quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 18

Neste capítulo, Alfredo aconselha que os três viajores a passarem a noite no Posto de Socorro e só prosseguirem a viagem no dia seguinte. Ele explica:
" Nossos aparelhos assinalam aproximação de grande tempestade magnética, ainda para hoje. Sangrentas batalhas estão sendo travadas na superfície do globo. Os que não se  encontram nas linhas de fogo, permanecem nas linhas da palavra e do pensamento. Quem não luta nas ações bélicas, está no combate das idéias, comentando a situação. Reduzindo número de homens e mulheres continuam cultivando a espiritualidade superior. É natural, portanto, que se intensifiquem, ao longo da Crosta, espessas nuvens de resíduos mentais dos encarnados invigilantes, multiplicando as tormentas destruidoras."
Mais uma vez o primoroso relato de André Luiz nos faz lembrar que os nossos pensamentos se transformam em matéria. Quando estes pensamentos são de baixo teor, cria uma ambientação que sufoca e prejudica quem nela respira. A tempestade magnética vem para limpar o ar. Isto significa que, sem essa limpeza, a crosta terrestre se tornaria inabitável em pouco tempo. Além disso, é preciso lembrar que os acontecimentos narrados se passam durante a 2a Grande Guerra e, portanto, a humanidade vivia um dos seus piores momentos. Medo, ódio e angústia eram sentimentos comuns a encarnados e desencarnados.


Alfredo então informa a Aniceto que muitos dos sofredores desencarnados na Europa estão sendo levados para colônias nas Américas. Vicente estranha a informação e questiona se não seria melhor deixá-los nas próprias regiões de conflito.
"Nossos instrutores mais elevados são de parecer que essas aglomerações seriam fatais à coletividade dos Espíritos encarnados. Determinariam focos pestilências de origem transcendente, com resultados imprevisíveis. Inúmeras de nossos irmãos que perdem o corpo nas zonas assoladas não conseguem subtrair-se ao campo da angústia; mas, quantos ofereçam possibilidades de transferência para cá, dentro das nossas cotas de alojamento, são retirados dali, sem perda de tempo, para que seus pensamentos atormentados não pesem em demasia nas fontes vitais das regiões sacrificadas."
Logo, a transferência dos irmãos desencarnados em condições tão angustiantes tem duas finalidades. A primeira finalidade é ajudar as colônias espirituais da Europa que estavam superlotadas. A segunda finalidade é afastar os irmãos do ambiente em que sofreram o desencarne, facilitando assim a recuperação.

No final, Alfredo conta uma estória vivida por ele para mostrar que nem tudo está perdido.
"Nestes tempos, contudo, a prece é uma luz mais intensa no coração dos homens. Bem se diz que a estrela brilha mais fortemente nas noites sem luz. Imaginem que, para iniciar providências de recepção aos desencarnados em desespero, já fui, mais de uma vez, aos serviços de assistência na Europa. Há dias, em missão dessa natureza, fomos, eu e alguns companheiros, aos céus de Bristol. A nobre cidade inglesa estava sendo sobrevoada por alguns aviões pesados de bombardeio. As perspectivas de destruição eram assustadoras. No seio da noite, porém, destacava-se, à nossa visão espiritual, um farol de intensa luz. Seus raios faiscavam no firmamento, enquanto as bombas eram arremessadas as solo. A chefia da expedição recomendou nossa descida no ponto luminoso. Com surpresa, verifiquei que estávamos numa igreja, cujo recinto devia ser quase sombrio para o olhar humano, mas altamente luminoso para nossos olhos. Notei, então, que alguns cristãos corajosos reuniam-se ali e cantavam hinos. O Ministro do Culto lera a passagem dos Atos, em que Paulo e Silas cantavam à meia-noite, na prisão, e as vozes cristalinas elevaram-se ao Céu, em notas de fervorosa confiança. Enquanto rebentavam estilhaços lá fora, os discípulos do Evangelho cantavam, unidos, em celestial vibração de fé viva. Nosso chefe mandou que nos conservássemos de pé, diante daquelas almas heroicas, que recordavam os primeiros cristãos perseguidos, em sinal de respeito e reconhecimento. Ele também acompanhou os hinos e depois nos disse que os políticos construiriam os abrigos antiaéreos, mas que os cristãos edificaram na Terra os abrigos antitrevosos."
Todo dia somos chamados a provar a nossa confiança no amor de Deus nas pequenas coisas. Muitas vezes, nós falhamos. O que acontecerá quando tivermos diante de um problema maior? Vamos agir como nossos irmãos ingleses de Bristol ou vamos nos esconder nos abrigos esperando pela volta da calmaria?


Carmem Bezerra

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