quarta-feira, 25 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 33

André Luiz visualiza fora das Câmaras de Retificação dois seres estranhos.
"Pareciam dois homens de substância indefinível, semiluminosa. Dos pés e dos braços pendiam filamentos estranhos, e da cabeça como que se escapava um longo fio de singulares proporções. Tive a impressão de identificar dois autênticos fantasmas."
Narcisa ri do susto que André levou e explica:
"Também eu, por minha vez, experimentei a mesma surpresa, em outros tempos. Aqueles são os nossos próprios irmãos da Terra. Trata-se de poderosos espíritos que vivem na carne em missão redentora e podem, como nobres iniciados da Eterna Sabedoria, abandonar o veículo corpóreo, transitando livremente em nossos planos. Os filamentos e fios que observou são singularidades que os diferenciam de nós outros. Não se arreceie, portanto. Os encarnados, que conseguem atingir estas paragens, são criaturas extraordinariamente espiritualizadas, apesar de obscuras ou humildes na Terra."
Em seguida, ao visualizar os dois irmãos, Narcisa completa:
"Estão envolvidos em claridade azul. Devem ser dois mensageiros muito elevados na esfera carnal, em tarefa que não podemos conhecer."
Esta passagem do livro é muito interessante. Em primeiro lugar, vemos um "morto" tendo medo de um "vivo" (quem não é espírita acreditaria nesta estória?). Em segundo lugar, o texto mostra que o Espírito não fica preso ao corpo físico. No caso em tela, temos dois irmãos que usam a hora do descanso para trabalhar. Narcisa os identifica como irmãos de uma ordem superior (provavelmente da segunda ordem de acordo com as questões 107 a 111 do Livro dos Espíritos). Em 29/08/10, eu escrevi um texto sobre vibração, matéria e energia. Neste estudo, vimos que a cor violeta é a cor com menor comprimento de onda e maior frequência vibratória. É a cor dos Espíritos superiores. A cor azul fica próxima da violeta na escala de cores. Portanto, Narcisa identificou a superioridade moral dos Espíritos ao ver a cor azul.

Este capítulo também fala de animais utilizados pelo grupo de trabalhadores de Nosso Lar no resgate de irmãos da zona do Umbral inferior. Narcisa explicou a razão para André Luiz:
"Os cães facilitam o trabalho, os muares suportam cargas pacientemente e fornecem calor nas zonas onde se faça necessário; e aquelas aves - acrescentou, indicando-as no espaço -, que denominamos íbis viajores, são excelentes auxiliares dos Samaritanos, por devorarem as formas mentais odiosas e perversas, entrando em luta franca com as trevas umbralinas."
Portanto, existem animais em Nosso Lar. Os animais evoluem e um dia encarnam em corpos humanos? Esta é uma questão polêmica dentro da Doutrina Espírita. Eu acredito que sim, que passamos por vários estágios na escala evolutiva (reinos mineral, vegetal e animal).  Deus nos cria simples e ignorantes, ou seja, sem nenhum conhecimento. Na fase inicial somos apenas um princípio inteligente conforme nos fala a questão 115 do Livro dos Espíritos.

115 - Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus?
 
Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.
Para aprender, precisamos vivenciar diversas experiências. No reino mineral, aprendemos a agregar os átomos, a formar corpos. No reino vegetal, aprendemos a interagir com o ambiente que nos rodeia (alimentação, respiração, defesa, etc). No reino animal, aprendemos a interagir com os seres da mesma espécie e de outras espécies. Na espécie humana, aprendemos a raciocinar. Portanto, inicialmente passamos por mundos e/ou reinos primitivos. Depois habitamos mundos de expiação e provas onde exercemos o nosso livre arbítrio. No nosso futuro evolutivo, iremos para mundo superiores onde novos conhecimentos serão adquiridos.
 
Já li que os animais quando desencarnam ficam pouco tempo fora do corpo físico. Eles são logo encaminhados para uma nova encarnação. Entretanto, alguns palestrantes espíritas acreditam que existem lugares na Espiritualidade onde estes seres são levados para que a evolução se complete. Isto significa que após várias encarnações em uma determinada espécie, quando não existe mais nada a aprender em um determinado estágio da vida, eles seriam encaminhados para regiões específicas na Espiritualidade para que a adaptação a um novo estágio fosses feita. André Luiz em seus livros nos fala de plantas e animais mais evoluídos que as plantas e os animais da Terra. Logo, Nosso Lar poderia ser um desses lugares. Talvez a adaptação seja concluída após o estágio em várias localidades. Não sei dizer o certo. Mas tenho certeza de duas coisas: a natureza não dá salto (como já disse o próprio André Luiz neste livro) e que as leis de Deus são sábias e eternas. Não faz sentido a criação de seres que não evoluem.

"Na planta, a inteligência fica adormecida; no animal, ela sonha; apenas no homem ela acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente."
               O problema do Ser, do Destino e da Dor. Leon Denis.

Carmem Bezerra

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