quarta-feira, 13 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - capítulo 8

Após o resgate do Padre Domênico e o seu encaminhamento para a Casa Transitória de Fabiano, os trabalhadores do Bem aproveitam a viagem para conversar com os irmãos que habitam as Trevas.

A responsável pela expedição solicita então que o padre Hipólito se dirija aos infelizes. Ele faz um belo discurso, lembrando os ensinamentos de Jesus e convidando todos a renovação.
“Sejamos razoáveis, meus irmãos, reconhecendo que esse inferno é construção mental em nós mesmos. O estacionamento, após esforço destrutivo, estabelece clima propício aos fantasmas de toda sorte, fantasmas que torturam a mente que os gerou, levando-a a pesadelos cruéis. Cavamos poços abismais de padecimentos torturantes, pela intensidade do remorso de nossas misérias intimas; arquitetamos penitenciárias sombrias com a negação voluntária, ante os benefícios da Providência. Desertos calcinantes de ódio e malquerença estendem-se aos nossos pés, seguindo-se a jornadas vazias de tristeza e desconsolo supremo. Semelhamo-nos a duendes vagabundos da inquietação e do desalento, pela amargura do que fomos e pela dificuldade quase invencível na aquisição dos recursos para o que devemos vir a ser. De um lado, a falência gritante; do outro, o desafio da vida eterna. Como o rico infeliz da parábola, todavia, sabemos que muitas de nossas vítimas de outro tempo escalaram altas posições no campo hierárquico da eternidade; que muitos daqueles mendigos de carinho da estrada humana foram conduzidos a fontes da Maravilhosa Sabedoria e do Inesgotável Amor, e, assim, porque não impetrarmos o concurso de suas bênçãos intercessórias?”
Alguns irmãos tentam atravessar o abismo e alcançar a equipe socorrista, mas são impedidos por espíritos mais endurecidos. Vendo que não pode mais postergar o retorno à Casa Transitória, a responsável pela expedição se dirige aos infelizes antes de partir.
 “Regozijei-vos, ó corações de boa vontade! e confiai, sobretudo, na proteção de Nosso Senhor Jesus. Dilaceram-nos vossas dores, tocam-nos, de perto, as incompreensões e sofrimentos a que vos entregastes, apartados da Lei Divina, e se não atravessamos o fosso negro, na tentativa suprema de salvar-vos temporariamente do mal, é que somos igualmente companheiros de luta, sem imunidades angélicas, detentoras de possibilidades limitadas no amparo aos semelhantes! Alegrai-vos, porém, e aguardai, confiantes, porque se manifestará, em vosso benefício, o fogo consumidor, nesta região menos feliz, onde tantas inteligências perversas tripudiam sobre os mandamentos do Pai e menosprezam-Lhe as bênçãos de luz. Amanhã mesmo, demonstrar-se-á o Supremo Poder.”

Este capítulo é muito triste, pois mostra o quanto ainda estamos longe de compreender que somos todos filhos de um Pai amoroso e justo. Ninguém é cobrado por dívida que não fez.

 

Carmem Bezerra

Nenhum comentário:

Postar um comentário