sábado, 11 de agosto de 2012

Nosso Lar - Capítulo 43

Neste capítulo, André ouve esclarecimentos do Ministro Benevenuto que esteve trabalhando nos campos de batalha na Polônia.
"O campo de batalha, invisível aos nossos irmãos terrestres, é verdadeiro inferno de indescritíveis proporções. Nunca, como na guerra, evidencia o espírito humano a condição de alma decaída, apresentando características essencialmente diabólicas. Vi homens inteligentes e instruídos localizarem, com minuciosa atenção, determinados setores de atividade pacífica, para o a que chamam "impactos diretos”. Bombas de alto poder explosivo destroem edifícios pacientemente edificados. Aos fluidos venenosos da metralha, casam-se as emanações pestilentas do ódio e tornam quase impossível qualquer auxílio. O que mais nos contristou, porém, foi a triste condição dos militares agressores, quando algum deles abandonava as vestes carnais, compelido pelas circunstâncias. Dominados, na maioria, por forças tenebrosas, fugiam dos Espíritos missionários, chamando-lhes a todos fantasmas da cruz."
O Ministro comenta a falta de preparação religiosa dos irmãos europeus apesar da sua alta cultura. Uma pessoa então pergunta sobre a possibilidade da Doutrina Espírita mudar esse quadro.
"O Espiritismo é a nossa grande esperança e, por todos os títulos, é o Consolador da humanidade encarnada; mas a nossa marcha é ainda muito lenta. Trata-se de uma dádiva sublime, para a qual a maioria dos homens ainda não possui ‘olhos de ver’. Esmagadora porcentagem dos aprendizes novos aproxima-se dessa fonte divina a copiar antigos vícios religiosos. Querem receber proveitos, mas não se dispõem a dar coisa alguma de si mesmos. Invocam a verdade, mas não caminham ao encontro dela. Enquanto muitos estudiosos reduzem os médiuns a cobaias humanas, numerosos crentes procedem à maneira de certos enfermos que, embora curados, creem mais na doença que na saúde, e nunca utilizam os próprios pés. Enfim, procuram-se, por lá, os espíritos materializados para o fenomenismo passageiro, ao passo que nós outros vivemos à procura de homens espiritualizados para o trabalho sério."

O Ministro fala que os espíritas europeus no final da década de 30, além de serem poucos, estavam mais interessados nos fenômenos mediúnicos do que no conteúdo moral da doutrina. Infelizmente a observação do Ministro pode ser, em parte, aplicada ao Brasil dos dias de hoje. É muito fácil encontrar nos centros espíritas pessoas interessadas nos fenômenos, não na codificação. São pessoas que se emocionam com as novelas e filmes espíritas, mas não são capazes de se envolver com a essência da doutrina.

O Espiritismo tem como missão reviver o cristianismo dos primeiros tempos. Portanto, entender a doutrina é entender o que o Mestre Jesus nos ensinou.
"As idéias são como as sementes: não podem germinar antes da estação própria, e a não ser em terreno preparado."
           Cap. XXIV, item 10, Evangelho Segundo o Espiritismo.

Carmem Bezerra

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