domingo, 31 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 19

Neste Capítulo, André Luiz narra o desencarne de Adelaide. Ela é espírita e é responsável por um orfanato na Crosta Terrestre. Nas suas atividades terrenas, Adelaide conquistou a estima de diversos Espíritos como Bezerra de Menezes e irmã Zenóbia, dirigente da Casa Transitória de Fabiano.

O desencarne ainda não tinha ocorrido porque os irmãos encarnados a estavam retendo mentalmente. Eles não aceitavam a sua morte próxima e a envolviam em fios de carinho. Foi necessário convocar todos os amigos de Adelaide para uma palestra com irmã Zenóbia durante o sono físico. Nesta reunião, eles foram esclarecidos da necessidade de reformular os pensamentos e confiar na Justiça Divina.
"Depois da palavra esclarecida de Zenóbia extinguiram-se as correntes mentais de retenção que se mantinham pelo entendimento fraterno da comunidade reconhecida. Privou-se o corpo carnal do permanente socorro magnético, ao qual o afluxo dessas torrentes alimentava, atenuando-lhe a resistência e precipitando a queda do tono vital. Além disso, o contentamento desta hora robusteceu-lhe, sobremaneira, os centros perispirituais. Impossível, dessa forma, evitar a sensação angustiosa no contato com os órgãos doentios."
Para surpresa de André, a própria Adelaide faz o desenlace nos plexos solar e coronário. O Mentor do grupo de trabalho só precisou intervir para desatar o apêndice prateado.
"A cooperação de nosso plano é indispensável no ato conclusivo da liberação; todavia, o serviço preliminar do desenlace, no plexo solar e mesmo no coração, pode, em vários casos, ser levado a efeito pelo próprio interessado, quando este haja adquirido, durante a experiência terrestre, o preciso treinamento com a vida espiritual mais elevada. Não há, portanto, motivo para surpresa. Tudo depende de preparo adequado no campo da realização."
Este Capítulo traz para os espíritas conforto por mostrar como a morte pode ser serena. No caso em tela, temos uma irmã evoluída tanto no campo moral quanto no campo intelectual. Além disso, ela fez da caridade, da paciência e do amor as suas bandeiras de luta. Na sua hora final na Terra, não lhe faltou amigos encarnados e desencarnados para lhe socorrer. 


Carmem Bezerra

sexta-feira, 29 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 18

Neste Capítulo, André Luiz acompanha o desencarne de Cavalcante. É um trabalho difícil, pois o irmão se prende ao corpo físico com medo da morte.
"Reconhecia, entretanto, ali, naquele agonizante que teimava em viver de qualquer modo no corpo físico, o gigantesco poder da mente, que, em admirável decreto da vontade, estabelecia todo o domínio possível nos órgãos e centros vitais em decadência franca."
Cavalcante não encontra nos irmãos encarnados qualquer compreensão. Para o médido, o padre e a irmã de caridade é apenas alguém que se recusa a morrer. Além disso, a sua fé católica lhe ensinou conceitos como purgatório e inferno que lhe assustavam.
"A dor desenha a tela da lógica no fundo da consciência, com muito mais nitidez que todos os compêndios do mundo. A morte próxima enchia aquela alma formosa de sublimes reflexões. Entretanto, o medo alojara-se dentro dela como sicário invisível."
Vendo que a morte demorava a chegar para Cavalcante, o médico decide aplicar um anestésico fatal. Isto dificulta ainda mais a ruptura do laço entre o corpo físico e o corpo espiritual.
"A carga fulminante da medicação de descanso, por atuar diretamente em todo o sistema nervoso, interessa os centros do organismo perispiritual. Cavalcante permanece, agora, colado a trilhões de células neutralizadas, dormentes, invadido, ele mesmo, de estranho torpor que o impossibilita de dar qualquer resposta ao nosso esforço. Provavelmente, só poderemos libertá-lo depois de decorridas mais de doze horas."
No caso narrado por André, temos um trabalhador dedicado da seara do Mestre. Entretanto, ele não conseguiu encontrar na sua religião o conforto que precisava na hora do derradeiro testemunho. Mas ele não foi abandonado. A Espiritualidade o ajudou da melhor forma possível.


Carmem Bezerra

quinta-feira, 28 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 17

Neste Capítulo, André Luiz narra que o responsável pelo grupo de trabalho, Jerônimo,  fora informado sobre mudança no plano de desencarne de um dos irmãos.
"A irmã Albina fora autorizada a permanecer na Crosta Planetária por mais tempo, razão por que a desencarnação fora adiada sine die. Certa rogativa influíra decisivamente no assunto. Entrara em jogo imperiosa exigência que nossa colônia examinara com a devida consideração. Em vista disso, renovara-se o programa da missão que trazíamos. Ao invés de auxílio para a liberação, a velha educadora receberia forças para se demorar na Crosta. Devíamos procurar-lhe a residência, sem perda de oportunidade, propiciando-lhe ao organismo os possíveis recursos magnéticos ao nosso alcance."
André e  Jerônimo então se dirigem à casa de Albina para ajudá-la.
"A zona perigosa do corpo abatido era justamente a que situava o aneurisma, provável portador da libertação - O tumor provocara a degenerescência do músculo cardíaco e ameaçava ruptura imediata. Jerônimo, entretanto, revelou-se, mais uma vez, o médico experimentado e competente de nosso plano de ação. Começou aplicando passes de restauração ao sistema de condução do estímulo, demorando-se, atencioso, sobre os nervos do tônus. Em seguida, forneceu certa quantidade de forças ao pericárdio, bem como às estrias tendinosas, assegurando a resistência do órgão - Logo após, meu orientador magnetizou, longamente, a zona em que se localizava o tumor bastante desenvolvido, isolando certos complexos celulares."
Durante o trabalho de assistência, André descobre que o motivo da prorrogação da vida terrena de Albina tinha sido um pedido feito por uma criança de 8 anos. Esta criança era criada como neto por Albina embora nenhum vínculo consaguíneo existisse entre eles. Como Espírito em missão na Terra, durante um desdobramento, ele solicitou ajuda. Ele tinha receio que o desencarne da avó querida retardasse a reencarnação da companheira que iria ajudá-lo no trabalho programado. Esta companheira estava em processo de reencarnação e seria neta de Albina. O receio era que a forte emoção com a morte de Albina provocasse o aborto.

É interessante observar que o pedido foi feito visando o trabalho a ser desenvolvido por dois Espíritos queridos na Terra. Não houve qualquer toque personalístico no pedido. Além disso, convém destacar que Albina e sua família eram evangélicos. Portanto, a assistência espiritual não se restringe aos que são espíritas e acreditam na Doutrina dos Espíritos. Ela alcança todos que trabalham na seara de Jesus.


Carmem Bezerra

quarta-feira, 27 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 16

Neste Capítulo, André Luiz acompanha o processo de desencarne de Fábio. Como o irmão anterior, Dimas, é também espírita e merecedor da atenção da Espirirtualidade por muito ter trabalhado e exemplificado no bem.

Entretanto, André observa a facilidade com que o corpo espiritual de Fábio é separado do corpo físico, muito diferente do desencarne de Dimas. Foi necessária a espera de apenas 1 hora, após a morte física, antes de cortar o cordão fluídico prateado. Além disso, não há qualquer inconformismo por parte de Fábio ou de sua família com o evento. Todos o aceitam como vontade de Deus.

Analisando o texto, a explicação para as diferenças  entre os dois desencarnes está no aproveitamento que cada um teve das lições recebidas da Espiritualidade.
"Dimas foi destacado discípulo do Evangelho, principalmente no setor de assistência e difusão, mas, quanto a si mesmo, não fez aproveitamento integral das lições recebidas. Espalhou as sementes da luz e da verdade, dedicou-se largamente à causa do bem, merecendo, por isso mesmo, socorro especialíssimo. Contudo, no campo particular, não se preparou suficientemente. Qual ocorre à maioria dos homens, prendeu-se demasiadamente às teias domésticas, sem maior entendimento. Conferiu excessivo carinho à roda familiar, sem noção de equidade, no caminho terrestre. Certamente, sob o ponto de vista humano, consagrou-se o necessário à companheira e aos rebentos do lar; mas, se lhes prodigalizou muita ternura, não lhes proporcionou todo o esclarecimento de que dispunha, libertando-os da esfera pesada de incompreensão. E agora, muito naturalmente, sofre-lhes o assédio. A inquietude dos parentes atinge-o, através dos fios invisíveis da sintonia magnética."
Por outro lado, Fábio aproveitara as vicissitudes da vida para se melhorar e ajudar os seus familiares a também evoluir moralmente.
"Tivera existência modesta; limitara o voo das ambições mais nobres, no culto da espiritualidade redentora; esforçara-se suficientemente pela tranquilidade familiar; fora acicatado por dificuldades sem conta, no transcurso da experiência que terminava; deixava a esposa e dois filhinhos amparados na fé viva, e, embora não lhes legasse facilidades econômicas, afastava-se do corpo físico, jubiloso e confortado, com a glória de haver aproveitado todos os recursos que a esfera superior lhe havia concedido. Além de haver-se afeiçoado profundamente ao Evangelho do Cristo, vivendo-lhe os princípios renovadores, com todas as possibilidades ao seu alcance, Fábio conseguira iluminar a mente da companheira e construir bases sólidas no espírito dos filhinhos, orientando-os para o futuro."
A partir da leitura desse capítulo, é fácil entender porque os Espíritos falam que não existem duas encarnações e nem duas desencarnações rigorosamente iguais.


Carmem Bezerra

segunda-feira, 25 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 15

Neste Capítulo, André Luiz retorna ao velório de Dimas.
"Reparei que o médium liberto tinha agora o corpo perispiritual mais aperfeiçoado, mais concreto. Tive a nítida impressão de que através do cordão fluídico, de cérebro morto a cérebro vivo, o desencarnado absorvia os princípios vitais restantes do campo fisiológico."
André pode então observar que o corpo físico e o corpo astral ainda mantinham vivo intercâmbio, um sustentando o outro. Esta troca de vitalidade só terminou quando o último laço foi cortado.
"Somente então notei que, se o organismo perispirítico recebia as últimas forças do corpo inanimado, este, por sua vez, absorvia também algo de energia do outro, que o mantinha sem notáveis alterações. O apêndice prateado era verdadeira artéria fluídica, sustentando o fluxo e o refluxo dos princípios vitais em readaptação. Retirada a derradeira via de intercâmbio, o cadáver mostrou sinais, quase de imediato, de avançada decomposição."
Dimas reconhece a sua atual situação e o responsável por seu resgate o adverte.
"Dimas, congregam-se, aqui, diversos amigos seus, em manifestação inicial de regozijo pela sua vinda. Entretanto, a sua posição é a do convalescente, cheio de cicatrizes a exigirem cuidado. Fale pouco e ore muito. Não se aflija, nem se lastime. Por hoje, não pergunte mais nada, meu filho. Seja dócil, sobretudo, para que nosso auxílio não seja mal interpretado pela visão deficiente que você traz da esfera obscura. Acompanharemos seus despojos até à última morada, a fim de que você faça exercício preliminar para a grande viagem que levará a efeito, dentro de breves minutos, sustentado pelos nossos amigos, a caminho do restabelecimento. Não tema, pois já se preparou para receber-nos a cooperação, semeando o bem, em longos anos de atividades espiritistas. Não dê guarida ao medo, que sempre estabelece perigosas vibrações de queda em transições como a em que você se encontra."
No cemitério, André nota a presença de dezenas de irmãos infelizes esperando o cortejo. Ele questiona ao responsável pelo grupo a razão da presença desses Espíritos.
"Nossa função, acompanhando os despojos, não se verifica apenas no sentido de exercitar o desencarnado para os movimentos iniciais da libertação. Destina-se também à sua defesa. Nos cemitérios costuma congregar-se compacta fileira de malfeitores, atacando vísceras cadavéricas, para subtrair-lhes resíduos vitais."
Todo o carinho e todo o cuidado que cercou o desencarne de Dimas tem uma única explicação: ele era um trabalhador dedicado da seara do Divino Mestre. Na sua hora extrema do testemunho, ele foi cercado pelos amigos que soube cultivar durante os anos de trabalho na mediunidade.


Carmem Bezerra

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 14

André Luiz recebe autorização para voltar à casa de Dimas e acompanhar o velório. Ele queria observar o que acontece entre a morte física e o desencarne (quando o desligamento entre o corpo físico e o corpo astral é concluído).

Retornando ao local, André trava conhecimento com um Espírito que trabalhava com Dimas nas atividades mediúnicas. André então lhe pergunta se todas as desencarnações de pessoas dignas contam com o amparo de grupos socorristas.
"... todos os fenômenos do decesso contam com o amparo da caridade afeta às organizações de assistência indiscriminada; no entanto, a missão especialista não pode ser concedida a quem não se distinguiu no esforço perseverante do bem."
Durante o velório, uma pessoa presente conta uma estória que envolve Dimas e um assassinato que ele presenciou. A recordação do fato traz para o ambiente o assassino já desencarnado em situação ainda de pertubação. É preciso a intervenção dos amigos espirituais de Dimas para afastar o irmão infeliz. Sem saber, o amigo encarnado fizera uma invocação direta.
"A observação, feita por nós mesmos, é sempre mais valiosa. Dimas, não obstante dedicado à causa do bem e compelido a grande esforço de cooperação na obra coletiva, descuidou-se de incentivar a prática metódica da oração em família, no santuário doméstico. Por isso tem defesas pessoais, mas a residência conserva-se à mercê da visitação de qualquer classe."
Outro fato observado por André é que o descontrole da esposa de Dimas o deixava agitado. Foi preciso adormecer a companheira de lutas para que o irmão em processo de desligamento conseguisse voltar ao repouso reparador.
"Eu aprendera muito, durante a noite. Aprendera que as câmaras mortuárias não devem ser pontos de referência à vida social, mas recintos consagrados à oração e ao silêncio."


 Carmem Bezerra

domingo, 24 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 13

Neste Capítulo, André participa do grupo que vai ajudar no desencarne de Dimas. Este irmão é espírita e médium. Na sua vida na Terra, ele mostrou amor e dedicação aos ensinamentos de Jesus e de Kardec. Entretanto, ele está desencarnado antes do que fora programado pela Espiritualidade.
"Desfavorecido de qualquer vantagem material no princípio, conheceu ásperas obrigações para ganhar a intimidade com as leituras mais simples. Entregue ao serviço rude, no verdor da mocidade, constituiu a família, pingando suor no sacrifício diário. Passou a vida em submissão a regulamentos, conquistando a subsistência com enorme despesa de energia. Mesmo assim, encontrou recursos para dedicar-se aos que gemem e sofrem nos planos mais baixos que o dele. Recebendo a mediunidade, colocou-a a serviço do bem coletivo. Conviveu com os desalentados e aflitos de toda sorte. E porque seu espírito sensível encontrava prazer em ser útil e em razão dos necessitados guardarem raramente a noção do equilíbrio, sua existência converteu-se em refúgio de enfermos do corpo e da alma. Perdeu, quase integralmente, o conforto da vida social, privou-se de estudos edificantes que lhe poderiam prodigalizar mais amplas realizações ao idealismo de homem de bem e prejudicou as células físicas, no acúmulo de serviço obrigatório e acelerado na causa do sofrimento humano. Pelas vigílias compulsórias, noite a dentro, atenuou-se-lhe a resistência nervosa; pela inevitável irregularidade das refeições, distanciou-se da saúde harmoniosa do estômago; pelas perseguições gratuitas de que foi objeto, gastou fosfato excessivamente e, pelos choques reiterados com a dor alheia, que sempre lhe repercutiu amargamente no coração, alojou destruidoras vibrações no fígado, criando afecções morais que o incapacitaram para as funções regeneradoras do sangue. É verdade que não podemos louvar o trabalhador que perde qualquer órgão fundamental da vida física em atrito com as perturbações que companheiros encarnados criam e incentivam para si mesmos; no entanto, faz-se preciso considerar as circunstâncias em jogo. Dimas poderia receber, com naturalidade, semelhantes emissões destrutivas, mantendo-se na serenidade intangível do legítimo apóstolo do Evangelho. Todavia, não se organiza de um dia para outro o anteparo psíquico contra o bombardeio dos raios perturbadores da mente alheia, como não é fácil improvisar cais seguro ante o oceano em ressaca. Cercado de exigências sentimentais, subalimentado, mal dormido, teve as reiteradas congestões hepáticas convertidas na cirrose hipertrófica, portadora da desintegração do corpo."
Portanto, por muito ter amado e ajudado o próximo, Dimas não é considerado como suicida pelas Leis de Deus.



A narração feita por André do desencarne de Dimas pode se resumida nos seguintes pontos:
  1. Liberação dos laços que prendem o corpo físico ao plexo solar ou esplênico - este chacra fica localizado um pouco acima do umbigo e corresponde no corpo físico ao baço e ao pâncreas.
  2. "Aconselhando-me cautela na ministração de energias magnéticas à mente do moribundo, começou a operar sobre o plexo solar, desatando laços que localizavam forças físicas. Com espanto, notei que certa porção de substância leitosa extravasava do umbigo, pairando em torno. Esticaram-se os membros inferiores, com sintomas de esfriamento."
  3. Liberação dos laços que prendem o corpo físico ao plexo cardíaco - este chacra corresponde no corpo físco ao coração e está relacionado às emoções.
  4. "... com passes concentrados sobre o tórax, relaxou os elos que mantinham a coesão celular no centro emotivo, operando sobre determinado ponto do coração, que passou a funcionar como bomba mecânica, desreguladamente. Nova cota de substância desprendia-se do corpo, do epigastro à garganta, mas reparei que todos os músculos trabalhavam fortemente contra a partida da alma, opondo-se à libertação das forças motrizes, em esforço desesperado, ocasionando angustiosa aflição ao paciente. O campo físico oferecia-nos resistência, insistindo pela retenção do senhor espiritual."
  5. Liberação dos laços que prendem o corpo físico ao plexo frontal ou cerebral - este chacra
    é responsável pelo controle da inteligência, dos sentidos e das glândulas endócrinas, via hipófise.
  6. "O Assistente estabeleceu reduzido tempo de descanso, mas volveu a intervir no cérebro. Era a última etapa. Concentrando todo o seu potencial de energia na fossa romboidal, Jerônimo quebrou alguma coisa que não pude perceber com minúcias, e brilhante chama violeta-dourada desligou-se da região craniana, absorvendo, instantaneamente, a vasta porção de substância leitosa já exteriorizada. Quis fitar a brilhante luz, mas confesso que era difícil fixá-la, com rigor. Em breves instantes, porém, notei que as forças em exame eram dotadas de movimento plasticizante. A chama mencionada transformou-se em maravilhosa cabeça, em tudo idêntica à do nosso amigo em desencarnação, constituindo-se, após ela, todo o corpo perispiritual de Dimas, membro a membro, traço a traço. E, à medida que o novo organismo ressurgia ao nosso olhar, a luz violeta-dourada, fulgurante no cérebro, empalidecia gradualmente, até desaparecer, de todo, como se representasse o conjunto dos princípios superiores da personalidade, momentaneamente recolhidos a um único ponto, espraiando-se, em seguida, através de todos os escaninhos do organismo perispirítico, assegurando, desse modo, a coesão dos diferentes átomos, das novas dimensões vibratórias."
  7.  Não é feito o desligamento do plexo coronário - isto será feito apenas no dia seguinte. Esta medida visava atender às necessidades de Dimas que ainda não se encontrava completamente preparado para o desencarne.
  8. "Dimas-desencarnado elevou-se alguns palmos acima de Dimas-cadáver, apenas ligado ao corpo através de leve cordão prateado, semelhante a sutil elástico, entre o cérebro de matéria densa, abandonado, e o cérebro de matéria rarefeita do organismo liberto."
O companheiro de André explica o que acontecerá com o Dimas até que a desencarnação seja completada.
"Por enquanto, repousará ele na contemplação do passado, que se lhe descortina em visão panorâmica no campo interior. Além disso, acusa debilidade extrema após o laborioso esforço do momento. Por essa razão, somente poderá partir, em nossa companhia, findo o enterramento dos envoltórios pesados, aos quais se une ainda pelos últimos resíduos."
Enquanto lia este texto, eu me lembrei que Chico Xavier recomendou esperar 72 horas antes de fazer a cremação de um corpo. Se para um Espírito como Dimas a libertação não foi fácil, imagine para nós que ainda nos apegamos tanto aos bens materiais.


Carmem Bezerra

sábado, 23 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 12

Neste Capítulo, o grupo do qual André Luiz participa usa o orfanato de Adelaide, uma das pessoas que vai desencarnar, como ponto de referência para as atividades na crosta terrestre. Este local foi escolhido por ser um ambiente onde a Espiritualidade já tinha um extenso trabalho de assistência.
"- Aqui nos sentiremos à vontade. A organização é campo propício às melhores semeaduras do espírito e oferecemos tranquilidade e segurança. Permaneceremos em comunicação contínua com o abrigo de Fabiano, para onde conduziremos os recém-desencarnados e condensaremos todas as atividades possíveis, concernentes aos outros amigos, nesta amorosa fundação."
Acompanhado por alguns amigos, André visita o prédio e verifica que "em todos os compartimentos havia luz de nosso plano, indicando a abundância dos pensamentos salutares e construtivos de todas as mentes que ali se entrelaçavam na mesma comunhão de ideal".

Na sala onde ocorrem as reuniões públicas, uma colaboradora da casa explica o cuidado que a equipe espiritual tem com o ambiente.
"- Esta é a região do abrigo que nos força a serviço mais árduo. Receptáculo das emanações mentais e dos pedidos silenciosos de toda gente que nos visita, em assembleias públicas, somos obrigados, depois de cada sessão, a minuciosas atividades de limpeza. Como sabem, os pensamentos exercem vigoroso contágio e faz-se imprescindível isolar os prestimosos colaboradores de nossa tarefa, livrando-os de certos princípios destruidores ou dissolventes."
Mais tarde, o amigo de André explica a missão que irão cumprir junto aos irmãos prestes a desencarnar.
"- Os que se aproximam da desencarnação, nas moléstias prolongadas, comumente se ausentam do corpo, em ação quase mecânica. Os familiares terrestres, por sua vez, cansados de vigílias, tudo fazem por rodear os enfermos de silêncio e cuidado. Desse modo, não é difícil afastá-los para a tarefa de preparação. Geralmente, estão hesitantes, enfraquecidos. semi-inconscientes, mas nosso auxílio magnético resolverá o problema. Conservar-nos-emos nas extremidades, segurando-lhes as mãos e, impulsionados por nossa energia, volitarão conosco, sem maiores impedimentos."
Como estes irmãos, pelo muito que fizeram, são merecedores da atenção da Espiritualidade maior, eles são levados durante um desdobramento até à Casa Transitória de Fabiano para receberem esclarecimentos sobre o desencarne próximo.
- Amigos, o concurso desta noite não se destina à cura do corpo grosseiro, posto agora a distância pelas necessidades do momento. Tentamos revigorar-vos o organismo espiritual, preparando-vos o desligamento definitivo, sem alarmes de dor alucinatória. Devo confessar-vos que, retomando o vaso físico, experimentareis natural piora de vossas sensações, agravando-se-vos a tortura, porque os remédios para a alma, na presente situação, intensificam os males da carne. Certificai-vos, portanto, de que as providências desta hora constituem ajuda efetiva à libertação. De retorno ao antigo ninho doméstico, encerrada esta primeira excursão de adestramento, encontrareis mais tristeza no terreno da Crosta, mais angústia nas células físicas, mais inquietude no coração, porque a vossa mente, no processo das recordações instintivas, terá fixado, com maior ou menor intensidade, o contentamento sublime deste instante. Preparai-vos, pois, para vir até nós; solucionai os derradeiros problemas terrestres e confiai na Proteção Divina!
É interessante notar que, ao despertar, cada um interpreta o sonho de acordo com os ensinamentos religiosos que teve durante a vida na Terra. Somente os irmãos Espíritas conseguem compreender o que realmente aconteceu. Entretanto, a assistência é dada, independentemente de religião.


Carmem Bezerra

quarta-feira, 20 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 11

Neste Capítulo, o grupo de trabalho que André Luiz participa chega à crosta terrestre para ajudar no desencarne de 5 irmãos.
"- Não se trata de prerrogativa injustificável, nem de compensações de favor. O fato revela ordenação de serviços e aproveitamento de valores. Se determinado colaborador demonstra qualidades valiosas no curso da obra, merecerá, sem dúvida, a consideração daqueles que a superintendem, examinando-se a extensão do trabalho futuro. No plano espiritual, portanto, muito grande é o carinho que se ministra ao servidor fiel, de modo a preservar-lhe o devotado Espírito da ação maléfica dos elementos destruidores, com o desânimo e a carência de recursos estimulantes, permitindo-se, simultaneamente, que ele possa ir analisando a magnitude de nosso ministério na verdade e no bem, em face do Universo Infinito."
Neste comentário, o companheiro de André enfatiza que estes irmãos irão receber uma atenção especial na hora do desencarne por muito terem trabalhado no bem.

Inicialmente, o grupo visita esses irmãos. É interessante notar que são pessoas de diferentes religiões. O primeiro é espírita e médium, ele nota a presença dos Espíritos amigos. O segundo é também espírita, mas não nota a presença dos visitantes. A terceira é evangélica e o quarto irmão é católico. A quinta irmã é também espírita e está sendo assistida no momento por Bezerra de Menezes.

Portanto, a Espiritualidade não se interessa pela religião, só pelo bem feito na Terra. Estes cinco irmãos mostraram fidelidade aos ensinamentos do Divino Mestre e, por isso, serão ajudados por mensageiros da seara de Jesus no momento da morte.


Carmem Bezerra

domingo, 17 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 10

Neste Capítulo André Luiz narra o trabalho feito para mudar a Casa Transitória de Fabiano de lugar, pois o fogo purificador ía passar na região.  A medida definida pela Espiritualidade Superior era necessária para que a vida no local continuasse possível.
"O trabalho dos desintegradores etéricos, invisíveis para nós, tal a densidade ambiente, evita o aparecimento das tempestades magnéticas que surgem, sempre, quando os resíduos inferiores de matéria mental se amontoam excessivamente no plano."
Para mover a Casa Transitória foram usados dois tipos de energia.
"... a Casa Transitória, para movimentar-se com êxito, não necessitava apenas de forças elétricas, baseadas em simples fenômenos da matéria diferenciada, mas, também, de nossas emissões magnético-mentais, que atuariam como reforço no impulso inicial de subida."
Pela descrição de André, o cenário era aterrador.
"Dilatavam-se fogueiras enormes em direções diversas e raios fulgurantes eram metodicamente despejados do céu."
Muitos infelizes procuram a Casa Transitória pedindo abrigo, mas só são aceitos os que apresentam sinais legítimos de transformação moral para o bem.
"- Os sofredores, já modificados para o bem, apresentarão círculos luminosos característicos em torno de si mesmos, logo que, estejam onde estiverem, concentrem suas forças mentais no esforço pela própria retificação. Os outros, os impenitentes e mentirosos sistemáticos, ainda que pronunciem comovedoras palavras, permanecerão confinados nas nuvens de treva que lhes cercam a mente endurecida no crime."
Após quatro horas de trabalhos, a Casa finalmente se movimenta. Inicialmente o movimento é vertical. Quando consegue alcançar uma região clara e brilhante, o vôo passa a ser horizontal. Quando chega a nova localização, a Casa desce até alcançar novamente a região de substância densa.

André não comenta o que aconteceu com os Espíritos que ficaram na região onde o fogo purificador ía passar. Mas basta lembrar o versículo 42 do Capítulo 13 de Mateus onde Jesus diz: "e lançá-los-ão na fornalha de fogo: ali haverá pranto e ranger de dentes". Não estamos naturalmente falando de penas eternas. O sofrimento que devem ter sentido os irmãos foi temporário e poderia ajudá-los a entender a situação em que se encontravam.


Carmem Bezerra

sexta-feira, 15 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 9

André Luiz narra neste Capítulo o retorno à Casa Transitória de Fabiano e a participação em uma reunião para agradecer a ajuda e a oportunidade de trabalho. Durante a oração, Mentores de esfera mais alta se manifestam através de um aparelho que André define como "tela constituída de tecido diáfano". Nem todos conseguem ouvir o que é falado, por isso a enfermeira Luciana serve de intermediária na conversação.

Como as vibrações ambientais não permitem uma melhor comunicação, um dos Espíritos comunicantes solicita permissão para incorporar em Luciana e conversar com um dos participantes que na Terra lhe fora filho. Permissão dada, o Espírito de elevada hierarquia lembra ao filho a necessidade de retornar a carne para saldar antigas dívidas. No final, o irmão trabalhador da Casa Transitória captula e aceita o pedido da mãe.

Eu não me lembrava que André tinha falado de  incorporação na Espiritualidade. Na primeira vez que li sobre isto nos livros de Manoel Philomeno de Miranda, eu achei estranho. Questionei vários amigos que possuem um bom conhecimento da Doutrina Espírita. Hoje entendo que é feito de forma similar à comunicação na Terra. A diferença é que na Terra, o corpo físico do Médium é mais grosseiro que o corpo espiritual na Erraticidade. Mas o mecanismo é o mesmo. O Espírito comunicante usa o médium para se comunicar e esta comunicação pode ser consciente ou inconsciente. Na primeira parte da conversa, Luciana apenas repete o que ouve dos Espíritos superiores. Na segunda parte, ela cede o seu corpo espiritual para a Entidade se manifestar.

Lembro-me de outra situação no livro Nosso Lar, onde  André deixa o corpo espiritual na colônia e vai visitar a mãe em esfera superior. Entre os encarnados, é muito comum deixar o corpo físico dormindo e aproveitar as horas de sono para atividades na esfera espiritual (tanto para o bem quanto para o mal).


Carmem Bezerra

quarta-feira, 13 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - capítulo 8

Após o resgate do Padre Domênico e o seu encaminhamento para a Casa Transitória de Fabiano, os trabalhadores do Bem aproveitam a viagem para conversar com os irmãos que habitam as Trevas.

A responsável pela expedição solicita então que o padre Hipólito se dirija aos infelizes. Ele faz um belo discurso, lembrando os ensinamentos de Jesus e convidando todos a renovação.
“Sejamos razoáveis, meus irmãos, reconhecendo que esse inferno é construção mental em nós mesmos. O estacionamento, após esforço destrutivo, estabelece clima propício aos fantasmas de toda sorte, fantasmas que torturam a mente que os gerou, levando-a a pesadelos cruéis. Cavamos poços abismais de padecimentos torturantes, pela intensidade do remorso de nossas misérias intimas; arquitetamos penitenciárias sombrias com a negação voluntária, ante os benefícios da Providência. Desertos calcinantes de ódio e malquerença estendem-se aos nossos pés, seguindo-se a jornadas vazias de tristeza e desconsolo supremo. Semelhamo-nos a duendes vagabundos da inquietação e do desalento, pela amargura do que fomos e pela dificuldade quase invencível na aquisição dos recursos para o que devemos vir a ser. De um lado, a falência gritante; do outro, o desafio da vida eterna. Como o rico infeliz da parábola, todavia, sabemos que muitas de nossas vítimas de outro tempo escalaram altas posições no campo hierárquico da eternidade; que muitos daqueles mendigos de carinho da estrada humana foram conduzidos a fontes da Maravilhosa Sabedoria e do Inesgotável Amor, e, assim, porque não impetrarmos o concurso de suas bênçãos intercessórias?”
Alguns irmãos tentam atravessar o abismo e alcançar a equipe socorrista, mas são impedidos por espíritos mais endurecidos. Vendo que não pode mais postergar o retorno à Casa Transitória, a responsável pela expedição se dirige aos infelizes antes de partir.
 “Regozijei-vos, ó corações de boa vontade! e confiai, sobretudo, na proteção de Nosso Senhor Jesus. Dilaceram-nos vossas dores, tocam-nos, de perto, as incompreensões e sofrimentos a que vos entregastes, apartados da Lei Divina, e se não atravessamos o fosso negro, na tentativa suprema de salvar-vos temporariamente do mal, é que somos igualmente companheiros de luta, sem imunidades angélicas, detentoras de possibilidades limitadas no amparo aos semelhantes! Alegrai-vos, porém, e aguardai, confiantes, porque se manifestará, em vosso benefício, o fogo consumidor, nesta região menos feliz, onde tantas inteligências perversas tripudiam sobre os mandamentos do Pai e menosprezam-Lhe as bênçãos de luz. Amanhã mesmo, demonstrar-se-á o Supremo Poder.”

Este capítulo é muito triste, pois mostra o quanto ainda estamos longe de compreender que somos todos filhos de um Pai amoroso e justo. Ninguém é cobrado por dívida que não fez.

 

Carmem Bezerra

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 7

Neste Capítulo, André Luiz narra como foi feito o resgate do Padre Domênico. Inicialmente, ele não quer admitir os erros que cometeu, acha que está sendo injustiçado. A enfermeira Luciana é então chamada para fazer a leitura mental do irmão.
"- Padre Domênico, vossa mente revela o passado distante e esse pretérito fala muito alto diante de Deus e dos irmãos em humanidade! Duvidais da Providência Divina, alegais que o vosso ministério não foi devidamente remunerado com a salvação e imprecais contra o Pai de Misericórdia Infinita... Vossa dor permanece repleta de blasfêmia e desespero, proclamais que as Forças Celestes vos abandonaram ao tenebroso fundo do abismo!..."
A enfermeira então prossegue narrando vários episódios onde Padre Domênico esqueceu da bondade divina e fez uso da batina e das influências que tinha para satisfazer desejos inferiores. Vendo que ele começava a se arrepender do que fizera, a mãe que tivera na última encarnação lhe aparece para confortar. Emocionado, ele se dirige à mãe.
"- A justiça divina descobriu-me; sou um réprobo sem perdão, um celerado infernal. Hediondo passado está vivo, dentro de mim. Oh! mamãe, és capaz de suportar-me, quando todos me detestam?"
A mãe o conforta e o lembra da figura de Jesus. Nenhuma ovelha é abandonada pelo Divino Pastor.
- Vamos, filho. Movido pela Misericórdia Divina, o relógio do tempo fez soar para teu espírito a hora abençoada da redenção. A porta do resgate abre-se de novo à tua alma oprimida. Que o Céu nos abençoe!
Este belíssimo texto mostra que a misericórdia divina nunca é negada a quem se arrepende dos erros cometidos. Há de responder à Lei de Causa e Efeito, mas não é um alívio saber que não existem penas eternas? Que todos estão destinados um dia a viver junto ao Pai amoroso?


Carmem Bezerra

segunda-feira, 11 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 6

Neste Capítulo, André conta os preparativos feitos para o resgate de um irmão que está nas Trevas. No caminho, André observa a tristeza do local e ouve pessoas clamando por ajuda. É mais tarde explicado, que muitos desses irmãos já foram recolhidos ao abrigo, mas por vontade própria decidiram voltar para o abismo. Não se adaptaram ao tratamento e a nova vida que lhe era oferecida.
"Não somos impermeáveis às rogativas dos nossos irmãos que ainda gemem no charco de dor a que se atiraram voluntariamente. Dilaceram-nos o espírito as imprecações dos infelizes. No entanto, a Casa Transitória de Fabiano tem-lhes prestado o socorro possível, ajuda essa que, até hoje, vem sendo repelida pelos nossos irmãos infortunados. Debalde libertamo-los, periodicamente, dos monstros que os escravizam, organizando-lhes refúgio salutar. Fogem de nossa influenciação retificadora e tornam espontaneamente ao charco. É imprescindível que o sofrimento lhes solidifique a vontade, para as abençoadas lutas do porvir."

Finalmente, eles encontram o irmão que procuravam, Padre Domênico.
"Foi ele clérigo menos feliz, incapaz de manter-se fiel ao Senhor até ao fim de seus dias. Iniciou-se nas lutas humanas, tocado de sublimes esperanças, na primeira mocidade; entretanto, porque os desígnios do Pai eram diversos dos caprichos que alimentava no coração de homem apaixonado e voluntarioso, em breve caía em despenhadeiros que lhe valem os amargosos padecimentos, depois do túmulo. Aproveitou-se das casas consagradas à fé viva para concretizar propósitos menos dignos, conspurcando a paz de corações sensíveis e amorosas. Recebeu todas as advertências e avisos salutares tendentes a modificar-lhe a conduta criminosa e desvairada. Todavia, internou-se fundamente no lamaçal escuro dos erros voluntários, desprezando toda espécie de assistência salvadora."

O grupo então se prepara para ajudar o irmão infeliz.


Carmem Bezerra

domingo, 10 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 5

Neste Capítulo, André Luiz é apresentado ao Irmão Gotuzo que também foi médico na Terra e que agora trabalha na Casa Transitória de Fabiano. O novo amigo de André ainda está preso às lembranças dos familiares encarnados, por isso tem dificuldades em evoluir.

Da conversa dos dois novos amigos, é interessante destacar dois assuntos.
  • O corpo espiritual possui uma estrutura similar ao do corpo físico. 
"O corpo astral é organização viva, tão viva quanto o aparelho fisiológico em que vivíamos no plano carnal."
Isto significa que o corpo espiritual pode sofrer danos da mesma forma que o corpo somático. Aliás, o livro "Memórias de um Suicida" afirma a possibilidade de danificar o primeiro é maior, pois ele é influenciado pelos nossos pensamentos.

"É que o corpo astral, isto é, o perispírito - ou ainda o físico-espiritual - não é uma abstração, figura incorpórea, etérea, como supuseram. Ele é, ao contrário disso, organização viva, real, sede das sensações, na qual se imprimem e repercutem todos os aconteci­mentos que impressionem a mente e afetem o sistema nervoso, do qual é o dirigente."
  •  A reencarnação expiatória requer da Espiritualidade um maior esforço para a sua concretização.
"Sim, você conhece um caso de reencarnação, de natureza superior, um caso em que o interessado se fizera credor da gentileza de vários amigos que o auxiliaram, desveladamente. Aqui, todavia, acompanhamos situações dolorosas, através de incidentes desagradabilíssimos para a sensibilidade. São trabalhos reencarnacionistas de ordem inferior, mais difíceis e complexos. Não calcula o que sejam. Há verdadeira mobilização de Inúmeros benfeitores sábios e piedosos, dos planos mais altos, que nos traçam as necessárias diretrizes. Por vezes surgem problemas torturantes no esforço de aproximação e ligação dos Interessados ao ambiente em que serão recebidos, de tal modo deploráveis, que muito angustiosas para nós se fazem as situações, sendo imprescindível o concurso de elevado número de obreiros. Segue-se a reencarnação expiatória de inenarráveis padecimentos, pelas vibrações contundentes do ódio e das humilhações punitivas. Na esfera venturosa em que você habita, há institutos para considerar as sugestões da escolha pessoal. O livre arbítrio, garantidor de créditos naturais, pode solicitar modificações e apresentar exigências justas, mas, aqui, as condições são diferentes... Almas grosseiras e endividadas não podem ser atendidas em suas preferências acerca do próprio futuro, em virtude da ignorância deliberada em que se comprazem, indefinidamente, e, de acordo com aqueles que as tutelam da região superior, são compelidas a aceitar os roteiros estabelecidos pelas autoridades competentes para os seus casos individuais. Por nossa vez, somos executores das providências respectivas e constitui-nos obrigação vencer os mais extensos e escuros obstáculos. Nesses quadros de dor, vemos pais e mães que, instintivamente, repelem a influenciação dos filhinhos, antes do berço, dando pasto a discórdias sem nome, a antagonismos aparentemente injustificáveis, a moléstias indefiníveis, a abortos criminosos. Enquanto isso ocorre, os adversários que reencarnam, em obediência ao trabalho redentor, programado pelos mentores abnegados dessas personagens de dramas sombrios, com longa representação no cenário da existência humana, penetram o campo psíquico dos ex-inimigos e futuros progenitores, impondo-lhes sacrifícios intensos e quase insuportáveis."


Carmem Bezerra

sexta-feira, 8 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 4

A caminho da crosta terrestre, André Luiz e seus companheiros de viagem param na Casa Transitória de Fabiano. É uma casa destinada a socorros urgentes e que serve de abrigo para quem se dirige à Crosta Planetária ou às esferas escuras. Podemos dizer que esta casa fica na segunda esfera, entre a Crosta (primeira esfera) e Nosso Lar (na terceira esfera). Para este abrigo são levados Espíritos resgatados de locais sombrios e Espíritos recém-desencarnados que estão a caminho de alguma cidade espiritual (não possuem condição de fazer a viagem rapidamente). Pouco depois da chegada ao abrigo, André presencia um ataque de irmãos infelizes. As defesas são então reforçadas e os invasores repelidos. A pessoa responsável pela casa é informada que a casa deverá ser movida de local, pois desintegradores elétricos passarão no local no dia seguinte para limpar o ambiente.

Achei interessante reler este Capítulo depois de tantos anos. Lembro-me que tive certa dificuldade de compreender os detalhes que agora me parecem simples. Na realidade, este texto lembra muito o livro Os Mensageiros cuja estória se passa em um posto de auxílio na segunda esfera. Nas duas descrições, temos um lugar mantido por benfeitores e que serve como local de resgate e auxílio para muitos irmãos.



Carmem Bezerra

quarta-feira, 6 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 3

Este Capítulo apresenta um interessante exercício de concentração do qual André Luiz participou. O grupo ía receber um Mentor das altas esferas e montou, através da força do pensamento, um local florido e cheio de luz.

André explica que havia uma pequena câmara feita de uma substância análoga ao vidro puro e transparente, onde até três pessoas poderiam entrar e ficar confortavelmente. O Instrutor Cornélio pede então que os presentes se concentrem para criar um ambiente dentro deste gabinete.
"Projetemos nossas forças mentais sobre a tela cristalina. O quadro a formar-se constará de paisagem simbólica, em que águas mansas, personificando a paz, alimentem vigorosa árvore, a representar a vida. Assumirei a responsabilidade da criação do tronco, enquanto os chefes das missões entrelaçarão energias criadoras fixando o lago tranquilo."
Aos colaboradores, como André Luiz, que não tinham ainda grandes recursos espirituais, o Instrutor solicitou uma colaboração menor na formação do ambiente.
"Formarão vocês a veste da árvore e a vegetação que contornará as águas serenas, bem como as características do trecho de firmamento que deverá cobrir a pintura mental."
Ao final da experiência, André abre os olhos e verifica como a câmara ficou.
"Jazia o gabinete fundamente transformado. Águas de indefinível beleza e admirável azul-celeste refletiam uma nesga de firmamento, banhando as raízes de venerável árvore, cujo tronco dizia, em silêncio, da própria grandiosidade. Miniaturas prodigiosas de cúmulos e nimbos estacionavam no céu, parecendo pairar muito longe de nós... As bordas do lago, contudo, figuravam-se quase nuas e os galhos do tronco apresentavam-se vestidos escassamente."
O Instrutor então solicitou que os ajudantes novamente se concentrassem para completar o trabalho.
"A árvore cobrira-se de folhagem farta e vegetação de singular formosura completava o quadro, que me pareceu digno de primoroso artista da Terra."
André não fornece muitos detalhes sobre o que falou o Visitante, mas pelo texto é possível notar que foi uma experiência única. Quando o Mentor parte, André pergunta ao Instrutor Cornélio se o Excelso Visitante já alcançou o mais alto grau de desenvolvimento espiritual no Universo.
"De modo algum. Asclépios relaciona-se entre abnegados mentores da Humanidade Terrestre, partilha da soberana elevação da coletividade a que pertence, mas, efetivamente, é ainda entidade do nosso Planeta, funcionando, embora, em círculos mais altos de vida. Compete-nos peregrinar muito tempo, no campo evolutivo, para lhe atingirmos as pegadas; no entanto, acreditamos que o nosso visitante sublime suspira por integrar-se no quadro de representantes do nosso orbe, junto às gloriosas comunidades que habitam, por exemplo, Júpiter e Saturno. Os componentes dessas, por sua vez, esperam, ansiosos, o instante de serem convocados às divinas assembleias que regem o nosso sistema solar. Entre essas últimas, estão os que aguardam, cuidadosos e vigilantes, o minuto em que serão chamados a colaborar com os que sustentam a constelação de Hércules, a cuja família pertencemos. Os que orientam nosso grupo de estrelas aspiram, naturalmente, a formar, um dia, na coroa de gênios celestiais que amparam a vida e dirigem-na, no sistema galáctico em que nos movimentamos. E sabe meu amigo que a nossa Via-Láctea, viveiro e fonte de milhões de mundos, é somente um detalhe da Criação Divina, uma nesga do Universo!"
Deste belíssimo Capítulo, podemos tirar três lições:
  1. O pensamento é força criadora, tanto para o bem como para o mal;
  2. Temos ainda uma trilha bem longa a pecorrer até chegarmos ao grau máximo de perfeição;
  3. Nunca estivemos sozinhos nesta caminhada, os anjos enviados por Deus nos assiste.

Carmem Bezerra

domingo, 3 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 2

Neste Capítulo, André Luiz fala de uma reunião que participou no Santuário da Benção. Antes do início da reunião, enquanto as pessoas presentes aguadavam a chegada de Mentores de regiões mais elevadas, André tem a oportunidade de conversar com algumas delas.

A primeira conversação que André participa é sobre a palavra que sai da nossa boca. É preciso lembrar que somos energia e que criamos quando pensamos. A palavra falada se reveste da energia que colocamos nela. Ao falar com carinho, transmitismo energia boa com as nossas palavras. Ao falar com raiva, transmitimos uma energia ruim.
"É lamentável se dê tão escassa atenção, na Crosta da Terra, ao poder do verbo, atualmente tão desmoralizado entre os homens. Nas mais respeitáveis instituições do mundo carnal, segundo informes fidedignos das autoridades que nos regem, a metade do tempo é despendida inutilmente, através de conversações ociosas e inoportunas. Isso, referindo-nos somente às mais respeitáveis. Não se precatam nossos irmãos em Humanidade de que o verbo está criando imagens vivas, que se desenvolvem no terreno mental a que são projetadas, produzindo consequências boas ou más, segundo a sua origem. Essas formas naturalmente vivem e proliferam e, considerando-se a inferioridade dos desejos e aspirações das criaturas humanas, semelhantes criações temporárias não se destinam senão a serviços destruidores, através de atritos formidáveis, se bem que invisíveis."
A segunda conversa que André participa é sobre a teoria do subinconsciente de Freud. O interlocutor chama a atenção do caráter incompleto que tal teoria possui, pois ela só leva em conta a encarnação presente e nós somos o resultado de várias encarnações. É interessante observar que o principal discípulo de Freud, Carl Jung, era médium, mas se recursou a assumir publicamente a sua mediunidade. Teria ele como missão ampliar a teoria de Freud?
Os “complexos de inferioridade”, o “recalque”, a “libido”, as “emersões do subconsciente” não constituem fatores adquiridos no curto espaço de uma existência terrestre e, sim, característicos da personalidade egressa das experiências passadas. A subconsciência é, de fato, o porão dilatado de nossas lembranças, o repositório das emoções e desejos, Impulsos e tendências que não se projetaram na tela das realizações imediatas; no entanto, estende-se muito além da zona limitada de tempo em que se move um aparelho físico. Representa a estratificação de todas as lutas com as aquisições mentais e emotivas que lhes foram consequentes, depois da utilização de vários corpos. Faltam, pois, às teorias de Segismundo Freud e seus continuadores a noção dos princípios reencarnacionistas e o conhecimento da verdadeira localização dos distúrbios nervosos, cujo inicio muito raramente se verifica no campo biológico vulgar, mas quase que invariavelmente no corpo perispiritual preexistente, portador de sérias perturbações congênitas, em virtude das deficiências de natureza moral, cultivadas com desvairado apego, pelo reencarnante, nas existências transcorridas. As psicoses do sexo, as tendências inatas à delinquência, tão bem estudadas por Lombroso, os desejos extravagantes, a excentricidade, muita vez lamentável e perigosa, representam modalidades do patrimônio espiritual dos enfermos, patrimônio que ressurge, de muito longe, em virtude da ignorância ou do relaxamento voluntário da personalidade em círculos desarmônicos.


Carmem Bezerra