sexta-feira, 29 de março de 2013

Obreiros da Vida Eterna - Capítulo 18

Neste Capítulo, André Luiz acompanha o desencarne de Cavalcante. É um trabalho difícil, pois o irmão se prende ao corpo físico com medo da morte.
"Reconhecia, entretanto, ali, naquele agonizante que teimava em viver de qualquer modo no corpo físico, o gigantesco poder da mente, que, em admirável decreto da vontade, estabelecia todo o domínio possível nos órgãos e centros vitais em decadência franca."
Cavalcante não encontra nos irmãos encarnados qualquer compreensão. Para o médido, o padre e a irmã de caridade é apenas alguém que se recusa a morrer. Além disso, a sua fé católica lhe ensinou conceitos como purgatório e inferno que lhe assustavam.
"A dor desenha a tela da lógica no fundo da consciência, com muito mais nitidez que todos os compêndios do mundo. A morte próxima enchia aquela alma formosa de sublimes reflexões. Entretanto, o medo alojara-se dentro dela como sicário invisível."
Vendo que a morte demorava a chegar para Cavalcante, o médico decide aplicar um anestésico fatal. Isto dificulta ainda mais a ruptura do laço entre o corpo físico e o corpo espiritual.
"A carga fulminante da medicação de descanso, por atuar diretamente em todo o sistema nervoso, interessa os centros do organismo perispiritual. Cavalcante permanece, agora, colado a trilhões de células neutralizadas, dormentes, invadido, ele mesmo, de estranho torpor que o impossibilita de dar qualquer resposta ao nosso esforço. Provavelmente, só poderemos libertá-lo depois de decorridas mais de doze horas."
No caso narrado por André, temos um trabalhador dedicado da seara do Mestre. Entretanto, ele não conseguiu encontrar na sua religião o conforto que precisava na hora do derradeiro testemunho. Mas ele não foi abandonado. A Espiritualidade o ajudou da melhor forma possível.


Carmem Bezerra

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