domingo, 14 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 22

Neste capítulo, André Luiz, Vicente e Aniceto acompanham os trabalhadores do Posto de Socorro a um pavilhão onde centenas de irmãos ainda se encontram no sono da morte.
"Aqui permanecem, com a bênção do abrigo, alguns milhões dos nossos irmãos que ainda dormem. São as criaturas que nunca se entregaram ao bem ativo e renovador, em torno de si, e mormente os que acreditaram convictamente na morte, como sendo o nada, o fim de tudo, o sono eterno. A crença na vida superior é atividade incessante das almas. A ferrugem ataca a enxada ociosa. O entorpecimento invade o Espírito vazio de ideal criador. Os que, nos círculos canais, homens e mulheres, creem na vida eterna, ainda que não sejam fundamentalmente cristãos, estão desenvolvendo faculdades de movimentação espiritual e podem penetrar as esferas extraterrenas em estado animador, pelo menos quanto a locomoção e juízo mais ou menos exato. No entanto, as criaturas que perseveram em negação deliberada e absoluta, não obstante, por vezes, filiadas a cultos externos de atividade religiosa, que nada veem além da carne nem de sejam qualquer conhecimento espiritual, são verdadeiramente infelizes. Muitos penetram nossas regiões de serviço, como embriões de vida, na colmeia da Natureza sempre divina. Um amigo nosso costuma designá-los por fetos da espiritualidade; entretanto, a meu ver, seriam felizes se estivessem nessa condição inicial. Temos a certeza, porém, de que muitos se negaram ao contato da fé, absolutamente por indiferença criminosa aos desígnios do Eterno Pai. Dormem, porque estão magnetizados pelas próprias concepções negativistas; permanecem paralíticos, porque preferiram a rigidez ao entendimento; mas dia virá em que deverão levantar-se e pagar os débitos contraídos. Eis porque os considero sofredores. Primeiramente, demoram no sono em que acreditaram, mais tarde acordam; porém, a maioria não pode fugir à enfermidade e à perturbação, como acontece aos irmãos dementados, que vimos inda há pouco."
Na colônia Nosso Lar, André também teve a oportunidade de visitar um parvilhão de irmãos adormecidos. O que então causou tanto espanto a ele agora? Pela descrição, os irmãos pareciam múmias, mortos da Vida Maior. A pergunta que fica é: por que eles estavam neste estado?

No texto acima, Aniceto fala em "indiferença criminosa", o que nos leva a imaginar que os erros cometidos por eles foram bastante graves. Não é apenas a falta de crença na vida após a morte. Certamente, entre eles existem assassinos, ladrões e estupradores que por não acreditarem na continuação da vida, usaram e abusaram das benções concedidas por Deus.

O sono é resultado do condicionamento mental que eles se fizeram durante toda a existência do corpo físico. Mas não é um sono sem sonhos. Durante este período, eles revivem diversas vezes os erros que cometeram. Por mais amargo que seja o despertar, para eles é o início da libertação.



Carmem Bezerra

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