terça-feira, 11 de junho de 2013

Libertação - Capítulo 9

Com a autorização de Gregório, Gúbio e André Luiz são levados até a residência de Margarida na Terra. A situação encontrada por eles é chocante: dezenas de desencarnados faziam minucioso trabalho de obsessão a Margarida com o objetivo de induzi-la ao suicídio.
"Dois desencarnados, de horrível aspecto fisionômico, inclinavam-se, confiantes e dominadores, sobre o busto da enferma, submetendo-a a complicada operação magnética. Essa particularidade do quadro ambiente dava para espantar. No entanto, meu assombro foi muito mais longe, quando concentrei todo o meu potencial de atenção na cabeça da jovem singularmente abatida. Interpenetrando a matéria espessa da cabeceira em que descansava, surgiam algumas dezenas de corpos ovoides, de vários tamanhos e de cor plúmbea, assemelhando-se a grandes sementes vivas, atadas ao cérebro da paciente através de fios sutilíssimos, cuidadosamente dispostos na medula alongada."
No quadro relatado por André, os ovoides são usados para sugar a energia da pessoa encarnada e para mantê-la em sintonia com pensamentos deprimentes.

Quando Margarida e o marido vão a uma missa católica, eles são acompanhados pelo grupo de obsessores. Na Igreja, André tem a oportunidade de observar que a Espiritualidade Maior não abandona os adeptos de qualquer religião, mesmo que os responsáveis pelas Igrejas na Terra não estejam entre os servidores do Cristo.
"A liturgia anunciou o inicio da cerimônia, mas, com grande assombro para mim, o sacerdote e os acólitos, não obstante se dirigirem para o campo de luz do altar-mor, envergando soberba vestimenta, jaziam em sombras, sucedendo o mesmo aos assistentes. Entretanto, procedendo de mais alto, três entidades de sublime posição hierárquica se fizeram visíveis à santa mesa, com o evidente propósito de ali semearem os benefícios divinos. Magnetizaram as águas expostas, saturando-as de princípios salutares e vitalizantes, como acontece nas sessões de Espiritismo Cristão, e, em seguida, passaram a fluidificar as hóstias, transmitindo-lhes energias sagradas à fina contextura. Admirado, voltei a observar a plateia religiosa, mas os irmãos ignorantes que operavam no templo, sem corpo físico, tanto quanto ocorria aos encarnados, nem de longe registravam a presença dos nobres emissários espirituais que agiam em nome do Infinito Bem."
Para assombro de André, apenas uma pessoa na missa consegue receber o alimento espiritual preparado pelas três entidades celestiais.
"Intensa luminosidade fluía do sacrário, envolvendo todo o material do culto, mas, surpreendido, reparei que o sacerdote, ao erguer a oferta sublime, apagou a luz que a revestia com os raios cinzento-escuros que ele próprio expedia em todas as direções. Logo após, quando se preparou a distribuir o alimento eucarístico entre os onze comungantes que se prosternavam, humildes, à mesa adornada de alvo linho, notei que as hóstias, no prateado recipiente que as custodiava, eram autênticas flores de farinha, coroadas de doce esplendor. Irradiavam luz com tanta força que o magnetismo obscuro das mãos do ministro não conseguia inutilizá-las. Todavia, à frente da boca que se dispunha a receber o pão simbólico, enegreciam como por encanto. Somente uma senhora, ainda jovem, cuja contrição era irrepreensível, recolheu a flor divina com a pureza desejável. vi a hóstia, qual foco de fluidos luminescentes, atravessar a faringe, alojando-se-lhe a claridade em pleno coração."
O ponto mais interessante deste Capítulo é que ele mostra que o crente fiel, independentemente de religião, é sempre assistido pelos irmãos das Esferas Superiores. Afinal eles não estão interessados na religião escolhida, mas no avanço moral de cada um.


Carmem Bezerra

Nenhum comentário:

Postar um comentário