domingo, 30 de agosto de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 4)

Parte II - Capítulo IV - Da teoria das manifestações físicas

Neste Capítulo, Kardec discute com mais detalhes como os fenômenos físicos se processam. O codificador pensava que os Espíritos movimentavam os objetos usando as mãos. Isto foi descartado em resposta do Espírito São Luís.

Combinando uma parte do fluido universal com o fluido, próprio àquele efeito, que o médium emite.


Portanto, é a combinação do fluido universal, do fluido do médium e do pensamento do Espírito que os objetos se movem.

Já eu disse que o fluido próprio do médium se combina com o fluido universal que o Espírito acumula. É necessária a união desses dois fluidos, isto é, do fluido animalizado e do fluido universal para dar vida à mesa. Mas, nota bem que essa vida é apenas momentânea, que se extingue com a ação e, às vezes, antes que esta termine, logo que a quantidade de fluido deixa de ser bastante para a animar.

É importante observar que os Espíritos superiores se utilizam de Espíritos mais materializados nestes fenômenos. Como a matéria é grosseira, os Espíritos menos evoluídos estão mais próximos da matéria e possuem fluídos mais compatíveis.

"Também dissemos que os Espíritos elevados não se ocupam com esta ordem de manifestações; que se servem dos Espíritos inferiores para produzi-las, como nos utilizamos dos nossos serviçais para os trabalhos pesados, e isso com o fim que vamos indicar."

Carmem Bezerra

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 3)

Parte II - Capítulo III - Das manifestações inteligentes

Neste Capítulo, Kardec chama a atenção para a existência de uma inteligência por trás dos fenômenos espíritas como as mesas girantes, já que estes eventos são capazes de interagir com o público e responder a perguntas.

"Ora, como todo efeito inteligente há de por força derivar de uma causa inteligente, ficou evidenciado que, mesmo admitindo-se, em tais casos, a intervenção da eletricidade, ou de qualquer outro fluido, outra causa a essa se achava associada. Qual era ela? Qual a inteligência? Foi o que o seguimento das observações mostrou."

Durante o estudo, Kardec observou que a comunicação com os espíritos podia ser feita através do alfabeto. Inicialmente colocou-se um lápis ao pé de uma mesa leve; depois usou-se uma mesinha do tamanho de uma mão até chegar o uso de uma simples plancheta; e por último, verificou-se que bastava o médium segurar com sua própria mão o lápis.


"Estes fatos, repetidos à vontade por milhares de pessoas e em todos os países, não podiam deixar dúvida sobre a natureza inteligente das manifestações."


Carmem Bezerra

domingo, 23 de agosto de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 2)

Parte II - Capítulo II - Das manifestações físicas. Das mesas girantes.

Kardec introduz neste pequeno Capítulo a explicação para o evento das mesas girantes.


"Para que o fenômeno se produza, faz-se mister a intervenção de uma ou muitas pessoas dotadas de especial aptidão, que se designam pelo nome de médiuns. O número dos cooperadores em nada influi, a não ser que entre eles se encontrem alguns médiuns ignorados. Quanto aos que não têm mediunidade, a presença desses nenhum resultado produz, pode mesmo ser mais prejudicial do que útil pela disposição de espírito em que se achem."

Portanto, os fenômenos presenciados em muitos salões de Paris no século XIX só foram possíveis devido a presença de pessoas que serviam (mesmo sem saber) como médiuns. Essas pessoas são doadores do ectoplasma usado pelos Espíritos para mover objetos e atuar em outros fenômenos físicos como pancadas.

Em http://www.ceismael.com.br/tema/ectoplasma.htm, podemos encontrar a seguinte definição de ectoplasma:

"O ectoplasma é substância amorfa, vaporosa, com tendência à solidificação e tomando forma por influência de um campo organizador específico a mente dos encarnados e desencarnados. Facilmente fotografado, de cor branca-acinzentada, vai desde a névoa transparente à forma tangível."


Carmem Bezerra

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (II - 1)

Parte II - Capítulo I - Da ação dos Espíritos sobre a matéria

Neste Capítulo, Kardec discute como seres etéreos, os Espíritos, conseguem mover objetos pesados no mundo físico. Primeiro, o codificador introduz os componentes dos Espíritos encarnados.

"... há no homem três componentes: 1º, a alma, ou Espírito, princípio inteligente, onde tem sua sede o senso moral; 2º, o corpo, invólucro grosseiro, material, de que ele se revestiu temporariamente, em cumprimento de certos desígnios providenciais; 3º, o perispírito, envoltório fluídico, semimaterial, que serve de ligação entre a alma e o corpo."

O perispírito é a matéria que acompanha o Espírito na vida espiritual. Quanto mais elevado o Espírito, mais sutil é o seu corpo espiritual. É através desta matéria que os Espíritos conseguem atuar no mundo físico.

"O Espírito precisa, pois, de matéria, para atuar sobre a matéria. Tem por instrumento direto de sua ação o perispírito, como o homem tem o corpo. Ora, o perispírito é matéria, conforme acabamos de ver. Depois, serve-lhe também de agente intermediário o fluido universal, espécie de veículo sobre que ele atua, como nós atuamos sobre o ar, para obter determinados efeitos, por meio da dilatação, da compressão, da propulsão, ou das vibrações."

No último parágrafo, Kardec se antecipa à pergunta de como pode uma matéria sutil agir sobre uma matéria grosseira.

"Quando vemos o ar abater edifícios, o vapor deslocar enormes massas, a pólvora gaseificada levantar rochedos, a eletricidade lascar árvores e fender paredes, que dificuldades acharemos em admitir que o Espírito, com o auxílio do seu perispírito, possa levantar uma mesa, sobretudo sabendo que esse perispírito pode tornar-se visível, tangível e comportar-se como um corpo sólido?"


Carmem Bezerra

domingo, 16 de agosto de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (I - 4)

Parte I - Capítulo IV - Dos sistemas

Neste Capítulo Kardec fala de alguns sistemas que foram proposto para atacar o Espiritismo. Cada um deles é explicado e discutido pelo codificador. Ele não deixa de mostrar a falta de lógica de tais sistemas.

  1. Sistema do charlatanismo - de tudo se abusa, até das coisas mais santas. Por que não abusariam do Espiritismo? Porém, o mau uso que de uma coisa se faça não autoriza que ela seja prejulgada desfavoravelmente.
  2. Sistema da loucura - se entre estes algumas excentricidades se manifestam, elas nada provam contra a Doutrina, do mesmo modo que os loucos religiosos nada provam contra a religião, nem os loucos melômanos contra a música, ou os loucos matemáticos contra a matemática.
  3. Sistema da alucinação - assim, o observador estaria de muito boa-fé; apenas, julgaria ver o que não vê. Quando diz que viu uma mesa levantar-se e manter-se no ar, sem ponto de apoio, a verdade é que a mesa não se mexeu.
  4. Sistema do músculo estalante - a causa das pancadas residiria nas contrações voluntárias, ou involuntárias, do tendão do músculo curto-perônio.
  5. Sistema das causas físicas - atribui os movimentos ao magnetismo, à eletricidade, ou à ação de um fluido qualquer; numa palavra, a uma causa inteiramente física e material.
  6. Sistema do reflexo - a ação inteligente podia ser do médium ou dos assistentes.
  7. Sistema da alma coletiva - apenas a alma do médium se manifestaria, porém, identificada com a de muitos outros vivos, presentes ou ausentes, e formando um todo coletivo, em que se acham reunidas as aptidões, a inteligência e os conhecimentos de cada um.
  8. Sistema sonambúlico - atribui a uma sobre-excitação momentânea das faculdades mentais do médium, a uma espécie de estado sonambúlico, ou extático, que lhe exalta e desenvolve a inteligência.
  9. Sistema pessimista, diabólico ou demoníaco - só o diabo, ou os demônios, poderiam se comunicar. É adotado pela Igreja Católica e muitas igrejas evangélicas.
  10. Sistema otimista - só os bons espíritos poderiam se comunicar.
  11. Sistema unispírita - só Jesus poderia se comunicar.
  12. Sistema da alma material - consiste apenas numa opinião particular sobre a natureza íntima da alma. Segundo esta opinião, a alma e o perispírito não seriam distintos uma do outro, ou, melhor, o perispírito seria a própria alma.


Carmem Bezerra

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (I - 3)

Parte I - Capítulo III - Do método

Neste Capítulo, Kardec fala qual a melhor forma de convencer as pessoas sobre o que a Doutrina Espírita fala.

"Quem, pois, seriamente queira conhecê-lo deve, como primeira condição, dispor-se a um estudo sério e persuadir-se de que ele não pode, como nenhuma outra ciência, ser aprendido a brincar. O Espiritismo, também já o dissemos, entende com todas as questões que interessam a Humanidade; tem imenso campo, e o que principalmente convém é encará-lo pelas suas consequências."

Para Kardec, o ponto de partida para entender o Espiritismo é a existência da alma.  Se uma pessoa acredita que a alma sobrevive ao corpo, ela poderá mais facilmente entender os conceitos discutidos no Livro dos Espíritos.


Portanto, é importante tornar uma pessoa espiritualista antes de torná-la espírita.

"Ora, para o materialista, o conhecido é a matéria: parti, pois, da matéria e tratai, antes de tudo, fazendo que ele a observe, de convencê-lo de que há nele alguma coisa que escapa às leis da matéria. Numa palavra, primeiro que o torneis ESPÍRITA, cuidai de torná-lo ESPIRITUALISTA."

Kardec classifica os materialistas em duas classes:

  1. Os que o são por sistema - há a negação absoluta. O homem, para eles, é simples máquina, que funciona enquanto está montada, que se desarranja e de que, após a morte, só resta a carcaça.
  2. Os que são por falta de coisa melhor - são deliberadamente e o que mais desejam é crer, porquanto a incerteza lhes é um tormento.

Ao lado dos materialistas, temos os incrédulos que Kardec classifica em de má vontade e os por interesse ou de má-fé. Eles são espiritualistas. Sabem que a alma sobrevive ao corpo, mas preferem não se envolver com o Espiritismo por interesses materiais ou para não ter de mudar as atitudes que adotam. 

Os que aceitam o Espiritismo e se propõem a um estudo direto, Kardec classifica essas pessoas em:
  1. Os que creem pura e simplesmente nas manifestações. Para eles, o Espiritismo é apenas uma ciência de observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos. São os espíritas experimentadores.
  2. Os que no Espiritismo veem mais do que fatos; compreendem-lhe a parte filosófica; admiram a moral daí decorrente, mas não a praticam. Insignificante ou nula é a influência que lhes exerce nos caracteres. Em nada alteram seus hábitos e não se privariam de um só gozo que fosse. São os espíritas imperfeitos.
  3. Os que não se contentam com admirar a moral espírita, que a praticam e lhe aceitam todas as consequências. Convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar os seus breves instantes para avançar pela senda do progresso, única que os pode elevar na hierarquia do mundo dos Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e coibir seus maus pendores. São os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos.
  4. Há, finalmente, os espíritas exaltados. Em Espiritismo, infunde confiança demasiado cega e frequentemente pueril, no tocante ao mundo invisível, e leva a aceitar-se, com extrema facilidade e sem verificação, aquilo cujo absurdo, ou impossibilidade a reflexão e o exame demonstrariam. O entusiasmo, porém, não reflete, deslumbra. Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do Espiritismo.

Finalizando o Capítulo, Kardec afirma que os espíritas devem colocar a preocupação com o estudo sério antes da curiosidade com os fenômenos espíritas.

"Temos notado sempre que os que creem, antes de haver visto, apenas porque leram e compreenderam, longe de se conservarem superficiais, são, ao contrário, os que mais refletem. Dando maior atenção ao fundo do que à forma, veem na parte filosófica o principal, considerando como acessório os fenômenos propriamente ditos. Declaram então que, mesmo quando estes fenômenos não existissem, ainda ficava uma filosofia que só ela resolve problemas até hoje insolúveis; que só ela apresenta a teoria mais racional do passado do homem e do seu futuro. Ora, como é natural, preferem eles uma doutrina que explica, às que não explicam, ou explicam mal."


Carmem Bezerra

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Estudando o Livro dos Médiuns (I - 2)

Parte I - Capítulo II - Do maravilhoso e do sobrenatural


Neste Capítulo, Kardec discute que não há sobrenatural, o que existem são fenômenos ainda não devidamente explicados. Ele resume o seu ponto de vista em oito postulados.

" Todos os fenômenos espíritas têm por princípio a existência da alma, sua sobrevivência ao corpo e suas manifestações.
Fundando-se numa lei da Natureza, esses fenômenos nada têm de maravilhosos, nem de sobrenaturais, no sentido vulgar dessas palavras.
Muitos fatos são tidos por sobrenaturais, porque não se lhes conhece a causa; atribuindo-lhes uma causa, o Espiritismo os repõe no domínio dos fenômenos naturais.
Entre os fatos qualificados de sobrenaturais, muitos há cuja impossibilidade o Espiritismo demonstra, incluindo-os em o número das crenças supersticiosas.
Se bem reconheça um fundo de verdade em muitas crenças populares, o Espiritismo de modo algum dá sua solidariedade a todas as histórias fantásticas que a imaginação há criado.
Julgar do Espiritismo pelos fatos que ele não admite é dar prova de ignorância e tirar todo valor à opinião emitida.
A explicação dos fatos que o Espiritismo admite, de suas causas e consequências morais, forma toda uma ciência e toda uma filosofia, que reclamam estudo sério, perseverante e aprofundado.
O Espiritismo não pode considerar crítico sério, senão aquele que tudo tenha visto, estudado e aprofundado com a paciência e a perseverança de um observador consciencioso; que do assunto saiba tanto quanto qualquer adepto instruído; que haja, por conseguinte, haurido seus conhecimentos algures, que não nos romances da ciência; aquele a quem não se possa opor fato algum que lhe seja desconhecido, nenhum argumento de que já não tenha cogitado e cuja refutação faça, não por mera negação, mas por meio de outros argumentos mais peremptórios; aquele, finalmente, que possa indicar, para os fatos averiguados, causa mais lógica do que a que lhes aponta o Espiritismo. Tal crítico ainda está por aparecer."


De forma brilhante, Kardec encerra o Capítulo dizendo que não é preciso ver fenômenos espíritas para entender e aceitar o que o Espiritismo nos fala. Basta usar a razão. Infelizmente muitos espíritas ainda hoje estão mais preocupados em ver "eventos maravilhosos" do que estudar a codificação.

"Algumas pessoas contestam os fenômenos espíritas precisamente porque tais fenômenos lhes parecem estar fora da lei comum e porque não logram achar-lhes qualquer explicação. Dai-lhes uma base racional e a dúvida desaparecerá. A explicação, neste século em que ninguém se contenta com palavras, constitui, pois, poderoso motivo de convicção. Daí o vermos, todos os dias, pessoas, que nenhum fato testemunharam, que não observaram uma mesa agitar-se, ou um médium escrever, se tornarem tão convencidas quanto nós, unicamente porque leram e compreenderam. Se houvéssemos de somente acreditar no que vemos com os nossos olhos a bem pouco se reduziriam as nossas convicções."


Carmem Bezerra