sido fácil para ele. Muitos falham em situações semelhantes e ficam presos na Terra, obsediando os antigos seres amados. Aprender a amar sem nada pedir em troca é talvez a lição mais difícil da Escola Terra.

"As ideias são como as sementes: não podem germinar antes da estação própria, e a não ser em terreno preparado."
              Capítulo XXIV, Evangelho Segundo o Espiritismo.

 Carmem Bezerra

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Nosso Lar - Capítulo 48

Neste capítulo, André Luiz narra a visita de Ricardo, esposo de D. Laura. Ele já estava reencarnado na Terra e a visita era apenas uma forma de reunir toda a família e encorajar D. Laura antes do retorno dela ao orbe terrestre.

André notou que na sala tinha um grande globo cristalino da altura de dois metros. O irmão Ricardo iria aparecer neste globo. André então perguntou a um dos presentes a razão do uso deste aparelho.
"É preciso lembrar que a nossa emotividade emite forças suscetíveis de perturbar. Aquela pequena câmara cristalina é constituída de material isolante. Nossas energias mentais não poderão atravessá-la."
Depois da troca de carinho com a esposa e os filhos, Ricardo faz um pedido antes de retornar à Terra.
"Ah! filhos meus, alguma coisa tenho a pedir-lhes do fundo de minh’alma! roguem ao Senhor para que eu nunca disponha de facilidades na Terra, a fim de que a luz da gratidão e do entendimento permaneça viva em meu espírito!..."
É possível fazer três observações a partir da narração feita por André Luiz.

A primeira observação é sobre o uso de um aparelho para que a comunicação fosse realizada. Nem sempre isto é necessário. Entretanto, é preciso levar em consideração a situação dos Espíritos envolvidos. Ricardo é uma criança encarnada na Terra e um grande abalo emocional poderia provocar a sua desencarnação (a reencarnação só é completada por volta dos 7 anos).

É preciso entender que a família de Lísias é bastante amorosa, mas luta ainda contra sentimentos que a fez várias vezes falhar no plano carnal. Entretanto, com boa vontade e serviço no bem, eles conseguiram muitos amigos em Nosso Lar. E, por isso, conseguiram reunir toda a família antes da reencarnação da matriarca.

Mas o que seria este globo cristalino? De que ele era feito? Quem o fabricou?

Nos livros de Emmanuel, Manuel Philomeno de Miranda e André Luiz, temos passagens que falam em Espíritos especializados em executar determinadas tarefas. Uma dessas tarefas é a criação e a manutenção das barreiras de segurança que protegem as cidades espirituais e os centros espíritas da Terra contra invasores dos planos inferiores. Estas barreiras devem ser entendidas como campos energéticos que permitem a passagem dos Espíritos com um determinado nível mínimo de energia (quanto mais evoluído o Espírito, mais energia ele possui). Embora o Espírito desencarnado não possa morrer novamente, se ele tentar atravessar uma dessas barreiras de segurança, sentirá uma grande dor e retrocederá.

Talvez a explicação fique mais fácil de entender se pensarmos no nosso corpo físico. A ciência nos fala que a matéria é feita de energia. Sabemos que somos capazes de absorver a energia de um pequeno choque elétrico, mas não somos capazes de absorver o choque de um milhão de volts sem sofrer a morte do corpo físico.

Além disso, sabemos que pensamento é energia. Portanto, o aparelho citado por André Luiz nada mais é que uma barreira energética para evitar que os pensamentos (energias) dos parentes saudosos alcancem Ricardo. Provavelmente este aparelho foi criado pelo mesmo grupo de Espíritos responsável pelas barreiras de segurança de Nosso Lar.

A segunda observação é sobre a necessidade desse aparelho. Por que os sentimentos dos familiares poderiam prejudicá-lo? Não eram sentimentos bons?

Eram sem dúvidas sentimentos de afeto, mas não eram ainda sentimentos equilibrados. O desejo de ter quem se ama por perto é natural. Mas a emotividade pode ser destrutiva e representa falta de confiança nos desígnios de Deus. Um exemplo é a lamentação dos irmãos encarnados por aqueles que morreram: pode perturbar o irmão que fez a passagem e dificultar que ele encontre o equilíbrio na nova morada.

A terceira observação é sobre o pedido de Ricardo para que não tivesse facilidades na Terra. Ele tem receio de falhar novamente. Foi um pedido sábio que mostra o grau de comprometimento do Espírito com seu plano de evolução espiritual. A riqueza é uma prova mais difícil de vencer que a pobreza, mas poucos ainda compreendem isto.

"Deus pôs no fundo do vosso coração uma sentinela vigilante, que se chama consciência. Ouvi-a, que ela só dará bons conselhos."
                         Capítulo XIII, Evangelho Segundo o Espiritismo.


Carmem Bezerra

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Nosso Lar - Capítulo 47

Neste capítulo, os amigos de D. Laura vão visitá-la, pois se aproxima o dia em que ela voltará à Terra. É uma reunião para se despedir e para desejar que tudo ocorra bem na nova encarnação. Como a mãe de Lísias mostrava-se receiosa em fracassar na nova tarefa, o Ministro Genésio lhe falou:
"... precisamos confiar na Proteção Divina e em nós mesmos. O manancial da Providência é inesgotável. É preciso quebrar os óculos escuros que nos apresentam a paisagem física como exílio amargurado. Não pense em possibilidades de fracasso; mentalize, sim, as probabilidades de êxito. Além do mais, é justo confiar alguma coisa em nós outros, seus amigos, que não estaremos tão longe, no tocante à ‘distância vibratória’. Pense na alegria de auxiliar antigas afeições, pondere na glória imensa de ser útil."
Mais adiante, o Ministro lembrou a D. Laura que ela fizera inúmeros amigos em Nosso Lar e que todos eles estavam intercedendo por ela.
"Não se preocupe, portanto, minha amiga, terá ao seu lado inúmeros irmãos e companheiros a colaborarem no seu bem-estar."
Após meditar no muito que ouvira dos amigos, a mãe de Lísias comenta:
"Têm razão, cultivarei a esperança, confiarei no Senhor e em todos vocês."
É interassante notar que este texto nos fala do medo de um Espírito que vai reencarnar. É um Espírito que muito trabalhou na colônia espiritual e que fez inúmeros amigos. Um exemplo é o próprio André Luiz. Como ele não tinha para onde ir quando saiu do hospital, D. Laura o acolheu em casa como se acolhe um filho querido.

Com essa e outras atitudes, a mãe de Lísias fez grandes amizades em Nossa Lar. Ela estava voltando à Terra para receber no futuro pessoas queridas que ainda necesitavam reencarnar. Portanto, a volta não era uma necessidade imediata dela, mas de pessoas que ela amava muito. Se ela ficasse mais tempo na colônia, aprenderia mais. Daí vinha o medo dela de fracassar novamente.

É estranho imaginar que um "morto" tenha medo de voltar a "viver", mas este medo mostra apenas a lucidez de D. Laura. Ela errara muito nas outras encarnações e queria que a próxima oportunidade fosse bem aproveitada.
"É preciso não esquecer que é o Espírito que ama e não o corpo, e, quando a ilusão material se dissipa, o Espírito vê a realidade."
                         Questão 939, Livro dos Espíritos.


Carmem Bezerra

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Nosso Lar - Capítulo 46

André Luiz é informado pela mãe que seu pai reencarnou na Terra. Pela explicação materna, André compreende que o pai não fora consultado sobre a reencarnação. Ele então quer saber por que o pai não tivera o direito de escolha.
"Há reencarnações que funcionam como drásticos. Ainda que o doente não se sinta corajoso, existem amigos que o ajudam a sorver o remédio santo, embora muito amargo. Relativamente à liberdade irrestrita, a alma pode invocar esse direito somente quando compreenda o dever e o pratique. Quanto ao mais, é indispensável reconhecer que o devedor é escravo do compromisso assumido. Deus criou o livre-arbítrio, nós criamos a fatalidade. É preciso quebrar, portanto, as algemas que fundimos para nós mesmos."
Isto significa que o pai de André teve uma reencarnação compulsória, já que o seu grau de pertubação o impedia de fazer uma análise clara da situação em que se encontrava. Quando isto acontece, os Espíritos familiares, com a ajuda dos Mentores, decidem o que é melhor para o Espírito sofredor.

A reencarnação é sempre uma bênção, pois permite ao Espírito aprender novas lições e corrigir os erros do passado. O esquecimento das vidas passados é a oportunidade que Deus nos dá para zerar sentimentos ruins e começar novas relações.

É muito provável que por enquanto, seja plenamente dispensável a sua cooperação no paraíso. É indiscutível, porém, a realidade de que, no momento, o seu lugar de servir e aprender, ajudar e amar, é na Terra mesmo.
                Agenda Cristã, Chico Xavier/Andre Luiz.


Carmem Bezerra

domingo, 12 de agosto de 2012

Nosso Lar - Capítulo 45

André Luiz é convidado por Lísias a assistir um concerto musical em Nosso Lar. Maravilhado pela música que ouvia, ele recebe a seguinte explicação do amigo:
"Nossos orientadores, em harmonia, absorvem raios de inspiração nos planos mais altos, e os grandes compositores terrestres são, por vezes, trazidos às esferas como a nossa, onde recebem algumas expressões melódicas, transmitindo-as, por sua vez, aos ouvidos humanos, adornando os temas recebidos com o gênio que possuem. O Universo, André, está cheio de beleza e sublimidade. O facho resplendente e eterno da vida procede originariamente de Deus."
Não é difícil imaginar que há ruídos na comunicação entre as esferas. A beleza da música dos planos superiores não deve chegar a Nosso Lar em toda a sua plenitude. Da mesma forma, os músicos da Terra não captam toda a beleza da música que ouvem das esferas espirituais e que chamam de inspiração.

Entretanto, da mesma forma que a música pode vir de planos espirituais mais elevados, ela também pode ter como fonte os planos inferiores da vida. É uma questão de sintonia.

Portanto, a boa música pode ajudar a nos sintonizar com a Espiritualidade Superior, facilitando o intercâmbio e a ajuda que precisamos.

"A Música exerce salutar influência sobre a alma e a alma que a concebe também exerce influência sobre a Música. A alma virtuosa, que nutre a paixão do bem, do belo, do grandioso e que adquiriu harmonia, produzirá obras-primas capazes de penetrar as mais endurecidas almas e de comovê-las."
                           Obras Póstumas, Allan Kardec
 

Carmem Bezerra

Nosso Lar - Capítulo 44

Neste capítulo André Luiz quer saber de Lísias por que o Governador no seu discurso falara em região do Umbral e em região das Trevas. Não seria a região trevosa o próprio umbral?
"Chamamos Trevas às regiões mais inferiores que conhecemos. Considere as criaturas como itinerantes da vida. Alguns poucos seguem resolutos, visando ao objetivo essencial da jornada. São os espíritos nobilíssimos, que descobriram a essência divina em si mesmos, marchando para o alvo sublime, sem vacilações. A maioria, no entanto, estaciona. Temos então a multidão de almas que demoram séculos e séculos, recapitulando experiências. Os primeiros seguem por linhas retas. Os segundos caminham descrevendo grandes curvas. Nessa movimentação, repetindo marchas e refazendo velhos esforços, ficam à mercê de inúmeras vicissitudes. Assim é que muitos costumam perder-se em plena floresta da vida, perturbados no labirinto que tracejam para os próprios pés. Classificam-se, aí, os milhões de seres que perambulam no Umbral. Outros, preferindo caminhar às escuras, pela preocupação egoística que os absorve, costumam cair em precipícios, estacionando no fundo do abismo por tempo indeterminado."
Tentando entender melhor a explicação de Lísias, fiz uma pesquisa na Internet e encontrei um texto bem interessante sobre o Mundo Espiritual em http://www.espirito.org.br/portal/artigos/celuz/textos/o-mundo-espiritual2.html.

O texto fala nas várias esferas espirituais discutidas na literatura espírita.
  1. ABISMO – região espiritual destinada a Espíritos que tenham cometido os mais graves crimes contra as Leis Divinas. Nele encontramos, por exemplo, o vale dos suicidas.
  2. TREVAS – região espiritual desprovida de qualquer luminosidade e destinada a Espíritos que tenham tido comportamento moral condenável em suas oportunidades reencarnatórias
  3. ESFERAS TERRESTRES – regiões espirituais criadas por Espíritos viciosos (Encarnados e Desencarnados) na Terra. É possível imaginar bolhas espirituais no nosso planeta onde pessoas com a mesma vibração se agrupam.
  4. UMBRAL – região espiritual que começa na crosta terrestre na qual se concentra tudo o que não tenha finalidade para a vida superior. É zona purgatória para esgotamento de resíduos mentais.
  5. ZONA DE TRANSIÇÃO – onde ficam as colônias espirituais do Umbral. Nosso Lar é uma dessas colônias.
  6. ESFERAS SUPERIORES – regiões espirituais destinadas aos Bons Espíritos e aos Espíritos Superiores.
  7. ESFERAS RESPLANDESCENTES – regiões espirituais onde impera a bondade, a confiança e a felicidade verdadeiras.
Entendo que o abismo e as trevas podem ser considerados como Umbral inferior, enquanto a Zona de transição é o Umbral superior.
"Na casa de meu Pai há muitas moradas."
            João 14:2

Carmem Bezerra

sábado, 11 de agosto de 2012

Nosso Lar - Capítulo 43

Neste capítulo, André ouve esclarecimentos do Ministro Benevenuto que esteve trabalhando nos campos de batalha na Polônia.
"O campo de batalha, invisível aos nossos irmãos terrestres, é verdadeiro inferno de indescritíveis proporções. Nunca, como na guerra, evidencia o espírito humano a condição de alma decaída, apresentando características essencialmente diabólicas. Vi homens inteligentes e instruídos localizarem, com minuciosa atenção, determinados setores de atividade pacífica, para o a que chamam "impactos diretos”. Bombas de alto poder explosivo destroem edifícios pacientemente edificados. Aos fluidos venenosos da metralha, casam-se as emanações pestilentas do ódio e tornam quase impossível qualquer auxílio. O que mais nos contristou, porém, foi a triste condição dos militares agressores, quando algum deles abandonava as vestes carnais, compelido pelas circunstâncias. Dominados, na maioria, por forças tenebrosas, fugiam dos Espíritos missionários, chamando-lhes a todos fantasmas da cruz."
O Ministro comenta a falta de preparação religiosa dos irmãos europeus apesar da sua alta cultura. Uma pessoa então pergunta sobre a possibilidade da Doutrina Espírita mudar esse quadro.
"O Espiritismo é a nossa grande esperança e, por todos os títulos, é o Consolador da humanidade encarnada; mas a nossa marcha é ainda muito lenta. Trata-se de uma dádiva sublime, para a qual a maioria dos homens ainda não possui ‘olhos de ver’. Esmagadora porcentagem dos aprendizes novos aproxima-se dessa fonte divina a copiar antigos vícios religiosos. Querem receber proveitos, mas não se dispõem a dar coisa alguma de si mesmos. Invocam a verdade, mas não caminham ao encontro dela. Enquanto muitos estudiosos reduzem os médiuns a cobaias humanas, numerosos crentes procedem à maneira de certos enfermos que, embora curados, creem mais na doença que na saúde, e nunca utilizam os próprios pés. Enfim, procuram-se, por lá, os espíritos materializados para o fenomenismo passageiro, ao passo que nós outros vivemos à procura de homens espiritualizados para o trabalho sério."

O Ministro fala que os espíritas europeus no final da década de 30, além de serem poucos, estavam mais interessados nos fenômenos mediúnicos do que no conteúdo moral da doutrina. Infelizmente a observação do Ministro pode ser, em parte, aplicada ao Brasil dos dias de hoje. É muito fácil encontrar nos centros espíritas pessoas interessadas nos fenômenos, não na codificação. São pessoas que se emocionam com as novelas e filmes espíritas, mas não são capazes de se envolver com a essência da doutrina.

O Espiritismo tem como missão reviver o cristianismo dos primeiros tempos. Portanto, entender a doutrina é entender o que o Mestre Jesus nos ensinou.
"As idéias são como as sementes: não podem germinar antes da estação própria, e a não ser em terreno preparado."
           Cap. XXIV, item 10, Evangelho Segundo o Espiritismo.

Carmem Bezerra

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Nosso Lar - Capítulo 42

Com o início da 2a Grande Guerra na Terra, os irmãos se preparam para reforçar as defesas da colônia espiritual. Pela narração de André Luiz, eu entendi que o objetivo é evitar que a perturbação vibratória da esfera física atinja Nosso Lar. Duas medidas são então tomadas.

A primeira medida consiste em se preparar para o aumento dos serviços hospitales com a chegada de novos habitantes e na definição de exercícios contra o medo. André Luiz quis saber de Narcisa por que se preocupar com o medo das pessoas.
"Talvez estranhe, como acontece a muita gente, a elevada porcentagem de existências humanas estranguladas simplesmente pelas vibrações destrutivas do terror, que é tão contagioso como qualquer moléstia de perigosa propagação. Classificamos o medo como dos piores inimigos da criatura, por alojar-se na cidadela da alma, atacando as forças mais profundas."
Mais uma vez, o texto de André nos vem lembrar da importância do pensamento (tanto no mundo espiritual quanto no mundo físico). Todo mundo conhece aquela frase "Se Deus está comigo, quem pode ser contra mim?", mas poucos realmente a tem gravada no coração.

A segunda medida a ser tomada foi narrada pelo próprio Governador de Nosso Lar
“Haverá serviço para todos, nas regiões de limite vibratório, entre nós e os planos inferiores, porque não podemos esperar o adversário em nossa morada espiritual. Nas organizações coletivas, é forçoso considerar a medicina preventiva como medida primordial na preservação da paz interna. Somos, em Nosso Lar, mais de um milhão de criaturas devotadas aos desígnios superiores e ao melhoramento moral de nós mesmos. Seria caridade permitir a invasão de vários milhões de espíritos desordeiros? Não podemos, portanto, hesitar no que se refere à defesa do bem. Sei que muitos de vós recordais, neste instante, o Grande Crucificado. Sim, Jesus entregou-se à turba de amotinados e criminosos, por amor à redenção de todos nós, mas não entregou o mundo à desordem e ao aniquilamento. Todos devemos estar prontos para o sacrifício individual, mas não podemos entregar nossa morada aos malfeitores.”
É preciso lembrar que a colônia é defendida por barreiras vibratórias criadas pela força do pensamento. E se estas barreiras fossem rompidas?
A pergunta que podemos fazer é por que eles não pediram ajuda a Jesus? O Mestre não poderia ajudá-los? Claro que sim, não tenho qualquer dúvida em relação a isto. E mais, tenho certeza que toda esta situação estava sendo acompanhada por Ele. Se necessário fosse, Jesus mandaria seus anjos para ajudar.

Da mesma forma que evoluímos na Terra, evoluímos na Erraticidade. Os habitantes de Nosso Lar certamente tiveram sua cota de trabalho, sacrifícios e aprendizagem com o advento da 2a Grande Guerra. Ou será que você apenas espera aprender a tocar harpa enquanto estiver no Mundo Maior?
"É preciso fazer o bem no limite de suas forças, porque cada um responderá por todo o mal que resulte do bem que não haja feito. "
                                   Questão 642, Livro dos Espíritos.



Carmem Bezerra

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Nosso Lar - Capítulo 41

Neste capítulo, André Luiz narra como o início da 2a Grande Guerra alterou a rotina de Nosso Lar. Os habitantes aflitos procuravam por notícias dos entes queridos que ainda estavam na carne. Somente a palavra do Governador da colônia conseguiu trazer alguma serenidade para o ambiente.
"Irmãos de Nosso Lar, não vos entregueis a distúrbios do pensamento ou da palavra. A aflição não constrói, a ansiedade não edifica. Saibamos ser dignos do clarim do Senhor, atendendo-Lhe a Vontade Divina no trabalho silencioso, em nossos postos."
Ao reler este texto, fiquei imaginando o trabalho da Espiritualidade nas regiões de conflito hoje em dia. Temos ainda um longo caminho a percorrer até que este mundo seja o reino de Jesus.

"Se a destruição, alguma vez é necessária, a crueldade não o é jamais. "
                      Questão 752, Livro dos Espíritos.


Carmem Bezerra

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Nosso Lar - Capítulo 40

André Luiz reconhece, entre as pacientes das Câmaras de Retificação, uma antiga empregada da casa paterna com quem se relacionara intimamente e depois abandonara. Narcisa então o aconselha:
"Não tema. Aproxime-se dela e reconforte-a. Todos nós, meu irmão, encontramos no caminho os frutos do bem ou do mal que semeamos. Esta afirmativa não é frase doutrinária, é realidade universal. Tenho colhido muito proveito de situações iguais a esta. Bem-aventurados os devedores em condições de pagar."
A irmã infeliz, sem reconhecer André, lhe conta a sua estória. André então quer saber se ela guarda rancor do rapaz rico responsável por sua desgraça.
"No período do meu sofrimento anterior, amaldiçoava-lhe a lembrança, nutrindo por ele um ódio mortal; mas a irmã Nemésia modificou-me. Para odiá-lo, tenho de odiar a mim mesma. No meu caso, a culpa deve ser repartida. Não devo, pois, recriminar ninguém."
A estória narrada por André nos mostra que ninguém escapa da prestação de contas. Casos semelhantes a este aconteceram e acontecem aos milhares. Quantas violações às leis de Deus ocorrem sem que a justiça humana tome comnhecimento? Mas nenhuma dessas violações será esquecida da justiça divina. Nós temos que pagar as nossas dívidas "até o último ceitil".

Quando eu vejo na mídia esses escândalos de desvio de dinheiro público, eu sinto uma grande tristeza. Fico imaginando as oportunidades perdidas para fazer o bem e quanto choro será necessário para pagar as dívidas tão levianamente feitas.

"Os homens semeiam na terra o que colherão na vida espiritual: os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza."
      Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XXIV, item 16.

Carmem Bezerra

domingo, 5 de agosto de 2012

Nosso Lar - Capítulo 39

André Luiz ficou impressionado com o caso Tobias e procurou a mãe de Lísias para maiores esclarecimentos na primeira folga que teve do trabalho. Ela não se furtou a dar esclarecimento sobre o assunto.
"Muita gente pode ter afeição e não ter compreensão. Não esqueça que nossas construções vibratórias são muito mais importantes que as da Terra. O caso Tobias é o caso de vitória da fraternidade real, por parte das três almas interessadas na aquisição de justo entendimento. Quem não se adaptar à lei de fraternidade e compreensão, logicamente não atravessará essas fronteiras. As regiões obscuras do Umbral estão cheias de entidades que não resistiram a semelhantes provas. Enquanto odiarem, assemelham-se a agulhas magnéticas sob os mais antagônicos influxos; enquanto não entenderem a verdade, sofrerão o império da mentira e, consequentemente, não poderão penetrar as zonas de atividade superior. São incontáveis as criaturas que padecem longos anos, sem qualquer alívio espiritual, simplesmente porque se esquivam à fraternidade legítima."
André então pergunta a D. Laura o que acontece com os irmãos que não conseguem conviver fraternalmente com quem compartilhou a vida matrimonial na Terra.
"Depois de padecimentos verdadeiramente infernais, pelas criações inferiores que inventam para si mesmas, vão fazer na experiência carnal o que não conseguiram realizar em ambiente estranho ao corpo terrestre. Concede-lhes a Bondade Divina o esquecimento do passado, na organização física do planeta, e vão receber, nos laços da consanguinidade, aqueles de quem se afastaram deliberadamente pelo veneno do ódio ou da incompreensão. Daí se infere a oportunidade, cada vez mais viva, da recomendação de Jesus, quando nos aconselha imediata reconciliação com os adversários. O alvitre, antes de tudo, interessa a nós mesmos. Devemos observá-lo em proveito próprio. Quem sabe valer-se do tempo, finda a experiência terrena, ainda que precise voltar aos círculos da carne, pode efetuar sublimes construções espirituais, com relação à paz da consciência, regressando à matéria grosseira, suportando menor bagagem de preocupações. Há muitos espíritos que gastam séculos tentando desfazer animosidades e antipatias na existência terrestre e refazendo-as após a desencarnação. O problema do perdão, com Jesus, meu caro André, é problema sério. Não se resolve em conversas. Perdoar verbalmente é questão de palavras; mas aquele que perdoa realmente, precisa mover e remover pesados fardos de outras eras, dentro de si mesmo."
O que D. Laura explica é que não existe posse de pessoas no mundo espiritual: ninguém é dono de outra pessoa. O que une as pessoas é o amor fraternal. Se dois corações vibram na mesma sintonia, eles caminham juntos nas lutas evolutivas. Se dois corações não conseguem entender os desígnios divinos, eles voltam à Terra em provas expiatórias.
“Se Jesus nos recomendou amar os inimigos, imaginemos com que imenso amor nos compete amar aqueles que nos oferece o coração.”
                         Sinal Verde, Chico Xavier/André Luiz
Carmem Bezerra

sábado, 4 de agosto de 2012

Nosso Lar - Capítulo 38

André é convidado por Tobias para visitá-lo. Ele então descobre que Tobias casou duas vezes na Terra e que as duas esposas moram com ele em Nosso Lar. A primeira esposa, Hilda, é a companheira de lutas e sua esposa espiritual. A segunda esposa, Luciana, é a irmã querida que o auxiliou quando ficou viúvo e com filhos para criar.

Luciana explica para André:
"O matrimônio espiritual realiza-se, alma com alma, representando os demais, simples conciliações indispensáveis à solução de necessidades ou processos retificadores, embora todos sejam sagrados."
André quer então saber como o casamento se processa em Nosso Lar. Tobias então lhe esclarece:
"Pela combinação vibratória, ou então, para ser mais explícito, pela afinidade máxima ou completa."
Podemos entender que a afininidade espiritual é quem determina a união dos Espíritos. Emmanuel falou sobre isto no livro O Consolador. 
322 – Há uma gradação do amor, no sei das manifestações da natureza visível e invisível?
– Sem dúvida, essa gradação existiu em todos os tempos, como gradativa é a posição de todos os seres na escala infinita do progresso. O amor é a lei própria da vida e, sob o seu domínio sagrado, todas as criaturas e todas as coisas se reúnem ao Criador, dentro do plano grandioso da unidade universal. Desde as manifestações mais humildes dos reinos inferiores da Natureza, observamos a exteriorização do amor em sua feição divina. Na poeira cósmica, sínteses da vida, têm as atrações magnéticas profundas; nos corpos simples, vemos as chamadas “precipitações” da química; nos reinos mineral e vegetal verificamos o problema das combinações indispensáveis. Nas expressões da vida animal; observamos o amor em todo, em gradações infinitas, da violência à ternura, nas manifestações do irracional. No caminho dos homens é ainda o amor que preside a todas as atividades da existência em família e em sociedade. Reconhecida a sua luz divina em todos os ambientes, observaremos a união dos seres como um ponto sagrado, de referência dessa lei única que dirige o Universo. Das expressões de sexualidade, o amor caminha para o supersexualismo, marchando sempre para as sublimadas emoções da espiritualidade pura, pela renúncia e pelo trabalho santificantes, até alcançar o amor divino, atributo dos seres angelicais, que se edificaram para a união com Deus, na execução de seus sagrados desígnios do Universo.

No nível evolutivo em que nos encontramos, ainda precisamos de um companheiro (ou companheira) para compartilhar as nossas lutas. Esta pessoa é a que temos mais afinidade espiritual. Chegará o dia em que veremos em cada irmão o companheiro amado. O amor não será exclusivo, mas universal. Pois, como nos ensina a questão 298 do Livro dos Espíritos, não existem almas gêmeas.
"As almas que devem unir-se estão predestinadas a essa união desde a origem e cada um de nós tem, em alguma parte do universo, sua metade à qual um dia fatalmente se unirá?
– Não. Não existe união particular e fatal entre duas almas. A união existe entre todos os Espíritos, mas em diferentes graus, de acordo com a categoria que ocupam, ou seja, de acordo com a perfeição que adquiriram: quanto mais perfeitos, mais unidos. Da discórdia nascem todos os males humanos; da concórdia resulta a felicidade completa."
Em relação ao casamento dos Espíritos, a questão 200 do Livro dos Espíritos responde ao que André Luiz queria saber.
Os Espíritos têm sexo?
– Não como o entendeis, porque o sexo depende do organismo físico. Existe entre eles amor e simpatia, mas fundados na identidade dos sentimentos.

Carmem Bezerra