Terminei de ler o livro "
A Vida Além do Véu" do Reverendo George Vale Owen e gostaria de tecer alguns comentários. Especialmente, gostaria de fazer uma comparação com o livro "
Nosso Lar" de André Luiz.
O livro "
A Vida Além do Véu" foi psicografado por um sacerdote da Igreja Anglicana no ano de 1913 que nada (ou pouco) conhecia do Espiritismo. O principal autor espiritual é a mãe do médium: mulher simples, sem muita instrução, mas de muita fé nos ensinamentos da Igreja que frequentava quando encarnada. A transmissão da obra foi feita por psicografia mecânica. No livro, o médium duvida e muitas vezes questiona se as informações são verdadeiras, pois não entende como é possível este tipo de comunicação. Enquanto, a autora espiritual várias vezes se desculpa em não conseguir explicar direito o que acontece no Mundo Maior. Ela argumenta que não possui conhecimento científico para entender tudo o que ver e ouve na Espiritualidade.
O livro "
Nosso Lar" foi psicografado na década de 40 pelo médium espírita Chico Xavier. O autor espiritual usa o nome de André Luiz e informa que foi médico e pesquisador famoso no Brasil. Portanto, alguém com conhecimento e curiosidade científica.
Lembrando as diferenças acima comentadas, é interessante observar:
- Cidades espirituais - a autora espiritual do primeiro livro não fala no Umbral, ela parece não ter passado pela região. Entretanto, ela comenta que há uma ponte que liga a região onde ela fica e a região onde ficam irmãos sofredores. Ela ajudou alguns desses irmãos depois que eles cruzaram a ponte, mas nunca esteve no outro lado.
- Crianças, animais e plantas - temos uma descrição bem parecida nos dois livros.
- Escolas de aprendizado - a autora fala em várias palestras que assistiu e em vários cursos que frequentou. Normalmente, há alguma apresentação lúdica para facilitar a compreensão do que é falado. Mas ela muitas vezes enfatiza que não conseguiu entender tudo.
- Pensamento e vontade - a autora comenta que um dos estudos foi a materialização de objetos/animais. O objetivo era entender a força criativa do pensamento.
- Simbolismo - em várias passagens, ela narra acontecimentos que lembram passagens do Velho e do Novo Testamento. São rituais que estão na Bíblia e que são repetidos na Erraticidade. As pessoas que estão no grupo dela de estudo e que presenciam tais acontecimentos possuem formação religiosa semelhante. Portanto, é preciso entender tais eventos como necessidades destes Espíritos.
- Reencarnação - em uma oportunidade, ela é informada da necessidade de alguns espíritos de voltarem a Terra para completar a instrução. Entretanto, ela não questiona como será este retorno. Ela parece acreditar que será apenas uma visita aos encarnados como ela costuma fazer.
- Locomoção - a autora usa a volitação ou outros meios de transporte como carruagem.
- Esferas espirituais - ela obteve autorização para visitar esferas superiores a que morava. O objetivo era aprendizado. Fala em especial de uma cidade da música, onde todos os cidadãos trabalhavam com música (letras, instrumentos, arranjos, etc).
A conclusão que tirei é que os dois livros falam a mesma coisa, mas usam linguagens diferentes, pois os autores espirituais têm níveis intelectuais distintos.
A autora do primeiro livro parece não entender a profundidade de tudo que presencia. É uma criança que ainda está percorrendo os primeiros degraus do conhecimento, mas que possui muita fé e confiança na mensagem do Divino Mestre. Nela o desenvolvimento moral é maior que o desenvolvimento intelectual.
Por outro lado, André Luiz questionou e quis entender o funcionamento das coisas no Mundo Maior. Portanto, ele nos presenteou com uma obra mais completa. E, por isso, os seus livros são considerados como um complemento à Codificação de Kardec.
Concluindo: não vi qualquer sinal de plágio de Chico Xavier com o livro "
Nosso Lar" como querem alguns inimigos do Espiritismo. Para responder a essas pessoas, basta reproduzir uma frase de Sir Artur Conan Doyle que está no prefácio do livro "
Vida Além do Véu":
"Como poderia dar-se essa concordância nas ideias gerais, se não fosse inspirada de verdade?"
Carmem Bezerra