quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (I - 3)

Parte I - Capítulo III - Do método

Neste Capítulo, Kardec fala qual a melhor forma de convencer as pessoas sobre o que a Doutrina Espírita fala.

"Quem, pois, seriamente queira conhecê-lo deve, como primeira condição, dispor-se a um estudo sério e persuadir-se de que ele não pode, como nenhuma outra ciência, ser aprendido a brincar. O Espiritismo, também já o dissemos, entende com todas as questões que interessam a Humanidade; tem imenso campo, e o que principalmente convém é encará-lo pelas suas consequências."

Para Kardec, o ponto de partida para entender o Espiritismo é a existência da alma.  Se uma pessoa acredita que a alma sobrevive ao corpo, ela poderá mais facilmente entender os conceitos discutidos no Livro dos Espíritos.


Portanto, é importante tornar uma pessoa espiritualista antes de torná-la espírita.

"Ora, para o materialista, o conhecido é a matéria: parti, pois, da matéria e tratai, antes de tudo, fazendo que ele a observe, de convencê-lo de que há nele alguma coisa que escapa às leis da matéria. Numa palavra, primeiro que o torneis ESPÍRITA, cuidai de torná-lo ESPIRITUALISTA."

Kardec classifica os materialistas em duas classes:

  1. Os que o são por sistema - há a negação absoluta. O homem, para eles, é simples máquina, que funciona enquanto está montada, que se desarranja e de que, após a morte, só resta a carcaça.
  2. Os que são por falta de coisa melhor - são deliberadamente e o que mais desejam é crer, porquanto a incerteza lhes é um tormento.

Ao lado dos materialistas, temos os incrédulos que Kardec classifica em de má vontade e os por interesse ou de má-fé. Eles são espiritualistas. Sabem que a alma sobrevive ao corpo, mas preferem não se envolver com o Espiritismo por interesses materiais ou para não ter de mudar as atitudes que adotam. 

Os que aceitam o Espiritismo e se propõem a um estudo direto, Kardec classifica essas pessoas em:
  1. Os que creem pura e simplesmente nas manifestações. Para eles, o Espiritismo é apenas uma ciência de observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos. São os espíritas experimentadores.
  2. Os que no Espiritismo veem mais do que fatos; compreendem-lhe a parte filosófica; admiram a moral daí decorrente, mas não a praticam. Insignificante ou nula é a influência que lhes exerce nos caracteres. Em nada alteram seus hábitos e não se privariam de um só gozo que fosse. São os espíritas imperfeitos.
  3. Os que não se contentam com admirar a moral espírita, que a praticam e lhe aceitam todas as consequências. Convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar os seus breves instantes para avançar pela senda do progresso, única que os pode elevar na hierarquia do mundo dos Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e coibir seus maus pendores. São os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos.
  4. Há, finalmente, os espíritas exaltados. Em Espiritismo, infunde confiança demasiado cega e frequentemente pueril, no tocante ao mundo invisível, e leva a aceitar-se, com extrema facilidade e sem verificação, aquilo cujo absurdo, ou impossibilidade a reflexão e o exame demonstrariam. O entusiasmo, porém, não reflete, deslumbra. Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do Espiritismo.

Finalizando o Capítulo, Kardec afirma que os espíritas devem colocar a preocupação com o estudo sério antes da curiosidade com os fenômenos espíritas.

"Temos notado sempre que os que creem, antes de haver visto, apenas porque leram e compreenderam, longe de se conservarem superficiais, são, ao contrário, os que mais refletem. Dando maior atenção ao fundo do que à forma, veem na parte filosófica o principal, considerando como acessório os fenômenos propriamente ditos. Declaram então que, mesmo quando estes fenômenos não existissem, ainda ficava uma filosofia que só ela resolve problemas até hoje insolúveis; que só ela apresenta a teoria mais racional do passado do homem e do seu futuro. Ora, como é natural, preferem eles uma doutrina que explica, às que não explicam, ou explicam mal."


Carmem Bezerra

Nenhum comentário:

Postar um comentário