segunda-feira, 25 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 15

Neste Capítulo, André Luiz retorna ao velório de Dimas.
"Reparei que o médium liberto tinha agora o corpo perispiritual mais aperfeiçoado, mais concreto. Tive a nítida impressão de que através do cordão fluídico, de cérebro morto a cérebro vivo, o desencarnado absorvia os princípios vitais restantes do campo fisiológico."
André pode então observar que o corpo físico e o corpo astral ainda mantinham vivo intercâmbio, um sustentando o outro. Esta troca de vitalidade só terminou quando o último laço foi cortado.
"Somente então notei que, se o organismo perispirítico recebia as últimas forças do corpo inanimado, este, por sua vez, absorvia também algo de energia do outro, que o mantinha sem notáveis alterações. O apêndice prateado era verdadeira artéria fluídica, sustentando o fluxo e o refluxo dos princípios vitais em readaptação. Retirada a derradeira via de intercâmbio, o cadáver mostrou sinais, quase de imediato, de avançada decomposição."
Dimas reconhece a sua atual situação e o responsável por seu resgate o adverte.
"Dimas, congregam-se, aqui, diversos amigos seus, em manifestação inicial de regozijo pela sua vinda. Entretanto, a sua posição é a do convalescente, cheio de cicatrizes a exigirem cuidado. Fale pouco e ore muito. Não se aflija, nem se lastime. Por hoje, não pergunte mais nada, meu filho. Seja dócil, sobretudo, para que nosso auxílio não seja mal interpretado pela visão deficiente que você traz da esfera obscura. Acompanharemos seus despojos até à última morada, a fim de que você faça exercício preliminar para a grande viagem que levará a efeito, dentro de breves minutos, sustentado pelos nossos amigos, a caminho do restabelecimento. Não tema, pois já se preparou para receber-nos a cooperação, semeando o bem, em longos anos de atividades espiritistas. Não dê guarida ao medo, que sempre estabelece perigosas vibrações de queda em transições como a em que você se encontra."
No cemitério, André nota a presença de dezenas de irmãos infelizes esperando o cortejo. Ele questiona ao responsável pelo grupo a razão da presença desses Espíritos.
"Nossa função, acompanhando os despojos, não se verifica apenas no sentido de exercitar o desencarnado para os movimentos iniciais da libertação. Destina-se também à sua defesa. Nos cemitérios costuma congregar-se compacta fileira de malfeitores, atacando vísceras cadavéricas, para subtrair-lhes resíduos vitais."
Todo o carinho e todo o cuidado que cercou o desencarne de Dimas tem uma única explicação: ele era um trabalhador dedicado da seara do Divino Mestre. Na sua hora extrema do testemunho, ele foi cercado pelos amigos que soube cultivar durante os anos de trabalho na mediunidade.


Carmem Bezerra

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