sexta-feira, 31 de maio de 2013

Libertação - Capítulo 2

Neste Capítulo, André Luiz tem a oportunidade de questionar o Instrutor Gúbio sobre a existência das cidades espirituais organizadas e comandadas por espíritos perversos. Nesta conversa são levantadas alguns pontos doutrinários que só agora começam a ficar mais claros para mim.
  • A morte não reforma as ideias e nem as atitudes em um passe de mágica. Ao invés de reconhecer os erros cometidos, muitos se consideram injustiçados ou abandonados por Deus.
"Por que razão, nós mesmos, antes de acordar a consciência para a revelação divina, nos precipitávamos nas linhas inferiores, todos os dias, contrariando espetacularmente a Lei? A frente dos olhos, contávamos com bendito dilúvio de claridade solar, jorrando incessante do Espaço Infinito... sabíamos que a existência do corpo correria rápida, que seríamos defrontados pela morte comum a todos, que regressaríamos do mundo carnal pela mesma porta misteriosa, através da qual penetráramos nele; no entanto, quantas vezes teremos menoscabado a Sabedoria Excelsa, com atitudes de criminosa indiferença?"
  • O nosso corpo é um universo onde abrigamos princípios inteligentes no início do processo evolutivo. Somos responsáveis por estes irmãozinhos que influenciamos com os nossos pensamentos e atitudes. Por isso, o suicídio é um ato tão condenável diante das Leis Divinas.
"Existem princípios, forças e leis no universo minúsculo, tanto quanto no universo macrocósmico. Dirija um homem a sua vontade para a ideia de doença e a moléstia lhe responderá ao apelo, com todas as características dos moldes estruturados pelo pensamento enfermiço, porque a sugestão mental positiva determina a sintonia e receptividade da região orgânica, em conexão com o impulso havido, e as entidades microbianas, que vivem e se reproduzem no campo mental das milhões de pessoas que as entretêm, acorrerão em massa, absorvidas pelas células que as atraem, em obediência às ordens interiores, reiteradamente recebidas, formando no corpo a enfermidade idealizada."
  • Toda matéria tem origem no fluido cósmico universal. Portanto, o que diferencia uma matéria da outra é quem a organizou e o objetivo da sua criação.
"Os átomos que integram a hóstia dum templo, são, no fundo, iguais àqueles que formam o pão pobre de uma penitenciária. Assim, toda matéria em si mesma. Passiva e plástica, é análoga nas mãos das entidades sábias ou ignorantes, amorosas ou brutalizadas, no estado de condensação conhecido na Crosta Planetária, e além dele. Em razão disso, são compreensíveis as transitórias construções levantadas em nosso plano por criaturas desviadas do bem. Para quem anestesiou as faculdades no prazer fugitivo, a separação da carne geralmente constitui acesso a doloroso estágio na incompreensão."
  • Deus permite a organização das entidades perversas em cidades porque estes irmãos ainda não possuem condição de morar em cidades espirituais mais elevadas. O convívio entre iguais pode ajuda-los a reconhecer os erros e fazê-los sentir a necessidade de mudança.
"Não será o mesmo que perguntar o motivo pelo qual o Senhor nos esperou até ontem? acreditaremos em paraísos miraculosos? não sabemos, porventura, que cada homem se sentará no trono que levantou ou se projetará ao fundo do abismo que preferiu? Além disto, é necessário reconhecer que se o lapidário aprimora a pedra, usando lima resistente, o Senhor do Universo aperfeiçoa o caráter dos filhos transviados de Sua Casa, usando corações endurecidos, temporariamente afastados de Sua Obra. Nem sempre o melhor juiz pode ser o homem mais doce."

 
Carmem Bezerra

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Libertação - Prefácio e Capítulo 1

Comecei a reler o sétimo livro de André Luiz com psicografia de Chico Xavier. No prefácio, Emmanuel relembra a antiga lenda egípcia do peixinho vermelho. Nesta estória, o peixinho sai da poça d´água em que vivia e após uma árdua viagem consegue alcançar o oceano. Ele então retorna à comunidade de origem e conta sobre as belezas que encontrou, mas ninguém acredita nele. Para Emmanuel, André faz o trabalho do peixinho vermelho entre nós, pois conta o que encontrou após a morte do corpo físico e muitos não acreditam nele (inclusive espíritas).


No Capítulo 1, André assiste a palestra do Ministro Flácus sobre as zonas habitadas pelos irmãos infelizes.
"A rigor, portanto, não temos círculos infernais, de acordo com os figurinos da antiga teologia, onde se mostram indefinidamente gênios satânicos de todas as épocas e, sim, esferas obscuras em que se agregam consciências embotadas na ignorância, cristalizadas no ócio reprovável ou confundidas no eclipse temporário da razão. Desesperadas e insubmissas, criam zonas de tormentos reparadores. Semelhantes criaturas, no entanto, não se regeneram à força de palavras."
O ministro lembra que Deus nos ama de forma igual, independentemente do nível evolutivo em que estejamos.
"Cada espécie de seres, do cristal até o homem, e do homem até o anjo, abrange inumeráveis famílias de criaturas, operando em determinada frequência do Universo. E o amor divino alcança-nos a todos, à maneira do Sol que abraça os sábios e os vermes."
Infelizmente, muitos ainda se comportam como os companheiros do peixinho vermelho: não aceitam se sacrificar por uma vida melhor e, por isso, ficam estacionados por séculos.


Carmem Bezerra

domingo, 26 de maio de 2013

Testemunhos de Chico Xavier

Antes de ler o sétimo livro de André Luiz pela psicografia de Chico Xavier, eu decidi ler o livro "Testemunhos de Chico Xavier" de Suely Caldas Schubert.


Neste belíssimo trabalho de pesquisa, temos a transcrição de várias cartas enviadas por Chico Xavier, entre 1943 e 1964, à Wantuil de Freitas, presidente da FEB. Wantuil foi presidente da FEB por 27 anos (1943-1970) e a sua gestão foi marcada por vários momentos importantes para o Espiritismo no Brasil:
  • assinatura do Pacto Áureo com o objetivo de unificar todas as instituições espíritas no nosso país;
  • revogação das portarias que durante o Governo Vargas impediam o livre funcionamento dos centros espíritas;
  • processo judicial da família de Humberto de Campos;
  • criação do Departamento Editorial da FEB.
Este livro foi publicado quando ainda Chico Xavier estava encarnado, assim Suely Caldas teve a oportunidade de dirimir qualquer dúvida sobre o conteúdo das cartas com o próprio Chico. Nota-se, entretanto, a preocupação da autora e da FEB em não polemizar qualquer assunto. Situações delicadas são comentadas sem informar os nomes das pessoas envolvidas. O intuito é mostrar o trabalho destes dois espíritas na divulgação da Doutrina dos Espíritos sem criar novas polêmicas.


A partir da leitura é possível verificar:
  • O nível de compreensão existente entre os dois trabalhadores do bem. Um parece completar o pensamento do outro. É como diz a autora: eles tinham a missão de divulgar o livro espírita e estavam conscientes disso.
  • As principais dificuldades enfrentadas pelos dois foram dentro do movimento espírita e não com os adeptos de outras religiões. Nos momentos de maiores tribulações, um consolava o outro.
  • Wantuil fazia uma rigorosa análise dos trabalhos que recebia de Chico e dos outros médiuns. Quando tinha dúvida, escrevia ao médium e pedia para questionar o autor espiritual. Algumas vezes, chegava a conclusão que não devia publicar, pois o trabalho ainda não estava amadurecido o suficiente. Isto aconteceu, por exemplo, com um manuscrito de Hilário Silva, psicografado por Chico Xavier. O autor espiritual refez o trabalho que depois foi lançado pela FEB com o nome "Almas em Desfile".
  • Chico incentivava o trabalho de outros médiuns e não perdia a oportunidade de elogiar a mediunidade e o trabalho de Yvonne do Amaral Pereira, Zilda Gama e Waldo Vieira. Não há nele qualquer resquício de ciúme ou inveja nos comentários. É pura admiração e esperança que o trabalho renda frutos para a Doutrina.
  • É possível entender algumas passagens que aparecem nos livros de André Luiz, já que os dois comentam e identificam algumas situações.
O que mais me impressionou no texto foram a paciência e a tolerância do Chico. Se os espíritas conseguissem seguir o exemplo, não teríamos tantos problemas nas Casas Espíritas.

Carmem Bezerra

domingo, 19 de maio de 2013

Agenda Cristã

O sexto livro de André Luiz, psicografado por Chico Xavier, foi Agenda Cristã. É um pequeno livro com mensagens curtas, ideal para reflexão. Ele é um dos livros que uso quando preciso tomar alguma decisão/atitude e peço inspiração aos amigos espirituais.



Escolhi aleatoriamente 3 pequenos trechos dessas mensagens.
  • No Capítulo 24, André nos lembra que a vida dos outros sempre nos parece mais fácil, principalmente quando usamos como parâmetro a riqueza material.
"Não acuse o irmão que parece mais abastado. Talvez seja simples escravo de compromissos." - Pag. 81.
  • No Capítulo 17, André nos fala das verdadeiras virtudes.
"O santo não condena o pecador. Ampara-o sem presunção." - Pag. 63.
  • No capítulo 45, André nos lembra que o cristão é sempre chamado a servir, não importa onde esteja.
"No nevoeiro do desalento, abrirá portas ao bom ânimo." - Pag. 140.
Carmem Bezerra

quarta-feira, 15 de maio de 2013

No Mundo Maior - Capítulo 20

Neste Capítulo final, André Luiz e Calderaro visitam a instituição fundada por Cipriana nas zonas inferiores.  Após a semana de estudos e do encontro com o avô, André começa a questionar a sua excessiva preocupação com a pesquisa científica.
"Reconhecia, agora, que, para conseguir a sabedoria com proveito, era indispensável adquirir amor. 
Naqueles instantes, calavam em meu ser as perguntas inquietas, sofreadas pelo coração dolorido. 
Poderia, em verdade, ter avançado muito no domínio dos conhecimentos novos, conquistado simpatias prestigiosas, renovado as concepções da vida e do Universo, melhorando-as; no entanto, de que me valeriam semelhantes troféus, se me não fosse possível socorrer um benfeitor em dificuldade?"
Observando os irmãos que faziam parte da instituição visitada, André nota que, com exceção de Cipriana e dos seus assessores, eles eram pessoas de condição inferior, quase materializados.
"- Irmã Cipriana idealizou este amorável reduto de restauração espiritual, e concretizou-o, usando os próprios irmãos sofredores e perturbados que vagueiam nas regiões circunvizinhas."
Cipriana faz uma belíssima prece a Jesus que copio aqui apenas um trecho.
Mestre da Sabedoria
Afugenta para longe de nós
A sensação de cansaço
À frente dos serviços
Que devemos prestar
Aos nossos irmãos ignorantes;
Esta estrofe me tocou fundo no coração. Quantas vezes alegando cansaço não deixei de lado algumas atitudes que poderiam ajudar um irmão? O conhecimento, como André descobriu, não é tudo. É preciso lembrar que somos todos irmãos, filhos de um único Pai.

Talvez este seja o passo mais difícil a ser dado: sair do campo das discussões/perguntas e ir para o campo da ação/amor. Não há dúvidas, tenho um caminho bem longo ainda para percorrer.


Carmem Bezerra

terça-feira, 14 de maio de 2013

No Mundo Maior - Capítulo 19

Ao retornar dos trabalhos nos Abismos, Cipriana é informada por André Luiz sobre o resgate do seu avô. Cipriana avalia a situação e fala da necessidade do paciente de reencarnar para melhorar com mais rapidez e eficiência. André então pergunta se ela pode ajudar a conseguir essa reencarnação.
"- Como não? Em se tratando de reencarnação por meras atividades reparadoras, sem projeção nos interesses coletivos, de modo mais amplo, nosso concurso pessoal pode ser mais decisivo e imediato. Temos nestes sítios grande número de benfeitores, providenciando reencarnações em grande escala nos círculos regenerativos."
É interessante esta explicação da Mentora. Ela informa que existem dois tipos de encarnação: uma cujas consequências ficam restritas ao grupo familiar e outra que pode trazer consequências (influenciar) vários grupos familiares (inclusive comunidades inteiras). O primeiro tipo é mais fácil de conseguir e é feita sem maiores preparativos. O segundo tipo exige um estudo mais cuidadoso e requer que um plano seja montado com a autorização das Esferas mais altas.

A reencarnação do avô de André foi então planejada de forma que ele pudesse se redimir dos erros que mais o atormentavam após a morte do corpo físico. Para isto, Cipriana conseguiu permissão para que ele nascesse como filho da mulher que ele havia prejudicado anteriormente. Esta encarnação faria com que laços afetivos fossem criados entre os dois e o amor apagaria assim qualquer vestígio de sentimento não fraternal do passado.



Carmem Bezerra

segunda-feira, 13 de maio de 2013

No Mundo Maior - Capítulo 18

Enquanto André Luiz e Calderaro esperam o retorno do grupo de trabalhadores que entraram nas cavernas, eles observam um grupo de irmãos que seguravam lama nas mãos imaginando que seguravam ouro.
"- São usurários desencarnados há muitos anos. Desceram a tão profundo grau de apego à fortuna material transitória, que se tornaram ineptos ao equilíbrio na zona mental do trabalho digno, por incapazes de acesso ao santuário interno das aspirações superiores. Na Crosta da Terra, não enxergavam meios de se ampararem com a ambição moderada e nobre, nem reparavam nos métodos de que usaram para atingir os fins egoísticos. Menosprezavam direitos alheios e escarneciam das aflições dos outros. Armavam verdadeiras ciladas a companheiros incautos, no propósito de sugar-lhes as economias, locupletando-se à custa da ingenuidade e da cega confiança. Tantos sofrimentos difundiram com as suas irrefletidas ações, que a matéria mental das vítimas, em maléficas emissões de vingança e de maldição, lhes impôs etérea couraça ao campo das ideias; assim, atordoadas, fixam-se estas nos delitos do pretérito, transformando-os em autênticos fantasmas da avareza, atormentada pelas miragens de ouro neste deserto de padecimentos. Não podemos predizer quando despertem, dada a situação em que se encontram."
André observa que uma pessoa do grupo apresenta os primeiros sinais de consciência da situação em que se encontra. Emocionando, ele reconhece nessa pessoa o seu avô paterno que desencarnara há mais de 40 anos.
"- André, já sei de tudo. Entendo agora a significação de tua vinda a estas paragens: Irmã Cipriana tinha razão. Não temos tempo a perder. O velho revela-se receptivo. Começou a entender que provavelmente estará em erro, que talvez respire atmosfera de pesadelo cruel. Ajudemo-lo. Urge auxiliar-lhe a visão, para que nos enxergue."
André então conversa com o avô e o faz entender a sua situação no Mundo Espiritual. Não se contendo, ele também acaba por revelar a sua identidade para o irmão infeliz.
"Esqueci, por momentos, os estudos que me impusera a fazer; olvidei os quadros daquele ambiente, que provocavam curiosidade e pavor. Meu espírito respirava o reconhecimento sincero e o amor puro; e, enquanto as míseras entidades emuradas na usura gritavam, revoltadas, umas, e riam outras à sorrelfa, incapazes de compreender a cena improvisada, eu, amparado por Calderaro, que também enxugava lágrimas discretas, diante da comoção que me assaltara, sustentei meu avô nos braços, como se transportara, louco de alegria, precioso fardo que me era doce e leve ao coração."
É um texto belíssimo que reforça a ideia que todos nós pertencemos a uma grande família e que a morte não acaba com os laços afetivos criados. 



Carmem Bezerra

domingo, 12 de maio de 2013

No Mundo Maior - Capítulo 17

Neste Capítulo, André Luiz e Calderaro se juntam à comissão socorrista que irá trabalhar nos abismos purgatoriais. Entretanto, André não obtém permissão para entrar nas cavernas. A responsável pelo grupo explica para André que ele ainda não tem a preparação necessária para visitar os abismos. André então acompanha a equipe até o limiar das cavernas e fica aguardando, junto a Calderaro, a volta dos trabalhadores.

Calderaro aproveita para explicar o que André vê na região:
  • Os irmãos que vivem na região não estão abandonados pela Espiritualidade Maior. Eles são atendidos à medida em que vão se recuperando. 
"Funcionam, por aqui, inúmeros postos de socorro e variadas escolas, em que muita gente pratica a abnegação. Os padecentes e as personalidades torturadas são atendidas, de acordo com as possibilidades de aproveitamento que demonstram."
  • Alguns irmãos sofredores conseguem volitar, mas esta capacidade é bem limitada.
"Não te surpreendas. A volitação depende, fundamentalmente, da força mental armazenada pela inteligência; importa, contudo, considerar que os voos altíssimos da alma só se fazem possíveis quando à intelectualidade elevada se alia o amor sublime. Há Espíritos perversos com vigorosa capacidade volitiva, apesar de circunscritos a baixas incursões. São donos de imenso poder de raciocínio e manejam certas forças da Natureza, mas sem característicos de sublimação no sentimento, o que lhes impede grandes ascensões."
  • A situação mental dos irmãos é semelhante aos dos alienados mentais do manicômio que eles visitaram anteriormente: eles se recusam a aceitar a realidade em que vivem.
"Temos aqui, nestas assembleias de incompreensão e dor, infindas fileiras de loucos que voluntariamente se arredaram das realidades da vida. Fixaram a mente nas zonas mais baixas do ser, e, olvidando o sagrado patrimônio da razão, cometeram faltas graves, contraindo pesados débitos. Já viste, em nossa organização espiritual de vida coletiva, irmãos sofredores convenientemente amparados; alguns ainda sofrem estranhas perturbações alucinatórias, outros são guardados à maneira de múmias perispiríticas em letargia profunda, aguardando-se-lhes o despertar; outros povoam vastas enfermarias para se reerguerem espiritualmente pouco a pouco... Aqui, no entanto, se congregam verdadeiras tribos de criminosos e delinquentes, atraídos uns aos outros, consoante a natureza de faltas que os identificam. Muitos são inteligentes e, intelectualmente falando, esclarecidos, mas, sem réstia de amor que lhes exalce o coração, erram de obstáculo a obstáculo, de pesadelo a pesadelo... O choque da desencarnação para eles, ainda impermeáveis ao auxilio santificante, pela dureza que lhes assinala os sentimentos, parece galvanizá-los na posição mental em que se encontravam no momento do trânsito entre as duas esferas, e, dessa forma, não é fácil de logo arrancá-los do desequilíbrio a que imprevidentes se precipitaram. Retardam-se, às vezes, anos a fio, obstinando-se nos erros a que se habituaram, e, vigorando impulsos inferiores pela incessante permuta de energias uns com os outros, passam, em geral, a viver, não só a perturbação própria, mas também o desequilíbrio dos demais companheiros de infortúnio."
Como a Espiritualidade já nos alertou inúmeras vezes: o céu e o inferno estão dentro de nós.

 
Carmem Bezerra

sábado, 11 de maio de 2013

No Mundo Maior - capítulo 16

Neste Capítulo, André Luiz narra a visita que ele fez em companhia de Calderaro a um grande instituto consagrado ao recolhimento de alienados mentais na Crosta Terrestre. O Mentor explica a situação dos irmãos ali internados.
"Excetuados os casos puramente orgânicos, o louco é alguém que procurou forçar a libertação do aprendizado terrestre, por indisciplina ou ignorância. Temos neste domínio um gênero de suicídio habilmente dissimulado, a autoeliminação da harmonia mental, pela inconformação da alma nos quadros de luta que a existência humana apresenta. Diante da dor, do obstáculo ou da morte, milhares de pessoas capitulam, entregando-se, sem resistência, à perturbação destruidora, que lhes abre, por fim, as portas do túmulo. A princípio, são meros descontentes e desesperados, que passam despercebidos mesmo àqueles que os acompanham de mais perto. Pouco a pouco, no entanto, transformam-se em doentes mentais de variadas gradações, de cura quase impossível, portadores que são de problemas inextricáveis e ingratos. Imperceptíveis frutos da desobediência começam por arruinar o patrimônio fisiológico que lhes foi confiado na Crosta da Terra, e acabam empobrecidos e infortunados. Aflitos e semimortos, são eles homens e mulheres que desde os círculos terrenos padecem, encovados em precipícios infernais, por se haverem rebelado aos desígnios divinos, preterindo-os, na escola benéfica da luta aperfeiçoadora, pelos caprichos insensatos."
No Capítulo XV do Livro dos Espíritos, Kardec disserta sobre a loucura e as suas causas. Uma explicação completa a outra.
"Entre as causas mais frequentes de superexcitação cerebral, devemos contar as decepções, as desgraças, as afeições contrariadas, que são também as causas mais frequentes do suicídio. Ora, o verdadeiro espírita olha as coisas deste mundo de um ponto de vista tão elevado; elas lhe parecem tão pequenas, tão mesquinhas, em face do futuro, que o aguarda; a vida é para ele tão curta, tão fugitiva que as tribulações não lhe parecem mais do que incidentes desagradáveis de uma viagem. Aquilo que para qualquer outro produziria violenta emoção, pouco o afeta, pois sabe que as amarguras da vida são provas para o seu adiantamento, desde que as sofra sem murmurar, porque será recompensado de acordo com a coragem ao suportá-las. Suas convicções lhe dão uma resignação que o preserva do desespero e consequentemente de uma causa constante de loucura e suicídio. Além disso, conhece pelo exemplo das comunicações dos Espíritos a sorte daqueles que abreviam voluntariamente os seus dias, e esse quadro é suficiente para o fazer meditar."
Portanto, o que Calderaro e Kardec nos falam é que a loucura muitas vezes é sinal de inconformismo com os desígnios de Deus. Além disso, o Espiritismo ajuda a entender que as vicissitudes da vida são problemas passageiros, que a vida na Terra é apenas uma passagem e que a nossa verdadeira morada não é aqui.


Carmem Bezerra

quarta-feira, 8 de maio de 2013

No Mundo Maior - Capítulo 15

Neste Capítulo, André Luiz acompanha Calderaro para uma palestra ministrada para irmãos encarnados em desdobramento. André fica admirado ao ser informado que a palestra está sendo dada para católicos e evangélicos e não para os espíritas.
- Importa compreender que a Proteção Divina desconhece privilégios. A graça celestial é como o fruto que sempre surge na fronde do esforço terrestre: onde houver colaboração digna do homem, aí se acha o amparo de Deus. Não é a confissão religiosa que nos interessa em sentido fundamental, senão a revelação de fé viva, a atitude positiva da alma na jornada de elevação. Claro é que as escolas da crença variam, situando-se cada uma em um círculo diferente. Quanto mais rudimentar é o curso de entendimento religioso, maior é a combatividade inferior, que traça fronteiras infelizes de opinião e acirra hostilidades deploráveis, como se Deus não passasse dum ditador em dificuldades para manter-se no poder. Constituindo o Espiritismo evangélico prodigioso núcleo de compreensão sublime, é razoável seja considerado uma escola cristã mais elevada e mais rica. Possuindo tamanhas bênçãos de conhecimento e de amor, cumpre-lhe estendê-las a todos os companheiros, ainda quando esses companheiros se mostrem rebeldes e ingratos em consequência da ignorância de que ainda não conseguiram afastar-se. A compaixão de Jesus poderia ser medida pelo estado de evolução daqueles que o seguiam de perto. Diante da mente encarcerada no vaidoso intelectualismo de muitas personalidades importantes de sua época, vemo-lo inflamado de energia divina; pelo contrário, em Jerusalém, no último dia, à frente do populacho exaltado e ignorante, arraigado embora aos princípios da crença, encontramo-lo silencioso e humilde, solicitando perdão para quantos o feriam.
Ao ler o trecho acima, eu fiquei com a impressão que a Espiritualidade aproveitou para, através do livro de André, dá um puxão de orelha nos adeptos da Doutrina Espírita. Mais uma vez, somos lembrados que Jesus não fundou qualquer religião, mas uma doutrina de amor. Não há razão para guerras religiosas em nome do Cristo.
“Jesus fundou a Religião do Amor Universal, que os sacerdotes políticos dividiram em várias escolas orientadas pelo sectarismo injustificável. Mau grado esse erro lastimável dos homens, a essência dos vossos princípios é aquela mesma que sustentou a coragem e a nobreza dos trabalhadores sacrificados nos primeiros dias do Cristianismo."

O orador deixa bem claro para os seus ouvintes que ele não está pedindo que eles mudem de religião, mas que mudem de atitude em relação aos irmãos da mesma ou de outra fé.
"- Não se vos reclama a transferência do depósito espiritual da crença veneranda. Em todos os setores, onde a sementeira do Cristo desabrocha, é possível honrar a Divina Lei, gravando-lhe os parágrafos sublimes no coração. O que se pede do vosso espírito de crença é o aproveitamento das bênçãos celestiais esparzidas sobre vós em caudalosas correntes de luz."
Este texto me fez lembrar de uma estória contada sobre Eurípedes Barsanulfo no livro "Dimensões Espirituais do Centro Espírita" de Suely Caldas Schubert, publicado pela FEBContam que Eurípedes, em desdobramento, foi levado para um lugar nas altas esferas. De repente, ele se viu na presença de Jesus e notou que o Mestre chorava. Comovido, Eurípedes quis saber porque Jesus estava chorando.
"Senhor, por que choras? Choras pelos descrentes do Mundo?"
Jesus então lhe respondeu:
"Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos amor. Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam."


Carmem Bezerra

domingo, 5 de maio de 2013

No Mundo Maior - Capítulo 14

Neste Capítulo, Calderaro é chamado a ajudar um irmão, Antídio, que retornou ao vício da bebida após ter sido ajudado pela Espiritualidade na sua última crise alcóolica. Ao examinar o caso, o Mentor decide provocar uma enfermidade no irmão infeliz, pois este se revela insensível aos processos de auxílio tentados.
"- Antídio, por algum tempo, a partir de hoje, será amparado pela enfermidade. Conhecerá a prisão no leito, durante alguns meses, a fim de que se lhe não apodreça o corpo num hospício, o que se iniciaria dentro de alguns dias, lançando nobre mulher e duas crianças em pungente incerteza do porvir."
Através de passes, Calderaro provoca um mal-estar em Antídio e ele é levado para um hospital. André Luiz estranha que um servidor do bem como Calderaro tenha usado seus conhecimentos para infelicitar um irmão.
“- Que fazer, meu amigo? As mesmas Forças Divinas que concedem ao homem a brisa cariciosa, infligem-lhe a tempestade devastadora... Uma e outra, porém, são elementos indispensáveis à glória da vida.”
O que precisamos entender é que na situação presenciada por Calderaro, esta era a melhor solução. Era uma questão de tempo até Antídio provocar uma lesão permanente no corpo físico. Isto iria prejudicar a esposa e os dois filhinhos que pediram por ele nas orações. A doença iria obriga-lo a se recolher a um leito e fazê-lo refletir sobre a sua vida. Se ao recuperar a saúde, ele voltasse à vida antiga, certamente a Espiritualidade deixaria que desta vez a natureza seguir o seu curso.


Carmem Bezerra

sábado, 4 de maio de 2013

No Mundo Maior - Capítulo 13

Neste Capítulo, Calderaro e André Luiz assistem a uma irmã que pensa em cometer suicídio. Eles a fazem dormir, enquanto esperam a chegada de Espíritos amigos que vão tentar fazê-la mudar de ideia. No caso narrado, a assistência espiritual é bem sucedida e o suicídio é evitado.

A partir do texto, podemos verificar que:
  1. O livre arbítrio da irmã foi respeitado - ela foi assistida pelos bons Espíritos, mas a decisão de mudar de atitude e não cometer mais o suicídio foi dela.
  2. Nunca estamos sozinhos - todos nós temos amigos e guias no Mundo Maior, mas eles não nos dão ordens, só conselhos. Nós somos os únicos responsáveis pelos próprios atos.
  3. O verdadeiro amor sabe esperar e desejar o melhor, mesmo na presença da dor, da humilhação e do descaso.


Carmem Bezerra

sexta-feira, 3 de maio de 2013

No Mundo Maior - Capítulo 12

Este Capítulo do livro apresenta um caso interessante de estudo. A pessoa em atendimento por Calderaro e André Luiz possui, na definição da Medicina terrestre, a doença de Krishaber em que o indivíduo se sente estranho a si mesmo, modificado em sua personalidade. A causa da doença não se encontra em vidas passadas, mas em erro grave que cometeu na vida atual e que o martiriza na velhice.
- Nosso irmão enfermo teve a infelicidade de apropriar-se indebitamente de grande herança, depois de haver prometido ao genitor moribundo velar pelos irmãos mais novos, na presença destes; ao se sentir, porém, senhor da situação, desamparou os manos e expulsou-os do lar, valendo-se de rábulas bem remunerados, desses que, sem escrúpulo, vivem de inquinar os textos legais. Por mais enérgicas e convincentes as reclamações arrazoadas, por mais comovedores os apelos à amizade fraterna, manteve-se ele em clamorosa surdez, arrojando os irmãos à penúria e a dificuldades de toda a sorte. Dois deles morreram num sanatório em catres da indigência, minados pela tuberculose que os surpreendeu em excessivas tarefas noturnas; e o outro desencarnou em míseras condições de infortúnio, relegado ao abandono, antes dos trinta anos, presa de profunda avitaminose, consequente da subalimentação a que fora compelido. Tudo isto nosso desditoso amigo conseguiu fazer, escapando à justiça terrena; entretanto, não pôde eliminar dos escaninhos da consciência os resquícios do mal praticado; os remanescentes do crime são guardados em sua organização mental como carvões em paisagem denegrida, após incêndio devorador; e esses carvões convertem-se em brasas vivas, sempre que excitados pelo sopro das recordações.
Quando li a explicação do Mentor sobre a origem da doença, eu me lembrei de alguns casos relatados por familiares e amigos. Nas estórias que eu ouvi, as pessoas passaram por situações bem difíceis como guerras e prisões. Durante a maior parte da vida, elas conseguiram abafar as lembranças. Com o declínio do vigor físico, as lembranças retornaram com toda a força provocando quadros deprimentes.
"O espírito delinquente pode receber os mais variados gêneros de colaboração, mas será imperiosamente o médico de si mesmo. A Justiça Divina exerce invariável ação, embora os homens não a identifiquem no mecanismo de suas relações ordinárias. Os criminosos podem, por muito tempo, escapar ao corretivo da organização judiciária do mundo; no entanto, mais cedo ou mais tarde, vaguearão, perante os seus irmãos em humanidade, em baixo terreno espiritual, representado no quadro de aflições punitivas."
É a lei de causa e efeito: o plantio é livre, mas a colheita é obrigatória.


Carmem Bezerra

quarta-feira, 1 de maio de 2013

No Mundo Maior - Capítulo 11

Neste Capítulo, André Luiz relata uma palestra sobre sexo que assistiu junto com Calderaro para irmãos encarnados em desdobramento.
“Inútil é supor que a morte física ofereça solução pacífica aos Espíritos em extremo desequilíbrio, que entregam o corpo aos desregramentos passionais. A loucura, em que se debatem, não procede de simples modificações do cérebro: dimana da desassociação dos centros perispiríticos, o que exige longos períodos de reparação. Indiscutivelmente, para a maioria dos encarnados, a fase juvenil das forças fisiológicas representa delicado estádio de sensações, em virtude das leis criadoras e conservadoras que regem a família humana; Isto, porém, é acidente e não define a realidade substancial. A sede do sexo não se acha no corpo grosseiro, mas na alma, em sua sublime organização.”
O palestrante não condena o sexo. Ele faz parte da nossa evolução espiritual e física. O que ele condena é o desequilíbrio: sexo por sexo, sexo pela busca desenfreada do prazer e como sinônimo de independência e maturidade. É isto que mais me dói quando observo a juventude atual. Hoje há a cultura do exibicionismo, da leviandade e da urgência quando o assunto é sexo. É difícil ver uma propaganda na mídia em que o assunto não seja pelo menos insinuado.
“É mister acender, em derredor de nossos irmãos encarnados na Terra, a luz da compaixão fraterna, traçando caminhos definidos à responsabilidade individual. Haja mais amor ante os vales da demência do instinto, e as derrocadas cederão lugar a experiências santificantes. Como fazer valer o abençoado serviço do médico à vítima da angústia sexual, se tem a defrontá-lo, vibrante, a hostilidade da família? Como salvar doentes da alma, numa instituição de benemerência, se o organismo social esmaga os enfermos com todo o peso de sua opinião e de sua autoridade? Naturalmente, constituiria pieguice rogar à sociologia a transformação imediata de seus códigos, ou impor à sociedade humana certas normas de tolerância, incompatíveis com as suas necessidades de defesa. Mas podemos manter louvável serviço de compreensão mais ampla, melhorar as disposições dos nossos amigos encarnados na Crosta do Mundo e despertá-los lentamente para a solução que nos interessa a todos.”
Não devemos ver o sexo como instrumento do mal, algo que deve ser atacado. Não, ele é instrumento para a nossa educação moral. E como qualquer outra lição que temos de aprender, o objetivo é encontrar o equilíbrio nas emoções e nas atitudes.


Carmem Bezerra