sábado, 9 de junho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 1

Ao iniciar a leitura do livro, me recordei as estórias que ouvi e li sobre ele. Dizem que houve relutância por parte da FEB para publicar Nosso Lar. O livro trazia muitas informações novas. Nunca antes a espiritualidade dera tantos detalhes sobre a vida no plano espiritual. Foi preciso a intervenção de Emmanuel para que o livro fosse publicado. E mesmo depois de publicado, muitos espíritas passaram a acreditar que o Chico estava obsediado. Não sei se isto realmente aconteceu, mas é possível. O ser humano costuma ter uma resistência muito grande ao que é novo. Mesmo que a informação tenha vindo de uma fonte confiável (o nosso Chico), ela encontrou muitas resistências para a sua aceitação.

No livro Testemunhos de Chico Xavier, Suely Caldas Schubert conta que a série de livros de André luiz foi supervisionada por Emmanuel e Dr. Bezerra de Menezes. Além disso, houve momentos em que a produção foi interrompida para que Espíritos de ordem mais elevada pudessem ser consultados. Portanto, não é trabalho de um espírito só. André Luiz contou a sua estória com a supervisão de outros espíritos. A forma e o que foi narrado tinha a prévia autorização da Espiritualidade Maior.


Em carta à Suely Caldas Schubert, Chico Xavier contou:
Noto, contudo, que Emmanuel, desde fins de 1941, se dedica, afetuosamente, aos trabalhos de André Luiz. Por essa época, disse-me ele a propósito de “algumas autoridades espirituais” que estavam desejosas de algo lançar em nosso meio, com objetivos de despertamento. Falou-me que projetavam trazer páginas que nos dessem a conhecer aspectos da vida que nos espera no “outro lado”, e, desde então, onde me concentrasse, via sempre aquele “cavalheiro espiritual”, que depois se revelou por André Luiz, ao lado de Emmanuel. Assim decorreram quase dois anos, antes do “Nosso Lar.
Portanto, o livro Nosso Lar marcou o início de uma nova era de revelações feitas pelos Espíritos. Não foi algo decidido repentinamente. Foi cuidadosamente planejado. Por isso, muitos espíritas consideram que a série André Luiz é a continuação da Codificação Kardecista. Chico Xavier confirma esta ideia quando narra para Suely Caldas Schubert:
Desde então, vejo que o esforço de Emmanuel e de outros amigos nossos concentrou-se nele, acreditando, intimamente, que André Luiz está representando um círculo talvez vasto de entidades superiores. Assim digo porque quando estava psicografando o “Missionários da Luz”, houve um dia em que o trabalho se interrompeu. Levou vários dias parado. Depois, informou-me Emmanuel, quando o trabalho teve reinício, que haviam sido realizadas algumas reuniões para o exame de certas teses que André Luiz deveria ou poderia apresentar ou não no livro. Em psicografando o capítulo Reencarnação, do mesmo trabalho, por mais de uma vez, vi Emmanuel e Bezerra de Menezes, associados ao autor, fiscalizando ou amparando o trabalho.
André Luiz inicia o Capítulo 1 de Nosso Lar com a seguinte frase:
Eu guardava a impressão de haver perdido a ideia de tempo. A noção de espaço esvaíra-se-me de há muito.
Em muitos livros psicografados, existem casos onde situações similares são narradas. O tempo e o espaço parecem ter um comportamento diferente do que nós estamos vivenciando na Terra. Um caso bem interessante é contado por Yvonne Pereira em Recordações da Mediunidade.
Uma vez, transportada ao estado de espírito semiliberto, vi que desaparecera a casa atual e, em seu lugar, via-se apenas um terreno com um casebre construído em adobes, coberto de telhas velhas, com janelas minúsculas, sem vidros, e portas muito toscas, de tábuas grosseiras, e chão de terra batida. Algumas plantações já arruinadas se deixavam ver (…). O habitante do casebre fora dado à prática de magias, de “macumba”, como vulgarmente é conhecida a dita prática no dialeto popular brasileiro. Um negro ainda moço, ou o seu Espírito, corpulento, simpático, cuidava das ervilhas com muita atenção (…). Pés descalços, inchados, como que atacados de elefantíase, enquanto o corpo reluzia, deformado pela inchação. Com a continuação do fenômeno, nas noites subseqüentes, e com a orientação do Espírito Guia Charles, fui informada de que aquela entidade chamara-se Pedro, quando encarnada, residira no casebre, e que, agora, desencarnada, continuava no mesmo local, fixando o pensamento no cenário passado e, por isso mesmo, construindo-o ao derredor de si, (…) à força de tanto recordá-lo (…). O cenário dava, pois, até a mim mesma, a ilusão da mais positiva realidade (…).

O caso narrado pela querida médium carioca e a situação de André Luiz são explicados na questão 1.012 do Livro dos Espíritos.
1012. De acordo com isso, o inferno e o paraíso não existiriam como os homens os representam?
- Não são mais do que figuras: os Espíritos felizes e infelizes estão por toda parte. Entretanto, como já o dissemos também, os Espíritos da mesma ordem se reúnem por simpatia. Mas podem reunir-se onde quiserem, quando perfeitos.
Comentário de Kardec: A localização absoluta dos lugares de penas e de recompensas só existe na imaginação dos homens. Provém da sua tendência de materializar e circunscrever as coisas cuja natureza infinita não podem compreender.
Portanto, o local para onde vamos depois do desencarne depende apenas do nosso estado de espírito. André Luiz se encontrava no Umbral, zona espiritual que fica dentro da crosta terrestre. A colônia Nosso Lar fica acima da cidade do Rio de Janeiro e pode ser considerada como um Umbral Superior para onde são levados espíritos ainda muito ligados à matéria.

Assim, o Umbral e o Nosso Lar são criações das mentes de encarnados e desencarnados que concientemente, ou não, plasmam as energias do universo. Por que então os espíritos não criam apenas ambientes bonitos e perfeitos? Porque a mente é a fonte geradora de tudo. Usamos o material que temos em nós. Só o amor é capaz de criar as mais belas formas. Não adianta apenas parecer bom e honesto para entrar nos mundos felizes. É preciso ser bom e honesto.

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
I Coríntios 13
 
Carmem Bezerra

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