segunda-feira, 26 de março de 2012

Mediunidade e Psiquiatria

Hoje eu tive a oportunidade de ouvir uma palestra sobre a psquiatria. A pessoa responsável pela exposição explicou como a psiquiatria se diferencia da psicologia e qual o seu objetivo. Como exemplo, citou casos de pessoas que dizem ouvir/ver coisas que não existem. Para a palestrante, tais pessoas sofrem de distúrbios psiquiátricos e devem, na maioria da vezes, ser tratadas com medicamentos.

Pensei em questionar a possibilidade das pessoas que ouvem vozes ou vêem espíritos serem na realidade médiuns, e não portadoras de um quadro de esquizofrenia. Mas preferi me calar. O ambiente não era propício para uma discussão sobre crenças religiosas e não gostaria de discutir os conceitos espíritas com quem ainda não tem condição de entendê-los.

Entretanto, sai um pouco triste da palestra, me perguntando quando a ciência vai deixar os preconceitos de lado e começar a investigar a sério a mediunidade.

Na realidade, há tempos a ciência das academias tenta provar que a mediunidade é uma doença. No livro "Pesquisa sobre a Mediunidade" de 1902, Gabriel Delanne já discute e refuta vários experimentos feitos por psiquiatras europeus e americanos que tentavam provar que os médiuns eram apenas portadores de uma doença psiquiátrica chamada histeria.


Por curiosidade, fiz uma pesquisa na Internet que me mostrou que já existem vários pesquisadores interessados no estudo acadêmico da mediunidade. Existe, inclusive, uma tese de doutorado “Fenomenologia das experiências mediúnicas, perfil e psicopatologia de médiuns espíritas" de Alexander Moreira de Almeida, médico e doutor em psiquiatria pela USP. Neste trabalho foi feito um estudo junto a 115 médiuns espíritas que teve as conclusões mostradas abaixo (para maiores detalhes, veja www.guia.heu.nom.br/Tese_de_doutorado_sobre_mediunidade.html).
  • Os médiuns espíritas diferiam das características de portadores de transtornos de personalidade múltipla e possuíam uma alta média de sintomas de primeira ordem para esquizofrenia, mas estes não se relacionavam aos escores de outros sintomas psiquiátricos e não se relacionavam a problemas no trabalho, família ou estudos.
  • A maioria teve o início de suas manifestações mediúnicas na infância e estas, atualmente, se caracterizam por vivências de influência ou alucinatórias que não necessariamente implicam num diagnóstico de esquizofrenia.
  • A mediunidade provavelmente se constitui numa vivência diferente do transtorno de personalidade múltipla.
Infelizmente, ainda é pequeno o grupo acadêmico que tenta estudar a sério os fenômenos mediúnicos, mas fica-se a esperança. Sabemos que a mediunidade depende do organismos físico, portanto fico imaginando se não existe um fator orgânico mensurável da capacidade mediúnica de cada pessoa. A descoberta deste fator permitiria que a ciência mais facilmente diferenciasse os casos de doença psiquiátrica dos casos de mediunidade.

De qualquer forma, fico feliz do nosso Chico nunca ter se encontrado com um psiquiatra quando era criança.


"Antes de negar, é prudente estudar e observar. Para julgar uma coisa é preciso conhecê-la. A crítica só é permissível ao que fala do que sabe. Que seria dito de um homem que, ignorando música, criticasse uma ópera? Ignorando as primeiras noções de literatura, criticasse uma obra literária?"
Allan Kardec - Revista Espírita, dezembro de 1862.

Carmem Bezerra

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