domingo, 23 de junho de 2013

Libertação - Capítulo 15

Neste Capítulo, Margarida finalmente recebe ajuda eficiente em uma reunião familiar espírita. O grupo doméstico é composto de oito pessoas encarnadas e vinte e um irmãos desencarnados. Sidônio, o diretor espiritual dos trabalhos, explica para Gúbio a situação do grupo.
"- Nosso agrupamento produz satisfatoriamente; entretanto, poderia levar a efeito mais ampla colheita de bênçãos se a confiança no bem e o ideal de servir fossem mais dilatados em nossos colaboradores no plano físico. Sabemos que a instrumentalidade é essencial em qualquer serviço. O braço é intérprete do pensamento, o operário é complemento do administrador, o aprendiz é veículo do mestre. Sem companheiros encarnados que nos correspondam aos objetivos na ação santificante, como estabelecer a espiritualidade superior na Crosta da Terra? Efetivamente, encontramos irmãos dispostos ao concurso fraternal, embora, forçoso é dizer, a maioria espere a mediunidade espetacular, a fim de cooperar conosco. Não procuram saber que todos somos médiuns de alguma força boa ou má, em nossas faculdades receptivas. Não aceitam as necessidades do serviço que nos aconselham a buscar desenvolvimento substancial na auto-iluminação, através do serviço aos nossos semelhantes, e tocam a exigir dons medianímicos, quais se fossem dádivas milagrosas a serem transmitidas graciosamente àqueles que se lhes candidatam aos benefícios, por intermédio da antiga “varinha de condão”. Esquecem-se de que a mediunidade é uma energia peculiar a todos, em maior ou menor grau de exteriorização, energia essa que se encontra subordinada aos princípios de direção e à lei do uso, tanto quanto a enxada que pode ser mobilizada para servir ou ferir, conforme o impulso que a orienta, melhorando sempre, quando em serviço metódico, ou revestindo-se de ferrugem asfixiante e destrutiva, quando em constante repouso. Nossos amigos não percebem o valor de uma atitude desassombrada e permanente de fé positiva, dentro do caminho louvável, haja o que houver, e, não obstante cuidarmos devotadamente da crença deles, com a mesma ternura consagrada pelo lavrador vigilante à plantinha tenra que encerra a esperança do porvir, basta que espíritos perturbadores ou maliciosos os visitem, sutis, à maneira de melros num arrozal, e lá se vão os germens superiores que lhes confiamos, incessantemente, ao solo do coração. De um instante para outro, duvidam de nosso esforço, desconfiam de si mesmos, cerram os olhos ante a grandeza das leis que os cercam nos ângulos da natureza terrestre, e as energias mentais que deveriam centralizar em construção ativa e santificante, com vistas ao aprimoramento próprio, são desbaratadas quase que diariamente pela argumentação mentirosa de espíritos ingratos e menos permeáveis ao bem."
Esta análise é aplicável à grande maioria dos grupos da mesa mediúnica em todo o Brasil. Inclusive ao que faço parte. Esperamos sempre a "mediunidade espetacular" para nos dedicarmos mais ao trabalho. Somos fiéis seguidores do Cristo e de Kardec nas horas da reunião. Mas fora do ambiente protegido pela Espiritualidade, nos comportamos como qualquer outra pessoa que não conhece a Doutrina dos Espíritos. Isto acontece porque não levamos ainda gravado no peito os ensinamentos do Divino Mestre.

Carmem Bezerra

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