segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A influência da mente no surgimento das doenças

Em "Painéis da Obsessão", Manoel Philomeno de Miranda adverte que a visão distorcida que muitos têm sobre o amor é causa de muitos sofrimentos.

"Em face da aplicação arbitrária ou do abuso da faculdade de amar, submetendo o próximo e o explorando, impondo-se e corrompendo-o, é que surgem os antagonismos, os ódios fulminantes, as mágoas de largo curso, os estímulos à vingança, e porque agasalhados com sofriguidão, estiolam as tececelagens sutis da organização espiritual, facultando o desencadear de inúmeras doenças".


 
Nesse belo livro, Manoel Philomeno acompanha a estória de um jovem casal espírita. Eles são antigos companheiros de várias encarnações onde falharam em todas as oportunidades de regate dadas pela misericórdia divina.  Na encarnação atual, a doença do marido veio como forma de alerta e oportunidade para reajuste de conduta do casal.

Quem pensaria na doença como forma de amor paternal? Se fosse dado ao casal a oportunidade de escolher, eles certamente teriam escolhido a saúde e a vida sem grandes turbulências. Mas provavelmente seria mais uma encarnação sem grandes conquistas.

Quando o passado, através da doença ou de um outro infortúnio qualquer, nos apresentar a conta, como reagiremos? Seremos capazes de dar o testemunho de fé e entrega total a Deus?

Meu coração fica pequenininho quando penso nisso. Sinceramente não sei dizer qual seria a minha reação.

Como ainda é longo o caminho que preciso percorrer até Deus!


"Sem medo dos impulsos, preparemo-nos para amar como se deve e não como se deseja, porque nosso desejo ainda é carregado de pertinaz sombra de egoísmo."
Ermance Dufaux - Unidos pelo Amor

Carmem Bezerra

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Trabalho mediúnico na espiritualidade

Finalmente terminei de ler "Trilhas da Libertação" de Divaldo Franco pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Este livro me trouxe muitos esclarecimentos sobre o trabalho dos médiuns no plano espiritual.


A minha primeira surpresa foi descobrir que os trabalhos mediúnicos dos grupos de desobsessão continuam na madrugada durante o repouso físico dos médiuns. Os médiuns são desdobrados pelos seus guias espirituais e levados novamente para o centro espírita para continuar o atendimento dos espíritos desencarnados.

A minha segunda surpresa foi notar que os espíritos que dão a comunicação estão presentes no centro espírita desde a primeira reunião. Eles são mantidos no local pela Espiritualidade para a segunda parte da doutrinação na reunião da madrugada.

Manuel Philomeno perguntou ao Mentor da casa espírita sobre a necessidade desta segunda incorporação.

"- E por que não se realiza o diálogo, Espírito-a-Espírito, necessitando-se do médium?"
"- Porque a incorporação, em face da imantação magnética de ambos perispíritos, impede o paciente de fugir ao esclarecimento, nele produzindo uma forma de controle, que não pode evitar com facilidade".

Podemos entender então que o médium funciona como uma camisa de força, impedindo a fuga do espírito a ser doutrinado e forçando a comunicação já que os seus pensamentos são transmitidos através do médium, independentemente da sua vontade.

Pelos outros livros de Manuel Philomeno, sabemos que também são usados médiuns desencarnados nas incorporações na Espiritualidade. Mas acredito que o uso de médiuns desdobrados tenha uma vantagem: o aprimoramento do trabalho mediúnico feito pelos médiuns que ainda estão presos ao corpo físico.

Tudo que Deus criou possui uma finalidade. Não existe inércia e nem acaso na criação divina. Como ainda somos crianças nesta escola maravilhaosa chamada Terra!


"Espíritos bem-amados, anjos guardiães que, com a permissão de Deus, pela sua infinita misericórdia, velais sobre os homens, sede nossos protetores nas provas da vida terrena. Dai-nos força, coragem e resignação; inspirai-nos tudo o que é bom, detende-nos no declive do mal; que a vossa bondosa influência nos penetre a alma; fazei sintamos que um amigo devotado está ao nosso lado, que vê os nossos sofrimentos e partilha das nossas alegrias. E tu, meu bom anjo, não me abandones. Necessito de toda a tua proteção, para suportar com fé e amor as provas que praza a Deus enviar-me."
Preces Espíritas - Evangelho Segundo o Espiritismo

Carmem Bezerra

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Raul Teixeira

Na semana passada, os espíritas brasileiros foram surpreendidos com a notícia que Raul Teixeira sofrera um AVC durante o voo para NY onde iria apresentar palestras para os espíritas americanos. O quadro médico dele teria se agravado por ter ficado de 4 a 5 horas sem atendimento.


Confesso que a minha primeira reação foi de perplexidade: como a espiritualidade deixou isto acontecer?  Por que não impediu a viagem e o fez procurar um médico? Afinal o nosso irmão é um trabalhador incansável do movimento espírita e é portador de uma mediunidade fantástica. Não seria difícil lhe dar um aviso sobre isto.

Depois me senti envergonhada da minha reação. Como posso eu criticar os mentores que conhecem os designos de Deus? Certamente há uma razão para isto ter acontecido e, tenho certeza, em nenhum momento o nosso irmão ficou sem assistência dos bons espíritos.


As notícias publicadas pela  FEB e pela Sociedade Espírita Fraternidade mostram que o quadro clínico de Raul Teixeira está melhorando e que os médicos americanos estão admirados com a sua rápida evolução.

Portanto, vamos continuar a orar pelo pronto restabelecimento dele, fazendo uma corrente de amor e de fé. Deus nunca deixa de ouvir os seus filhos.

79 – Prece – (Por um doente) – Meu Deus, são impenetráveis os vossos desígnios, e na vossa sabedoria enviastes a Fulano uma enfermidade. Voltai para ele, eu vos suplico, um olhar de compaixão, e dignai-vos por um termo aos seus sofrimentos! Bons Espíritos, vós que sois os ministros do Todo-Poderoso, secundai, eu vos peço, o meu desejo de aliviá-lo. Dirigi o meu pensamento, a fim de que possa derramar-se sobre o seu corpo como um bálsamo salutar, e sobre a sua alma como uma consolação. Inspirai-lhe a paciência e a submissão à vontade de Deus; e dai-lhe a força de suportar as suas dores com resignação cristã, para não perder os resultados desta prova por que está passando. 
Preces Espíritas - Evangelho Segundo o Espiritismo



Carmem Bezerra

domingo, 13 de novembro de 2011

Reflexões sobre 2011

Aproveitando o feriadão, estive ontem no Jardim Botânico. Este é um dos locais que mais gosto no Rio de Janeiro. Infelizmente, não consigo ir muito lá. A vida corrida que eu levo não me deixa muito tempo para lazer.

É interessante notar como um local pode nos fazer relaxar, nos transmitir uma paz e recompor a nossa energia. É sem dúvida um oásis dentro de uma cidade tão estressante.

O Jardim estava lotado. Fiquei feliz em ver tantas famílias reunidas. Para as crianças é, sem dúvida, um paraíso. Elas podem correr, gritar, tocar nas plantas e nas construções. Elas são livres. Bem diferente do dia-a-dia cheio de restrições e normas de conduta.


Eu aproveitei a paz do lugar para analisar o ano que se aproxima do fim. Como este ano passou rápido! Estamos a menos de 2 meses de 2012 e não consigo pensar em algo marcante para lembrar de 2011. Está sendo um ano de muito trabalho e de muita luta, mas os anos anteriores também foram. Não há como não lembrar o velho ditado popular: "Os anos passam rápido e os dias demoram a passar".

Lembro-me que uma das minhas promessas de ano novo foi estudar o Livro dos Médiuns. Tenho cumprido essa promessa e acho que termino o estudo até o final de dezembro. Na realidade, esta tarefa foi facilitada pelo livro "Estudando o Livro dos Médiuns" da equipe do projeto Manuel Philomeno de Miranda. Ao usar esta publicação, tudo se tornou apenas uma questão de disciplina, pois os integrantes do projeto foram muito felizes nos questionamentos e ensinamentos sobre o Livro dos Médiuns.

A outra questão diz respeito à mesa mediúnica. Eu estava muito insegura e pensando em sair do grupo. Eu então me prometi que iria ficar até o final de 2011. Se eu continuasse com tantas dúvidas, eu não continuaria em 2012. Meu maior receio era prejudicar o grupo. Ainda tenho dúvidas, não me sinto ainda totalmente segura sobre o trabalho que faço, mas acredito que eu estou no caminho certo. Não tenho mediunidade ostensiva. Provavelmente, nunca terei. Mas eu posso ajudar e espero que um dia eu possa controlar a minha insegurança e ser um instrumento pleno nas mãos da espiritualidade superior.


Carmem Bezerra

domingo, 6 de novembro de 2011

Mediunidade de cura

Comecei a ler o livro "Trilhas da Libertação" do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografado pelo Divaldo. O livro conta a estória de um médium de cura que falha na sua missão por não ser capaz de vencer a vaidade e a luxúria. A leitura me fez lembrar de outro livro há muito tempo lido: "Aconteceu na Casa Espírita" do Espírito Nora, psicografado por Emanuel Cristiano.

Os dois livros tocam no mesmo ponto: a vaidade do médium como porta aberta para a obsessão. Nos dois casos narrados, os espíritos que planejam acabar com o trabalho do médium (ou centro espírita) iniciam o ataque de uma mesma forma: elogios exagerados ao trabalho sendo feito pelo médium. A falta de vigilância dos médiuns garante o sucesso do ataque. Em pouco tempo, os médiuns se colocam acima da Casa Espírita passando a considerar que tudo deve orbitar em torno do que eles acham e estão fazendo. É o início do desastre... para os médiuns.

Os mentores espirituais, sempre atentos ao desenrolar dos acontecimentos, fazem uso dos dirigentes encarnados e de outros médiuns da casa para impedir que o ataque atinja toda a instituição. Nos dois casos narrados, os grupos espíritas se dividem em dois: algumas pessoas seguem o médium invigilante que deixa o centro espírita para montar sua própria casa, enquanto os outros preferem continuar na casa espírita seguindo a orientação do dirigente espiritual.

Imagino que a mediunidade de cura seja uma das mais difíceis de lidar. Os que têm este dom, certamente são bastante assediados por irmãos encarnados e desencarnados. Além disso, como não se sentir envaidecido pelos agradecimentos e a devoção dos que conseguiram a cura?

Há algum tempo, entrei em um blog onde pessoas de diferentes religiões discutiam a mediunidade. Um dos participantes, orgulhoso, informou que tinham lhe dito que possuia o dom da cura e que por isto precisava iniciar o treinamento necessário para a missão que Deus lhe tinha confiado. Os outros partcipantes lhe desejaram sorte e disseram que certamente ela era uma pessoa muito especial por ter recebido tal missão. Minha reação foi rezar por este irmão, desejando que ele nunca esquecesse do ensinamento do Divino Mestre sobre a necessidade de orar e vigiar.


"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca." 
Mateus 26:41


Carmem Bezerra

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Somos 7 bilhões!

O assunto mais comentado nos últimos dias é a informação da ONU de que agora somos 7 bilhões de pessoas morando no planeta Terra. No Capítulo 7 do livro "Unidos pelo Amor", psicografado por Wanderley S. de Oliveira, Ermance Dufaux nos diz que na realidade somos "30 bilhões de seres inteligentes compondo a população geral do planeta".


A médium de Kardec completa: "algumas conjecturas otimistas levam-nos a calcular um contigente de espíritas em 1%. Esses dados servem-nos para aferir o que representa ser espírita em pleno século XXI, considerando alguns poucos milhoões de criaturas adeptas das propostas doutrinárias, ou com alguma forma de contato com as obras elementares do Espiritismo."

Portanto, segundo Dufaux, apenas uma pequena parte dos espíritos encarnados e desencarnados que vivem na órbita terrestre já tiveram contato com a Doutrina Espírita. É muito pouco para um planeta que está passando do estágio de "expiação e prova" para o estágio de "regeneração". Isto significa que muitos dos espíritos hoje encarnados estão tendo a sua última oportunidade de aprendizado nesta escola divina. Quem não conseguir acompanhar o progresso do planeta será levado para outra morada do Pai. Serão os exilados da Terra.

É importante entender que o Espiritismo não é a única forma de conseguir o entendimento do que está acontecendo na Terra. Mas é a que nos responde de forma mais ampla e direta as nossas dúvidas.

Que o nosso irmão de número 7 bi seja bem-vindo! Que ele traga muita luz e muita reflexão para todos nós!

56 – Prece –Deus de infinita bondade, já que te aprouve permitir ao Espírito desta criança voltar novamente às provas terrenas, para o seu próprio progresso, concede-lhe a luz necessária, a fim de aprender a conhecer-te, amar-te e adorar-te. Faze, pelo teu supremo poder, que esta alma se regenere na fonte dos teus divinos ensinamentos. Que, sob a proteção do seu Anjo da Guarda, sua inteligência se fortaleça e se desenvolva, aspirando a aproximar-se cada vez mais de ti. Que a Ciência do Espiritismo seja a luz brilhante a iluminar o seu caminho, através dos escolhos da existência. Que ele saiba, enfim, compreender toda a extensão do teu amor, que nos submete à prova para nos purificar. Senhor, lança o teu olhar paterno sobre a família a que confiaste esta alma, para que ela possa compreender a importância da sua missão, e faze germinar nesta criança as boas sementes, até o momento em que ela possa, por si mesma, Senhor, e através de suas próprias aspirações, elevar-se gloriosamente para ti. Digna-te, ó meu Deus, ouvir esta humilde prece, em nome e pelos méritos daquele que disse: “Deixai vir a mim os pequeninos, porque o Reino dos Céus é daquele que se lhes assemelham!”
Evangelho Segundo o Espiritismo


Carmem Bezerra

domingo, 16 de outubro de 2011

A responsabilidade dos participantes da mesa mediúnica

No capítulo 6 do livro "Dimensões Espirituais do Centro Espírita", Suelly Caldas Schubert chama a atenção para a dificuldade de se conseguir um "grupo mediúnico homogêneo, no qual os seus integrantes estejam em boa sitonia e afinização, que cultivem o mesmo ideal, que entendam a grande responsabilidade assumida e que estejam buscando com a mesma intensidade a própria transformação moral".



Eu participo de um grupo de educação mediúnica e começo a entender a profunidade da colocação feita pela querida estudiosa da Codificação Espírita. Eu considero o meu grupo harmonioso e que as pessoas gostam umas das outras. Não há excessos, apenas preocupação e carinho recíprocos. Entretanto, noto que pequenas atitudes dos participantes têm, provavelmente, impedido uma caminhada mais proveitosa na seara da mediunidade.

Duas coisas em especial têm me preocupado. A primeira preocupação é em relação às conversas mantidas pelo grupo antes da reunião. Fala-se de qualquer assunto, sem nenhuma preocupação com o ambiente da sala. Na realidade, tenho a minha parcela de culpa nestas conversas e não me sinto a vontade para fazer qualquer advertência ao grupo.

A segunda preocupação é em relação às faltas dos membros do grupo. Todos avisam quando vão faltar e explicam o porquê. O problema é que o número de faltosos às vezes compromete o bom andamento das reuniões. Isto acontece principalmente quando a reunião acontece com um número de médiuns esclarecedores insuficientes para atender aos médiuns psicofônicos. Há uma nítida queda na quantidade e na qualidade dos atendimentos.  A Espiritualidade parece evitar atendimentos mais complicados quando o grupo não está com sua capacidade plena.

Já ouvi alguns médiuns reclamarem que estão há anos na Educação Mediúnica e que ainda não foram selecionados para a reunião de Desobsessão ou de Socorro Espiritual. A medida que analiso o meu grupo, eu entendo a razão para isto. Um grupo homogêneo não é feito apenas de pessoas que matém o mesmo laço de amizade e carinho, mas um grupo de pessoas que coloca a tarefa mediúnica em primeiro lugar. Esta visão do trabalho é ainda muito difícil. Afinal existem mil e umas coisas lá fora, a Espiritualidade que entenda e se vire com o que a gente pode fornecer.


Prece de Gratidão

Senhor Jesus, muito obrigada!
Pelo ar que nos dá,
pelo pão que nos deste,
pela roupa que nos veste,
pela alegria que possuímos,
por tudo de que nos nutrimos.
Muito obrigada, pela beleza da paisagem,
pelas aves que voam no céu de anil,
pelas Tuas dádivas mil!
Muito obrigada, Senhor!
Pelos olhos que temos...
olhos que vêem o céu, que vêem a terra e o mar,
que contemplam toda beleza!
Olhos que se iluminam de amor
ante o majestoso festival de cor
da generosa Natureza!
E os que perderam a visão ?
Deixa-me rogar por eles
Ao Teu nobre Coração!
Eu sei que depois desta vida,
além da morte,
voltarão a ver com alegria incontida...
Muito obrigada pelos ouvidos meus,
pelos ouvidos que me foram dados por Deus.
Obrigado, Senhor, porque posso escutar
o Teu nome sublime, e, assim, posso amar.
Obrigada pelos ouvidos que registram:
a sinfonia da vida,
no trabalho, na dor, na lida...
o gemido e o canto do vento nos galhos do olmeiro,
as lágrimas doridas do mundo inteiro
e a voz longínqua do cancioneiro...
E os que perderam a faculdade de escutar ?
Deixa-me por eles rogar...
Eu sei que no Teu Reino voltarão a sonhar.
Obrigada, Senhor, pela minha voz.
Mas também pela voz que ama,
pela voz que canta,
pela voz que ajuda,
pela voz que socorre,
pela voz que ensina,
pela voz que ilumina...
E pela voz que fala de amor,
obrigada, Senhor!
Recordo-me, sofrendo, daqueles
que perderam o dom de falar
e o teu nome sequer podem pronunciar!...
Os que vivem atormentados na afasia
e não podem cantar nem à noite, nem ao dia...
Eu suplico por eles,
Sabendo que mais tarde,
no Teu Reino, voltarão a falar.
Obrigada, Senhor, por estas mãos, que são minhas
alavancas da ação, do progresso, da redenção.
Agradeço pelas mãos que acenam adeuses,
pelas mãos que fazem ternura,
e que socorrem na amargura;
pelas mãos que acarinham,
pelas mãos que elaboram as leis
e pelas que as feridas cicatrizam
retificando as carnes partidas,
a fim de diminuírem as dores de muitas vidas!
Pelas mãos que trabalham o solo,
que amparam o sofrimento e estancam lágrimas,
pelas mãos que ajudam os que sofrem,
os que padecem...
Pelas mãos que brilham nestes traços,
como estrelas sublimes fulgindo nos meus braços!
...E pelos pés que me levam a marchar,
ereto, firme a caminhar,
pés da renúncia que seguem
humildes e nobres sem reclamar.
E os que estão amputados, os aleijados,
os feridos e os deformados,
os que estão retidos na expiação
por crimes praticados noutra encarnação.
Eu rogo por eles e posso afirmar
que no Teu Reino, após a lida
desta dolorosa vida,
poderão bailar
e em transportes sublimes com os seus braços
também afagar
Sei que lá tudo é possível
quando Tu queres ofertar,
mesmo o que na Terra parece incrível!
Obrigado, Senhor, pelo meu lar,
o recanto de paz ou escola de amor,
a mansão de glória
ou pequeno quartinho,
o palácio ou tapera, o tugúrio ou a casa de miséria!
Obrigada, Senhor, pelo amor que eu tenho e
pelo lar que é meu...
Mas, se eu sequer
nem um lar tiver
ou teto amigo para me abrigar
nem outra coisa para me confortar,
se eu não possuir nada,
senão as estradas e as estrelas do céu,
como sendo o leito de repouso e o suave lençol,
e ao meu lado ninguém existir: vivendo e
chorando sozinho, ao léu...
Sem um alguém para me consolar
direi, cantarei, ainda:
Obrigada, Senhor,
porque Te amo e sei que me amas,
porque me deste a vida
jovial, alegre, por Teu amor favorecida...
Obrigada, Senhor, porque nasci,
Obrigada, porque Creio em Ti.
...E porque me socorres com amor,
Hoje e sempre,
Obrigada, Senhor!
Amélia Rodrigues - Psicografado por Divaldo Pereira Franco


Carmem Bezerra

domingo, 9 de outubro de 2011

Quero ser Chico Xavier

Quando a doutrina Espírita se tornou a bola da vez na mídia, eu fiquei encantada. Imaginei logo que este tinha sido o caminho escolhido pela Espiritualidade para tornar a Codificação conhecida de um maior número de pessoas. Afinal, qual é o brasileiro que não acompanha novela?

Quando "Nosso Lar" e "Chico Xavier" chegaram ao cinema, eu vibrei como se eu fosse a responsável pelos filmes. Acompanhei ansiosa o número de espectadores de cada película. Imaginei logo que os dois filmes levariam as pessoas, pelo menos, a pensar sobre a vida na Terra e o que se pode esperar depois da morte do corpo físico.

Não me lembrei que determinadas ações provocam efeitos colaterais. E que estes efeitos podem ser bastante danosos.

As pessoas fixaram a atenção na mediunidade de Chico Xavier e acham que podem continuar a partir de onde ele parou. Muitas pessoas realmente possuem mediunidade ostensiva, mas não querem perder tempo com o estudo. Se acham com o direito de pular etapas e ir direito para a mesa mediúnica. Quando uma Casa Espírita não aceita a imposição, o médium simplesmente muda de Casa. E vai de uma Casa a outra até encontrar alguém que se curve a sua vontade.

No domingo passado, durante o II Congresso do CEJA-Barra, alguns palestrantes reclamaram do excesso de estudo e cuidados de alguns Centros Espíritas. Um palestrante até reclamou de que uma Casa exigiu que ele fizesse um novo curso de passes só porque ele passou alguns anos sem dar passe. O palestrante achou mais fácil mudar de Casa do que fazer um novo curso. Pelo entusiasmo do público ao aplaudir o palestrante, acho que muitos concordaram com ele.

Fiquei imaginando Chico Xavier chegando em uma Casa Espírita  e esta solicitando que ele fizesse um curso sobre a mediunidade antes de ser colocado para trabalhar na mesa mediúnica. Eu não tenho dúvidas qual seria a reação do nosso Chico. Ele seria o aluno mais aplicado desse curso. Ninguém ouviria dele uma única reclamação.

Depois de 150 anos, as pessoas parecem ainda não ter entendido o que os Espíritos nos ensinaram na Codificação. A busca pelo trabalho mediúnico parace ser apenas a busca pelos holofotes. Afinal, o Espiritismo se tornou o must do momento.

"Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos. A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora esta imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amaríssimas decepções".
Livro dos Médiuns



Carmem Bezerra

domingo, 2 de outubro de 2011

A Mediunidade em Nossas Vidas

Estive hoje no II Congresso CEJA-BARRA cujo tema era "A Mediunidade em Nossas Vidas".  Foi um dia que eu diria altamente proveitoso. Dos palestrantes programados, só não apareceu Suelly Caldas Schubert que, por ordens médicas, precisou ficar em repouso em Juiz de Fora. Foi uma pena, pois nunca tive oportunidade de assistir uma palestra dela. Quem sabe na próxima vez eu tenho mais sorte?

É difícil dizer os momentos que mais gostei, mas algumas frases ficaram pregadas no meu consciente que não posso deixar de repassá-las.

1 - "O homem que olha para fora, sonha. O homem que olha para dentro, desabrocha" - o palestrante queria, com esta frase, enfatizar a necessidade de autoconhecimento, de invertir em nós mesmos.

2 - "A obsessão é principalmente uma questão de alimentação" - há obsessão porque há a necessidade dos desencarnados em se sentir novamente encarnados. O palestrante lembrou do caso envolvendo alimentos narrado por André Luiz em Nosso Lar. Ele lembrou também a necessidade que ainda temos do alimento animal.

3 - "O que os outros pensam e os que os outros dizem não alteram o que eu sou" - esta frase é do Chico Xavier e, como costume, perfeita. Mas como é dificil ignorar o que os outros pensam e falam da gente. Há em nós uma necessidade da aprovação e da admiração dos outros. Como consequência, acabamos fazendo o que os outros esperam de nós e não o que realmente gostaríamos de fazer.

Marlene Nobre falou na palestra do seu livro "Obsessão e suas máscaras". É um estudo em cima dos livros de André Luiz mostrando as diversas formas que a obsessão pode aparecer na nossa vida. Já coloquei na minha listinha de compras.

Apesar do dia maravilhoso não consigo ficar sem fazer um comentário: quanto ainda estamos distantes dos ensinamentos do Divino Mestre em nossas vidas! Fiquei observando os companheiros de fé durante todo dia e fiquei triste com várias atitudes que vi. Nós entramos no Espiritismo, mas não fomos ainda capazes de deixar o Espiritismo entrar em nós. Temos um longo caminho pela frente.

Uma sugestão para o próximo Congresso do CEJA-Barra: "Como ser Espírita nas pequenas coisas".


"Antes de sair para a execução de suas tarefas, lembre-se de que é preciso abençoar a vida para que a vida nos abençoe. Aos companheiros de caminho, ofertarás algo de teu coração, qual se estivesses espontaneamente no dever de pagar a cada um diminuto pedágio de amor".
Meimei

Carmem Bezerra

domingo, 25 de setembro de 2011

Vocação

Na semana passada, durante a oração noturna, estive lendo "Pensamento e Vida" de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel.  O texto do Capítulo 16 fala em vocação e o seu primeiro parágrafo me tocou profundamente.

"A vocação é a soma dos reflexos da experiência que trazemos de outras vidas".


A ideia de que as pessoas nascem com uma vocação sempre me incomodou. Nunca me senti com vocação para nada. Escolhi um caminho profissional quando aos 17 anos tive que marcar no cartão do vestibular a formação que pretendia. Mas nunca tive grandes paixões pela escolha feita. Não que eu me considere um fracasso na minha profissão. Pelo contrário. Sou considerada boa profissional, responsável e dedicada ao que faz. Nunca fiquei sem trabalho e, algumas vezes, tive que recusar convites por falta de tempo.

Mas a verdade é que nunca me senti uma profissional completa. Sempre me faltou a paixão pela profissão que escolhi. Isto fez de mim uma pessoa constantemente insatisfeita com a minha vida profissional, sempre a procura de algo diferente para fazer.

O texto de Emmanuel trouxe esclarecimento para algo que sempre me incomodou. Sempre que vejo alguém se dedicar com paixão a sua profissão, eu sinto inveja. Gostaria de ter essa paixão, essa certeza inabalável sobre o que deve ser feito. Isto sempre me deixou triste. Sempre fiquei imaginando que se um dia eu conseguisse unir minha dedicação com a paixão pela profissão, eu seria uma profissional perfeita. Mas não encontrei, até hoje, esta certeza que muitos já demonstram desde a infância. 

Eu não guardo ilusões sobre o que eu fiz em vidas passadas, basta ver a minha vida e a reação que muitas pessoas inconscientemente têm a mim. Eu devo ter aprontado muito. Minha intuição me diz que eu fui a "outra" de muitos em vidas passadas. Tirei do corpo o meu sustento e nunca me envolvi com qualquer profissão convencional.

A verdade é que eu preciso agora recuperar o tempo perdido. É preciso construir em mim o amor pelo trabalho digno e honesto. Esta, com certeza, não será uma tarefa fácil. 

Senhor,
ensina-nos a orar sem esquecer o trabalho,
a dar sem olhar a quem,
a servir sem perguntar até quando,
a sofrer sem magoar seja a quem for,
a progredir sem perder a simplicidade,
a semear o bem sem pensar nos resultados,
a desculpar sem condições ,
a marchar para a frente sem contar os obstáculos,
a ver sem malicia,
a escutar sem corromper os assuntos,
a falar sem ferir,
a compreender o próximo sem exigir entendimento,
a respeitar os semelhantes sem reclamar consideração,
a dar o melhor de nos,além da execução do próprio dever
sem cobrar taxas de reconhecimento.
Senhor,
fortalece em nos a paciência para com as dificuldades
dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros
para com as nossas próprias dificuldades.
Ajuda-nos para que a ninguém façamos aquilo
que não desejamos para nós.
Auxilia-nos sobretudo a reconhecer que a nossa
Felicidade mais alta será invariavelmente
àquela de cumprir os desígnios ,onde e
como queiras ,hoje, agora e sempre



Emmanuel



Carmem Bezerra

domingo, 18 de setembro de 2011

O Médium na Casa Espírita

Eu sempre evitei falar da minha participação na mesa mediúnica dentro da Casa Espírita. Como ainda estou na educação mediúnica e não tenho ainda certeza sobre este trabalho, sempre me calei sobre isto. Quando me perguntam sobre os trabalhos que faço na Casa, falo de todos os meus outros trabalhos, nunca falo na mesa mediúnica.

Sempre considerei esta minha atitude como prudente devido a minha insegurança como médium. Se ninguém sabe, ninguém pergunta e assim não preciso externizar as minhas dúvidas. E nem aparentar uma segurança que não tenho.

Entretanto, tenho um amigo na Casa que é também meu companheiro em outra atividade. Este amigo não tem qualquer receio de dizer que faz parte da mesa mediúnica e, quando estou por perto, sempre me aponta como outra pessoa do trabalho mediúnico.

Hoje, muitas pessoas na Casa já sabem que trabalho na mesa mediúnica. Isto tem me trazido algumas situações que tem me preocupado. As pessoas me procuram para pedir ajuda, para me dar nomes para rezar. Noto o respeito com que as pessoas se dirigem a mim para contar os seus problemas e me pedir conselho. Como falar para estas pessoas que pouco sei? Que o fato de trabalhar na mesa não significa que eu saiba mais que elas?

Às vezes fico com a impressão que elas esperam que eu diga algo sobrenatural do tipo "o mentor da Casa está dizendo para você não desistir, que você está no caminho certo".  Esperam talvez que eu capte alguma mensagem e lhe diga algo que elas ainda não sabem.

Isto me angustia. Mesmo tendo o maior cuidado no que falo para estas pessoas, sempre fico com a impressão que posso ter falado algo que não devia. Não me considero como alguém diferente. Não vejo o que as outras pessoas vêem. Acho que o trabalho na mesa não torna ninguém especial ou superior. Desde que comecei o trabalho, noto que adquiri um melhor conhecimento sobre mim mesma, mas só isso. Tenho as mesmas dúvidas, incertezas e medos da maioria dos espíritas.


PRECE AOS MÉDIUNS
Deus-todo-Poderoso, permiti aos bons Espíritos na comunicação que solicito. Preservai-me da presunção de crer-me ao abrigo dos maus Espíritos; do orgulho que poderia me enganar sobre o valor do que obtenho; de todo sentimento contrário à caridade, com respeito aos outros médiuns. Se estou induzido ao erro, inspirai a alguém o pensamento que me fará aceitar a crítica com reconhecimento, e tomar para mim mesmo, e não para os outros, os conselhos que quererão me ditar os bons espíritos. Se estou tentado em abusar do que quer que seja, ou de me envaidecer da faculdade que vos aprouve me conceder, eu vos peço me retirar, antes de permitir que seja desviada de seu fim providencial, que é o bem de todos, e meu próprio adiantamento moral.
Allan Kardec

Carmem Bezerra

domingo, 11 de setembro de 2011

Pacto Áureo

Muito tenho ouvido falar sobre o Pacto Áureo e decidi pesquisar sobre o assunto. Abaixo um pouco do que li.

O Pacto Áureo foi um acordo assinado em 5 de outubro de 1949 que tinha por objetivo unificar o movimento espírita a nivel nacional. Ele foi assinado pela FEB e por representantes de várias Federações e Uniões de âmbito nacional.

Entre outras definições, em seu artigo 12º, o acordo estabelece:

"As sociedades componentes do Conselho Federativo Nacional são completamente independentes. A ação do Conselho só se verificará, aliás, fraternalmente, no caso de alguma Sociedade passar a adotar programa que colida com a doutrina exposta nas obras: "O Livro dos Espíritos" e "O Livro dos Médiuns", e isso por ser ele, o Conselho, o orientador do Espiritismo no Brasil."

Na época da assinatura do acordo, os espíritas estavam divididos entre diferentes interpretações da codificação. O livro de Roustaing parece ter sido dos pontos de discórdia. A FEB o adotara como um dos pilares da doutrina, mas muitos espíritas não o aceitavam como tal.

O pacto teve o objetivo de unir os espíritas em torno dos ensinamentos do Mestre e da codificação de Kardec. Os filiados à FEB passaram a ter liberdade em relação às questões doutrinárias sendo criado um conselho nacional apenas para orientar os seus filiados. Este conselho nenhum poder tem para punir ou obrigar os seus filiados a adotar qualquer medida.

Sem dúvida foi uma forma de resolver o problema. Não podemos reviver na doutrina os erros cometidos na Igreja Primitiva. Não podemos fazer das palavras de amor do Mestre motivos para perseguição e discórdia. Se ainda não estamos maturos para entender o que nos foi ensinado pelos Espíritos, então é melhor esperar.


Carmem Bezerra

domingo, 4 de setembro de 2011

Obsessão/Desobsessão

Estou lendo "Obsessão Desobsessão" de Suely Caldas Schubert publicado pela FEB. É um livro ao mesmo tempo interessante e assutador. Interssante porque a escritora usa sua experiência de vinte e cinco ano na mesa mediúnica para discutir as reuniões de desobsessão. Assustador porque nos mostra o quanto longe ainda estamos de compreender e aplicar o ensinamento do Mestre: "orai e vigiai".



Ao discutir os diversos graus de obsessão, Suely Caldas Schubert alerta:

"Não damos, na maioria das vezes, importância alguma aos nosos estados emocionais, que oscilam bastante. Se ponderarmos, iremos constatar que, para o desquilíbrio de nossas emoções, pequeninos nadas tornam-se agentes poderosos e fazem vacilar a nossa aparente serenidade interior, levando-nos a estados de visível turvação mental".

Os que trabalham na mesa mediúnica precisam ficar muito atento ao conselho acima. Hoje em dia, devido ao trabalho e aos afazeres domésticos, é quase impossível ter um momento de meditação antes de se dirigir à Casa Espírita. Muitos saem do trabalho e vão direto para o Centro. Chegam cansados, estressados e desanimados. Logo a harmonização do grupo nem sempre é uma tarefa fácil. A Espiritualidade pode inclusive precisar isolar o trabalhador que não consegue se desligar das ocorrências do dia.

Mas o que fazer? Afinal, não podemos parar as nossas atividades diárias. São elas que nos garantem a sobrevivência.

Como disse Raul Teixeira na palestra, é preciso que o médium esteja pacificado, ou seja, que o médium enfrente o dia-a-dia sem grandes alterações emocionais. Aceitar as vicissitudes da vida sem dramas, mas com coragem e determinação. É preciso orar e vigiar os nossos sentimentos e as nossas atitudes para que um palavra azeda não nos desequilibre.

É tarefa difícil, mas se fosse fácil, nós não precisaríamos estar na Terra. Estaríamos em outras esferas espirituais.


Senhor, ensina-nos:
A orar sem esquecer o trabalho;
A dar sem olhar a quem;
A servir sem perguntar até quando;
A sofrer sem magoar seja a quem for;
A progredir sem perder a simplicidade;
A semear o bem sem pensar nos resultados;
A desculpar sem condições;
A marchar para a frente sem contar os obstáculos;
A ver sem malícia;
A escutar sem corromper os assuntos;
A falar sem ferir;
A compreender o próximo sem exigir entendimento;
A respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração;
A dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever,
sem cobrar taxa de reconhecimento;
Senhor, fortalece em nós a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como
precisamos da paciência dos outros para com as nossas dificuldades;
Auxilia-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será
invariavelmente, aquela de cumprir-Te os desígnios onde como queiras, hoje, agora e sempre.
Emmanuel

AVISO: no dia 2 de outubro, ocorrerá o II Congresso CEJA-BARRA com o tema "A Mediunidade e sua Vida". O evento será no Clube Monte Líbano (Av. Borges de Medeiros, 701, Lagoa). Suely Caldas Schubert é uma das palestrantes do congresso. Para mais informações acesse www.cejabarra.org.

Carmem Bezerra

domingo, 21 de agosto de 2011

O papel dos médiuns nas comunicações espíritas

Desde a palestra de Raul Teixeira, eu tenho procurado ler mais sobre a influência que os desencarnados têm sobre nós. Na Codificação, este tema é várias vezes investigado por Kardec. No Livro dos Espíritos, por exemplo, existem três perguntas sobre o tema.

459. Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?-- Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito freqüentemente são eles que vos dirigem.

460. Temos pensamentos próprios e outros que nos são sugeridos?-- Vossa alma é um Espírito que pensa; não ignorais que muitos pensamentos vos ocorrem, a um só tempo, sobre o mesmo assunto e freqüentemente bastante contraditórios. Pois bem: nesse conjunto há sempre os vossos e os nossos, e é isso o que vos deixa na incerteza, porque tendes em vós duas idéias que se combatem.

461. Como distinguir os nossos próprios pensamentos dos que nos são sugeridos?-- Quando um pensamento vos é sugerido, é como uma voz que vos fala. Os pensamentos próprios são, em geral, os que vos ocorrem no primeiro impulso. De resto, não há grande interesse para vós nessa distinção, e é freqüentemente útil não o saberdes: o homem age mais livremente; se decidir pelo bem, o fará de melhor vontade; se tomar o mau caminho, sua responsabilidade será maior.


A razão da minha curiosidade sobre a influência dos Espíritos sobre nós é tentar entender melhor o fator anímico na mesa mediúnica. Se o médium consegue identificar a influência que recebe no dia-a-dia dos desencarnados, ele pode controlar o animismo e assim ser um melhor intérprete nas comunicações espíritas.

No Livro dos Médiuns, Kardec dedicou o Capítulo XIX a investigar o papel do médium no intercâmbio entre os encarnados e desencarnados. No item 223, o Codificador questiona como é possível identificar a verdadeira origem de uma comunicação mediúnica.

3ª Como distinguir se o Espírito que responde é o do médium, ou outro?
"Pela natureza das comunicações. Estuda as circunstâncias e a linguagem e distinguirás. No estado de sonambulismo, ou de êxtase, é que, principalmente, o Espírito do médium se manifesta, porque então se encontra mais livre. No estado normal é mais difícil. Aliás, há respostas que se lhe não podem atribuir de modo algum. Por isso é que te digo: estuda e observa."

NOTA. Quando uma pessoa nos fala, distinguimos facilmente o que vem dela daquilo de que ela é apenas o eco. O mesmo se verifica com os médiuns.

Portanto, podemos deduzir que somos influenciados o tempo todo pelos Espíritos. Cabe a nós aceitar ou recusar esta influência. Além disso, podemos criar uma proteção usando como ferramentas a oração e a caridade.

Na mesa mediúnica, precisamos estar atentos a pensamentos que nos são estranhos e permitir que eles se manifestem. Somos apenas um canal usado para alívio e esclarecimento de irmãos necessitados.

A regra é sempre vigiar e orar. No dia-a-dia, os pensamentos deturpadores da paz devem ser afastados. Na mesa mediúnica, eles devem ser acolhidos com atenção e encaminhados para o devido escalarecimento.

Começo a entender que a mesa mediúnica é acima de tudo um lugar de amor. É preciso permitir que palavras que não são nossas, sentimentos que nos pertubam e dores que nos incomodam se aproximem e façam uso do nosso veículo carnal.

As dúvidas quanto às comunicações sempre existirão. Mas elas não devem impedir o trabalho. Devem ser usadas como alavanca para mais estudo e auto-crítica.



"Espíritos bem-amados, anjos guardiães que, com a permissão de Deus, pela sua infinita misericórdia, velais sobre os homens, sede nossos protetores nas provas da vida terrena. Dai-nos força, coragem e resignação; inspirai-nos tudo o que é bom, detende-nos no declive do mal; que a vossa bondosa influência nos penetre a alma; fazei sintamos que um amigo devotado está ao nosso lado, que vê os nossos sofrimentos e partilha das nossas alegrias. E tu, meu bom anjo, não me abandones. Necessito de toda a tua proteção, para suportar com fé e amor as provas que praza a Deus enviar-me."
Prece aos Anjos Guardiões e aos Espíritos Protetores - Evangelho Segundo o Espiritismo



Carmem Bezerra

domingo, 7 de agosto de 2011

Homeopatia

Há uma semana estive na FEB e pedi uma receita. Soube deste serviço por um amigo. Basta deixar o nome e o endereço que a Espiritualidade prescreve medicação homeopática. Quando recebi a receita tive a curiosidade de verificar na Internet os componentes da medicação.

1 - Euphrasia officinalis: Indicado para as doenças dos olhos em geral, com formação de secreções, mucosidades e escamações.

2 - Cocculus indicum: É o remédio da sensação de fraqueza e debilidade geral, com o sintoma subjetivo de vazio interior. Tipologicamente é indicado para mulheres delicadas, brancas, com irregularidades menstruais.
 3 - Kalium bichromicum: Moléstias dos olhos, nariz, boca, garganta, pele, útero, vagina e uretra. Eczema do couro cabeludo e do ouvido.
Não tive a menor dúvida que a receita era para mim.
O primeiro componente é para problemas de secreção dos olhos. Preciso constantemente ficar olhando em algum espelho para garantir que não há remela. Mas sempre achei uma vantagem no excesso de secreção: as lentes de contato duram anos.
Não tenho comentários quanto ao segundo componente. Diz muito dos problemas que enfrento deste pequena. Nunca houve meios de resolver estes problemas, apenas tento conviver com eles.
O terceiro componente está relacionado ao problema de eczema que tenho. Ultimamente o meu couro cabeludo também tem apresentado este problema. Os dermatologistas sempre passam alguma pomada para amenizar a irritação da pele, mas sempre me dizem que este problema não tem solução.
O que posso dizer? O meu carinho e o meu agradecimento para os amigos espirituais pela receita.

Carmem Bezerra

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Médium em paz ou pacificado?

Eu me lembrei de um comentário do Raul Teixeira na palestra que eu achei interessante: "É mais importante o médium estar pacificado do que estar em paz". Ele explicou que para ter paz normalmente basta não ter problemas. Se nada externo pertuba a pessoa, ela consegue manter a tranguilidade e facilmente é vista como uma pessoa dócil e fácil de lidar. Mas o que acontece com esta pessoa se algo sério lhe acontece como perda de emprego, doença na família, etc? Se ela é uma pessoa pacificada, ela conseguirá ficar em paz por mais grave que seja o problema. Isto não quer dizer que deixará de lutar para resolvê-lo, mas que não dará a este uma dimensão maior do que ele realmente tem. Se a pessoa ainda não está pacificada, é melhor não estar perto dela, pois não haverá palavra de conforto que a console, não haverá palavra de esperança que a ilumine e não haverá fé que sobreviva a tribulação experimentada.

Portanto, devemos procurar nos pacificar para obtermos a paz verdadeira.


Lembrando: no próximo domingo (31/07/11), teremos palestra do César Reis às 16 horas no ECEME (Praça General Tibúrcio, 125, Praia Vermelha, Urca). O tema da palestra é "Religiosidade e Paz são sinônimos?"

Carmem Bezerra

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Raul Teixeira: os médiuns podem ter paz?

Estive ontem na palestra do Raul Teixeira. A discussão era se o médium pode ter paz. A resposta do palestrante pode ser resumida por uma frase: "depende apenas do médium". Se o médium se cerca de bons pensamentos e atitude cristã, não há como não ter paz, mesmo na presença de problemas. Os bons espíritos não abandonam quem faz a escolha do caminho do bem.



O Raul até brincou dizendo: "me dizes quem és e eu te direi com quem andas". Ele lembrou também a importância do estudo para o médium. Contou alguns casos de médiuns que estão há anos na mesa mediúnica e que nem conhecem o Livro dos Médiuns.


Após a palestra, a platéia pode fazer perguntas para o Raul Teixeira. Bastava escrever a pergunta em um papel e entregar para os organizadores do evento. Aproveitei então para perguntar como o médium iniciante podia ter certeza da autenticidade das comunicações que recebia. O palestrante riu ao ser lida a pergunta e disse que já esperava por este tipo de questionamento. Ele então lembrou a frase de Sócrates: "conhece-te a ti mesmo". O estudo e a prática mediúnica são os instrumentos que o médium tem para entender e aprimorar a mediunidade. Ele reclamou que muitos médiuns, por impaciência ou por vaidade, querem começar onde o Chico Xavier terminou após uma vida longa e produtiva: escrevendo livros e recebendo comunicações das esferas mais sublimes. Ele brincou que o Dr. Bezerra de Menezes é a figura da vez entre esses médiuns. Ele disse que já tinha visto várias comunicações assinadas que nada lembravam a forma como o médico dos pobres  costuma se expressar.

Antes de terminar, Raul Teixeira agradeceu a presença do Espírito Olympia Belém que sempre estava presente nas palestras que ele fazia no Rio de Janeiro. Nunca tinha ouvido falar dela e procurei na Internet alguma informação. Encontrei várias páginas espíritas sobre ela que teve uma vida dedicada ao bem e tinha uma mediunidade maravilhosa. Em especial, tem a página:




Olympia Belém era poetisa e antes de desencarnar escreveu os seguintes versos:

Ao mundo vim para sofrer
Só vivo carpindo a dor,
Mas me valerá morrer,
Em pura missão de amor!
Amor, que me santifica,
Embora a outros contriste,
A dor que me purifica,
Para muitos não existe.

Carmem Bezerra

terça-feira, 26 de julho de 2011

Dúvidas por Divaldo Franco

No livro "Qualidade na Prática Mediúnica", os estudiosos do Projeto Manoel Philomeno de Miranda perguntam ao Divaldo como o médium iniciante pode superar as dúvidas quanto à autenticidade das comunicações que ocorrem por seu intermédio.

   "Insistindo no exercício da educação mediúnica.
   Sempre usamos uma imagem um tanto grotesca. Quando se vai ao dentista, a primeira frase que ele pronuncia é: - Abra a boca -. Se nós dissermos: - Não vou abrir -, nada poderá ser feito.
   Na prática mediúnica a primeira atitude do sensitivo é abrir a boca (da alma) e ficar aguardando a idéia para exteriorizá-la.
   A Tarefa do doutrinador - que conhece a pessoa - é a de examinar o que o médium está falando. Daí, a necessidade do relacionamento antecipado para aquilatar a qualidade do comunicado."



O Divaldo toca em um ponto importantíssimo para a educação mediúnica: a necessidade da avaliação das comunicações mediúnicas de forma sincera pelo esclarecedor que fez o atendimento. Eu complementaria que também há a necessidade do médium fazer uma avaliação do atendimento feito. Portanto, é rua de mão dupla: de um lado, o esclarecedor avalia o que ele achou da comunicação recebida; do outro lado, o médium avalia o atendimento dado pelo esclarecedor.

Mas como é difícil!

Como médium, eu já tive vontade de chamar a atenção de um esclaredor que sempre insiste em uma determinada abordagem no atendimento, não importa qual a estória que o médium lhe passa. Entretanto tenho receio de melindrar esse esclarecedor que está no grupo há muito mais tempo e assim criar um clima ruim.

Por outro lado, tem um esclarecedor no grupo que sempre toca no problema do animismo e diz que não tem certeza das comunicações que atende. Mas esta pessoa nunca aponta especificamente quem é o médium e eu sempre fico me perguntando se ela não está se referindo a mim.

Resumindo: o meu grupo ainda tem um longo caminho a percorrer. Ainda bem que o nosso Mestre é paciente e os nossos mentores são incansáveis.


Hoje é dia de palestra do Raul Teixeira no Auditório do Golden Park House (Rua do Russel, 374, Glória) às 20 horas. Pretendo estar lá. Só tive a oportunidade de ouvir uma palestra dele antes e o considero um médium muito inspirado.

Carmem Bezerra 

domingo, 17 de julho de 2011

Na mesa mediúnica

Estive me questionando neste últimos dias se devo continuar na mesa mediúnica. Embora tenha me prometido ficar no trabalho até o final do ano, não sei se é o correto.

Adoro o grupo e o trabalho, mas não tenho certeza sobre a minha mediunidade. Na mesa, eu deixo qualquer dúvida de lado e coloco o que me vem à mente para o esclarecedor. Na volta para casa, eu não paro de me questionar: qual o percentual de animismo das minhas comunicações? Será que não estou apenas criando as comunicações?


Mesmo que as comunicações não sejam exclusivamente frutos da minha imaginação, valeria a pena continuar? Não tenho mediunidade ostensiva e não acredito que consiga ir muito além do que eu já consegui. Não é melhor então dar lugar a outro trabalhador e se dedicar a outras atividades da casa?

Uma vez tivemos a visita de um doutrinador da casa que foi observar o nosso trabalho. No final, ele me disse que eu tenho mediunidade. Acho que ele notou a minha insegurança e quis me dar alguma tranquilidade. Sempre que eu fico na dúvida, eu me lembro da observação que essa pessoa fez e mantenho a esperança de não estar cometendo um erro.

Mas como é dificil esse começo para quem quer tanto participar do grupo e não se sente com força suficiente para tal!


PRECE DE CÁRITAS
Deus, nosso Pai, que sois todo Poder e Bondade,
daí a força àqueles que passam pela provação,
daí a luz àquele que procura a verdade,
ponde no coração do homem a  compaixão e a caridade.
Deus! Daí ao viajor a estrela guia,
ao aflito a consolação, ao doente o  repouso.
Pai! Daí ao culpado o arrependimento,
ao Espírito a verdade, à criança o guia, ao órfão o pai.
Senhor! Que vossa bondade se estenda sobre tudo que criastes.
Piedade, Senhor, para aqueles que vos não conhecem,
esperança para aqueles que sofrem.
Que a vossa bondade permita aos Espíritos consoladores
espalharem por toda parte a paz, a esperança e a fé.
Um só coração, um só pensamento subirá até vós,
como um grito de reconhecimento e de amor.
Como Moisés sobre a montanha, nós vos esperamos com os braços abertos,
oh! Bondade, oh! Beleza, oh! Perfeição,
e queremos de alguma sorte merecer a vossa misericórdia.
Deus! Dai-nos a força de ajudar o progresso a fim de subirmos até vós;
daí-nos a caridade pura, daí-nos a fé e a razão;
daí-nos a simplicidade que fará das nossas almas
o  espelho onde se refletirá a Vossa Imagem.  

Carmem Bezerra

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Oração

Nestes últimos dias, tenho pensado muito na cidades dos Anjos. Não estou conseguindo identificar a razão da minha obsessão. Nunca tive vontade em conhecer a cidade, embora o cinema seja uma das minhas paixões.

Rezo para que seja apenas isto: um pensamento sem qualquer motivo. Dizem que quando externamos o nosso medo, ele nos deixa. Espero que assim seja. Que Deus abençoe a cidade dos Anjos e que ela encontre o seu caminho na bondade divina.

Nunca fui boa em orações, mas gosto muito da oração feita pelo Santo de Assis. É uma bela oração de esperança, paz e fé. Por que não rezá-la e pedir a proteção do Nosso Mestre para os irmãos americanos?


Oração de São Francisco
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.

Carmem Bezerra

terça-feira, 12 de julho de 2011

Divaldo Franco

Estive ontem na palestra do Divaldo na Hebraica. Como sempre, foi um refrigério para a alma. Ouvi-lo falar de forma simples e entusiasmada da vida e da experiência dele como espírita é muito reconfortante. Tenho um carinho muito grande por ele. Eu o considero um exemplo a ser seguido por todos que são (e os que não são) espíritas.


Pela primeira vez ontem eu criei coragem e pedi para ele autografar um livro. Sempre evitei isto, pois sei que tem pessoas que precisam de uma palavra amiga e vêem no Divaldo alguém a quem recorrer em momento de aflição. Como não é o meu caso, sempre achei que o melhor era poupá-lo de mais uma pessoa a lhe exigir atenção. Mas ontem eu senti a necessidade de chegar perto dele e ver o seu sorriso amigo. Foram 2 minutos que me deixaram feliz. Não há o que questionar, é uma pessoa que leva aos outros o bálsamo da esperança e nos dá a força de continuar na luta. Que Deus o abençoe e permita que ele ainda fique muitos anos conosco.


Oração Nossa
Senhor ensina-nos a orar, sem esquecer o trabalho.
A dar, sem olhar a quem.
A servir, sem perguntar até quando...

A sofrer, sem magoar, seja quem for.
A progredir, sem perder a simplicidade.
A semear o bem, sem pensar nos resultados...

A desculpar, sem condições.
A marchar para frente, sem contar os obstáculos.
A ver sem malícia...

A escutar, sem corromper os assuntos.
A falar, sem ferir.
A compreender o próximo, sem exigir entendimento...

A respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração.
A dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxas de reconhecimento...

Senhor, fortalece em nós, a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros, para com as nossas próprias dificuldades...

Ajuda-nos para que a ninguém façamos aquilo que não desejamos para nós...

Auxilia-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será, invariavelmente, aquela de cumprir seus desígnios onde e como queiras, hoje, agora e sempre.
Chico Xavier

Carmem Bezerra