sábado, 26 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 30, 31 e 32)

Parte II - Capítulo XXX - Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas

No Capítulo 30, é apresentado o regulamento de Sociedade fundada e presidida por Kardec. O objetivo é permitir que outras sociedades possam ser criadas usando as mesmas ideias.

Parte II - Capítulo XXXI - Dissertações espíritas

Neste Capítulo, Kardec apresenta uma coleção de mensagens espíritas recebidas por ele e por outras sociedades espíritas. Os temas se dividem em: Espiritismo, médiuns, sociedades espíritas e comunicações apócrifas. No último tema, o codificador discute porque as mensagens apresentadas devem ser aceitas com reserva. É uma forma interessante de entender o critério usado por Kardec para aceitar, ou não, uma comunicação mediúnica.

Parte II - Capítulo XXXII - Vocabulário espírita

Uma coleção de palavras, usadas no Espiritismo, é mostrada para facilitar o entendimento do leitor do Livro dos Médiuns.


Fim do estudo.

Carmem Bezerra

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 29)

Parte II - Capítulo XXIX - Das reuniões e das Sociedades Espíritas

Neste Capítulo, Kardec nos fala das reuniões e das Sociedades Espíritas.

"As reuniões espíritas oferecem grandíssimas vantagens, por permitirem que os que nelas tomam parte se esclareçam, mediante a permuta das idéias, pelas questões e observações que se façam, das quais todos aproveitam."

As reuniões são classificadas pelo codificador em três tipos:
  • Reuniões frívolas - se compõem de pessoas que só vêem o lado divertido das manifestações, que se divertem com as facécias dos Espíritos levianos, aos quais muito agrada essa espécie de assembléia, a que não faltam por gozarem nelas de toda a liberdade para se exibirem.
  • Reuniões experimentais - têm particularmente por objeto a produção das manifestações físicas. Para muitas pessoas, são um espetáculo mais curioso que instrutivo. Os incrédulos saem delas mais admirados do que convencidos, quando ainda outra coisa não viram.
  • Reuniões instrutivas - haurem o verdadeiro ensino e são presididas pelos Espíritos Superiores. Para que elas ocorram é preciso que haja seriedade de propósitos, que o estudo não seja conduzido de forma leviana, que haja unidade de pensamento e que as reuniões sejam regulares.
"Toda reunião espírita deve, pois, tender para a maior homogeneidade possível. Está entendido que falamos das em que se deseja chegar a resultados sérios e verdadeiramente úteis. Se o que se quer é apenas obter comunicações, sejam estas quais forem, sem nenhuma atenção à qualidade dos que as deem, evidentemente desnecessárias se tornam todas essas precauções; mas, então, ninguém tem que se queixar da qualidade do produto."

As Sociedades Espíritas podem sem entendidas como a formalização das reuniões. Neste caso, um grupo de pessoas forma um núcleo de estudo e de trabalho dentro dos princípios espíritas.

"Uma Sociedade, onde aqueles sentimentos se achassem partilhados por todos, onde os seus componentes se reunissem com o propósito de se instruírem pelos ensinos dos Espíritos e não na expectativa de presenciarem coisas mais ou menos interessantes, ou para fazer cada um que a sua opinião prevaleça, seria não só viável, mas também indissolúvel. A dificuldade, ainda grande, de reunir crescido número de elementos homogêneos deste ponto de vista, nos leva a dizer que, no interesse dos estudos e por bem da causa mesma, as reuniões espíritas devem tender antes à multiplicação de pequenos grupos, do que à constituição de grandes aglomerações. Esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita, que um dia consorciará todas as opiniões e unirá os homens por um único sentimento: o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã."


Carmem Bezerra

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 28)

Parte II - Capítulo XXVIII - Do charlatanismo e do embuste

Neste Capítulo, Kardec nos fala das pessoas que fingem ser médiuns para enganar.

"Como tudo pode tornar-se objeto de exploração, nada de surpreendente haveria em que também quisessem explorar os Espíritos. Resta saber como receberiam eles a coisa, dado que tal especulação viesse a ser tentada. Diremos desde logo que nada se prestaria melhor ao charlatanismo e à trapaça do que semelhante ofício. Muito mais numerosos do que os falsos sonâmbulos, que já se conhecem, seriam os falsos médiuns e este simples fato constituiria fundado motivo de desconfiança. O desinteresse, ao contrário, é a mais peremptória resposta que se pode dar aos que nos fenômenos só vêem trampolinices. Não há charlatanismo desinteressado. Qual, pois, o fim que objetivariam os que usassem de embuste sem proveito, sobretudo quando a honorabilidade os colocasse acima de toda suspeita?"

Devemos entender que a mediunidade é uma faculdade concedida para o bem e os bons Espíritos se afastam de quem pretenda fazer dela uso comercial e/ou pessoal. Portanto, o mais absoluto desinteresse é a melhor garantia contra o charlatanismo e o embuste.

"Em resumo, repetimos, a melhor garantia está na moralidade notória dos médiuns e na ausência de todas as causas de interesse material, ou de amor-próprio, capazes de estimular-lhes o exercício das faculdades mediúnicas que possuam, porquanto essas mesmas causas poderiam induzi-los a simular as de que não dispõem."


Carmem Bezerra

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 27)

Parte II - Capítulo XXVII - Das contradições e das mistificações

Kardec discute, neste Capítulo, como identificar e prevenir-se das contradições e mistificações relacionadas aos Espíritos e médiuns.

A contradição ocorre quando um mesmo assunto é explicado ora de uma forma, ora por outra forma, por um mesmo Espírito ou por diversos Espíritos.

"Cumpre não esqueçamos que, entre os Espíritos, há, como entre os homens, falsos sábios e semi-sábios, orgulhosos, presunçosos e sistemáticos. Como só aos Espíritos perfeitos é dado conhecerem tudo, para os outros há, do mesmo modo que para nós, mistérios que eles explicam à sua maneira, segundo suas idéias, e a cujo respeito podem formar opiniões mais ou menos exatas, que se empenham, levados pelo amor-próprio, por que prevaleçam e que gostam de reproduzir em suas comunicações. O erro está em terem alguns de seus intérpretes esposado muito levianamente opiniões contrárias ao bom-senso e se haverem feito os editores responsáveis delas. Assim, as contradições de origem espírita não derivam de outra causa, senão da diversidade, quanto à inteligência, aos conhecimentos, ao juízo e à moralidade, de alguns Espíritos que ainda não estão aptos a tudo conhecerem e a tudo compreenderem."

Nas mensagens dos Espíritos Superiores eventualmente poderão ocorrer contradições.
  • O meio ambiente desfigurou a resposta dada ou foi insuficiente.
  • Não há linguagem adequada para transmitir o conhecimento.
  • O Espírito dosou o conhecimento conforme os que o ouviam.
A mistificação ocorre quando há o objetivo de, na comunicação mediúnica, se enganar o médium ou o grupo, passando o Espírito por quem não é ou apresentando teorias ou sistemas falsos por verdadeiros.

"Os Espíritos vos vêm instruir e guiar no caminho do bem e não no das honras e das riquezas, nem vêm para atender às vossas paixões mesquinhas. Se nunca lhes pedissem nada de fútil, ou que esteja fora de suas atribuições, nenhum ascendente encontrariam jamais os enganadores; donde deveis concluir que aquele que é mistificado só o é porque o merece."

Para se detectar as mistificações, basta observar a linguagem e o comportamento do Espírito comunicante. A linguagem está sempre relacionada com o grau evolutivo e as ações se traduzem nos sentimentos e conselhos que são emitidos.

Para diferenciar as comunicações sérias, provenientes dos bons Espíritos, e as oriundas dos falsos sábios, basta o bom senso e a lógica.


Carmem Bezerra

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 26)

Parte II - Capítulo XXVI - Das perguntas que se podem fazer aos Espíritos

Neste Capítulo, Kardec nos fala das perguntas que se podem fazer aos Espíritos. Estes só respondem quando existe um objetivo sério e quando a pessoa que faz a pergunta está preocupada com coisa útil.

"Não se segue daí que dos Espíritos não se possam obter úteis esclarecimentos e, sobretudo, bons conselhos; eles, porém, respondem mais ou menos bem, conforme os conhecimentos que possuem, o interesse que nos têm, a afeição que nos dedicam e, finalmente, o fim a que nos propomos e a utilidade que vejam no que lhes pedimos. Se, entretanto, os inquirimos unicamente porque os julgamos mais capazes do que outros de nos esclarecerem melhor sobre as coisas deste mundo, claro é que não nos poderão dispensar grande simpatia. Nesse caso, curtas serão suas aparições e, muitas vezes, conforme o grau da imperfeição de que ainda se ressintam, manifestarão mau humor, por terem sido inutilmente incomodados."

Portanto, não há qualquer problema em se fazer perguntas aos Espíritos nas reuniões mediúnicas desde que o intuito seja o de aprendizado.

"Os Espíritos sérios sempre respondem com prazer às que têm por objetivo o bem e os meios de progredirdes. Não atendem às fúteis."

Perguntas sobre previsão do futuro ou descobertas científicas são normalmente ignoradas pelos Espíritos sérios. Não cabe aos Espíritos nos falar do que vem pela frente.

"Grande erro há nisso, porquanto a manifestação dos Espíritos não é um meio de adivinhação. Se fizerdes questão absoluta de uma resposta, recebê-la-eis de um Espírito doidivanas, temo-lo dito a todo momento."

Resumindo: podemos fazer perguntas aos Espíritos, mas é importante formulá-las com clareza e precisão. As perguntas, quando feitas nos devidos limites, é muito útil do ponto de vista da instrução. Se Allan Kardec não tivesse proposto questões aos Espíritos, o Livro dos Espíritos não existiria.


Carmem Bezerra

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 25)

Parte II - Capítulo XXV - Das evocações

Neste Capítulo, Kardec nos fala das evocações dos Espíritos, ou seja, na possibilidade de chamar determinado Espírito na comunicação mediúnica.

"Em resumo, do que acabamos de dizer resulta: que a faculdade de evocar todo e qualquer Espírito não implica para este a obrigação de estar à nossa disposição; que ele pode vir em certa ocasião e não vir noutra, com um médium, ou um evocador que lhe agrade e não com outro; dizer o que quer, sem poder ser constrangido a dizer o que não queira; ir-se quando lhe aprouver; enfim, que por causas dependentes ou não da sua vontade, depois de se haver mostrado assíduo durante algum tempo, pode de repente deixar de vir."

Para o sucesso das evocações, a condição moral da pessoa ou do grupo, o local onde evoca e a finalidade da evocação são fatores para determinar o sucesso. É possível citar duas causas para um Espírito não atender ao chamado:
  • A situação do Espírito no plano espiritual - ele pode estar ocupado em alguma tarefa ou pode estar encarnado; ou pode simplesmente não desejar se manifestar.
  • Os motivos da evocação ou a situação moral do evocador.
É preciso lembrar que os Espíritos não estão a nossa disposição. Em reuniões com objetivo de atendimento ou de estudo, podemos evocar nominalmente e aguardar. Se o Espírito não atender, deve existir um motivo justo para isto. E cabe a nós apenas entender.

"O nome de Deus só tem influência sobre os Espíritos imperfeitos, quando proferido por quem possa, pelas suas virtudes, servir-se dele com autoridade. Pronunciado por quem nenhuma superioridade moral tenha, com relação ao Espírito, é uma palavra como qualquer outra. O mesmo se dá com as coisas santas com que se procure dominá-los. A mais terrível das armas se torna inofensiva em mãos inábeis a se servirem dela, ou incapazes de manejá-la."


Carmem Bezerra

domingo, 20 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 24)

Parte II - Capítulo XXIV - Da identidade dos Espíritos

Kardec discute neste Capítulo como identificar os Espíritos que se comunicam através dos médiuns já que, muitas vezes, os Espíritos usam nomes de pessoas que foram bem queridas na Terra.

"A questão da identidade dos Espíritos é uma das mais controvertidas, mesmo entre os adeptos do Espiritismo. É que, com efeito, os Espíritos não nos trazem um ato de notoriedade e sabe-se com que facilidade alguns dentre eles tomam nomes que nunca lhes pertenceram. Esta, por isso mesmo, é, depois da obsessão, uma das maiores dificuldades do Espiritismo prático. Todavia, em muitos casos, a identidade absoluta não passa de questão secundária e sem importância real."

Deve-se considerar esta questão como um problema acessório, sem grande importância. A preocupação deve ser em relação ao conteúdo da mensagem passada, não em relação a quem a ditou. Um Espírito pode usar um nome conhecido apenas para chamar a atenção, sem que isto seja um problema.

"Em resumo, a questão de nome é secundária, podendo-se considerar o nome como simples indício da categoria que ocupa o Espírito na escala espírita."

Entretanto, é possível que um Espírito inferior use um nome venerável com o intuito de enganar. Para evitar que isto ocorra basta ser crítico em relação à linguagem e ao conteúdo da mensagem transmitida.

"Pode estabelecer-se como regra invariável e sem exceção que — a linguagem dos Espíritos está sempre em relação com o grau de elevação a que já tenham chegado. Os Espíritos realmente superiores não só dizem unicamente coisas boas, como também as dizem em termos isentos, de modo absoluto, de toda trivialidade."


Carmem Bezerra

sábado, 19 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 23)

Parte II - Capítulo XXIII - Da obsessão

Neste Capítulo, Kardec fala de obsessão, isto é, o domínio que alguns Espíritos inferiores logram adquirir sobre certas pessoas. Abaixo é apresentado um resumo das principais partes deste texto.

De acordo com o grau de influência, o codificador classificar a obsessão em três tipos:
  • Obsessão simples - quando um Espírito malfazejo se impõe a um médium, se imiscui, a seu mau grado, nas comunicações que ele recebe, o impede de se comunicar com outros Espíritos e se apresenta em lugar dos que são evocados.
  • Fascinação - é uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio, relativamente às comunicações. O médium fascinado não acredita que o estejam enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo do que escreve, ainda quando esse absurdo salte aos olhos de toda gente.
  • Subjugação - é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica sob um verdadeiro jugo. A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso, o subjugado é constrangido a tomar resoluções muitas vezes absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão, ele julga sensatas: é uma como fascinação. No segundo caso, o Espírito atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários.
Pode-se reconhecer a obsessão pelas seguintes características:
  1. Persistência de um Espírito em se comunicar, bom ou mau grado, pela escrita, pela audição, pela tiptologia, etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam;
  2. Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações que recebe;
  3. Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que, sob nomes respeitáveis e venerados, dizem coisas falsas ou absurdas;
  4. Confiança do médium nos elogios que lhe dispensam os Espíritos que por ele se comunicam;
  5. Disposição para se afastar das pessoas que podem emitir opiniões aproveitáveis;
  6. Tomar a mal a crítica das comunicações que recebe;
  7. Necessidade incessante e inoportuna de escrever;
  8. Constrangimento físico qualquer, dominando-lhe a vontade e forçando-o a agir ou falar a seu mau grado;
  9. Rumores e desordens persistentes ao redor do médium, sendo ele de tudo a causa, ou o objeto.
As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. É, às vezes, uma vingança que este toma de um indivíduo de quem guarda queixas da sua vida presente ou do tempo de outra existência. Muitas vezes, também, não há mais do que o desejo de fazer mal. Esses Espíritos agem, não raro por ódio e inveja do bem; daí o lançarem suas vistas malfazejas sobre as pessoas mais honestas.

Os meios de se combater a obsessão variam, de acordo com o caráter que ela reveste. As imperfeições morais do obsidiado constituem, frequentemente, um obstáculo à libertação do médium. O mais seguro meio de a pessoa se livrar dos Espíritos inferiores é atrair os bons pela prática do bem. Sem dúvida, os bons Espíritos têm mais poder do que os maus, e a vontade deles basta para afastar estes últimos; eles, porém, só assistem os que os secundam pelos esforços que fazem por melhorar-se, sem o que se afastam e deixam o campo livre aos maus, que se tornam assim, em certos casos, instrumentos de punição, visto que os bons permitem que ajam para esse fim.


Carmem Bezerra

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 22)

Parte II - Capítulo XXII - Da mediunidade nos animais

Neste Capítulo, Kardec questiona se os animais podem ser médiuns. A resposta é do Espírito Erasto.

"Isto posto, reconheço perfeitamente que há nos animais aptidões diversas; que certos sentimentos, certas paixões, idênticas às paixões e aos sentimentos humanos, se desenvolvem neles; que são sensíveis e reconhecidos, vingativos e odientos, conforme se procede bem ou mal com eles. É que Deus, que nada fez incompleto, deu aos animais, companheiros ou servidores do homem, qualidades de sociabilidade, que faltam inteiramente aos animais selvagens, habitantes das solidões. Mas, daí a poderem servir de intermediários para a transmissão do pensamento dos Espíritos, há um abismo: a diferença das naturezas."

Portanto, não é possível que os animais sejam médiuns. Na comunicação mediúnica é preciso a união de fluidos similares, o que não é achado nos animais.

"Resumindo: os fatos mediúnicos não podem dar-se sem o concurso consciente, ou inconsciente, dos médiuns; e somente entre os encarnados, Espíritos como nós, podemos encontrar os que nos sirvam de médiuns."

Carmem Bezerra

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 21)

Parte II - Capítulo XXI - Da influência do meio

Neste pequeno Capítulo, Kardec discute a influência das pessoas presentes nas reuniões mediúnicas.

"Todos os Espíritos que cercam o médium o auxiliam, para o bem ou para o mal."

Um exemplo da influência do meio pode ser visto no Capítulo 10 do Livro "Missionários da Luz": uma sessão de materialização não ocorre conforme o planejado porque a plateia não estar em sintonia com os objetivos superiores.

"Trata-se de serviço de elevada responsabilidade, porquanto, além de exigir todas as possibilidades do aparelho mediúnico, há que movimentar todos os elementos de colaboração dos companheiros encarnados, presentes às reuniões destinadas a esses fins. Se houvesse perfeita compreensão geral, respeito aos dons da vida, e se pudéssemos contar com valores morais espontâneos e legitimamente consolidados no espírito coletivo, essas manifestações seriam as mais naturais possíveis, sem qualquer prejuízo para o médium e assistentes. Acontece, porém, que são muito raros os companheiros encarnados dispostos às condições espirituais que semelhantes trabalhos exigem. Por isso mesmo, na incerteza de colaboração eficiente, as sessões de materialização efetuam-se com grandes riscos para a organização mediúnica e requisitam número dilatado de cooperadores do nosso plano."

Por isso, os centros espíritas costumam restringir a presença de pessoas em sessões de socorro espiritual, de desobsessão, de materialização, etc. É melhor contar com um grupo pequeno e bem sintonizado do que com um grande grupo de curiosos. A plateia determina o sucesso ou o fracasso de uma reunião.

"Em resumo: as condições do meio serão tanto melhores, quanto mais homogeneidade houver para o bem, mais sentimentos puros e elevados, mais desejo sincero de instrução, sem idéias preconcebidas."


Carmem Bezerra

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 20)

Parte II - Capítulo XX - Da influência moral do médium

Neste Capítulo, Kardec nos lembra que a mediunidade não constitui privilégio dos homens de bem e que existem pessoas indignas que a possuem no mais alto grau e que dela fazem mal uso.

"Se o médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito dizer-se, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles."

O orgulho é o maior problema que os Espíritos encontram nos médiuns, embora todas as imperfeições morais sejam portas abertas para o acesso dos maus Espíritos ao instrumento mediúnico.

"O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amaríssimas decepções."

Portanto, tudo é uma questão de sintonia entre o Espírito comunicante e o médium. Daí a importância da influência moral do médium nas comunicações que recebe.

"Em tese geral, pode afirmar-se que os Espíritos atraem Espíritos que lhes são similares e que raramente os Espíritos das plêiadas elevadas se comunicam por aparelhos maus condutores, quando têm à mão bons aparelhos mediúnicos, bons médiuns, numa palavra."


Carmem Bezerra

Estudando o Livro dos Médiuns - (II - 19)

Parte II - Capítulo XIX - Do papel dos médiuns nas comunicações espíritas

Neste Capítulo, Kardec resume a influência dos médiuns nas comunicações espíritas, em especial na psicografia.

"Os Espíritos procuram o intérprete que mais simpatize com eles e que lhes exprima com mais exatidão os pensamentos. Não havendo entre eles simpatia, o Espírito do médium é um antagonista que oferece certa resistência e se torna, um intérprete de má qualidade e muitas vezes infiel. É o que se dá entre vós, quando a opinião de um sábio é transmitida por intermédio de um estonteado, ou de uma pessoa de má-fé."

Portanto, é o Espírito do médium quem recebe o pensamento do Espírito comunicante e o transmite com os recursos que possui. Por exemplo, ao falar em uma língua estrangeira, provavelmente o médium já conheceu este idioma em uma outra existência (é possível que o Espírito use uma língua desconhecida do médium em uma psicografia mecânica, mas o esforço é muito grande).

"O Espírito que se quer comunicar compreende, sem dúvida, todas as línguas, pois que as línguas são a expressão do pensamento e é pelo pensamento que o Espírito tem a compreensão de tudo; mas, para exprimir esse pensamento, torna-se-lhe necessário um instrumento e este é o médium. A alma do médium, que recebe a comunicação de um terceiro, não a pode transmitir, senão pelos órgãos de seu corpo. Ora, esses órgãos não podem ter, para uma língua que o médium desconheça, a flexibilidade que apresentam para a que lhe é familiar."

Quanto mais conhecimento e estudo tiver o médium, mais facilidade ele terá para entrar em sintonia com os Espíritos superiores e receber suas comunicações.

"Assim, quando encontramos em um médium o cérebro povoado de conhecimentos adquiridos na sua vida atual e o seu Espírito rico de conhecimentos latentes, obtidos em vidas anteriores, de natureza a nos facilitarem as comunicações, dele de preferência nos servimos, porque com ele o fenômeno da comunicação se nos torna muito mais fácil do que com um médium de inteligência limitada e de escassos conhecimentos anteriormente adquiridos."


Carmem Bezerra

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 18)

Parte II - Capítulo XVIII - Dos inconvenientes e perigos da mediunidade

Neste Capítulo, os Espíritos chamam a atenção de Kardec para o perigo de usar médiuns que possuem organismos frágeis por questão de saúde ou por serem ainda jovens demais (crianças).

"Todavia, o que ressalta com clareza das respostas acima é que não se deve forçar o desenvolvimento dessas faculdades nas crianças, quando não é espontânea, e que, em todos os casos, se deve proceder com grande circunspeção, não convindo nem excitá-las, nem animá-las nas pessoas débeis. Do seu exercício cumpre afastar, por todos os meios possíveis, as que apresentem sintomas, ainda que mínimos, de excentricidade nas idéias, ou de enfraquecimento das faculdades mentais, porquanto, nessas pessoas, há predisposição evidente para a loucura, que se pode manifestar por efeito de qualquer sobre-excitação. As idéias espíritas não têm, a esse respeito, maior influência do que outras, mas, vindo a loucura a declarar-se, tomará o caráter de preocupação dominante, como tomaria o caráter religioso, se a pessoa se entregasse em excesso às práticas de devoção, e a responsabilidade seria lançada ao Espiritismo. O que de melhor se tem a fazer com todo indivíduo que mostre tendência à ideia fixa é dar outra diretriz às suas preocupações, a fim de lhe proporcionar repouso aos órgãos enfraquecidos."

Portanto, a mediunidade só deve ser praticada por quem tem uma organização física que facilite a recuperação após o dispêndio de fluido. O simples repouso é suficiente quando a pessoa tem um organismo equilibrado.


Carmem Bezerra

domingo, 13 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 17)

Parte II - Capítulo XVII - Da formação dos médiuns

Neste Capítulo, Kardec apresenta uma discussão sobre o desenvolvimento mediúnico, em especial o desenvolvimento da psicografia.

"Para que um Espírito possa comunicar-se, preciso é que haja entre ele e o médium relações fluídicas, que nem sempre se estabelecem instantaneamente. Só à medida que a faculdade se desenvolve, é que o médium adquire pouco a pouco a aptidão necessária para pôr-se em comunicação com o Espírito que se apresente."

O codificador enfatiza a necessidade de paciência, humildade e perseverança no desenvolvimento mediúnico. Nem todo mundo é médium ostensivo, é preciso entender isto e aceitar, pois a faculdade se prende a uma disposição orgânica. Portanto, não é uma questão de se ter fé ou de ser bom.

"Quando, ao cabo de alguns meses, nada mais obtém do que coisas insignificantes, ora um sim, ora um não ou letras sem conexão, é inútil continuarem, será gastar papel em pura perda. São médiuns, mas médiuns improdutivos."

Além disso, não deve o médium se preocupar durante o desenvolvimento mediúnico se o texto é mesmo dele ou de um Espírito. O contínuo exercício fará com que o médium depois seja capaz de diferenciar.

"Tendo consciência do que escreve, o médium é naturalmente levado a duvidar da sua faculdade; não sabe se o que lhe sai do lápis vem do seu próprio, ou de outro Espírito. Não tem absolutamente que se preocupar com isso e, nada obstante, deve prosseguir."

Kardec chamou de médiuns polígrafos os que mostram mudança de caligrafia de acordo com o Espírito comunicante.

Para finalizar, o mestre lionês fala que a suspensão da mediunidade pode acontecer:
  • por esgotamento físico do médium - a suspensão permite que se refaça antes de retomar as atividades;
  • como prova - para ensinar ao médium que a mediunidade depende dos Espíritos.


Carmem Bezerra

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 16)

Parte II _ Capítulo XVI - Dos médiuns especiais

Neste Capítulo, Kardec chama a atenção para uma grande variedade de médiuns.

"Além das categorias de médiuns que acabamos de enumerar, a mediunidade apresenta uma variedade infinita de matizes, que constituem os chamados médiuns especiais, dotados de aptidões particulares, ainda não definidas, abstração feita das qualidades e conhecimentos do Espírito que se manifesta."

Os médiuns podem se divididos em duas grandes categorias:
  1. Médiuns de efeitos físicos - os que têm o poder de provocar efeitos materiais, ou manifestações ostensivas.
  2. Médiuns de efeitos intelectuais - os que são mais aptos a receber e a transmitir comunicações inteligentes.
A partir deste estudo, o codificador apresenta uma lista de classificações dos médiuns usando várias categorias.
  • Comuns a todos os gêneros de mediunidade - sensitivos, inconscientes e facultativos.
  • Variedades especiais para os efeitos físicos - tiptólogos, motores, translações, efeitos musicais, aparições, transporte, noturnos, pneumatógrafos, curadores e excitadores.
  • Para efeitos intelectuais - audientes, falantes, videntes, inspirados, de pressentimentos, proféticos, sonâmbulos, extáticos, pintores e músicos.
  • Segundo o desenvolvimento da faculdade - novatos, improdutivos, formados, lacônicos, explícitos, experimentados, maleáveis, exclusivos, para evocação e para ditados espontâneos.
  • Segundo o gênero e a particularidade das comunicações - versejadores, poéticos, positivos, literários, incorretos, historiadores, científicos, receitistas, religiosos, filósofos e de comunicações triviais.
  • Segundo as qualidades físicas - calmos, velozes e convulsivos.
  • Segundo as qualidades morais dos médiuns - imperfeitos e bons.

"Todas estas variedades de médiuns apresentam uma infinidade de graus em sua intensidade. Muitas há que, a bem dizer, apenas constituem matizes, mas que, nem por isso, deixam de ser efeito de aptidões especiais. Concebe-se que há de ser muito raro esteja a faculdade de um médium rigorosamente circunscrita a um só gênero. Um médium pode, sem dúvida, ter muitas aptidões, havendo, porém, sempre uma dominante. Ao cultivo dessa é que, se for útil, deve ele aplicar-se."


Carmem Bezerra

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 15)

Parte II - Capítulo XV - Dos médiuns escreventes ou psicógrafos

Kardec, neste Capítulo, classifica os vários tipos de médiuns escreventes ou psicógrafos, ou seja, os que têm facilidade de escrever sob a influência dos Espíritos.


  • Médiuns mecânicos - não têm a menor consciência do que escrevem. Há o isolamento total do cérebro do médium.
  • Médiuns intuitivos - a alma, sob o impulso do Espírito, dirige a mão e esta dirige o lápis. O médium tem consciência do que escreve, embora não exprima o seu próprio pensamento.
  • Médiuns semimecânicos - têm consciência do que escreve embora o movimento da mão seja feito pelos Espíritos. Há isolamento parcial do cérebro do médium.
  • Médiuns inspirados ou involuntários - recebe, pelo pensamento, comunicações estranhas às suas idéias preconcebidas. A intervenção de uma força oculta é aí muito menos sensível, por isso que, ao inspirado, ainda é mais difícil distinguir o pensamento próprio do que lhe é sugerido. É comum a todos os encarnados em menor ou maior grau.
  • Médiuns de pressentimentos - têm uma intuição vaga das coisas futuras. Constituem uma variedade dos médiuns inspirados.


Carmem Bezerra

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 14)

Parte II - Capítulo XIV - Dos médiuns

Neste Capítulo, Kardec classifica vários tipos de médiuns. Podemos dizer que todos nós somos médiuns já que todos nós sofremos a influência dos Espíritos.

"Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva."


Abaixo a classificação apresentada pelo codificador.
  • Médiuns de efeitos físicos - são particularmente aptos a produzir fenômenos materiais. Podem dividir-se em médiuns facultativos e médiuns involuntários. Os primeiros têm consciência do poder que tem. Os segundos são aqueles cuja influência se exerce a sua revelia.
  • Médiuns sensitivos ou impressionáveis - pessoas suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos por uma impressão vaga, por uma espécie de leve roçadura sobre todos os seus membros, sensação que elas não podem explicar.
  • Médiuns audientes - ouvem a voz dos Espíritos. Pode ser uma uma voz interior ou uma voz exterior, clara e distinta, qual a de uma pessoa viva.
  • Médiuns falantes - o Espírito atua sobre os órgãos da palavra, como atua sobre a mão dos médiuns escreventes. A palavra é um instrumento de que se serve o Espírito.
  • Médiuns videntes - são dotados da faculdade de ver os Espíritos. Alguns gozam dessa faculdade em estado normal, quando perfeitamente acordados, e conservam lembrança precisa do que viram. Outros só a possuem em estado sonambúlico, ou próximo do sonambulismo.
  • Médiuns sonambúlicos - o sonâmbulo age sob a influência do seu próprio Espírito; é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos. O sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento, enquanto que o médium exprime o de outrem. Mas, o Espírito que se comunica com um médium comum também o pode fazer com um sonâmbulo; dá-se mesmo que, muitas vezes, o estado de emancipação da alma facilita essa comunicação.
  • Médiuns curadores - consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Isso mais não é do que magnetismo.
  • Médiuns pneumatógrafos - têm aptidão para obter a escrita direta.

Carmem Bezerra

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 13)

Parte II - Capítulo XIII - Da psicografia

Neste Capítulo, é apresentada uma introdução à psicografia (do grego, escrita da mente ou da alma), isto é, capacidade que possuem alguns médiuns de receberem mensagens dos Espíritos através da escrita.

Kardec classifica a psicografia em dois tipos.

"Chamamos psicografia indireta à escrita assim obtida, em contraposição à psicografia direta ou manual, obtida pelo próprio médium."

Na psicografia indireta temos o uso de algum instrumento pelo médium (ou médiuns) como cesta de bico ou prancheta.


Na psicografia direta, o Espírito comunicante atua sobre o médium que move maquinalmente o braço.


Para finalizar, Kardec esclarece:

"Se a comunicação vem por meio da escrita, qualquer que seja o aparelho que sustente o lápis, o que há, para nós, é psicografia; tiptologia, se por meio de pancadas."


Carmem Bezerra

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 12)

Parte II - Capítulo XII - Da pneumatografia ou escrita direta. Da pneumatofonia.

Neste Capítulo, Kardec comenta duas formas de comunicação onde a intervenção dos Espíritos é mais direta, mas onde pode haver mais margem a embustes e a enganos.

A primeira forma é a pneumatografia (do grego pneuma - sopro ou espírito + graphein - escrever) que é escrita produzida diretamente pelo Espírito, sem intermediário algum. Neste caso, uma folha em branco é usada pelos Espíritos para escrever alguma mensagem.

"A escrita direta se obtém, como, em geral, a maior parte das manifestações espíritas não espontâneas, por meio da concentração, da prece e da evocação."

O próprio Espírito comunicante fabrica a matéria a ser usada na folha de papel através da transformação do fluido cósmico universal. Não há necessidade de deixar qualquer instrumento de escrita (como, por exemplo, um lápis) para que a comunicação se realize. 

A segunda forma é a pneumatofonia (do grego pneuma - sopro ou espírito + phoné, som ou voz) que consiste em ouvir a voz direta de um Espírito.

"Os sons espíritas, os pneumatofônicos se produzem de duas maneiras distintas: às vezes, é uma voz interior que repercute no nosso foro íntimo, nada tendo, porém, de material as palavras, conquanto sejam claramente perceptíveis; outras vezes, são exteriores e nitidamente articuladas, como se proviessem de uma pessoa que nos estivesse ao lado."


Carmem Bezerra

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 11)

Parte II - Capítulo XI - Da sematologia e da tiptologia

Neste Capítulo, Kardec nos fala das comunicações obtidas através de pancadas.

"As primeiras comunicações inteligentes foram obtidas por meio de pancadas, ou da tiptologia. Muito limitados eram os recursos que oferecia esse meio primitivo, que se ressentia de estar na infância a arte, tudo se reduzindo, nas comunicações, a respostas monossilábicas, por — sim, ou — não, mediante convencionado número de pancadas. Mais tarde, foi aperfeiçoado, como já dissemos."

A tiptologia é a manifestação através de sinais, enquanto a sematologia é a manifestação que usa uma pancada para sim e duas para não. O codificador classifica alguns tipos de fenômenos.
  • tiptologia por meio de básculo - consiste no movimento da mesa, que se levanta de um só lado e cai batendo com um dos pés. Basta para isso que o médium lhe ponha a mão na borda.

  • tiptologia alfabética - consiste em serem as letras do alfabeto indicadas por pancadas. Podem obter-se então palavras, frases e até discursos inteiros. De acordo com o método adotado, a mesa dará tantas pancadas quantas forem necessárias para indicar cada letra, isto é, uma pancada para o a, duas pancadas para o b, e assim por diante.
  • tiptologia interior -  por meio de pancadas produzidas na própria madeira da mesa, sem nenhuma espécie de movimento.
  • Mesa-Girardin -  consiste o instrumento num tampo móvel de mesa, com o diâmetro de trinta a quarenta centímetros, girando livre e facilmente em torno de um eixo, como uma roleta. Sobre sua superfície e acompanhando-lhe a circunferência, se acham traçados, como sobre um quadrante, as letras do alfabeto, os algarismos e as palavras sim e não.


Por último, Kardec nos chama atenção que podem ser obtidas comunicações elevadas por esses meios primitivos. Mas, como sempre, é preciso ser crítico quanto ao seu conteúdo e à forma de obtê-las.

"A tiptologia constitui um meio de comunicação como qualquer outro, e que não é, mais do que o da escrita, ou da palavra, indigno dos Espíritos elevados. Todos os Espíritos, bons e maus, podem servir-se dele, como dos diversos outros existentes. O que caracteriza os Espíritos superiores é a elevação das idéias e não o instrumento de que se utilizem para exprimi-las."


Carmem Bezerra

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 10)

Parte II - Capítulo X - Da natureza das comunicações

Kardec classifica as comunicações recebidas dos Espíritos em quatro tipos:
  1. Grosseiras - são as concebidas em termos que chocam o decoro. Só podem provir de Espíritos de baixa estofa, ainda cobertos de todas as impurezas da matéria, e em nada diferem das que provenham de homens viciosos e grosseiros.
  2. Frívolas - emanam de Espíritos levianos, zombeteiros, ou brincalhões, antes maliciosos do que maus, e que nenhuma importância ligam ao que dizem. Como nada de indecoroso encerram, essas comunicações agradam a certas pessoas, que com elas se divertem, porque encontram prazer nas confabulações fúteis, em que muito se fala para nada dizer.
  3. Sérias - são ponderosas quanto ao assunto e elevadas quanto à forma. Toda comunicação que, isenta de frivolidade e de grosseria, objetiva um fim útil, ainda que de caráter particular, é, por esse simples fato, uma comunicação séria. Nem todos os Espíritos sérios são igualmente esclarecidos; há muita coisa que eles ignoram e sobre que podem enganar-se de boa-fé.
  4. Instrutivas - são as comunicações sérias cujo principal objeto consiste num ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. São mais ou menos profundas, conforme o grau de elevação e de desmaterialização do Espírito.

Nem toda comunicação dos Espíritos deve ser levada a sério. Como bem disse Kardec, é preciso ver como a comunicação foi obtida, por quem foi obtida e qual o seu conteúdo. É preciso lembrar que existem diversos níveis de elevação entre os Espíritos, e muitos deles se comprazem em se divertir com a nossa credulidade e o nosso orgulho.

Carmem Bezerra

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 9)

Parte II - Capítulo IX - Dos lugares assombrados

Neste Capítulo, Kardec nos fala dos lugares considerados assombrados pelos Espíritos.

"Os Espíritos que já se não acham apegados à Terra vão para onde se lhes oferece ensejo de praticar o amor. São atraídos mais pelas pessoas do que pelos objetos materiais. Contudo, pode dar-se que dentre eles alguns tenham, durante certo tempo, preferência por determinados lugares. Esses, porém, são sempre Espíritos inferiores."

É importante, portanto, entender, que nem sempre esses Espíritos são maus. A prece é a melhor forma de lidar com este tipo de situação, pois atrai os Espíritos superiores que podem atender os Espíritos sofredores.

"A prece, bem o sabes, é uma evocação que atrai os Espíritos. Tanto maior ação terá, quanto mais fervorosa e sincera for."

É importante entender que a manifestação desses Espíritos nada tem de extraordinário. Ela faz parte da comunicação dos Espíritos conosco. E devemos tratar o fenômeno com respeito e sem alardes já que está todo explicado na Codificação.

"Também, os que se não apresentam com intenções malévolas podem manifestar sua presença por meio de arruídos e até tornando-se visíveis, mas nunca praticam desordens, nem incômodos. São, frequentemente, Espíritos sofredores, cujos sofrimentos podeis aliviar orando por eles. Outras vezes, são mesmo Espíritos benfazejos, que vos querem provar estarem junto de vós, ou, então, Espíritos levianos que brincam. Como quase sempre os que perturbam o repouso são Espíritos que se divertem, o que de melhor têm a fazer, os que se vêem perseguidos, é rir do que lhes sucede. Os perturbadores se cansam, verificando que não conseguem meter medo, nem impacientar."


Carmem Bezerra

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 8)

Parte II - Capítulo VIII - Do laboratório do mundo invisível

Neste Capítulo, Kardec nos fala como os Espíritos conseguem formar objetos vistos de forma temporária pelos encarnados. Como exemplos temos as roupas dos espíritos, a caixa de rapé mostrada por um Espírito em sua mão ou a escrita direta (pneumatografia) onde mensagens são deixadas em um papel para responder a perguntas feitas.

Os objetos criados temporariamente pelos Espíritos podem apresentar características como textura, cor, sabor, etc.

"A teoria acima se pode resumir desta maneira: o Espírito atua sobre a matéria; da matéria cósmica universal tira os elementos de que necessite para formar, a seu bel-prazer, objetos que tenham a aparência dos diversos corpos existentes na Terra. Pode igualmente, pela ação da sua vontade, operar na matéria elementar uma transformação íntima, que lhe confira determinadas propriedades. Esta faculdade é inerente à natureza do Espírito, que muitas vezes a exerce de modo instintivo, quando necessário, sem disso se aperceber. Os objetos que o Espírito forma, têm existência temporária, subordinada à sua vontade, ou a uma necessidade que ele experimenta. Pode fazê-los e desfazê-los livremente. Em certos casos, esses objetos, aos olhos de pessoas vivas, podem apresentar todas as aparências da realidade, isto é, tornarem-se momentaneamente visíveis e até mesmo tangíveis. Há formação; porém, não criação, atento que do nada o Espírito nada pode tirar."

Podemos resumir o que foi dito neste Capítulo da seguinte forma: o fluido cósmico universal é a matéria única do universo; ele passa por transformações para dar origem a todos os corpos e produzir as propriedades desses corpos. Esse fluido é usado pelos Espíritos para modelar os objetos mostrados nos fenômenos espíritas.


Carmem Bezerra

domingo, 6 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 7)

Parte II - Capítulo VII - Da bicorporeidade e da transfiguração

Neste Capítulo, Kardec nos fala de dois fenômenos pelas quais o perispírito pode passar.

"Assentam ambos no princípio de que tudo o que ficou dito, das propriedades do perispírito após a morte, se aplica ao perispírito dos vivos. Sabemos que durante o sono o Espírito readquire parte da sua liberdade, isto é, isola-se do corpo e é nesse estado que, em muitas ocasiões, se tem ensejo de observá-lo."

O primeiro fenômeno é a bicorporeidade. Neste caso, isolado do corpo, o Espírito de um vivo pode, como o de um morto, mostrar-se com todas as aparências da realidade. Existem alguns casos famosos envolvendo este tipo de fenômeno.

1 - Santo Antônio de Pádua (1195 - 1231) apareceu em Lisboa para defender o próprio pai em um julgamento enquanto seu corpo estava na cidade de Pádua. No dois lugares, foi visto por dezenas de pessoas.


2- Eurípedes Barsanulfo (1880 - 1918), médium brasileiro, que costumava usar o fenômeno para ajudar alguém que estava distante.


Do fenômeno bicorporeidade, devemos entender que a alma tem a faculdade de se emancipar e de se desprender do corpo ainda durante a vida física. Enquanto o corpo dorme, a alma pode se transportar para vários lugares. Se o perispírito fica tangível, ele pode ser visto e pode interagir com as outras pessoas.

"Eis como: o Espírito encarnado, ao sentir que lhe vem o sono, pode pedir a Deus lhe seja permitido transportar-se a um lugar qualquer. Seu Espírito, ou sua alma, como quiseres, abandona então o corpo, acompanhado de uma parte do seu perispírito, e deixa a matéria imunda num estado próximo do da morte. Digo próximo do da morte, porque no corpo ficou um laço que liga o perispírito e a alma à matéria, laço este que não pode ser definido. O corpo aparece, então, no lugar desejado. Creio ser isto o que queres saber."

O segundo fenômeno é a transfiguração. Neste caso, a modificação do perispírito se reflete no corpo físico.

"Perdendo ele a sua transparência, o corpo pode desaparecer, tornar-se invisível, ficar velado, como se mergulhado numa bruma. Poderá então o perispírito mudar de aspecto, fazer-se brilhante, se tal for a vontade do Espírito e se este dispuser de poder para tanto. Um outro Espírito, combinando seus fluidos com os do primeiro, poderá, a essa combinação de fluidos, imprimir a aparência que lhe é própria, de tal sorte, que o corpo real desapareça sob o envoltório fluídico exterior, cuja aparência pode variar à vontade do Espírito. Esta parece ser a verdadeira causa do estranho fenômeno e raro, cumpra se diga, da transfiguração."

Por último, Kardec nos fala dos agêneres, espíritos temporariamente materializados.

"Diremos tão-somente que é uma variedade da aparição tangível. É o estado de certos Espíritos que podem revestir momentaneamente as formas de uma pessoa viva, ao ponto de causar completa ilusão."

Portanto, um agênere não é uma pessoa encarnada em desdobramento ou com modificação do perispírito. É um Espírito que se torna visível por um determinado tempo.


Carmem Bezerra

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 6)

Parte II - Capítulo VI - Das manifestações visuais

Neste Capítulo, Kardec nos fala de meios pelos quais os Espíritos se tornam visíveis.

1 - Pelo sono - possível a todos nós.

"As manifestações aparentes mais comuns se dão durante o sono, por meio dos sonhos: são as visões."

2 - Médiuns videntes - são mais raros, pois vêem os Espíritos durante o dia no meio dos encarnados e muitas vezes interagem com eles.

"As aparições propriamente ditas se dão quando o vidente se acha em estado de vigília e no gozo da plena e inteira liberdade das suas faculdades."

3 - Pela condensação do perispírito permitindo que qualquer pessoa os veja (o termo "condensação" é considerado inapropriado pelos Espíritos, mas o mestre lionês o usou por falta de um termo melhor).

"O Espírito, que quer ou pode fazer-se visível, reveste às vezes uma forma ainda mais precisa, com todas as aparências de um corpo sólido, ao ponto de causar completa ilusão e dar a crer, aos que observam a aparição, que têm diante de si um ser corpóreo."


Kardec chama a atenção para não confundir ilusão de ótica com Espíritos. É preciso ter serenidade ao julgar os fenômenos vistos. Como também é preciso serenidade para não considerar alucinação como explicação a todos os fenômenos de manifestações visuais.

"Os que não admitem o mundo incorpóreo e invisível julgam tudo explicar com a palavra alucinação. Toda gente conhece a definição desta palavra. Ela exprime o erro, a ilusão de uma pessoa que julga ter percepções que realmente não tem."

Portanto, diante da manifestação visual é preciso bom senso e tranquilidade antes de julgar. Principalmente se o fenômeno é presenciado por não médiuns. O fato de acreditarmos em Espíritos não significa acreditar em tudo que se fala. Bom senso e espírito crítico nunca fizeram mal a ninguém.

"Assim sendo, desde que todas as teorias da alucinação se mostram incapazes de explicar os fatos, é que alguma outra coisa há, que não a alucinação propriamente dita. Seria falsa a nossa teoria, se a aplicássemos a todos os casos de visão, pois que alguns a contraditariam. É legítima, se restringida a alguns efeitos."
Carmem Bezerra

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 5)

Parte II - Capítulo V - Das manifestações físicas espontâneas

No começo do Capítulo, Kardec relembra o que já discutiu sobre os fenômenos físicos e fala da necessidade de um médium doador de fluido e de um Espírito mais materializado.

"Estes fenômenos, conquanto operados por Espíritos inferiores, são com freqüência provocados por Espíritos de ordem mais elevada, com o fim de demonstrarem a existência de seres incorpóreos e de uma potência superior ao homem. A repercussão que eles têm, o próprio temor que causam, chamam a atenção e acabarão por fazer que se rendam os mais incrédulos."

Em seguida, o codificador chama atenção para o fenômeno de transporte de objetos e cita o Espírito Erasto para diferenciar esta categoria.

"Evidente é, pois, e o vosso raciocínio, estou certo, o sancionará, que os fatos de tangibilidade, como pancadas, suspensão e movimentos, são fenômenos simples, que se operam mediante a concentração e a dilatação de certos fluidos e que podem ser provocados e obtidos pela vontade e pelo trabalho dos médiuns aptos a isso, quando secundados por Espíritos amigos e benevolentes, ao passo que os fatos de transporte são múltiplos, complexos, exigem um concurso de circunstâncias especiais, não se podem operar senão por um único Espírito e um único médium e necessitam, além do que a tangibilidade reclama, uma combinação muito especial, para isolar e tornar invisíveis o objeto, ou os objetos destinados ao transporte."

Existem duas teorias de como os objetos são transportados de um lugar a outro.

1 - Segundo o Espírito Erasto, o objeto é envolvido no fluido do Espírito e do médium, a matéria se dilata e pode ser movida.

"Ele (o Espírito) não envolve o objeto com a sua própria personalidade; mas, como o seu fluido pessoal é dilatável, combina uma parte desse fluido com o fluido animalizado do médium e é nesta combinação que oculta e transporta o objeto que escolheu para transportar."

2 - Segundo André Luiz, no capítulo 28 do  livro "Nos Domínios da Mediunidade", a matéria pode ser desmaterializada por técnicos competentes.

"Você não pode esquecer que as flores transpuseram o tapume de alvenaria, penetrando aqui com semelhante auxilio. De idêntica maneira, caso encontrássemos utilidade num lance dessa natureza, o instrumento que nos serve de base ao trabalho poderia ser removido para o exterior com a mesma facilidade. As cidadelas atômicas, em qualquer construção da forma física, não são fortalezas maciças, qual acontece em nossa própria esfera de ação. O espaço persiste em todas as formações e, através dele, os elementos se interpenetram. Chegará o dia em que a ciência dos homens poderá reintegrar as unidades e as constituições atômicas, com a segurança dentro da qual vai aprendendo a desintegrá-las."

Na realidade, podemos juntar as duas teorias em uma só: ao juntar os fluidos do Espírito e do médium à matéria, esta se dilata, se tornando invisível aos olhos das pessoas encarnadas. Portanto, este fenômeno produz invisibilidade da matéria, mas não a sua desagregação.

O Espírito Erasto também chama a atenção que o peso da matéria influencia no transporte dos objetos.

"A massa dos fluidos combinados é proporcional à dos objetos. Numa palavra, a força deve estar em proporção com a resistência; donde se segue que, se o Espírito apenas traz uma flor ou um objeto leve, é muitas vezes porque não encontra no médium, ou em si mesmo, os elementos necessários para um esforço mais considerável."


Carmem Bezerra