quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Nosso Lar - Capítulo 48

Neste capítulo, André Luiz narra a visita de Ricardo, esposo de D. Laura. Ele já estava reencarnado na Terra e a visita era apenas uma forma de reunir toda a família e encorajar D. Laura antes do retorno dela ao orbe terrestre.

André notou que na sala tinha um grande globo cristalino da altura de dois metros. O irmão Ricardo iria aparecer neste globo. André então perguntou a um dos presentes a razão do uso deste aparelho.
"É preciso lembrar que a nossa emotividade emite forças suscetíveis de perturbar. Aquela pequena câmara cristalina é constituída de material isolante. Nossas energias mentais não poderão atravessá-la."
Depois da troca de carinho com a esposa e os filhos, Ricardo faz um pedido antes de retornar à Terra.
"Ah! filhos meus, alguma coisa tenho a pedir-lhes do fundo de minh’alma! roguem ao Senhor para que eu nunca disponha de facilidades na Terra, a fim de que a luz da gratidão e do entendimento permaneça viva em meu espírito!..."
É possível fazer três observações a partir da narração feita por André Luiz.

A primeira observação é sobre o uso de um aparelho para que a comunicação fosse realizada. Nem sempre isto é necessário. Entretanto, é preciso levar em consideração a situação dos Espíritos envolvidos. Ricardo é uma criança encarnada na Terra e um grande abalo emocional poderia provocar a sua desencarnação (a reencarnação só é completada por volta dos 7 anos).

É preciso entender que a família de Lísias é bastante amorosa, mas luta ainda contra sentimentos que a fez várias vezes falhar no plano carnal. Entretanto, com boa vontade e serviço no bem, eles conseguiram muitos amigos em Nosso Lar. E, por isso, conseguiram reunir toda a família antes da reencarnação da matriarca.

Mas o que seria este globo cristalino? De que ele era feito? Quem o fabricou?

Nos livros de Emmanuel, Manuel Philomeno de Miranda e André Luiz, temos passagens que falam em Espíritos especializados em executar determinadas tarefas. Uma dessas tarefas é a criação e a manutenção das barreiras de segurança que protegem as cidades espirituais e os centros espíritas da Terra contra invasores dos planos inferiores. Estas barreiras devem ser entendidas como campos energéticos que permitem a passagem dos Espíritos com um determinado nível mínimo de energia (quanto mais evoluído o Espírito, mais energia ele possui). Embora o Espírito desencarnado não possa morrer novamente, se ele tentar atravessar uma dessas barreiras de segurança, sentirá uma grande dor e retrocederá.

Talvez a explicação fique mais fácil de entender se pensarmos no nosso corpo físico. A ciência nos fala que a matéria é feita de energia. Sabemos que somos capazes de absorver a energia de um pequeno choque elétrico, mas não somos capazes de absorver o choque de um milhão de volts sem sofrer a morte do corpo físico.

Além disso, sabemos que pensamento é energia. Portanto, o aparelho citado por André Luiz nada mais é que uma barreira energética para evitar que os pensamentos (energias) dos parentes saudosos alcancem Ricardo. Provavelmente este aparelho foi criado pelo mesmo grupo de Espíritos responsável pelas barreiras de segurança de Nosso Lar.

A segunda observação é sobre a necessidade desse aparelho. Por que os sentimentos dos familiares poderiam prejudicá-lo? Não eram sentimentos bons?

Eram sem dúvidas sentimentos de afeto, mas não eram ainda sentimentos equilibrados. O desejo de ter quem se ama por perto é natural. Mas a emotividade pode ser destrutiva e representa falta de confiança nos desígnios de Deus. Um exemplo é a lamentação dos irmãos encarnados por aqueles que morreram: pode perturbar o irmão que fez a passagem e dificultar que ele encontre o equilíbrio na nova morada.

A terceira observação é sobre o pedido de Ricardo para que não tivesse facilidades na Terra. Ele tem receio de falhar novamente. Foi um pedido sábio que mostra o grau de comprometimento do Espírito com seu plano de evolução espiritual. A riqueza é uma prova mais difícil de vencer que a pobreza, mas poucos ainda compreendem isto.

"Deus pôs no fundo do vosso coração uma sentinela vigilante, que se chama consciência. Ouvi-a, que ela só dará bons conselhos."
                         Capítulo XIII, Evangelho Segundo o Espiritismo.


Carmem Bezerra

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