domingo, 19 de fevereiro de 2012

Domingo de carnaval

Hoje foi realmente um dia atípico: uma mistura de alegria e tristeza. A alegria veio de dois eventos: do trabalho voluntário que faço em um hospital na parte da manhã e do filme "Separação" que assisti na parte da tarde . O encontro com o grupo espírita é sempre reconfortante, acho que ganho muito mais do que sou capaz de doar. Ainda não tenho uma participação muito ativa no trabalho, estou ainda aprendendo o serviço, mas sei que posso contribuir e quero muito ajudar. Preciso aprender a sair da minha área de conforto e tentar ajudar os outros. É muito fácil ser espírita no meio de pessoas que me conhecem e gostam de mim. O problema é prestar atenção na dor do outro quando este outro não faz parte do círculo normal de amigos e conhecidos.

Outro momento feliz foi o filme iraniano. Que filme lindo! Pouco importa a nossa ignorância sobre a cultura deles. A estória contada é universal. O diretor não toma partido na controvérsia mostrada. Os dois lados erram, tem medo e só querem ser ouvidos. É imperdível!


O momento triste ficou por conta do carnaval. Juro que tento não ser preconceituosa e respeitar a escolha dos outros. Mas como não me incomodar com o que eu vi? Jovens aparentando 20 e poucos anos com garrafas de bebida nas mãos, gritando e se comportando de forma selvagem. No metrô, eu vi um jovem desmaiado no chão segurando uma garrafa. O trem chegou e partiu e ele nem deu sinal de vida. Não consigo ver alegria na excitação da bebida e da droga. Acho o espetáculo extremamente triste. Fiz a única coisa que estava ao meu alcance: rezei por eles.



Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer apologia da loucura generalizada que adormece as consciências nas festas carnavalescas. É lamentável que na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com os títulos de civilização.
       

Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidas pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer.
       

Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças das trevas nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.
       

É estranho que as administrações e elementos de governos colaborem para que se intensifique a longa série de lastimáveis desvios de espíritos fracos, cujo caráter ainda aguarda a toque miraculoso da dor para aprender as grandes verdades da vida.
       

Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidades e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se acentue o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.
Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho. Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mãos aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preucupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem? Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretenciosas opiniões, colaborando conosco, dentro de suas possibilidades, para que possamos reconstituir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.
       

É incontestável que a sociedade pode, com seu livre arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloquente atestado de sua miséria moral.

Emanuel/Chico Xavier

Carmem Bezerra

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Os Espíritas e o Carnaval

Muitos dos meus irmãos espíritas gostam de carnaval. Muitos deles se reunem na saída do Centro Espírita para juntos irem aos blocos carnavalescos após a reunião espírita.

Nada contra, mas é preciso lembrar das palavras do Mestre: "Orai e vigiai".

Sabemos que boa parte das pessoas que frequetam as festas de Momo adotam a postura do "excesso": drogas, bebidas e sexo. Afinal, tudo acaba na 4a-feira de cinzas.

Não há dúvida que a alegria das marchinhas de carnaval é contagiante. Quem não gosta de cantar as antigas canções? Quem não gosta de ver pessoas alegres?

Infelizmente, a alegria de muitos é artificial. Muitos nem se lembram o que fez no dia anterior. Por isso, é importante a cautela. Quem gosta de carnaval, não precisa se privar da festa, mas deve procurar sempre manter o equilíbrio na comemoração.

Que o espírita traga no rosto a pintura da alegria e da fantasia e no coração os ensinamentos do Divino Mestre. Não devemos ser espíritas apenas em 361 dias, mas em todos os 366 dias deste ano bissexto.

"A cidade, regorgitante, era um pandemônio. A multidão de desencarnados que se misturava à mole humana em excitação dos sentidos físicos, dominava a paisagem sombria das avenidas, ruas e praças feericamente iluminadas, mas cujas luzes não venciam a psicosfera carregada de vibrações de baixo teor. Parecia que as milhares de lâmpadas coloridas apenas bruxuleavam na noite, como ocorre quando desabam fortes tempestades.

Os grupos mascarados eram acolitados por frenéticas massas de seres espirituais voluptuosos, que se entregavam a desmandos e orgias lamentáveis, inconcebíveis do ponto de vista terreno. Uns magotes desenfreados atacavam os burlescos transeuntes, tentando prejudicá-los com as induções nefastas que se permitiam transmitir. Outros, compostos de verdugos que não disfarçavam as intenções, buscavam as vítimas em potencial para alijá-las do equilíbrio, dando início a processos nefandos de obsessões demoradas. A sucessão de cenas, deprimentes umas, selvagens outras, era constrangedora".
Nas fronteiras da Loucura - Divaldo Franco/Manoel Philomeno de Miranda


Carmem Bezerra

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A cura espiritual na Casa Espírita

Estive lendo a reportagem da revista "Isto É" sobre o médium João de Deus. O texto apresenta entrevistas com várias pessoas que se disseram curadas ou que tiveram pessoas queridas curadas pela mediunidade de João Teixeira de Faria em Abadiânia, GO. Fiquei encantada pelo trabalho de assistência e cura desenvolvido pelo médium e sua equipe.


Enquanto lia a reportagem, eu me lembrei do livro "Trilhas da Libertação" (Divaldo Frando/Manoel Philomeno de Miranda)  que narra a estória de um médium curador que usava mal suas habilidades mediúnicas. Como deve ser difícil ter este tipo de mediúnidade e não cair em erros! Fico pensando nos irmãos desesperados por uma cura e que, muitas vezes, vêem o médium como a última esperança. Do outro lado, tem pessoas interessadas ou agradecidas que sufocam o médium com elogios e mesuras. O médium precisa de muito equilíbrio para lidar com essas situações e exercer com dignidade o mandato mediúnico.

No livro "Trilhas da Libertação", o Mentor Espiritual avisa que o tempo das curas espirituais feitas por um determinado médium está chegando ao seu fim. Não deverão mais surgir grandes médiuns com este dom. A cura será obtida, quando permitida, através apenas dos grupos de passe. Não haverá mais o médium de cura como centro das atividades de cura. Qualquer tratamento será feito por um grupo.

Isto faz sentido. Basta lembrar o fenômeno das mesas girantes no século XIX. Para chamar a atenção das pessoas e iniciar a codificação da Doutrina Espírita, a Espiritualidade fez uso de fenômenos surpreendentes que chocaram e encantaram os europeus. Muitos tentaram provar a falsidade dos fenômenos e só chegaram a conclusão da sua veracidade.


Hoje ninguém mais fala em mesas girantes. Elas não mais existem, pois elas não são mais necessárias. A Doutrina foi codificada e os fenômenos foram devidamente explicados. Então para que continuar com estas demonstrações? Não faria sentido!

Podemos usar o mesmo raciocínio para as operações espirituais. Os espetáculos que existiam e ainda existem são necessários para chamar a atenção de todos para uma verdade: as doenças não se encontram no nosso corpo físico, mas no nosso corpo espiritual. Quando a Ciência aceitar isto como paradigma, teremos um avanço enorme nos tratamentos e curas médicas. Acredito que este seja o objetivo dos nossos irmãos do Mundo Maior ao permitir este tipo de manifestação mediúnica.


"Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível" (Mt 17.20).

Carmem Bezerra