quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 49

Neste capítulo, Aniceto, André Luiz e Vicente visitam um irmão que está desencarnando devido a uma leucemia. André tem então a oportunidade de observar a separação gradativa entre o corpo físico e o corpo espiritual.
"Os órgãos, como os pulmões, o fígado e os rins, estavam sendo assaltados irremediavelmente, por incalculável quantidade de sabotadores infinitesimais. E à medida que se consolidavam os micróbios invasores, em determinadas regiões celulares, alguma coisa se destacava, lentamente, da zona atacada, como se um molde sempre novo fosse expulso da forma gasta e envelhecida, reconhecendo eu, desse modo, que a desencarnação se operava através de processo parcial, facultando-me ilações preciosas. Reparei que algumas glândulas faziam desesperado esforço para enviar aos centros invadidos determinadas porções de hormônios, que eram incontinenti absorvidos pelos elementos letais. O plasma sanguíneo figurava-se líquido estranho e gangrenoso."
Sabemos que o corpo espiritual se liga ao corpo físico célula-a-célula. Portanto, podemos interpretar o texto acima da seguinte forma: à medida que as células do corpo físico vão morrendo devido a falta de alimentação, há a ruptura da ligação entre as células mortas do corpo físico com as células do corpo espiritual. Logo, esta parte do corpo espiritual se desprende do corpo físico e é projetada para fora (imagine um quebra-cabeça onde as peças são motadas aos poucos). Quando a morte física se completar, o corpo espiritual poderá ser visto ao lado do corpo físico, embora ainda possa existir ligação fluídica entre os dois corpos (a desencarnação ainda não está concluída).

Hermínio Miranda em um dos seus livros (não me lembro qual) diz que a morte física pode ocorrer em um determinado instante e a desencarnação (separação total entre o corpo físico e o corpo espiritual) pode ocorrer meses ou anos depois. É o que ocorre, por exemplo, no caso dos suicidas.

Aniceto completa a observação de André falando que a morte poderia se apresentar de forma diferente se o irmão tivesse tido uma melhor educação religiosa.
"Vemos aqui um irmão no momento da retirada. Repare a incapacidade dele para governar as células em conflito. A corrente sanguínea transformou-se em veículo de invasores mortíferos, que não encontraram qualquer fortificação na defensiva. Observe e identificará milhões de unidades da tuberculose, da lepra, da difteria, do câncer, que até agora estavam contidos nos porões da atividade fisiológica, pela defesa organizada, e que se multiplicam assustadoramente, de par com outros micróbios tão prolíferos quão terríveis. A nutrição foi interrompida. Não há possibilidade de novos suprimentos hormonais. O agonizante retrai-se aos poucos e ainda não abandonou totalmente a carne, por falta de educação mental. Vê-se pelo excesso de intemperança das células, sobre as quais não exerce nem mesmo um controle parcial, que este homem viveu bem distante da disciplina de si mesmo. Seus elementos fisiológicos são demasiadamente impulsivos, atendendo muito mais ao instinto que ao movimento da razão concentrada. A falar verdade, este nosso amigo não se está desencarnando, está sendo expulso da divina máquina, onde, pelo que vemos, não parece ter prezado bastante os sublimes dons de Deus."
Mais uma vez a Espiritualidade Maior nos lembra que uma atitude menos materialista pode nos ajudar na hora da nossa passagem. Quem tem fé que a vida continua, pode até ter medo, mas confia que Deus não o abandonará.


Carmem Bezerra

Os Mensageiros - Capítulo 48

Este capítulo tem duas passagens interessantes que merecem ser comentadas.

Na primeira passagem, ainda na reunião espírita na casa de Dona Isabel, André Luiz pergunta a Aniceto por que os irmãos desencarnados não são levados a alguma colônia espiritual para o tratamento.
"De fato, André, a maioria dos desencarnados recebe esclarecimentos justos em nossa esfera de ação. Você mesmo, nos primórdios da nova experiência espiritual, não foi conduzido ao ambiente de nossos amigos corporificados para o necessário encaminhamento. Grande número de criaturas, porém, na passagem para cá, sentem-se possuídas de “doentia saudade do agrupamento”, como acontece, noutro plano de evolução, aos animais, quando sentem a mortal "saudade do rebanho”. Para fortalecer as possibilidades de adaptação dos desencarnados dessa ordem ao novo “habitat”, o serviço de socorro é mais eficiente, ao contato das forças magnéticas dos irmãos que ainda se encontram envolvidos nos círculos carnais. Esta sala, em momentos como este, funciona como grande incubadora de energias psíquicas, para os serviços de aclimação de certas organizações espirituais à vida nova."
Podemos entender, pelas palavras de Aniceto, que os irmãos infelizes não conseguiriam se adaptar ao ambiente de alguma colônia espiritual. A necessidade deles da proximidade do fluido animal (corpo físico dos encarnados) ainda é muito forte. Mas chegará o momento em que eles mesmos pedirão para acompanhar os trabalhadores do bem.

Esta passagem nos leva a questionar a estória de André Luiz. Por que André Luiz não teve esta escolha? Por que ele foi para o Umbral e depois para Nosso Lar? Por que ele teve de esperar quase 10 anos para visitar os seus familiares? Acredito que a resposta esteja no nível de evolução intelectual e moral de André Luiz. Ele já era um Espírito com condição de entender a situação pela qual passava e aprender com ela. Não se poderia se dizer o mesmo dessas entidades sofredoras. Cada um recebe conforme as suas obras e as suas necessidades.

Na segunda passagem, Aniceto ajuda uma irmã que desencarnou e que se mostra amedrontada com o que ver. Ela não teve na última encarnação qualquer preparação espiritual. O mentor então lhe aplica passe para que adormeça e a entrega para ser levada para uma cidade espiritual.
"Pela bondade natural do coração e pelo espontâneo cultivo da virtude, não precisará ela de provas purgatoriais. É de lamentar, contudo, não se tivesse preparado na educação religiosa dos pensamentos. Em breve, porém, ter-se-á adaptado à vida nova. Os bons não encontram obstáculos insuperáveis."
Notem que ela é uma pessoa sem religião (teria sido atéia?). Entretanto, é uma pessoa bondosa e virtuosa. Por isso, não precisará passar pelo Umbral. Isto me faz lembrar a máxima dita por Kardec: "Fora da caridade não há salvação".


Carmem Bezerra

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 47

Enquanto o expositor discorria sobre o texto evangélico na reunião espírita, André Luiz observou que as entidades desencarnadas prestavam bastante atenção no que era dito, enquanto a maioria dos irmãos encarnados tinha o pensamento bem longe do que estava sendo falado.

Aniceto então comenta com André e Vicente a importância do pensamento dentro da casa espírita.
"Muitos estudiosos do Espiritismo se preocupam com o problema da concentração, em trabalhos de natureza espiritual. Não são poucos os que estabelecem padrão ao aspecto exterior da pessoa concentrada, os que exigem determinada atitude corporal e os que esperam resultados rápidos nas atividades dessa ordem. Entretanto, quem diz concentrar, forçosamente se refere ao ato de congregar alguma coisa. Ora, se os amigos encarnados não tomam a sério as responsabilidades que lhes dizem respeito, fora dos recintos de prática espiritista, se porventura, são cultores da leviandade, da indiferença, do erro deliberado e incessante, da teimosia, da inobservância interna dos conselhos de perfeição cedidos a outrem, que poderão concentrar nos momentos fugazes de serviço espiritual? Boa concentração exige vida reta. Para que os nossos pensamentos se congreguem uns aos outros, fornecendo o potencial de nobre união para o bem,é indispensável o trabalho preparatório de atividades mentais na meditação de ordem superior. A atitude íntima de relaxamento, ante as lições evangélicas recebidas, não pode conferir ao crente, ou ao cooperador, a concentração de forças espirituais no serviço de elevação, tão só porque estes se entreguem, apenas por alguns minutos na semana, a pensamentos compulsórios de amor cristão. Como veem, o assunto é complexo e demanda longas considerações e ensinamentos."
Podemos usar os comentários do nobre mentor para a mesa mediúnica. Muitas vezes o médium vem para o trabalho preocupado com algum assunto externo. Ele não consegue mudar o foco e a Espiritualidade precisa isolá-lo fluidicamente para que o trabalho mediúnico não seja prejudicado.

O grupo da mesa mediúnica que eu participo tem tido ultimamente problemas de harmonização. Noto que não conseguimos voltar ao padrão de concentração e de dedicação que tínhamos há algum tempo. O coordenador está ciente e tem sempre nos chamado a atenção para a necessidade de orar e vigiar. O problema é que se criou uma espécie de animosidade silenciosa entre alguns membros e enquanto isto não for resolvido, nós não conseguiremos nos harmonizar novamente.


Carmem Bezerra

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 46

Neste capítulo, André observa o grande número de irmãos infelizes que acompanha os irmãos encarnados.
"Reuniam-se ali, para olhos humanos, trinta e cinco individualidades terrestres e, no entanto, em nosso círculo, o número de necessitados excedia de duas centenas, porquanto, agora, a assembleia estava acrescida de muitas entidades que formavam o séquito perturbador da maioria dos aprendizes ali congregados. Para elas, organizou-se uma divisão especial, que me pareceu constituída por elementos de maior vigilância, visto chegarem, quase obrigatoriamente, acompanhando os que buscavam o socorro espiritual, sem a indicação dos orientadores em serviço nas vias públicas."
Era possível impedir a entrada desses irmãos pertubadores, mas a Espiritualidade lhes permitiu o ingresso para que eles também tivessem a oportunidade de se esclarecer. Entretanto, objetivando impedir que eles pertubassem os trabalhos de assistência, eles foram isolados em uma área limitada por faixas fluídicas.

Vicente pergunta a Aniceto se os encarnados recebem tudo que pedem aos bons Espíritos.
"Recebem o que precisam. Muitos solicitam a cura do corpo, mas somos forçados a estudar até que ponto lhes podemos ser úteis, no particularismo dos seus desejos; outros reclamam orientações várias, obrigando-nos a equilibrar nossa cooperação, de modo a lhes não tolher a liberdade individual."
Resumindo, não sabemos pedir o que é melhor para nós. Infelizmente, os pedidos muitas vezes estão relacionados com as tarefas do dia-a-dia. Queremos que nos digam o que fazer, pois não desejamos a responsabilidade das próprias decisões. Aniceto claramente lembra que quem responde a este tipo de questão não é a Espiritualidade superior, são os Espíritos que ainda estão presos aos valores da carne.
"Muitas entidades desencarnadas estimam o fornecimento de palpites para as diversas situações e dificuldades terrestres, mas esses pobres amigos estacionam desastradamente em questões subalternas, incapazes de uma visão mais alta, em face dos horizontes infinitos da vida eterna, convertendo-se em meros escravos de mentalidades inferiores, encarnadas na Terra. Esquecem que o nosso interesse imediato, agora, deve ser, acima de todos, aquele que se refira à espiritualidade superior. Nossos irmãos inquietos, que forneçam palpites a preguiçosas mentes encarnadas, sobre assuntos referentes à responsabilidade justa e necessária do homem, devem fazê-lo de própria conta."
Notem que Aniceto enfatiza o fato que, neste caso, os desencarnados se transformam em escravos dos encarnados. Sabemos que toda escravidão necessita de resgate. Portanto, os que usam os irmãos infelizes serão responsabilizados por isto.


Carmem Bezerra

domingo, 28 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 45

Aniceto chama a atenção de André Luiz e de Vicente para um irmão encarnado que conversa com um participante do grupo espírita coordenado por Dona Isabel. Ele é uma pessoa elegante com nível intelectual elevado, mas que estava rodeado de sombras.

André ouve parte da conversa e nota que o irmão exige provas para acreditar na comunicação com os Espíritos. Ele argumenta que tem lido muito e que a ciência tem explicado de forma adequada os fenômenos mediúnicos e provado em vários casos a existência de fraude.

Aniceto fala então para os seus companheiros de viagem:
"Repararam como este homem traz a mente enfermiça? É um dos curiosos doentes, encarnados. Tem vasta cultura e, todavia, como traz o sentimento envenenado, tudo quanto lhe cai nos raciocínios participa da geral intoxicação. É pesquisador de superfície, como ocorre a muita gente. Tudo espera dos outros, examina seu semelhante, mas não ausculta a si mesmo. Quer a realização divina sem o esforço humano; reclama a graça, formulando a exigência; quer o trigo da verdade, sem participar da semeadura; espera a tranquilidade pela fé, sem dar-se ao trabalho das obras; estima a ciência, sem consultar a consciência; prefere a facilidade, sem filiar-se à responsabilidade, e, vivendo no torvelinho de continuadas libações, agarrado aos interesses inferiores e à satisfação dos sentidos físicos, em caráter absoluto, está aguardando mensagens espirituais..."
Eu completaria, usando a liguagem atual, que este irmão é um turista acidental na Doutrina Espírita. Chegou para visitar, não sabe quanto tempo vai ficar e nem porque veio, mas como não tem planos para outros lugares, vai ficando. Quando ouvir falar de outro lugar com características mais excitantes, ele partirá sem olhar para trás.

Carmem Bezerra

sábado, 27 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 44

Neste capítulo, André Luiz e Vicente são chamados por Aniceto para ajudar os irmãos sofredores trazidos para a reunião espírita. André se aproxima de uma irmã que ainda não recuperara a visão depois do desencarne e lhe aplica um passe. Como resultado do tratamento magnético, ela volta a enxergar. Maravilhada, a irmã elogia a bondade de André que fica deslumbrado com a cura. Notando o que estava acontecendo, Aniceto chama a atenção de André.
"André, a excessiva contemplação dos resultados pode prejudicar o trabalhador. Em ocasiões como esta, a vaidade costuma acordar dentro de nós, fazendo-nos esquecer o Senhor. Não olvides que todo o bem procede dEle, que é a luz de nossos corações. Somos seus instrumentos nas tarefas de amor. O servo fiel não é aquele que se inquieta pelos resultados, nem o que permanece enlevado na contemplação deles, mas justamente o que cumpre a vontade divina do Senhor e passa adiante."
Terminada a tarefa, André e Vicente observam para Aniceto que poucos irmãos apresentaram melhoras. O mentor lhes diz para não dar importância ao fato.
"As atividades de assistência se processam conforme observam aqui. Alguns se sentem curados, outros acusam melhoras, e a maioria parece continuar impermeável ao serviço de auxílio. O que nos deve interessar, todavia, é a semeadura do bem. A germinação, o desenvolvimento, a flor e o fruto pertencem ao Senhor."
Vicente faz um comentário sobre a grande quantidade de entidades pertubadoras que existem nas diversas esferas espirituais visitadas. De forma clara e direta, Aniceto diagnostica a causa.
"Devemos esmagadora percentagem desses padecimentos à falta de educação religiosa. Não me refiro, porém, àquela que vem do sacerdócio ou que parte da boca de uma criatura para os ouvidos de outra. Refiro-me à educação religiosa, íntima e profunda, que o homem nega sistematicamente a si mesmo."
Infelizmente, a falta de educação religiosa também pode ser encontrada dentro do movimento espírita. Muitas pessoas são espíritas apenas 2 horas por semana: tempo suficiente para assistir uma palestra e tomar o passe. Nunca há tempo para o estudo em grupo e nem para ajudar as atividades desenvolvidas dentro da casa espírita. Fazem o que consideram a "obrigação" semanal e vão embora.

Sabemos que nada levamos deste mundo, além de nós mesmos. Portanto, o estudo e o trabalho no bem são os nossos passaportes para o reino de Jesus.


Carmem Bezerra

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 43

Quando os três viajores retornam à casa de Dona Isabel, André Luiz nota o grande movimento de trabalhadores desencarnados preparando o ambiente para a reunião espírita que ocorreria mais tarde. Em especial, ele observa perplexo que alguns irmãos dividiam a sala utilizando faixas fluídicas. Aniceto então vem em seu socorro e lhe fornece uma explicação.
“Estes amigos estão promovendo a obra de preservação e vigilância. Serão trazidas aos trabalhos de hoje algumas dezenas de sofredores e torna-se imprescindível limitar-lhes a zona de influenciação neste templo familiar. Para isso, nossos companheiros preparam as necessárias divisões magnéticas.”
Portanto, as faixas fluídicas são usadas para impedir que as formas-pensamento dos sofredores invadam o ambiente doméstico provocando pertubações e doenças.

André nota que os tarefereiros estão magnetizando o próprio ar. O esclarecimento de Aniceto não se demora.
"Não se impressione, André. Em nossos serviços, o magnetismo é força preponderante. Somos compelidos a movimenta-lo em grande escala."
Não me sinto muito confortável em falar de magnetismo. É um assunto que estou tentando entender melhor. Mas vou tentar colocar alguns pontos do meu entendimento aqui.

O magnetismo está relacionado aos fenômenos naturais de atração ou repulsão entre objetos materiais. A Física nos ensina que a corrente elétrica é capaz de gerar efeitos magnéticos. Sabemos que a matéria é energia condesada e que nossos corpos (físico e espiritual) são matérias. Além disso, o fluido cósmico universal que está na origem de toda a matéria é também matéria (pois não é Espírito).  Logo, o magnetismo existe (em diversos níveis) em toda matéria (depende da corrente elétrica).

Portanto, entendo que os tarefeiros manipulavam a matéria sutil para montar barreiras (invisíveis para muitos dos desencarnados presentes) e assim impedir que os fluidos doentios (que também são matérias) atravessassem determinados limites da casa.

Em seguida, André Luiz nota a chegada de irmãos sofredores, muitos com dificuldades de locomoção. Alguns apresentavam ataduras no corpo espiritual. Aniceto explica a André e a Vicente quem são esses irmãos.
"Muitos não concordam ainda com as realidades da morte corporal. E toda essa gente, de modo geral, está prisioneira da idéia de enfermidade. Existem pessoas, e vocês, como médicos, as terão conhecido largamente, que cultivam as moléstias com verdadeira volúpia. Apaixonam-se pelos diagnósticos exatos, acompanham no corpo, com indefinível ardor, a manifestação dos indícios mórbidos, estudam a teoria da doença de que são portadoras, como jamais analisam um dever justo no quadro das obrigações diárias, e quando não dispõem das informações nos livros, estimam a longa atenção dos médicos, os minuciosos cuidados da enfermagem e as compridas dissertações sobre a enfermidades de que se constituem voluntárias prisioneiras. Sobrevindo a desencarnação, é muito difícil o acordo entre elas e a verdade, porquanto prosseguem mantendo a ideia dominante. Às vezes, no fundo, são boas almas, dedicadas aos parentes do sangue e aproveitáveis na esfera restrita de entendimento a que se recolhem, mas, no entanto, carregadas de viciação mental por muitos séculos consecutivos."
Mais uma vez, somos lembrados do valor do pensamento positivo, da necessidade da higiene mental. É preciso reprogramar o corpo mental para que este reprograme o corpo espiritual e que, numa encarnação próxima, possamos ter um corpo físico mais saudável.


Carmem Bezerra

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 42

Aproveitando a visita, os trabalhadores do campo solicitam a Aniceto que discorra sobre alguma das lições evangélicas. Ele então escolhe alguns versículos da Epístola de Paulo aos Romanos. Na sua preleção, Aniceto fala do imenso débito que todos nós temos para com a Natureza amorável e generosa. Em especial, ele lembra da importância do nitrogênio para os seres vivos e que este, apesar de abundante na atmosfera, só se torna acessível para o homem graças ao trabalho das plantas.
"Por enquanto, não permite o Senhor a criação de células nos organismos viventes do nosso mundo, que procedam à absorção espontânea desse elemento de importância primordial na manutenção da vida, como acontece ao oxigênio comum. Somente as plantas, infatigáveis operárias do orbe, conseguem retira-lo do solo, fixando-o para o entretenimento da vida noutros seres. Cada grão de trigo é uma benção nitrogenada para sustento das criaturas, cada fruto da terra é uma bolsa de açúcar e albumina, repleta do nitrogênio indispensável ao equilíbrio orgânico dos seres vivos. Todas as indústrias agropecuárias não representam, na essência, senão a procura organizada e metódica do precioso elemento da vida."
Por isso, é importante respeitar a Natureza. Ela torna viável a nossa existência na Terra.
"Ensinemos aos nossos irmãos que a vida não é um roubo incessante, em que a planta lesa o solo, o animal extermina a planta e o homem assassina o animal, mas um movimento de permuta divina, de cooperação generosa, que nunca perturbaremos sem grave dano à própria condição de criaturas responsáveis e evolutivas! Não condenemos! Auxiliemos sempre!"
Em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_nitrog%C3%AAnio é possível encontrar uma explicação mais detalhada da importância do nitrogênio.
"O nitrogênio é usado pelos seres vivos para a produção de moléculas complexas necessárias ao seu desenvolvimento tais como aminoácidos, proteínas e ácidos nucleicos. O principal repositório de nitrogênio é a atmosfera (78% desta é composta por nitrogênio) onde se encontra sob a forma de gás. Outros repositórios consistem em matéria orgânica nos solos e oceanos. Os animais recebem o nitrogênio que necessitam através das plantas e de outra matéria orgânica, tal como outros animais (vivos ou mortos)."
Tudo na Natureza está encadeado em um ciclo de ajuda e amor. Como pode alguém imaginar que somos apenas produtos do acaso?


Carmem Bezerra

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 41

Neste capítulo, encontramos Aniceto, André Luiz e Vicente no campo para reestabelecer as forças antes de retornar ao trabalho junto aos irmãos encarnados e desencarnados. O querido mentor faz então uma bela preleção de como a natureza se apresenta em várias partes da crosta terrestre e finaliza com uma bela explicação sobre a influência das emissões dos seres vivos nos ambientes terrestres.
"... na floresta temos uma densidade forte, pela pobreza das emanações, em vista da impermeabilidade ao vento. Aí, o ar costuma converter-se em elemento asfixiante, pelo excesso de emissões dos reinos inferiores da Natureza. Na cidade, a atmosfera é compacta e o ar também sufoca, pela densidade mental das mais baixas aglomerações humanas. No campo, desse modo, temos o centro ideal..."
Já perto do retorno ao posto do Nosso Lar, a atenção dos três viajores é atraída pela movimentação próxima de encarnados e desencarnados. Um homem tinha levado uma patada do seu burro após muito ter usado o chicote para descarregar a sua raiva. Aproveitando a oportunidade do comentário edificante, Aniceto fala sobre o que aconteceu.
"Auxiliemos o homem, quanto esteja em nossas mãos, cumpramos nosso dever com o bem, mas não desprezemos as lições. Esse trabalhador imprudente foi punido por si mesmo. A cólera é punida por suas consequências. Ao mal segue-se o mal. Se os seres inferiores, nossos irmãos no grande lar da vida, nos fornecem os valores do serviço, devemos dar-lhes, por nossa vez, os valores da educação. Ora, ninguém pode educar odiando, nem edificar algo de útil com a fúria e a brutalidade."
Infelizmente, muitas pessoas não tratam os animais com o devido respeito. Para se justificar, eles usam o mesmo raciocínio dos antigos escavocratas: a de dono com direito de vida e morte. É preciso lembrar que seremos cobrados pela vida de cada ser indefeso deixado sob a nossa responsabilidade.


Carmem Bezerra

Os Mensageiros - Capítulo 40

Neste capítulo, Aniceto convida André Luiz e Vicente para irem até o campo como forma de recompor as forças, pois passaram a noite em atendimento aos irmãos encarnados e desencarnados. No caminho, Aniceto chama a atenção dos companheiros para manchas escuras na via pública.
"São nuvens de bactérias variadas. Flutuam, quase sempre, também, em grupos compactos, obedecendo ao princípio das afinidades. Reparem aqueles arabescos de sombra...Observem os grandes núcleos pardacentos ou completamente obscuros!... São zonas de matéria mental inferior, matéria que é expelida incessantemente por certa classe de pessoas. Se demorarmos em nossas investigações, veremos igualmente os monstros que se arrastam nos passos das criaturas, atraídos por elas mesmas..."
André fica chocado com o comentário do mentor e quer saber se a matéria mental emitida pelo homem tem vida própria como os micróbios que provocam doenças.
"Como não? Vocês, presentemente, não desconhecem que o homem terreno vive num aparelho psicofísico. Não podemos considerar somente, no capítulo das moléstias, a situação fisiológica propriamente dita, mas também o quadro psíquico da personalidade encarnada. Ora, se temos a nuvem de bactérias produzidas pelo corpo doente, temos a nuvem de larvas mentais produzidas pela mente enferma, em identidade de circunstâncias. Desse modo, na esfera das criaturas desprevenidas de recursos espirituais, tanto adoecem corpos, como almas. No futuro, por esse mesmo motivo, a medicina da alma absorverá a medicina do corpo. Poderemos, na atualidade da Terra, fornece tratamento ao organismo de carne. Semelhante tarefa dignifica a missão do consolo, da instrução e do alívio. Mas, no que concerne à cura real, somos forçados a reconhecer que esta pertence exclusivamente ao homem-espírito."
Resumindo, Aniceto alerta que o pensamento inferior produz nuvens de bactérias que se reproduzem rapidamente e que podem fazer adoecer quem não está devidamente vacinado (caridade + prece + pensamento positivo).

Como a Espiritualidade inúmeras vezes já nos alertou, o pensamento produz imagens e estas imagens ganham vida (graças à energia do duplo etérico). Se a matéria criada é de ordem inferior, ela irá prejudicar quem a criou e quem dela se aproxima com o mesmo nível vibracional. Por isso, a importância de agir no bem (caridade + prece) e sempre manter os bons pensamentos (não sincronizar com os irmãos inferiores).

No final do capítulo, Aniceto nos alerta que, sem a providência divina, a espécie humana não teria sobrevivido na crosta terrestre.
"Se não fosse o poder muito maior da luz solar, casada ao magnetismo terrestre, poder esse que destrói intensivamente para selecionar as manifestações da vida, na esfera da Crosta, a flora microbiana de ordem inferior não teria permitido a existência dum só homem na superfície do globo. Por esta razão, o solo e as plantas estão cheios de princípios curativos e transformadores."

Carmem Bezerra

Os Mensageiros - Capítulo 39

Neste capítulo, André Luiz e Vicente têm a oportunidade de conversar com alguns tarefereiros que passaram a noite na casa de Dona Isabel. André pergunta a uma das servidoras se existem muitos postos de Nosso Lar na crosta terrestre.
"Ao que me informaram, há regular número deles, não somente aqui, mas também noutras cidades do país, além de numerosas oficinas que representam outras colônias espirituais, entre as criaturas corporificadas na Terra. Nesses núcleos, há sempre possibilidades avançadas, imprescindíveis ao nosso abastecimento para a luta."
Para outro irmão, André pergunta se ele trabalha na casa de Dona Isabel desde o início das atividades como posto de Nosso Lar.
"Não. Muitos, como nós, fazem aqui estágios de serviço. Somente alguns cooperadores de Isidoro e Isabel aqui estacionam desde o inicio da instituição. Nós outros, contudo, não nos demoramos em trabalho por mais de dois anos consecutivos. Um posto, como este, é sempre uma escola ativa e santa, e os que se encontrem no clima da boa vontade não devem perder ensejo de aprender."
Esta passagem mostra a organização das equipes do mundo espiritual. Quem quer aprender tem sempre a oportunidade. Quem está em aprendizado fica um tempo aprendendo o serviço e depois é transferido para outro local. Não existe acomodação nos trabalhos. O aprendizado é constante.


Carmem Bezerra

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 38

Neste capítulo, André Luiz verifica que vários irmãos encarnados, em desdobramento, aparecem na casa de Dona Isabel. Ele pergunta a Aniceto se os irmãos vão se lembrar do que viram e ouviram quando acordarem. O mentor lhe responde que a lembrança dependerá da lucidez de cada um no campo da existência física.

André então se recorda do que aprendera na área médica quando da sua última encarnação na Terra.
"Pensei no longo esforço dos que indagam o mundo dos sonhos. Quanta riqueza psíquica, suscetível de conquista, se os pesquisadores conseguissem deslocar o centro de estudo, das ocorrências fisiológicas para o campo das verdades espirituais! Lembrei a psicanálise, a tese freudiana, as manifestações instintivas, inferiores."
Entendendo o que André meditava, Aniceto completa:
"Freud foi um grande 'missionário da Ciência; no entanto, manteve-se, como qualquer Espírito encarnado, sob certas limitações. Fez muito, mas não tudo, na esfera da indagação psíquica."
Eu raramente me lembro do que eu sonho. Mas já me aconteceu de sonhar algumas vezes que estou passeando em uma cidade bonita e antiga (parece ser europeia). O engraçado é que eu sempre me recordo das minhas outras visitas a essa cidade (dos outros sonhos que eu tive com a mesma cidade). Já conheço boa parte da cidade e sempre procuro pecorrer um caminho diferente quando eu a visito (costumo me dizer "já fui por aqui, vou agora por esta rua"). Sei que tem uma pessoa que me acompanha nessas visitas, mas nunca consigo me lembrar do seu rosto (fica sempre por perto, mas me deixa livre para fazer o que eu quero, menos da última vez que me disse que eu estava sendo esperada para uma palestra sobre passe). Sempre acordo com uma sensação de bem estar e com a certeza que foi um desdobramento. É uma pena que fazem quase dois anos que visitei a cidade dos meus sonhos pela última vez.


Carmem Bezerra

Os Mensageiros - Capítulo 37

Após o culto no lar, André Luiz, Vicente e Aniceto recebem uma refeição leve e simples que não possui termos comparativos com a alimentação terrestre.
"Em oficinas como esta, é possível preservar a pureza de nossas substâncias alimentícias. Os elementos mais baixos não encontram, neste santuário, o campo imprescindível à proliferação. Temos bastante luz para neutralizar qualquer manifestação da treva."
No capítulo 18 do livro "Nosso Lar", Dona Laura explica a André que "todo sistema de alimentação, nas variadas esferas da vida, tem no amor a base profunda. O alimento físico, mesmo aqui, propriamente considerado, é simples problema de materialidade transitória, como no caso dos veículos terrestres, necessitados de colaboração da graxa e do óleo. A alma, em si, apenas se nutre de amor.". Podemos então interpretar que o ambiente terrestre, onde se encontravam os viajores, servia de escudo natural contra as energias negativas. Assim André e seus amigos não precisavam gastar as próprias energias para se defender, o cansaço sentido era menor e a alimentação poderia ser mais frugal.

André então observa que alguns irmãos infelizes procuravam abrigo para se esconder da chuva, mas que fugiam apavorados quando se aproximavam da casa de Dona Isabel. Aniceto explica então o estranho fenômeno.
"Observem como se inclinam para cá, fugindo, em seguida, espantados e inquietos. Estamos colhendo mais um ensinamento sobre os efeitos da prece. Nunca poderemos enumerar todos os benefícios da oração. Toda vez que se ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico. Cada prece do coração constitui emissão eletromagnética de relativo poder. Por isso mesmo, o culto familiar do Evangelho não é tão só um curso de iluminação interior, mas também processo avançado de defesa exterior, pelas claridades espirituais que acende em torno. O homem que ora traz consigo inalienável couraça. O lar que cultiva a prece transforma-se em fortaleza, compreenderam? As entidades da sombra experimentam choques de vulto, em contato com as vibrações luminosas deste santuário doméstico, e é por isso que se mantêm a distância, procurando outros rumos..."
Naturalmente, o mentor está se referindo a prece que vem do coração e não a prece mecânica que muitas vezes fazemos. Eu faço o culto no lar sozinha, mas muitas vezes sinto a presença de outros irmãos (não os vejo). Este é um hábito que nós espíritas precisamos cultivar. De preferência, aproveitando para reunir toda a família.


Carmem Bezerra

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 36

Neste capítulo, André Luiz observa a conversa entre Dona Isabel e os seus filhos após a leitura e interpretação do Evangelho. O filho questiona a situação de pobreza da família após a morte do pai.
"Creio, meu filho, que a pobreza é uma das melhores oportunidades de elevação, ao nosso alcance. Estou convencida de que os homens afortunados têm uma grande tarefa a cumprir, na Terra, mas admito que os pobres, além da missão que lhes cabe no mundo, são mais livres e mais felizes. Na pobreza, é mais fácil encontrar a amizade sincera, a visão da assistência de Deus, os tesouros da natureza, a riqueza das alegrias simples e puras. E' claro que não me refiro nos ociosos e ingratos dos caminhos terrenos. Refiro-me aos pobres que trabalham e guardam a fé. O homem de grandes possibilidades financeiras muito dificilmente saberá discernir entre a afeição e o interesse mesquinho; crente de que tudo pode, nem sempre consegue entender a divina proteção; pelo conforto viciado a que se entrega, as mais das vezes se afasta das bênçãos da Natureza; e em vista de muito satisfazer aos próprios caprichos, restringe a capacidade de alegrar-se e confiar no mundo."
Só um Espírito com plena consciência da vida no Mundo Maior responderia com essa segurança e serenidade. A riqueza é uma das provas mais difíceis (talvez a mais difícil). Poucos Espíritos conseguem passar incólumes por ela, embora muitos a solicitem.


Carmem Bezerra

Os Mensageiros - Capítulo 35

Neste capítulo, André Luiz fala sobre o culto doméstico feito pela dona de casa e seus filhos. Na hora de comentar a página do Evangelho, um Espírito de elevada condição moral coloca a destra sofre a fronte de Dona Isabel. Aniceto explica a razão.
"Aquele é o nosso irmão Fábio Aleto, que vai dar a interpretação espiritual do texto lido. Os que estiverem nas mesmas condições dele, poderão ouvir-lhe os Pensamentos; mas, os que estiverem em zona mental inferior, receberão os valores interpretativos, como acontece entre os encarnados, isto é, teremos a luz espiritual do verbo de Fábio na tradução do verbo materializado de Isabel."
O texto comentado é da parábola de Jesus: "O Reino dos Céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem tomou e semeou no seu campo.". O comentário feito pelo Espírito amigo é belíssimo e merece ser lido e refletido. Mas gostaria de chamar a atenção para um trecho.
"A semente de mostarda, a que se refere Jesus, constitui o gesto, a palavra, o pensamento da criatura. Há muitas pessoas que falam bastante em humildade, mas nunca revelam um gesto de obediência. Jamais realizaremos a bondade, sem começarmos a ser bons. Alguma coisa pequenina há de ser feita, antes de edificarmos as grandes coisas. O Senhor ensinou, muitas vezes, que o reino dos céus está dentro de nós. Ora, é portanto em nós mesmos que devemos desenvolver o trabalho máximo de realização divina, sem o que não passaremos de grandes irrefletidos. A floresta também começou de sementes minúsculas. E nós, espiritualmente falando, temos vivido em densa floresta de males, criados por nós mesmos, em razão da invigilância na escolha de sementes espirituais. A palestra de uma hora, o pensamento de um dia, o gesto de um momento, podem representar muito em nossas vidas. Tenhamos cuidado com as coisas pequeninas e selecionemos os grãos de mostarda do reino dos céus."
As observações do mentor espiritual nos faz lembrar outra palavra do Divino Mestre: "vigiai e orai". Afinal, precisamos primeiro semear em nós mesmos as sementes dados por Jesus, antes de pensarmos em semear em outras pessoas.


"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações". (Allan Kardec, Evangelho Segundo o Espiritismo.,Capítulo XVII, 4).
Carmem Bezerra

domingo, 21 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 34

Ao chegar perto da casa que vai lhe servir de abrigo na crosta terrestre, André Luiz se surpreende com o que ver.
"Entre dezoito e dezenove horas, atingimos uma casa singela de bairro modesto. No longo percurso, através de ruas movimentadas, surpreendia-me, sobremaneira, por se me depararem quadros totalmente novos. Identificava, agora, a presença de muitos desencarnados de ordem inferior, seguindo os passos de transeuntes vários, ou colados a eles, em abraço singular. Muitos dependuravam-se a veículos, contemplavam-nos outros, das sacadas distantes. Alguns, em grupos, vagavam pelas ruas, formando verdadeiras nuvens escuras que houvessem baixado repentinamente ao solo."
O tratamento que André fizera em Nosso Lar para intensificar o poder visual, permitia-lhe ver os irmãos desencarnados que perambulavam pelas ruas da cidade. Ele não vira estes irmãos nas viajens anteriores, porque eles se encontram em uma faixa vibracional mais baixa.

Quando se aproxima da casa, André nota que não pode simplesmente atravessar as paredes e a porta daquela residência. É uma casa cujos moradores tem a oração e o serviço no bem como hábitos.
"Um cavalheiro muito simpático e acolhedor abriu-nos a porta. Este pormenor foi outra nota imprevista. Tal não sucedia quando voltava à minha velha casa terrena. As portas cerradas não me ofereciam obstáculos. Ali, porém, vigorava um sistema vibratório de vigilância que eu não conhecia, até então."
Na casa, mora Dona Isabel que percebe a chegada dos novos visitantes.
"Nossa amiga é senhora de grande vidência psíquica, mas os benfeitores que nos orientam os esforços recomendam não se lhe permita a visão total do que se passa em torno de suas faculdades mediúnicas. O conhecimento exato da paisagem espiritual, em que vive, talvez lhe prejudicasse a tranquilidade. Isabel, portanto, apenas pode ver, mais ou menos, a vigésima parte dos serviços espirituais em que colabora, de modo direto..."
Pela descrição de André, existem dezenas de trabalhadores de Nosso Lar usando a casa como posto de atendimento e de descanso na Terra. Permitir que Dona Isabel visse tudo o que acontece no plano espiritual, poderia lhe tirar a tranquilidade e não lhe traria qualquer acréscimo espiritual.


Carmem Bezerra

Os Mensageiros - Capítulo 33

Este é um capítulo muito rico em ensinamentos. No início do texto, encontramos Aniceto, André Luiz e Vicente se despedindo dos trabalhadores do Posto de Socorro e retomando a viagem para a Crosta terrestre.

A primeira parte da viagem é feita em um veículo que se assemelha a um pequeno automóvel de asas. A segunda parte é feita a pé, pois André e Vicente não conseguem ainda volitar em ambiente com vibrações tão pesadas.
"Isto, porém, acontecerá somente enquanto não hajam vocês criado asas espirituais, que possam vencer todas as resistências vibratórias. Semelhante realização pode não estar distante. Dependerá do esforço que desejarem despender no trabalho aquisitivo. Todo aquele que opere, e coopere de espírito voltado para Deus, poderá aguardar sempre o melhor. Não é promessa de amizade. É lei."
André fala que o caminho percorrido a pé era escuro e nevoento. Pela descrição feita por Aniceto, eles devem ter entrado no Umbral inferior (primeira esfera espiritual acima da Crosta terrestre).
"Reparem as sombras que nos rodeiam, identifiquem a mudança geral. Infelizmente, as emissões vibratórias da Humanidade encarnada são de natureza bastante inferior, em nos referindo à maioria das criaturas terrestres, e estas regiões estão repletas de resíduos escuros, de matéria mental dos encarnados e desencarnados de baixa condição."
Além disso, André comenta:
"Os monstros, que fugiam à nossa aproximação, escondendo-se no fundo sombrio da paisagem, eram indescritíveis e, obedecendo a determinações de Aniceto, não posso ensaiar qualquer informe nesse sentido, a fim de não criar imagens mentais de ordem inferior no espírito dos que, acaso, venham a ler estas humildes notícias."
Provavelmente, são irmãos que muito erraram na Terra e que hoje vivem com deformações do corpo espiritual que eles mesmo provocaram. Notem a preocupação de Aniceto em não fornecer combustível para a criação de novas imagens para o Umbral.

Tempo depois, Aniceto informa:
"Entramos na zona de influência direta da Crosta. Poderemos, doravante, praticar a volitação, utilizando nossos conhecimentos de transformação da força centrípeta. A luz que nos banha resulta do contato magnético entre a energia positiva do Sol e a força negativa da massa planetária. Prossigamos. Não tardaremos a entrar no Rio de Janeiro."
Portanto, eles deixaram a esfera espiritual do Umbral e entraram na atmosfera terrestre. Por sugestão de Aniceto, eles param para descansar perto do mar antes de seguir o caminho. É interessante observar que em muitos livros espíritas, o mar é usado como local para refazimento das energias. Isto pode ser visto, por exemplo, no livro "Voltei" do Irmão Jacob.

Aniceto então informa que, em seguida, eles irão descansar em um dos refúgios que Nosso Lar tem na Crosta. Isto significa que eles irão para um local com trabalhadores da colônia espiritual.


Carmem Bezerra

Os Mensageiros - Capítulo 32

Neste capítulo, Ismália canta para os convidados do Posto de Socorro.

"Com assombro indefinível, reparei que a esposa de Alfredo não cantava, mas no seio caricioso da música havia uma prece que atingia o sublime – oração que eu não escutava com os ouvidos, mas recebia em cheio na alma, através de vibrações sutis, como se o melodioso som estivesse impregnado do verbo silencioso e criador. As notas de louvor alcançavam-me o âmago do espírito, arrancando-me lágrimas de intraduzível emotividade."

Fico imaginando se todos presentes tiveram a mesma percepção do fenômeno como André Luiz. Talvez não. Ele narra que todos os tarefeiros foram convidados para a confraternização e que entre eles existiam pessoas com vários níveis de elevação.

Ao final do recital. André notou que luzes prodigiosas jorravam do Alto sobre a fronte de Ismália e que belas flores azuis partiam do coração da musicista espelhando-se sobre todos os que estavam no salão. Aniceto explica então para André o que ele presenciou.

"Conheço a sua sede, André. Não precisa perguntar. Impressionou-se você com a grandeza espiritual da nobre companheira do nosso amigo. Não precisarei alinhar esclarecimentos. Recorda-se de Ana, a infeliz criatura que dorme nos pavilhões, entre pesadelos cruéis? Lembra-se de Paulo, o caluniador? Não os viu carregando pesados fardos mentais? Cada um de nós traz, nos caminhos da vida, os arquivos de si mesmo. Enquanto os maus exibem o inferno que criaram para o íntimo, os bons revelam o paraíso que edificaram no próprio coração. Ismália já amontoou muitos tesouros que as traças não roem. Ela já pode dar da infinita harmonia a que se devotou pela bondade e pelo divino amor. A luz que vimos é a mesma que jorra do plano superior, de maneira incessante, inundando os caminhos da vida, mas a melodia, a prece e as flores constituem sublime criação dessa alma santificada. Ela repartiu conosco, neste momento, uma parte dos seus tesouros eternos! Peçamos ao Senhor, meu amigo, que não tenhamos recebido em vão as sublimes dádivas!"
Mais uma vez somos lembrados que não existem aparências na Espiritualidade como na Terra. Ninguém pode fingir ser uma pessoa boa. Nós nos apresentamos como realmente somos. Ismália é um Espírito portador de sublimes qualidades e aproveitou a oportunidade para distribuir um pouco da sua felicidade com os amigos.


Carmem Bezerra

sábado, 20 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 31

Neste capítulo, André Luiz e os amigos são convidados para o Salão de Música do Posto de Socorro.
"Dirigimo-nos para o grande recinto, prodigiosamente iluminado por luzes de um azul doce e brilhante. Deliciosa música embalava-nos a alma. Observei, então, que um coro de pequenos musicantes executava harmoniosa peça, ladeando um grande órgão, algo diferente dos que conhecemos na Terra. Oitenta crianças, meninos e meninas, surgiam, ali, num quadro vivo, encantador. Cinquenta tangiam instrumentos de corda e trinta conservavam-se, graciosamente, em posição de canto. Executavam, com maravilhosa perfeição, uma linda barcarola que eu nunca ouvira no mundo."

Este trecho nos faz perguntar sobre a existência de crianças na Espiritualidade. Kardec perguntou sobre a situação das crianças na Vida Maior aos Espíritos.
381 Na morte da criança, o Espírito retoma imediatamente seu vigor anterior?
– Deve retomar, uma vez que está livre do corpo; entretanto, apenas readquire sua lucidez quando a separação é completa, ou seja, quando não existe mais nenhum laço entre o Espírito e o corpo.
Devemos então entender que um Espírito pode continuar como criança por um tempo depois da morte. A duração desse tempo vai depender do seu nível evolutivo. Naturalmente, isto significa que há Espíritos que desencarnam como criança e imeditamente recobram toda a lucidez, não mais ficando preso ao corpo espiritual da última encarnação.

 
Carmem Bezerra
 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 30

Neste capítulo, a família Bacelar comenta os casamentos que ocorrem no plano espiritual. Uma das jovens explica:
"Para possuirmos aqui essa ventura, é preciso ter amado na Terra, movimentando os mais nobres impulsos do espírito. Para colher os júbilos dessa natureza, é necessário ter amado com alma. Os que se consagram exclusivamente aos desejos do corpo, não sabem amar além da forma, são incapazes de sentir as profundas vibrações espirituais do amor sem morte."
No texto é narrado o caso de uma jovem da família que se casou com um morrador de Nosso Lar e obteve permissão para lá ir morar.
"Isaura não poderia correr atrás do noivo, porque estava em situação inferior à dele, mas Antônio, como superior, poderia descer a buscá-la. Não creiam, porém, que o matrimônio se tenha verificado sem qualquer preparação ou exigência. O noivo poderia conduzi-la sem qualquer formalidade, desde que recebesse o devido consentimento, porquanto obtivera permissão das autoridades de “Nosso Lar”, mas um dos chefes de serviço aconselhou a Isaura, nesse sentido, explicando-lhe que, como administrador de uma colônia em condições de inferioridade, não podia opor qualquer embargo, mas pedia à noiva preparar-se, por seis anos sucessivos, em “Campo da Paz”, antes da partida definitiva, acrescentando sensatamente que, num casamento de almas, é indispensável apurar o enxoval dos sentimentos. Nossa irmã, que foi sempre muito prudente, aceitou a solicitação e trabalhou durante todo esse tempo em nossa colônia, adquirindo valores culturais e aprimorando o campo do pensamento."
Ao terminar o texto, fiquei refletindo na pouca importância que hoje as pessoas dão ao casamento na Terra. Imaginem o choque de realidade que elas vão sofrer quando forem para a Vida Maior.

 
Carmem Bezerra

Os Mensageiros - Capítulo 29

Na conversa que André Luiz e Vicente tem com as duas jovens da família Bacelar fica-se conhecendo melhor a diferença entre as colônias Nosso Lar e Campo da Paz. Usando a classificação das esferas espirituais apresentada no livro "Cidade no Além" de Chico Xavier e Heigorina Cunha (pag. 79), sabemos que Nosso Lar fica na terceira esfera (Umbral superior) e Campos da Paz fica na segunda esfera (Umbral médio). Embora, as duas esferas façam parte do Umbral, a permanência de um Espírito em umas das colônias depende da sua situação moral. Uma das jovens explica melhor em que consiste esta diferença.
"Vocês conhecem lá muitos Espíritos sofredores, mas, em “Campo da Paz”, conhecemos muitos Espíritos obsessores. Lá poderá existir muita gente que ainda chora; mas em nosso meio há muita gente que se revolta. É mais fácil remediar o que geme, que atender ao revoltado. Nas câmaras a que se refere, vocês retificam erros que já apareceram, dores que já se manifestaram; mas aqui, meu amigo, somos compelidos a lutar com irmãos ignorantes e perversos, que se sentem absolutamente certos nas fantasias perigosas que esposaram, e vemo-nos obrigados a atender doentes que não acreditam na própria enfermidade."
Outra observação interessante no texto ocorre quando uma das jovens fala que está trabalhando muito para alcançar o prêmio de visitar Nosso Lar. Diante da admiração de Vicente com esta afirmativa, ela explica:
"O meu amigo talvez não esteja convencido, quanto ao brilho de sua atual posição. Viver em “Nosso Lar” é uma grande bênção. Acaso não o terá compreendido ainda?"
Achei linda a forma como ela expôs a situação: sem inveja, feliz pelo outro estar em uma posição melhor. Ela sabe que a subida depende só dela e que ela se encontra onde precisa estar.


Carmem Bezerra

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 28

Quando anoitece, chega ao Posto de Socorro uma família de colônia próxima. Esta família é composta pelo casal Bacelar e suas duas filhas. Eles são velhos conhecidos de Alfredo e Ismália.

Bacelar é chefe de turmas de assistência aos irmãos do círculo carnal. Aniceto pergunta-lhe então como está o serviço. O visitante então informa que o serviço vai bem, embora os irmãos encarnados não correspondam a todas as oportunidades oferecidas. Em especial, ele fala do desculpismo.
"Nesse terreno de assistência espiritual, verão, um dia, quantos pretextos são inventados pelas criaturas terrestres por fugir ao testemunho da verdade divina, nas tarefas que lhes são próprias. Os mordomos das responsabilidades alegam excesso de deveres, os servidores da obediência afirmam ausência de ensejo. Os que guardam possibilidades financeiras montam guarda ao patrimônio amoedado, os que receberam a bênção da pobreza de recursos monetários aconselham-se com a revolta. Os moços declaram-se muito jovens para cultivar as realidades sublimes, os mais idosos afirmam-se inúteis para servi-las. Os casados reclamam quanto à família, os solteiros queixam-se da ausência dela. Dizem os doentes que não podem, comentam os sãos que não precisam. Raros companheiros encarnados conseguem viver sem a contradição."
Passados quase 70 anos dessa estória narrada por André Luiz, nós continuamos a cometer os mesmos erros. E o que é pior: muitos que usam o desculpismo para fugir do trabalho na seara do Mestre são Espíritas.

Todos os dias, eu me questiono o pouco que eu faço e o muito que poderia fazer. Sei que estou neste grupo que Bacelar se refere. Estou sempre me prometendo fazer um pouco mais e sempre adiando para amanhã as novas tarefas.

Quando li a biografia de Divaldo Franco, eu fiquei encantada pela determinação e serenidade desse tarefereiro. Sem condições financeiras e sem ainda muitos conhecimentos da doutrina espírita, ele não parou para se lamentar e nem esperou por condições mais favoráveis. Com apenas 17 anos, arregaçou as mangas e criou as atividades da Casa do Caminho. Os erros ele consertou à medida que foi se esclarecendo. As lágrimas ele enxugou enquanto trabalhava. Os irmãos que lhe viraram as costas, ele abençou. Em momento algum, ele deu desculpas para não trabalhar.


Carmem Bezerra

Os Mensageiros - Capítulo 27

Neste capítulo, Aniceto leva André Luiz e Vicente para conhecer um paciente que estava em uma câmara isolada. Ao avistá-lo, André o classificou como um louco profundamente irritado. Entretanto, o irmão sofredor se acalmou às primeiras palavras de carinho de Aniceto.
"Veem a diferença entre os que dormem, os que estão loucos e os que sofrem? Em “Nosso Lar”, não temos dos primeiros, e os que se encontrem desequilibrados, nos serviços da Regeneração, sentem, na maioria, angústias cruéis. É necessário reconheçamos que os que gemem e sofrem, em qualquer parte, estão melhorando. Toda lágrima sincera é bendito sintoma de renovação. Os escarnecedores, os ironistas e os perturbados que não registram a dor são mais dignos de piedade, por permanecerem embotados em estranha rigidez de entendimento."
Eu me lembrei que, no capítulo 27 de Nosso Lar, André nos fala de uma Câmara de Retificação onde "trinta e dois homens de semblante patibular (aspecto de criminoso) permaneciam inertes em leitos muito baixos, evidenciando apenas leves movimentos de respiração". Portanto, existe uma grande diferença entre os pacientes inertes de Nosso Lar e os pacientes adormecidos do Posto de Socorro: a falta de qualquer movimento que indique vida no segundo grupo (são por isso chamados de múmias).
 
Aniceto então explica quem é o irmão que eles estão visitando.
"Lembram-se da história de Alfredo? Temos diante de nós o falso amigo que lhe arruinou o lar. Paulo, contudo, não somente cometeu a ingratidão, como envenenou o espírito doutras senhoras, traiu outros amigos e destruiu a alegria e a paz doutros santuários domésticos. Observando Ismália aflita e Alfredo desesperado, nas recordações dele, vemos as imagens criadas pelo caluniador, para seus próprios olhos. Nossos amigos deste Posto evoluíram, transpuseram a fronteira da mágoa, escaparam aos monstros do ódio, vestem-se hoje de luz; no entanto, Paulo os vê como imagina, para escarmento de suas culpas. O criminoso nunca consegue fugir da verdadeira justiça universal, porque carrega o crime cometido, em qualquer parte. Tanto nos círculos carnais, como aqui, a paisagem real do Espírito é a do campo interior. Viveremos, de fato, com as criações mais íntimas de nossas almas."
Neste trecho do capítulo, somos mais uma vez lembrados que criamos na Terra a paisagem que veremos no Mundo Maior. Por isso, os Espíritos nos falam que o Umbral é criação das mentes enfermiças encarnadas e desencarnadas.
 
Aniceto então explica que Alfredo e Ismália velam agora pelo irmão e que conseguiram para ele uma nova oportunidade na carne. Este texto de André nos faz recordar as palavras do Mestre sobre a necessidade de reconciliação com o irmão. É preciso saber perdoar e amar incondicionalmente. Estas não são apenas palavras vazias. Basta lembrar que Jesus perdoou os que o crucificaram.

"Portanto, se estás fazendo a tua oferta diante do altar, e te lembrar aí que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali a tua oferta diante do altar, e vai te reconciliar primeiro com teu irmão, e depois virás fazer a tua oferta. (Mateus 5:23-24)"
Carmem Bezerra

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 26

Neste capítulo, André Luiz presta atenção no atendimento que Alfredo está dando aos tarefeiros do Posto de Socorro. São servidores que procuram o administrador do local para fazer algum pedido.

Um dos pedidos é de um irmão que quer visitar o lar terrestre e ver como estão a esposa e os filhos. Alfredo não nega o pedido, mas o aconselha a não fazer a visita por enquanto.
"Em que ficaria, meu caro, se permitisse a invasão total do sentimentalismo doentio em seus pensamentos? Tão dedicado é você à família do sangue, que, por agora, não o sinto com bastante preparo a tudo ver no antigo lar, sem sofrer desastrosamente. Há tempos, autorizei a visita de dois colegas nossos à esfera da Crosta, a fim de reverem as viúvas e abraçarem de novo os filhinhos; mas foram tão violentamente surpreendidos pela situação, que não puderam voltar aos seus deveres aqui, lá ficando agarrados ao ninho que haviam abandonado. Não vigiaram o coração, convenientemente. Ouviram, em demasia, os prantos familiares terrestres, envolveram-se nos pesados fluidos do clima doméstico e, passada a semana de licença, não conseguiram erguer-se para o regresso. Estavam como pássaros aprisionados pela visão das tentações. Os encarregados do noticiário particular voltaram ao Posto sem eles, com grande surpresa para mim. E, francamente, não sei quando poderão reassumir as funções que lhes cabem, o prejuízo de ambos é muito grande."

Vendo que o servidor entedera a mensagem, Alfredo apenas complementa:
"Os voos de grande altura pedem asas fortes."
Este capítulo nos fala da dificuldade que os desencarnados enfrentam no plano espiritual por causa dos apelos que ouvem dos encarnados. As famílias incorformadas com a partida de um ente querido para a Vida Maior costumam estacionar nas lamentações. É preciso lembrar que o pensamento é a nossa comunicação com os desencarnados. Fixar a mente em lamentações por aqueles que já partiram é carregá-los com novos problemas. O ideal é pensar nos entes queridos com carinho e desejar que eles continuem a jornada em paz, lembrando-os que em breve estarão juntos novamente.


Carmem Bezerra

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 25

Após a oração de Ismália, dois irmãos acordam do sono profundo e muitos se manifestam através de palavras apesar de ainda adormecidos. Aniceto chama atenção de André Luiz e de Vicente para o que eles presenciaram.
"Reparem que, nestes pavilhões, temos mil e novecentos e oitenta abrigados que dormem. Todos recebendo diariamente alimento e medicação comuns mas só quatrocentos são atendidos com alimento e medicação especializados, por se mostrarem mais suscetíveis de justa melhora. Desses quatrocentos, apenas dois terços se revelaram aptos à recepção de passes magnéticos. Muitos não podem receber, por enquanto, a água efluviada. Poucos foram contemplados com o sopro curativo e somente dois se levantaram, ainda assim, profundamente perturbados. Já que iniciam um trabalho de cooperação fraternal, não esqueçam esta lição. Façamos todos o bem, sem qualquer ansiedade. Semeemo-lo sempre e em toda a parte, mas não estacionemos na exigência de resultados. O lavrador pode espalhar as sementes à vontade e onde quer que esteja, mas precisa reconhecer que a germinação, o crescimento e o resultado pertencem a Deus."
O querido mentor lembra que o resultado das atividades no bem não nos pertence, ele pertence a  Deus. Este é talvez o erro mais comum entre os médiuns na Casa Espírita. Quando as coisas começam a acontecer e os elogios começam a chegar, facilmente eles esquecem que nada fariam sem a assistência divina. A vaidade e o orgulho, filhos da insensatez, logo se apresentam para colher os frutos do que não ajudaram a plantar.


Carmem Bezerra

Os Mensageiros - Capítulo 24

Neste capítulo, temos um exemplo belíssimo do valor da oração sincera. Ismália, esposa de Alfredo, é convidada a fazer a oração do final do dia no Posto de Socorro. Todos estão no pavilhão com os irmãos adormecidos.
"Ismália, então, num gesto de indefinível delicadeza, começou a orar, acompanhada por todos nós, em silêncio, salientando-se, porém, que lhe seguíamos a rogativa, frase por frase, atendendo a recomendações do nosso orientador, que aconselhou repetir, em pensamento, cada expressão, a fim de imprimir o máximo ritmo e harmonia ao verbo, ao som e à ideia, numa só vibração."
Neste trecho, André nos lembra a importância de unificar o pensamento do grupo em oração. Quanto mais unidas as pessoas neste momento, mais forte é a corrente de energia que se forma entre elas. Isto também vale na mesa mediúnica. Quando o coordenador faz a prece inicial dos trabalhos, todo o grupo deve acompanhá-lo silenciosamente. Quando há um membro do grupo que não acompanha em pensamento a oração (está pensando em outra coisa), ele é isolado pela equipe espiritual para não atrapalhar os trabalhos.

Durante uma pausa da oração, André observa a luz que saía de várias trabalhadores presentes.
"Cada qual parecia, ali, apresentar uma expressão luminosa, gradativa. As senhoras que acompanhavam Ismália estavam quase semelhantes a ela, como se trajassem soberbos costumes radiosos, em que predominava a cor azul. Depois delas, em brilho, vinha a luz de Aniceto, de um lilás surpreendente. Em seguida, tínhamos Alfredo, cuja luz era de um verde suave e sugestivo, sem grande esplendor. Depois dele, vinham alguns servidores ostentando na fronte claridades sublimes, expressas em variadas cores, e, logo após, Vicente e eu, mostrávamos fraca luminosidade, a qual, porém, nos enchia de brilho intenso, considerando que a maioria dos cooperadores em serviço apresentava o corpo obscuro, como acontece na esfera carnal."
Não existem subterfúgios na Espiritualidade. Nós nos apresentamos como realmente somos: com as nossas conquistas e fracassos. Naquele momento, André pode visualizar o nível de adiantamento dos tarefereiros do Posto de Socorro.

Quando Ismália terminou a prece, pequenos flocos  esbranquiçados desciam do alto em direção aos trabalhadores.
"Os flocos leves desapareciam ao tocar-nos, começando, porém, a sair de nossa fronte e do peito grandes bolhas luminosas, com a coloração da claridade de que estávamos revestidos, elevando-se no ar e atingindo as múmias. Ainda aí, reparava o problema da gradação espiritual. As luzes emitidas por Ismália eram mais brilhantes, intensas e rápidas, alcançando muitos enfermos de uma só vez. Em seguida, vinham as fornecidas pelas senhoras do seu círculo pessoal. Depois, tínhamos as de Aniceto, de Alfredo e dos demais. Os servos de corpo obscuro emitiam vibrações fracas, mas visivelmente luminosas. Cada qual, naquele instante de contato com o plano superior, revelava o valor próprio na cooperação que podia prestar."
Vendo o assombro de André e Vicente, Aniceto explica o que se passara.
"Na prece encontramos a produção avançada de elementos-força. Eles chegam da Providência em quantidade igual para todos os que se deem ao trabalho divino da intercessão, mas cada Espírito tem uma capacidade diferente para receber. Essa capacidade é a conquista individual para o mais alto. E como Deus socorre o homem pelo homem e atende a alma pela alma, cada um de nós somente poderá auxiliar os semelhantes e colaborar com o Senhor, com as qualidades de elevação já conquistadas na vida."
Portanto, só somos capazes de doar aquilo que já temos. É preciso primeiro aprender a amar para, então, doarmos amor.


Carmem Bezerra

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 23

Neste capítulo, André Luiz tem a oportunidade de examinar uma das pessoas que dorme em pavilhão do Posto de Socorro. Aniceto explica a situação desses irmãos.
"Quem dorme em desequilíbrio, entrega-se a pesadelos. Todos estes irmãos desventurados que nos cercam, aparentemente mortos, são presas de horríveis visões íntimas."
André pergunta se existe alguém que no Mundo espiritual esteja no bom sono.
"Sem dúvida, temos na esfera de nossas atividades os que repousam períodos curtos, quais trabalhadores retos que esperam o repouso noturno a tranquilidade dos que sabem trabalhar e descansar, de consciência aliviada."
André, usando o melhoramento da visão que obteve em Nosso Lar, analisa uma irmã adormecida. Ela matou o próprio marido que a tinha abandonado por outra. O crime não foi descoberto pela Justiça dos Homens, mas ela não conseguiu escapar da própria consciência.

Aniceto então comenta a situação desses irmãos adormecidos.
"Conforme observaram de perto, sabem agora que cada um dos que aqui dormem sono atormentado, vivem estranhos pesadelos, de que não podem isentar-se de um instante para outro. Não precisamos comentar qualquer episódio dessas existências vividas em oposição à Vontade Divina. Bastará lembrar sempre que a dívida, em toda parte, anda com os devedores."
Palavras sábias do mentor. Não conseguimos fugir dos nossos débitos, pois os levamos conosco.


Carmem Bezerra

domingo, 14 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 22

Neste capítulo, André Luiz, Vicente e Aniceto acompanham os trabalhadores do Posto de Socorro a um pavilhão onde centenas de irmãos ainda se encontram no sono da morte.
"Aqui permanecem, com a bênção do abrigo, alguns milhões dos nossos irmãos que ainda dormem. São as criaturas que nunca se entregaram ao bem ativo e renovador, em torno de si, e mormente os que acreditaram convictamente na morte, como sendo o nada, o fim de tudo, o sono eterno. A crença na vida superior é atividade incessante das almas. A ferrugem ataca a enxada ociosa. O entorpecimento invade o Espírito vazio de ideal criador. Os que, nos círculos canais, homens e mulheres, creem na vida eterna, ainda que não sejam fundamentalmente cristãos, estão desenvolvendo faculdades de movimentação espiritual e podem penetrar as esferas extraterrenas em estado animador, pelo menos quanto a locomoção e juízo mais ou menos exato. No entanto, as criaturas que perseveram em negação deliberada e absoluta, não obstante, por vezes, filiadas a cultos externos de atividade religiosa, que nada veem além da carne nem de sejam qualquer conhecimento espiritual, são verdadeiramente infelizes. Muitos penetram nossas regiões de serviço, como embriões de vida, na colmeia da Natureza sempre divina. Um amigo nosso costuma designá-los por fetos da espiritualidade; entretanto, a meu ver, seriam felizes se estivessem nessa condição inicial. Temos a certeza, porém, de que muitos se negaram ao contato da fé, absolutamente por indiferença criminosa aos desígnios do Eterno Pai. Dormem, porque estão magnetizados pelas próprias concepções negativistas; permanecem paralíticos, porque preferiram a rigidez ao entendimento; mas dia virá em que deverão levantar-se e pagar os débitos contraídos. Eis porque os considero sofredores. Primeiramente, demoram no sono em que acreditaram, mais tarde acordam; porém, a maioria não pode fugir à enfermidade e à perturbação, como acontece aos irmãos dementados, que vimos inda há pouco."
Na colônia Nosso Lar, André também teve a oportunidade de visitar um parvilhão de irmãos adormecidos. O que então causou tanto espanto a ele agora? Pela descrição, os irmãos pareciam múmias, mortos da Vida Maior. A pergunta que fica é: por que eles estavam neste estado?

No texto acima, Aniceto fala em "indiferença criminosa", o que nos leva a imaginar que os erros cometidos por eles foram bastante graves. Não é apenas a falta de crença na vida após a morte. Certamente, entre eles existem assassinos, ladrões e estupradores que por não acreditarem na continuação da vida, usaram e abusaram das benções concedidas por Deus.

O sono é resultado do condicionamento mental que eles se fizeram durante toda a existência do corpo físico. Mas não é um sono sem sonhos. Durante este período, eles revivem diversas vezes os erros que cometeram. Por mais amargo que seja o despertar, para eles é o início da libertação.



Carmem Bezerra

sábado, 13 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 21

Neste capítulo, André Luiz presencia a conversa de vários moradores com Alfredo. Esses irmãos reclamam da estadia no Posto de Socorro e pedem (alguns exigem) o retorno aos seus lares na Terra. Nenhum deles têm consciência da morte do corpo físico.
"No círculo carnal, seriam todos absolutamente normais; no entanto, aqui, são verdadeiros loucos. São desencarnados que, por muito tempo, se agarraram aos problemas inferiores. Reclamam providências, sem falar no ensejo de iluminação que menosprezaram, acusam os outros, sem relacionarem os próprios erros. Procurei ouvi-los para lhes dar uma ideia do nosso trabalho, no setor dos que se desequilibram mentalmente por excesso de centralização em propósitos inferiores."
É muito comum receber Espíritos com esta problemática na mesa mediúnica. São irmãos ainda presos às atribulações da última encarnação. Eles têm dificuldades em perdoar e seguir em frente. Muitas vezes, com esta atitude, eles atrasam por décadas ou séculos a sua evolução na Terra.

 
Carmem Bezerra


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Os Mensageiros - Capítulo 20

Neste capítulo, André Luiz observa com mais atenção as defesas do Posto de Socorro em que se encontra. Ele nota que existem armas nas muralhas do castelo parecidas com pequenos canhões. Alfredo lhe explica que estas armas lançam uma descarga elétrica que pode causar a impressão de morte. Vendo o assombro de André, ele completa:
"Meu amigo! Meu amigo! Se já não estamos na carne, busquemos desencarnar também os nossos pensamentos. As criaturas que se agarram, aqui, às impressões físicas, estão sempre criando densidade para os seus veículos de manifestação, da mesma forma que os Espíritos dedicados à região superior estão sempre purificando e elevando esses mesmos veículos. Nossos projetis, portanto, expulsam os inimigos do bem através de vibrações do medo, mas poderiam causar a ilusão da morte, atuando sobre o corpo denso dos nossos semelhantes menos adiantados no caminho da vida. A morte física, na Terra, não é igualmente pura impressão? Ninguém desaparece. O fenômeno é apenas de invisibilidade ou, por vezes, de ausência. Quanto à responsabilidade dos que matam, isto é outra coisa. E além desta observação, que é da alçada da Justiça Divina, temos a considerar, igualmente, que, nesta esfera, o corpo denso modificado pode ressurgir todos os dias, pela matéria mental destinada à produção dele, enquanto que, para obter o corpo físico, almas há que trabalham, por vezes, durante séculos..."
Muitos irmãos ao desencarnar têm dificuldade para acreditar que fizeram a passagem. O corpo espiritual lhes parece com o corpo físico e eles sentem as mesmas necessidades fisiológicas que tinham quando se encontravam na Terra.

Sabemos que quanto mais ligado à matéria é um Espírito, mais materializado é o seu perispírito. Portanto, ele guarda as impressões do corpo físico e age como se ainda o tivesse. Para entender isto, basta se lembrar que o corpo mental é quem molda o corpo espiritual. Logo, se um irmão desencarnado acha que levou um tiro e espera ver o sangue escorrer, ele o verá. Ele inconscientemente movimenta os fluidos com o seu pensamento.


Carmem Bezerra