segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O livro "Estudando Nosso Lar"

Antes de começar o estudo do segundo livro de André Luiz, eu decidi ler o que se comentou e o que se escreveu sobre o livro Nosso Lar. Comecei lendo "Estudando Nosso Lar" de Carlos Baccelli (médium) e Inácio Ferreira (Espírito). Gostaria de fazer alguns comentários sobre o que este livro afirma.


  • André Luiz é a reencarnação de Carlos Chagas - a estória de André Luiz é diferente da estória de Carlos Chagas em vários pontos. Por exemplo, podemos citar: André fala em 2 filhas e 1 filho, enquanto Carlos Chagas teve 2 filhos; André passou 8 anos no Umbral e a 2a Grande Guerra começou quando ele já estava em Nosso Lar há quase 1 ano, enquanto Carlos Chagas desencarnou em 1934, 5 anos antes do início da guerra. Entretanto, segundo alguns sites, Chico Xavier teria informado que a estória foi intencionalmente modificada pelo autor espiritual para evitar a sua identificação. Além disso, Chico Xavier teria confirmado a várias pessoas que André Luiz seria mesmo a reencarnação de Carlos Chagas. Quando fiz a pesquisa sobre isto, um fato que me impressionou foi a semelhança entre André Luiz (descrita por médiuns) e Carlos Chagas. Mas é algo muito tênue para ser conclusivo.
  • Chico Xavier é a reencarnação de Allan Kardec - quando encarnado, o Dr. Inácio defendia que Chico era a reencarnação de Allan Kardec e continua a defender a tese depois de desencarnado. Entretanto, ele não apresenta qualquer prova no livro. Parece ser apenas a opinião dele. É preciso lembrar que o Espírito não se torna conhecedor de todas as verdades depois da morte. Muitas vezes, ele nem se lembra das outras vidas que teve. Tudo depende do nível evolutivo do Espírito. Eu não acredito que Chico e Kardec sejam o mesmo Espírito. Eles são muito diferentes. Kardec parece ter sido uma pessoa bem enérgica, intransigente naquilo que acreditava (basta ver a defesa que ele fazia do Espiritismo). Chico era  um Espírito manso, alguém capaz de receber uma bofetada sem levantar a voz ou reclamar. Existe um intervalo de apenas 40 anos entre o desencarne de Kardec e a encarnação de Chico. É muito pouco tempo para tão grande modificação. Não consigo ver como eles possam ser um mesmo Espírito.
  • "O Além, não sendo uma região, não está aqui, lá e nem tampouco alhures...Está em toda parte" - É verdade. André Luiz nos chama atenção sobre isto várias vezes em seus livros.
    A matéria na dimensão espiritual é muito plástica e facilmente influenciável pelos pensamentos e emoções dos que nela habitam. Portanto, os Espíritos desencarnados estão na dimensão vibratória em que sintonizam.
  •  A 1a edição de "O Livro dos Espíritos" não foi psicografada - o autor espiritual afirma que foi concebida pela escrita direta, pois as respostas dos espíritos foram obtidas usando cestinha de vime onde as médiuns apenas pousavam as mãos. Na minha opinião, o termo correto é psicografia mecânica, pois a escrita dependia da movimentação das mãos das médiuns pelos Espíritos. Em Obras Póstumas, Kardec explica: "As meninas colocavam a ponta dos dedos no corpo da cesta (as duas ao mesmo tempo) e, conversando assuntos triviais, esta movimentava-se redigindo as respostas às questões propostas, enquanto as jovens conversavam assuntos diversos."
  • Críticas aos livros mediúnicos do autor espiritual - em várias parte do livro, o autor espiritual não perde a oportunidade em enaltecer o próprio trabalho e de criticar os que dele duvidam. Por exemplo, no capítulo 12, ele relata uma conversa com um desencarnado que foi diretor de uma Federação e que criticava os seus livros. Dr. Inácio faz questão de mostrar no diálogo que a outra pessoa nada entende de Espiritismo. O episódio é, no mínimo, triste. Apesar de todas as críticas recebidas, André Luiz nunca se preocupou em criticar os que dele duvidavam. Se procurarem na Internet, vocês verão que muitos Espíritas ainda não aceitam o que foi relatado por André Luiz, mas nem por isso essas pessoas foram tratadas com ironia ou desprezo pela Espiritualidade.
  • Roupa dos Espíritos - o autor espiritual divide este assunto em duas partes. Na primeira parte, ele comenta sobre as respostas dos Espíritos à Kardec sobre as roupas dos Espíritos. Dr. Inácio chama estas roupas de criações temporárias (materializações) visando apenas o reconhecimento dos desencarnados pelos encarnados. Na segunda parte, ele chama atenção para o texto de Nosso Lar que explica que a "produção de vestuário e alimentação elementares pertence a todos em comum" e que fala em "grandes fábricas de Nosso Lar". Além disso, no capítulo 32 do livro Nosso Lar, André Luiz nos fala em "cultura de vegetação destinada aos sucos alimentícios". Portanto, segundo o autor espiritual, as roupas fabricadas nas cidades espirituais tem processo de criação semelhante às roupas feitas na Terra. Não existiria assim criação de roupas pelo pensamento no Mundo Maior. Não concordo com o autor espiritual. É preciso ponderar sobre a necessidade de trabalho dos Espíritos ainda muito materializados. Acredito que é possível criar roupas pela força do pensamento em Nosso Lar, mas isto não ajudaria aos que precisam aprender a importância do trabalho e que ainda não têm condição de ajudar os irmãos mais necessitados (como fez André Luiz). Portanto, as fábricas de roupas e de alimentação são necessárias para a educação dos habitantes da colônia, e não porque é impossível criar objetos na erraticidade pela força da mente.
  • Sexo na vida espiritual - Dr. Inácio informa no livro que há sexo e procriação no Plano Espiritual. Lembrando o caso de Tobias em Nosso Lar, há dois aspectos que devemos lembrar: Tobias apresenta a primeira esposa da Terra como esposa em Nosso Lar e a segunda esposa da Terra como irmã em Nosso Lar; André Luiz se sentia chocado pela situação de Tobias viver com as duas esposas. Se a união é apenas fraternal, por que definir uma como esposa e outra como irmã? Por que André se sentiu chocado por Tobias viver com as duas?  É preciso lembrar que os Espíritos que vivem em Nosso Lar são ainda muito materializados, portanto eles ainda possuem as mesmas necessidades dos que estão encarnados. Devemos considerar o sexo como uma dessas necessidades. Entretanto, eu não acredito, e o autor espiritual não fala, em procriação humana em Nosso Lar. Por outro lado, Dr. Inácio afirma que os animais de Nosso Lar fazem sexo e se procriam e que existem espécies de animais que só são encontradas em Nosso Lar. Por exemplo, André Luiz, no Capítulo 33 de Nosso Lar, fala em "ibís viajores", aves que auxiliam os tarefereiros no resgate de irmãos do Umbral e que não existem na Terra. Não consigo entender dessa forma a questão. A Casa do Pai tem muitas moradas. Logo, podemos imaginar que esses animais tiveram vidas em algum outro orbe e que o nível de evolução deles os trouxe para Nosso Lar em tarefa evolutiva. Isto não quer dizer que serão sempre animais e que podem se procriar.
  • Ler os livros de André Luiz - O autor espiritual chama atenção para a neecessidade de ler e discutir os livros de André Luiz que ele considera como complemento à Codificação. Concordo plenamente. Já terminei o primeiro livro e em breve pretendo começar a ler o segundo livro.
De uma forma geral, eu gostei do livro "Estudando o Nosso Lar", pois ele me colocou para pensar em alguns conceitos que eu já tinha como certo. Entretanto, me desagradou o tom irônico e debochado que o autor espiritual emprega em algumas passagens. Eu só indico este livro para quem conhece bem a Codificação e pode ponderar as informações fornecidas.

Carmem Bezerra

2 comentários:

  1. É lamentável aceitar-se qualquer análise de tema espírita que seja feita em linguagem debochada e rasteira. Os Espíritos sérios sempre usaram linguagem sóbria e respeitosa no trato de assuntos.
    Marlene Nobre lança livro e reafirma Chico Xavier é a reencarnação de Allan kardec,
    com vasto material para estudo para os interessados.
    Estudando “Nosso Lar”

    Como em outras obras, esse Espírito fascinador, que se intitula Dr. Inácio Ferreira, continua, pelo médium Carlos Antônio Baccelli, a sua faina de atacar os espíritas sérios, de ridicularizar o Espiritismo, tentando diminuir-lhe o valor, através de diálogos corriqueiros, chulos, impróprios para comentários em círculos de algum refinamento espiritual. Agora, depois de tentar minimizar a figura de Chico Xavier através da obra “Chico Xavier Responde”, tenta minimizar sua obra de maior impacto: “Nosso Lar”, numa demonstração de flagrante oportunismo, diante da divulgação que se fez em torno dos nomes do médium Chico Xavier e do livro “Nosso Lar”.
    Quem lê o título da obra imagina que terá em mão um estudo sério, do ponto de vista espiritual, sociológico, esperando um detalhamento mais avançado de como se desenvolvem as atividades lá.


    José Passini
    passinijose@yahoo.com.br






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  2. Quem desejar receber análise dessa e de outras obras, peça a jose.passini@gmail. com

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