domingo, 15 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 27

Nas Câmaras de Retificação, André Luiz encontra irmãos em profundo sofrimento.
"Nunca poderia imaginar o quadro que se desenhava agora aos meus olhos. Não era bem o hospital de sangue, nem o instituto de tratamento normal da saúde orgânica. Era uma série de câmaras vastas, ligadas entre si e repletas de verdadeiros despojos humanos. Singular vozerio pairava no ar. Gemidos, soluços, frases dolorosas pronunciadas a esmo... Rostos escaveirados, mãos esqueléticas, fácies monstruosas deixavam transparecer terrível miséria espiritual. Tão angustiosas foram minhas primeiras impressões que procurei os recursos da prece para não fraquejar."
Como já foi falado neste estudo, o perispírito reflete o Espírito. Não há aparências, apenas a verdade. A vida na Terra permite nos esconder atrás das máscaras do corpo físico. Não há como fazer isto no Mundo Maior. Nós refletimos o que somos.

André tem a oportunidade de presenciar duas situações nas Câmeras de Retificação. A primeira situação é de um irmão que está sendo pertubado pelos pensamentos sombrios dos parentes encarnados. A enfermeira Narcisa explica o que aconteceu.
"Hoje, muito cedo, ele se ausentou sem consentimento nosso, a correr desabaladamente. Gritava que lhe exigiam a presença no lar, que não podia esquecer a esposa e os filhos chorosos; que era crueldade retê-lo aqui, distante do lar. Lourenço e Hermes esforçaram-se por fazê-lo voltar ao leito, mas foi impossível. Deliberei, então, aplicar alguns passes de prostração. Subtrai-lhe as forças e a motilidade, em benefício dele mesmo."
Os encarnados e os desencarnados estão mergulhados em um meio comum formado pelo fluido cósmico universal. Como todos os seres se encontram nela mergulhados, esta substância serve de veículo para a transmissão dos pensamentos. Isto está explicado na questão 282 do Livro dos Espíritos.
"Como se comunicam entre si os Espíritos? Eles se veem e se compreendem. A palavra é material: é o reflexo do Espírito. O fluido universal estabelece entre eles constante comunicação; é o veiculo da transmissão de seus pensamentos, como, para vós, o ar o é do som. É uma espécie de telégrafo universal, que liga todos os mundos e permite que os Espíritos se correspondam de um mundo a outro."
Portanto, os pensamentos dos encarnados alcançam os desencarnados. Infelizmente, nem sempre os desencarnados estão preparados para lidar com as comunicações que recebem. No caso em tela, o companheiro de André Luiz decidiu agir para ajudar Ribeiro, o irmão desencarnado em atendimento no Nosso Lar.
"... vou pedir providências contra a atitude da família. É preciso que ela receba maior bagagem de preocupações, para que nos deixe o Ribeiro em paz."
A segunda situação presenciada por André e que lhe chamou a atenção foi a câmara com pacientes semimortos. Tobias explicou o que se passava.
"Estes sofredores padecem um sono mais pesado que outros de nossos irmãos ignorantes. Chamamos-lhes crentes negativos. Ao invés de aceitarem o Senhor, eram vassalos intransigentes do egoísmo; ao invés de crerem na vida, no movimento, no trabalho, admitiam somente o nada, a imobilidade e a vitória do crime. Converteram a experiência humana em constante preparação para um grande sono e, como não tinham qualquer ideia do bem, a serviço da coletividade, não há outro recurso senão dormirem longos anos, em pesadelos sinistros."
O texto parece indicar que estas pessoas esperavam dormir após a morte, talvez a espera do Juízo Final. Elas se condicionaram para isto durante toda a vida na Terra. Portanto, mais uma vez, André nos mostra a importância da nossa mente (corpo mental) no que nos acontece depois da morte. Estes irmãos se programaram para dormir após a morte do corpo físico. Eles viverão então como pessoas em coma no Mundo Espiritual por um bom tempo. Aos poucos e com o tratamento dado nas Câmaras de Retificação, eles retomarão a consciência de quem são e de onde estão.

"Os homens semeiam na terra o que colherão na vida espiritual: os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza."
Allan Kardec


Carmem Bezerra

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