terça-feira, 31 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 37

André Luiz ficou com algumas dúvidas da conversa que teve com a sua mãe sobre o bônus-hora. Ela dissera que o valor da bonificação pertencia exclusivamente a Deus para evitar que erros fossem cometidos. Por isso, ele solicitou explicação a Tobias.
"Aos administradores, em geral, impende a obrigação de contar o tempo de serviços, sendo justo, igualmente, instituírem elementos de respeito e consideração ao mérito do trabalhador; mas, quanto ao valor essencial do aproveitamento justo, só mesmo as Forças Divinas podem determinar com exatidão. Há servidores que, depois de quarenta anos de atividade especial, dela se retiram com a mesma incipiência da primeira hora, provando que gastaram tempo sem empregar dedicação espiritual, assim como existem homens que, atingindo cem anos de existência, dela saem com a mesma ignorância da idade infantil. Tanto é precioso o conceito de sua mamãe - disse Tobias - que basta lembrar as horas dos homens bons e dos maus.Nos primeiros, transformam-se em celeiros de bênçãos do Eterno; nos segundos, em látegos de tormento e remorso, como se fossem entes malditos. Cada filho acerta contas com o Pai, conforme o emprego da oportunidade, ou segundo suas obras."
Esta passagem do livro Nosso Lar me fez lembrar uma estória narrada por Divaldo Franco em uma das suas palestras. Ele contou que um dia recebeu a visita de uma irmã que há anos trabalhava como voluntária em um orfanato. Durante vários minutos, ela se queixou dos problemas enfrentados na tarefa e disse que pensava abandonar o trabalho. Divaldo então olhou bem sério para ela e a aconselhou a largar tudo imediatamente, que não valia a pena ela continuar. Vendo a expressão de espanto da irmã, ele explicou que o trabalho no bem só faz bem ao trabalhador quando ele o faz por amor, e não por obrigação.

Portanto, o que Tobias explica é que não adianta apenas fazer o trabalho definido pela Espiritualidade. É preciso colocar amor e dedicação nele. E quem pode medir o nosso real grau de envolvimento com as tarefas? Somente o Pai que nos criou.

Neste mesmo capítulo, André tem a oportunidade de ouvir uma preleção da Ministra Veneranda. Inicialmente, ela explica o tema escolhido.
"Encontram-se, entre nós, no momento, algumas centenas de ouvintes que se surpreendem com a nossa esfera cheia de formas análogas às do planeta. Não haviam aprendido que o pensamento é a linguagem universal? Não foram informados de que a criação mental é quase tudo em nossa vida?"
Em seguida, ela explica:
"O pensamento é força viva, em toda parte; é atmosfera criadora que envolve o Pai e os filhos, a Causa e os Efeitos, no Lar Universal. Nele, transformam-se homens em anjos, a caminho do céu ou se fazem gênios diabólicos, a caminho do inferno. Apreendem vocês a importância disso? Certo, nas mentes evolvidas, entre os desencarnados e encarnados, basta o intercâmbio mental sem necessidade das formas, e é justo destacar que o pensamento em si é a base de todas as mensagens silenciosas da ideia, nos maravilhosos planos da intuição, entre os seres de toda espécie. Dentro desse princípio, o espírito que haja vivido exclusivamente em França poderá comunicar-se no Brasil, pensamento a pensamento, prescindindo de forma verbalista especial, que, nesse caso, será sempre a do receptor; mas isso também exige a afinidade pura. Não estamos, porém, nas esferas de absoluta pureza mental, onde todas as criaturas têm afinidades entre si. Afinamo-nos uns com os outros, em núcleos insulados, e somos compelidos a prosseguir nas construções transitórias da Terra, a fim de regressar aos círculos planetários com maior bagagem evolutiva. Nosso Lar, portanto, como cidade espiritual de transição, é uma bênção a nós concedida por acréscimo de misericórdia, para que alguns poucos se preparem à ascensão, e para que a maioria volte à Terra em serviços redentores. Compreendamos a grandiosidade das leis do pensamento e submetamo-nos a elas, desde hoje."
O discurso da Ministra Veneranda permite diversas reflexões. Vou tentar explicar o pouco que eu conheço sobre o assunto.
  1. Os pensamentos são gerados pelo Espírito (princípio inteligente) e são refletidos nas camadas que compõem a sua vestimenta: corpo mental e corpo espiritual nos desencarnados; corpo mental, corpo espiritual, duplo etérico e corpo físico nos encarnados. 
  2. Os pensamentos criam ondas mentais e formas-pensamento.
  3. As ondas mentais são energias. A Ciência nos ensina que a quantidade de energia de uma onda está proporcionalmente relacionada a sua frequência: quanto mais alta a frequência, maior a energia que ela possui (este assunto já foi discutido no tópico Frequência e vibração).
  4. As formas-pensamentos são as fotografias do que nós pensamos. São as nossas criações mentais. Elas ganham forma graças ao duplo etérico (é de onde tiram a energia para se formar).
  5. O Umbral é resultado do pensamento das criaturas encarnadas e desencarnadas que ainda não se sintonizaram com o serviço no bem. 
  6. As cidades espirituais (Nosso Lar é apenas um exemplo) foram criadas por Espíritos que manipularam o fluido cósmico universal usando o pensamento e a vontade. Elas têm a forma necessária aos habitantes que vão abrigar. 
  7. Os Espíritos desencarnados não precisam fazer uso da fala entre si. Entretanto, o uso da fala é comum em cidades espirituais cujos habitantes ainda estão muito ligados à matéria.
  8. Na mesa mediúnica, o Espírito comunicante vibra (emite sentimentos) e o médium traduz o que capta de acordo com o seu vocabulário e experiência. É por isso que os Espíritos preferem se comunicar com os médiuns com quem possuem afinidade (facilidade de comunicação) e com os médiuns que têm algum conhecimento (desta ou de outros vidas)  do que eles querem transmitir (vocabulário).
"Aprendemos que o milagre da perfeição é obra de esforço, conhecimento, disciplina, elevação, serviço e aprimoramento no templo do próprio eu."
                                      Agenda Cristã, Chico Xavier/André Luiz
 

Carmem Bezerra

sábado, 28 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 36

Após um dia de intenso trabalho nas Câmaras de Retificação, André Luiz recolhe-se para repousar e se ver arrebatado durante o sono para esfera superior onde se encontra com a sua mãe.
“Fui conduzido, então, por ela, a prodigioso bosque, onde as flores eram dotadas de singular propriedade – a de reter a luz, revelando a festa permanente do perfume e da cor. Tapetes dourados e luminosos estendiam-se, dessa maneira, sob as grandes árvores sussurrantes ao vento. Minhas impressões de felicidade e paz eram inexcedíveis. O sonho não era propriamente qual se verifica na Terra. Eu sabia, perfeitamente, que deixara o veículo inferior no apartamento das Câmaras de Retificação, em Nosso Lar, e tinha absoluta consciência daquela movimentação em plano diverso. Minhas noções de espaço e tempo eram exatas. A riqueza de emoções, por sua vez, afirmava-se cada vez mais intensa.”
Pela narrativa de André, ele experimentou um desdobramento enquanto dormia.

Antes de discutir o que ocorreu a André Luiz , é preciso primeiro entender o desdobramento dos seres encarnados. Como já discutimos neste estudo, nós somos formados por, pelos menos, 5 camadas (alguns estudiosos afirmam que existem mais camadas).
  1. Espírito - é a nossa essência. É o que somos.
  2. Corpo mental - é a divisória entre o Espírito e a matéria. É indestrutível.
  3. Corpo espiritual - é a vestimenta do Espírito no plano espiritual. Também é material, embora seja mais sutil que o corpo físico. Sua formação depende do nível evolutivo do Espírito e do mundo em que ele habita.
  4. Duplo etérico - é o campo energético do corpo físico. Ele se dissolve com a morte.
  5. Corpo físico - vestimenta grosseira e temporárea que nos permite viver na Terra.

Quando há um desdobramento durante o sono físico, há um distanciamento entre o Espírito-Corpo Mental-Corpo Espiritual e o Duplo Etérico-Corpo Físico. Naturalmente, não há desligamento, pois isto representaria a morte. Todas as conexões são mantidas. Enquanto o Espírito-Corpo Mental-Corpo Espiritual se distancia em busca de seus objetivos (que podem ser, ou não, elevados), o Duplo Etérico-Corpo Físico fica em repouso.

No capítulo 11 do livro Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz observa uma situação onde o desdobramento de um encarnado não foi perfeito e parte do duplo etérico acompanhou o corpo espiritual (isto tornou o corpo espiritual mais pesado e com dificuldade de locomoção). O mentor, que comandava o desdobramento, fez o Espírito retornar ao corpo físico e, através de passes, corrigiu a situação.

Sabemos que um ser desencarnado não possui nem duplo etérico e nem corpo físico. Então como André Luiz  se desdobrou durante o sono? Para responder a isto é preciso lembrar o que Kardec falou sobre densidade do perispírito no Livro dos Médius (Segunda Parte, Capítulo IV, item 74, questão XII).
"Nos Espíritos moralmente adiantados, é mais sutil e se aproxima da dos Espíritos elevados; nos Espíritos inferiores, ao contrário, aproxima-se da matéria e é o que faz que os Espíritos de baixa condição conservem por muito tempo as ilusões da vida terrestre. Esses pensam e obram como se ainda fossem vivos; experimentam os mesmos desejos e quase que se poderia dizer a mesma sensualidade."
Levando em consideração o que André nos narra na sua estória, podemos imaginar que ele ainda tinha um corpo espiritual bastante materializado (na época em que ele narrou o acontecimento). Para ascender à esfera onde sua mãe estava, ele precisou de ajuda dos mentores espirituais que devem ter tomando duas providências: separação da camada mais grosseira do perispírito (a separação é feita de forma natural e definitiva à medida que o Espírito vai evoluindo) e transporte (André visualizou um barco com uma pessoa no leme). Também é possível imaginar que o nosso corpo espiritual tem várias camadas e que estas camadas vão sendo abandonadas (como o corpo físico na morte) à medida que o Espírito evolui.

O desdobramento de André Luiz deve ser entendido como merecimento da mãe (ela o solitou em oração) e como incentivo ao trabalho que André iniciara de boa vontade.
“Aprendemos que o milagre da perfeição é obra de esforço, conhecimento, disciplina, elevação, serviço e aprimoramento no templo do próprio eu.”
                           Agenda Cristã, Chico Xavier/André Luiz.

Carmem Bezerra

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 35

André Luiz encontra, entre os trabalhadores de Nosso Lar, uma pessoa a quem seu pai despojara de todos os bens ao cobrar uma dívida. André se sente culpado, pois apoiara o pai na cobrança, ficando indiferente ao pedido de clemência da família endividada.

Ao contar a estória para Narcisa, esta lhe perguntou se aproveitara o ensejo para pedir desculpas.
"Desculpou-se com o Silveira? Olhe que é grande felicidade reconhecer os próprios erros. Já que você pode examinar-se a si mesmo com bastante luz de entendimento, identificando-se como antigo ofensor, não perca a oportunidade de se fazer amigo. Vá, meu caro, e abrace-o de outra maneira. Aproveite o momento, porque o Silveira é ocupadíssimo e talvez não se ofereça tão cedo outra oportunidade."
Ao falar com o antigo devedor, André é surpreendido pela sua generosidade.
"Ora, André, quem haverá isento de faltas? Acaso, poderia você acreditar que vivi isento de erros? Além disso, seu pai foi meu verdadeiro instrutor. Devemos-lhe, meus filhos e eu, abençoadas lições de esforço pessoal. Sem aquela atitude enérgica que nos subtraiu as possibilidades materiais, que seria de nós no tocante ao progresso do espírito? Renovamos, aqui, todos os velhos conceitos da vida humana. Nossos adversários não são propriamente inimigos e, sim, benfeitores. Não se entregue a lembranças tristes. Trabalhemos com o Senhor, reconhecendo o infinito da vida."
Na realidade, esta é a nossa grande dificuldade na Terra: encarar as vicissitudes da vida como oportunidades para se melhorar como Espíritos. Todo mundo sabe que um dia vai morrer. Todo mundo sabe que desta vida não se leva um único centavo. Mas o que fazemos com este conhecimento? Muito pouco. Escolhemos algumas desculpas e copiamos o comportamento dos nossos pais e avós.

Nós sabemos o caminho (Cristo), temos uma bússola para não nos perder (Kardec) e sabemos qual é o nosso destino (Deus). Por que andamos tão devagar?
"A alma corajosa não é aquela que se dispõe a revidar o golpe recebido e sim aquela que sabe desculpar e esquecer."
                                                     Emmanuel/Chico Xavier




Carmem Bezerra

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 34

Neste capítulo, os irmãos que foram resgatados do Umbral inferior são recebidos nas Câmaras de Retificação. André Luiz se aproxima de uma velhinha e não reprime a curosidade pela sua estória. Ela tinha sido uma fazendeira, dona de inúmeros escravos, que desencarnara em maio de 1888, pouco depois da Princesa Isabel ter assinado a Lei Áurea.
"Como lhe disse, enquanto estive na Terra, fiz o possível por ser uma boa religiosa. Sabe o senhor que ninguém está livre de pecar. Meus escravos provocavam rixas e contendas, e embora a fortuna me proporcionasse vida calma, de quando em quando era necessário aplicar disciplinas. Os feitores eram excessivamente escrupulosos e eu não podia hesitar nas ordens de cada dia. Não raro algum negro morria no tronco para escarmento geral; outras vezes, era obrigada a vender as mães cativas, separando-as dos filhos, por questões de harmonia doméstica. Nessas ocasiões, sentia morder-me a consciência, mas confessava-me todos os meses, quando o padre Amâncio visitava a fazenda e, depois da comunhão, estava livre dessas faltas veniais, porque, recebendo a absolvição no confessionário e ingerindo a sagrada partícula, estava novamente em dia com todos os meus deveres para com o mundo e com Deus."
O texto apresenta dois pontos para reflexão. O primeiro ponto é a ideia que alguém possa ser melhor ou inferior a outro devido à cor da pele, da religião ou da situação financeira/social. Quem é cristão não pode aceitar esta ideia, ela é contra a lei do amor de Deus. Quem é espírita sabe que o corpo físico é temporário e, portanto, não temos cor ou posição social eternas. Em uma encarnação podemos ser do sexo feminino e negra, na outra encarnação podemos nascer em um corpo masculino e branco.

O segundo ponto de reflexão do texto é a religião. Neste caso, somente o culto externo foi observado. A irmã seguiu todas as formalidades que a religião lhe exigia, mas isto não significou que ela se tornou uma pessoa melhor. Ela provavelmente foi uma boa católica, mas não foi uma boa cristã.

E nós espíritas? Qual será a nossa situação quando chegar a nossa hora de prestar contas?
"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações".
                                                               Allan Kardec

Carmem Bezerra

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 33

André Luiz visualiza fora das Câmaras de Retificação dois seres estranhos.
"Pareciam dois homens de substância indefinível, semiluminosa. Dos pés e dos braços pendiam filamentos estranhos, e da cabeça como que se escapava um longo fio de singulares proporções. Tive a impressão de identificar dois autênticos fantasmas."
Narcisa ri do susto que André levou e explica:
"Também eu, por minha vez, experimentei a mesma surpresa, em outros tempos. Aqueles são os nossos próprios irmãos da Terra. Trata-se de poderosos espíritos que vivem na carne em missão redentora e podem, como nobres iniciados da Eterna Sabedoria, abandonar o veículo corpóreo, transitando livremente em nossos planos. Os filamentos e fios que observou são singularidades que os diferenciam de nós outros. Não se arreceie, portanto. Os encarnados, que conseguem atingir estas paragens, são criaturas extraordinariamente espiritualizadas, apesar de obscuras ou humildes na Terra."
Em seguida, ao visualizar os dois irmãos, Narcisa completa:
"Estão envolvidos em claridade azul. Devem ser dois mensageiros muito elevados na esfera carnal, em tarefa que não podemos conhecer."
Esta passagem do livro é muito interessante. Em primeiro lugar, vemos um "morto" tendo medo de um "vivo" (quem não é espírita acreditaria nesta estória?). Em segundo lugar, o texto mostra que o Espírito não fica preso ao corpo físico. No caso em tela, temos dois irmãos que usam a hora do descanso para trabalhar. Narcisa os identifica como irmãos de uma ordem superior (provavelmente da segunda ordem de acordo com as questões 107 a 111 do Livro dos Espíritos). Em 29/08/10, eu escrevi um texto sobre vibração, matéria e energia. Neste estudo, vimos que a cor violeta é a cor com menor comprimento de onda e maior frequência vibratória. É a cor dos Espíritos superiores. A cor azul fica próxima da violeta na escala de cores. Portanto, Narcisa identificou a superioridade moral dos Espíritos ao ver a cor azul.

Este capítulo também fala de animais utilizados pelo grupo de trabalhadores de Nosso Lar no resgate de irmãos da zona do Umbral inferior. Narcisa explicou a razão para André Luiz:
"Os cães facilitam o trabalho, os muares suportam cargas pacientemente e fornecem calor nas zonas onde se faça necessário; e aquelas aves - acrescentou, indicando-as no espaço -, que denominamos íbis viajores, são excelentes auxiliares dos Samaritanos, por devorarem as formas mentais odiosas e perversas, entrando em luta franca com as trevas umbralinas."
Portanto, existem animais em Nosso Lar. Os animais evoluem e um dia encarnam em corpos humanos? Esta é uma questão polêmica dentro da Doutrina Espírita. Eu acredito que sim, que passamos por vários estágios na escala evolutiva (reinos mineral, vegetal e animal).  Deus nos cria simples e ignorantes, ou seja, sem nenhum conhecimento. Na fase inicial somos apenas um princípio inteligente conforme nos fala a questão 115 do Livro dos Espíritos.

115 - Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus?
 
Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.
Para aprender, precisamos vivenciar diversas experiências. No reino mineral, aprendemos a agregar os átomos, a formar corpos. No reino vegetal, aprendemos a interagir com o ambiente que nos rodeia (alimentação, respiração, defesa, etc). No reino animal, aprendemos a interagir com os seres da mesma espécie e de outras espécies. Na espécie humana, aprendemos a raciocinar. Portanto, inicialmente passamos por mundos e/ou reinos primitivos. Depois habitamos mundos de expiação e provas onde exercemos o nosso livre arbítrio. No nosso futuro evolutivo, iremos para mundo superiores onde novos conhecimentos serão adquiridos.
 
Já li que os animais quando desencarnam ficam pouco tempo fora do corpo físico. Eles são logo encaminhados para uma nova encarnação. Entretanto, alguns palestrantes espíritas acreditam que existem lugares na Espiritualidade onde estes seres são levados para que a evolução se complete. Isto significa que após várias encarnações em uma determinada espécie, quando não existe mais nada a aprender em um determinado estágio da vida, eles seriam encaminhados para regiões específicas na Espiritualidade para que a adaptação a um novo estágio fosses feita. André Luiz em seus livros nos fala de plantas e animais mais evoluídos que as plantas e os animais da Terra. Logo, Nosso Lar poderia ser um desses lugares. Talvez a adaptação seja concluída após o estágio em várias localidades. Não sei dizer o certo. Mas tenho certeza de duas coisas: a natureza não dá salto (como já disse o próprio André Luiz neste livro) e que as leis de Deus são sábias e eternas. Não faz sentido a criação de seres que não evoluem.

"Na planta, a inteligência fica adormecida; no animal, ela sonha; apenas no homem ela acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente."
               O problema do Ser, do Destino e da Dor. Leon Denis.

Carmem Bezerra

terça-feira, 24 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 32

Narcisa fala para André Luiz do parque criado pela Ministra Veneranda para ajudar na educação dos habitantes de Nosso Lar.
"Trata-se dos "salões verdes" para serviço de educação. Entre as grandes fileiras das árvores, há recintos de maravilhosos contornos para as conferências dos Ministros da Regeneração; outros para Ministros visitantes e estudiosos em geral, reservando-se, porém, um de assinalada beleza, para as conversações do Governador, quando ele se digna de vir até nós. Periodicamente, as árvores eretas se cobrem de flores, dando ideia de pequenas torres coloridas, cheias de encantos naturais. Temos, assim, no firmamento, o teto acolhedor, com as bênçãos do Sol ou das estrelas distantes."
André fica admirado com tudo que ouve de Narcisa sobre a Ministra Veneranda e quer saber porque ela ainda continua em Nosso Lar.
"Intimamente, ela vive em zonas muito superiores à nossa e permanece em Nosso Lar por espírito de amor e sacrifício. Soube que essa benfeitora sublime vem trabalhando, há mais de mil anos, pelo grupo de corações bem-amados que demoram na Terra, e espera com paciência."
Pelo relato de Narcisa, a Ministra Veneranda não precisa continuar na atmosfera do nosso orbe. Por merecimento, ela tem direito a viver em um mundo superior. Por amor aos irmãos que com ela estiveram na Terra e que se atrasaram nas provas evolutivas, ela continua trabalhando pela evolução do nosso planeta e de seus habitantes.

Outro caso conhecido é do Dr. Bezerra de Menezes. Ele foi convidado para viver em mundos superiores, mas recusou e continua nos ajudando aqui na Terra.

Muitos outros na situação da Ministra Veneranda e do Dr. Bezerra de Menezes devem existir. São Espíritos amigos que velam por nós em nossas dificuldades. E acima de tudo, são exemplos que devemos ter coragem de seguir.
"O Amor vencerá sempre, e, por isso, a dor será motivada a desaparecer de nosso ainda atribulado caminho."
                                                      Dr. Bezerra de Menezes.

Carmem Bezerra


Palestras com o Divaldo Franco

O médium Divaldo Franco fará nas próximas semanas um conjunto de palestras no Rio de Janeiro. Em especial, quero chamar atenção para duas palestras: a do dia 30 de Julho (2a-feira) na Hebraica e a do dia 01 de agosto (4a-feira) na Casa de Espanha.


Já ouvi várias pessoas falarem que não vão a palestra da Hebraica, pois é muito cheio e é preciso sentar no chão ou ficar em pé. Se quiser ficar sentado é preciso chegar umas 3 horas antes. Isto não é mais verdade. Nos dois últimos anos, eu cheguei quando faltava menos de 1 hora para a palestra e consegui cadeira no auditório, pois o salão fora todo preenchido com cadeiras. Dá para todo mundo se sentar. Além disso, a organização do evento coloca 2 telões no palco. Isto permite ver o Divaldo de onde estiver. No final do encontro, ele sempre autografa os livros.

Quanto ao Seminário na Casa de Espanha, é preciso comprar convite (R$ 40,00). O dinheiro arrecadado é para as obras da Mansão do Caminho. Serão 4 horas (das 14 às 18) ouvindo o Divaldo falar sobre mediunidade. Já comprei o meu convite e estarei lá com certeza.

Abaixo, o calendário de palestras do Divaldo que foi divulgado na página oficial do médium (http://www.divaldofranco.com).

Julho de 2012
Dia 29: Terceiro Congresso do Centro Espírita Joanna de Ângelis da Barra da Tijuca, no Ribalta
Dia 30: Sociedade Hebraica – RJ - lançamento de livro
Dia 31: Museu de Arte Moderna - RJ

Agosto de 2012
Dia 01: Seminário na Casa de Espanha - RJ
Dia 02: Grupo Espírita André Luiz - RJ
Dia 03: Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) – Concha Acústica
Dia 04: Centro Espírita Jésus Gonçalves, Jacarepaguá
Dia 05: Colégio Militar 22° Feirão Pró-Mansão do Caminho - RJ
Dia 06: Associação Banco do Brasil – Niterói

Carmem Bezerra

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 31

Narcisa recebe a informação que uma mulher está pedindo socorro em um dos portões de Nosso Lar. A entrada da infeliz não foi permitida pelo vigia, pois ela está rodeada de pontos negros. André Luiz não visualiza os pontos negros e Narcisa explica que a visão espiritual dele ainda não está suficientemente educada.

Paulo, chefe dos vigilantes, é chamado para decidir se a mulher pode ser admitida em Nosso Lar.
"Esses pontos escuros representam cinquenta e oito crianças assassinadas ao nascerem. Em cada mancha vejo a imagem mental de uma criancinha aniquilada, umas por golpes esmagadores, outras por asfixia. Essa desventurada criatura foi profissional de ginecologia. A pretexto de aliviar consciências alheias, entregava-se a crimes nefandos, explorando a infelicidade de jovens inexperientes. A situação dela é pior que a dos suicidas e homicidas, que, por vezes, apresentam atenuantes de vulto."
A mulher implora para entrar em Nosso Lar, mas não demonstra nenhum remorso. Nega todo mal que fez na Terra.
"Quem me atribui essa infâmia? Minha consciência está tranquila, canalha!... Empreguei a existência auxiliando a maternidade na Terra. Fui caridosa e crente, boa e pura..."
Quando a mulher vai embora, Paulo observa:
"Observaram o Vampiro? Exibe a condição de criminosa e declara-se inocente; é profundamente má e afirma-se boa e pura; sofre desesperadamente e alega  tranquilidade; criou um inferno para si própria e assevera que está procurando o céu."
Em Missionários da Luz, André Luiz volta ao assunto e fornece a definição de vampiro:
"... é toda entidade ociosa que se vale indebitamente das possibilidades alheias e, em se tratando de vampiros que visitam os encarnados, é preciso reconhecer que eles atendem aos sinistros propósitos a qualquer hora, desde que encontrem guarida no estojo de carne dos homens."
 Suely Caldas, em Obsessão/Desobsessão, discute também a existência dos vampiros:
"Realmente encontramos muitos desencarnados que agem como ectoparasitas, ou seja, absorvendo as emanações vitais dos encarnados que com eles se harmonizam, aqui e ali, como são os que aproximam eventualmente dos fumantes, dos alcoólotras e de todos aqueles que se entregam aos vícios e desregramentos de qualquer espécie."
Um vampiro é um irmão que suga as energias de outros irmãos (encarnados e desencarnados), que não vê no trabalho do bem o alimento para o seu espírito. Portanto, Paulo agiu corretamente ao impedir a entrada da infeliz em Nosso Lar. Ela ainda não se encontrava pronta para receber ajuda e só iria pertubar os outros irmãos que estavam em recuperação nas Câmaras de Retificação.


Carmem Bezerra

domingo, 22 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 30

Neste capítulo, André Luiz conhece Paulina cujo pai se encontra pertubado por ter tido a morte antecipada pelo próprio filho por meio de eutanásia. Narcisa explica a situação para André.
"Os casos de herança, em regra, são extremamente complicados. Com raras exceções, acarretam enorme peso a legadores e legatários. Neste caso, porém, vemos não só isso, mas também a eutanásia. A ambição do dinheiro criou, em toda a família de Paulina, esquisitices e desavenças. Pais avarentos possuem filhos esbanjadores. Fui a casa de nossa amiga, quando o irmão, o Edelberto, médico de aparência distinta, empregou, no genitor quase moribundo, a chamada "morte suave". Esforçamo-nos por o evitar, mas foi tudo em vão. O pobre rapaz desejava, de fato, apressar o desenlace, por questões de ordem financeira, e aí temos agora a imprevidência e o resultado - o ódio e a moléstia."
Esta passagem do livro nos mostra que ninguém deve brincar de "ser Deus". Este irmão antecipou a morte do próprio pai e desencadeou pertubações para ele e para a sua família. Mesmo que o motivo fosse aliviar o sofrimento paterno (não era este o caso), a eutanásia é condenável diante das leis divinas.

Eu me preocupo muito quando vejo discussão na mídia sobre eutanásia e pena de morte. Será que em dois mil anos não aprendemos nada? Deus é o criador e só Ele pode definir o término da vida em uma encarnação. Qualquer tentativa de mudar o curso da vida é ir contra as determinações do Pai.

Não existe eutanásia por amor. Quem mata para aliviar o sofrimento do doente está na realidade querem se poupar do sofrimento. A vida na Terra é apenas uma visita, nosso lugar é no Mundo Maior. Que Deus nos ilumine para fazer cada segundo da nossa passagem na Terra valer a pena!
A vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace.
Victor Hugo

Carmem Bezerra

sábado, 21 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 29

Narcisa explica a André Luiz a situação de um irmão em crise nas Câmaras de Retificação.
“O pobrezinho era excessivamente apegado ao corpo físico e veio para a esfera espiritual após um desastre, oriundo de pura imprudência. Esteve, durante muitos dias, ao lado dos despojos, em pleno sepulcro, sem se conformar com situação diversa. Queria firmemente levantar o corpo hirto, tal o império da ilusão em que vivera e, nesse triste esforço, gastou muito tempo. Amedrontava-se com a ideia de enfrentar o desconhecido e não conseguia acumular nem mesmo alguns átomos de desapego às sensações físicas. Não valeram socorros das esferas mais altas, porque fechava a zona mental a todo pensamento relativo à vida eterna. Por fim, os vermes fizeram-lhe experimentar tamanhos padecimentos que o pobre se afastou do túmulo, tomado de horror. Começou, então, a peregrinar nas zonas inferiores do Umbral; no entanto, os que lhe foram pais na Terra possuem aqui grandes créditos espirituais e rogaram sua internação na colônia. Trouxeram-no os Samaritanos, quase à força. Seu estado, contudo, é ainda tão grave que não poderá ausentar-se, tão cedo, das Câmaras de Retificação.”
Quando li esta passagem, fiquei me lembrando dos inúmeros irmãos encarnados que vivem para o culto do corpo físico. A sociedade sempre deu importância às aparências, mas ultimamente parece que as coisas fugiram de qualquer controle.

Nosso corpo físico é presente de Deus para a nossa caminhada na Terra. Ele deve ser respeitado e cuidado com carinho. Mas precisamos lembrar que a posse do corpo físico é temporárea. Muitos corpos já tivemos e o que temos atualmente será um dia devolvido para a Terra.

Fico sempre chocada quando leio ou vejo alguma discussão sobre criogenia (congelamento de cadáveres a baixas temperaturas para que sejam ressuscitados um dia). Pessoas que procuram esta técnica acreditam apenas na matéria e acham que um dia poderão voltar a viver com o mesmo corpo. Fico imaginando a situação dessas pessoas no plano espiritual. Provavelmente, elas passarão um longo período nas Câmaras de Retificação antes de conseguir entender e aceitar que a vida não termina com a morte.

"A questão mais aflitiva para o espírito no Além é a consciência do tempo perdido."
Chico Xavier


Carmem Bezerra

Nosso Lar - Capítulo 28

Neste capítulo, André Luiz com Tobias e Narcisa ouvem uma transmissão de rádio que fala do resgate de vários irmãos infelizes e que serão trazidos para Nosso Lar. André estranha que esteja sendo providenciado transporte para esses irmãos. Afinal não são todos Espíritos?

Tobias responde a dúvida de André.
"O irmão esquece que não chegou ao Ministério do Auxílio de outro modo. Conheço o episódio de sua vinda. É preciso recordar, sempre, que a Natureza não dá saltos e que, na Terra, ou nos círculos do Umbral, estamos revestidos de fluidos pesadíssimos. São aves e têm asas, tanto o avestruz como a andorinha; entretanto, o primeiro apenas subirá às alturas se transportado, enquanto a segunda corta, célere, as vastas regiões do céu."
O que Tobias fala no texto acima já foi discutido neste estudo. Quanto mais materializado é o Espírito, mais dificuldades ele tem de se desprender dos limites do corpo físico (mesmo que não tenha mais corpo físico).

Na realidade, Deus nos deu asas para que possamos voar como a andorinha, mas ainda preferimos esconder a cabeça na terra como o avestruz.

"Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta."
Chico Xavier

Carmem Bezerra

domingo, 15 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 27

Nas Câmaras de Retificação, André Luiz encontra irmãos em profundo sofrimento.
"Nunca poderia imaginar o quadro que se desenhava agora aos meus olhos. Não era bem o hospital de sangue, nem o instituto de tratamento normal da saúde orgânica. Era uma série de câmaras vastas, ligadas entre si e repletas de verdadeiros despojos humanos. Singular vozerio pairava no ar. Gemidos, soluços, frases dolorosas pronunciadas a esmo... Rostos escaveirados, mãos esqueléticas, fácies monstruosas deixavam transparecer terrível miséria espiritual. Tão angustiosas foram minhas primeiras impressões que procurei os recursos da prece para não fraquejar."
Como já foi falado neste estudo, o perispírito reflete o Espírito. Não há aparências, apenas a verdade. A vida na Terra permite nos esconder atrás das máscaras do corpo físico. Não há como fazer isto no Mundo Maior. Nós refletimos o que somos.

André tem a oportunidade de presenciar duas situações nas Câmeras de Retificação. A primeira situação é de um irmão que está sendo pertubado pelos pensamentos sombrios dos parentes encarnados. A enfermeira Narcisa explica o que aconteceu.
"Hoje, muito cedo, ele se ausentou sem consentimento nosso, a correr desabaladamente. Gritava que lhe exigiam a presença no lar, que não podia esquecer a esposa e os filhos chorosos; que era crueldade retê-lo aqui, distante do lar. Lourenço e Hermes esforçaram-se por fazê-lo voltar ao leito, mas foi impossível. Deliberei, então, aplicar alguns passes de prostração. Subtrai-lhe as forças e a motilidade, em benefício dele mesmo."
Os encarnados e os desencarnados estão mergulhados em um meio comum formado pelo fluido cósmico universal. Como todos os seres se encontram nela mergulhados, esta substância serve de veículo para a transmissão dos pensamentos. Isto está explicado na questão 282 do Livro dos Espíritos.
"Como se comunicam entre si os Espíritos? Eles se veem e se compreendem. A palavra é material: é o reflexo do Espírito. O fluido universal estabelece entre eles constante comunicação; é o veiculo da transmissão de seus pensamentos, como, para vós, o ar o é do som. É uma espécie de telégrafo universal, que liga todos os mundos e permite que os Espíritos se correspondam de um mundo a outro."
Portanto, os pensamentos dos encarnados alcançam os desencarnados. Infelizmente, nem sempre os desencarnados estão preparados para lidar com as comunicações que recebem. No caso em tela, o companheiro de André Luiz decidiu agir para ajudar Ribeiro, o irmão desencarnado em atendimento no Nosso Lar.
"... vou pedir providências contra a atitude da família. É preciso que ela receba maior bagagem de preocupações, para que nos deixe o Ribeiro em paz."
A segunda situação presenciada por André e que lhe chamou a atenção foi a câmara com pacientes semimortos. Tobias explicou o que se passava.
"Estes sofredores padecem um sono mais pesado que outros de nossos irmãos ignorantes. Chamamos-lhes crentes negativos. Ao invés de aceitarem o Senhor, eram vassalos intransigentes do egoísmo; ao invés de crerem na vida, no movimento, no trabalho, admitiam somente o nada, a imobilidade e a vitória do crime. Converteram a experiência humana em constante preparação para um grande sono e, como não tinham qualquer ideia do bem, a serviço da coletividade, não há outro recurso senão dormirem longos anos, em pesadelos sinistros."
O texto parece indicar que estas pessoas esperavam dormir após a morte, talvez a espera do Juízo Final. Elas se condicionaram para isto durante toda a vida na Terra. Portanto, mais uma vez, André nos mostra a importância da nossa mente (corpo mental) no que nos acontece depois da morte. Estes irmãos se programaram para dormir após a morte do corpo físico. Eles viverão então como pessoas em coma no Mundo Espiritual por um bom tempo. Aos poucos e com o tratamento dado nas Câmaras de Retificação, eles retomarão a consciência de quem são e de onde estão.

"Os homens semeiam na terra o que colherão na vida espiritual: os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza."
Allan Kardec


Carmem Bezerra

Nosso Lar - Capítulo 26

Acatando o conselho de D. Laura, André Luiz explica ao Ministro Genésio que pretende não só observar o trabalho, mas também ajudar no que for possível. Satisfeito, o Ministro da Regeneração comenta:
"Quando o discípulo está preparado, o Pai envia o instrutor. O mesmo se dá, relativamente ao trabalho. Quando o servidor está pronto, o serviço aparece."
Tobias é então designado para levar André até às Câmaras de Retificação. Antes de lá chegar, eles passam por inúmeros edifícios com pessoas trabalhando.
"Temos aqui as grandes fábricas de Nosso Lar. A preparação de sucos, de tecidos e artefatos em geral, dá trabalho a mais de cem mil criaturas, que se regeneram e se iluminam ao mesmo tempo."
O trabalho precisa ser de acordo com a capacidade do trabalhador. Além disso, esses Espíritos precisam ser preparados para um possível retorno ao planeta Terra. Portanto, eles trabalham em algo que lhes é familiar (compreensível) e que lhes ajudarão na sua formação moral. É preciso entender que estas fábricas existem devido às necessidades destes irmãos. Em mundos mais adiantados, roupas e alimentos são produzidos pelos próprios Espíritos com a manipulação do fluido universal.

André estranha que as Câmaras de Retificação estejam localizadas nos pavimentos inferiores dos edifícios.
"As Câmaras de Retificação estão localizadas nas vizinhanças do Umbral. Os necessitados que aí se reúnem não toleram as luzes, nem a atmosfera de cima, nos primeiros tempos de moradia em Nosso Lar."
Tudo em Nosso Lar foi planejado para facilitar a adaptação dos irmãos mais materializados. Afinal, a colônia está localizada no Umbral Superior. Quando estiverem em melhor condição, serão levados para outros ambientes para completar a recuperação.
     SENDA DE PERFEIÇÃO
     Quem move as mãos no serviço
     Foge à treva e à tentação.
     Trabalho de cada dia
     É senda de perfeição.
     Livro “Pai Nosso”, Meimei/Chico Xavier.

Carmem Bezerra

Nosso Lar - Capítulo 25

Neste capítulo, André Luiz lembra o conselho que recebeu de D. Laura antes de iniciar as visitas aos serviços dos Ministérios de Nosso Lar.
“Sei que seu espírito de pesquisa intelectual é muito forte. Médico estudioso, apaixonado de novidades e enigmas, ser-lhe-á muito fácil deslizar na posição nova. Não esqueça que poderá obter valores mais preciosos e dignos que a simples análise das coisas. A curiosidade, mesmo sadia, pode ser zona mental muito interessante, mas perigosa, por vezes. Dentro dela, o espírito desassombrado e leal consegue movimentar-se em atividades nobilitantes; mas os indecisos e inexperientes podem conhecer dores amargas, sem proveito para ninguém. Clarêncio ofereceu-lhe ingresso nos Ministérios, começando pela Regeneração. Pois bem: não se limite a observar. Ao invés de albergar a curiosidade, medite no trabalho e atire-se a ele na primeira ocasião que se ofereça. Surgindo ensejo nas tarefas da Regeneração, não se preocupe em alcançar o espetáculo dos serviços nos demais Ministérios. Aprenda a construir o seu círculo de simpatias e não olvide que o espírito de investigação deve manifestar-se após o espírito de serviço. Pesquisar atividades alheias, sem testemunhos no bem, pode ser criminoso atrevimento. Muitos fracassos, nas edificações do mundo, originam-se de semelhante anomalia. Todos querem observar, raros se dispõem a realizar. Somente o trabalho digno confere ao espírito o merecimento indispensável a quaisquer direitos novos.”
O conselho da mãe de Lísias serve para todos nós. É fácil encontrar espíritas mais interessados nos fenômenos mediúnicos do que na própria doutrina codificada por Kardec. São pessoas capazes de visitar cidades distantes apenas para ver um médium famoso ou para presenciar algum fenômeno, mas são pessoas incapazes de sair de casa para ajudar um irmão no bairro vizinho.

D. Laura não condena a curiosidade nesta conversa com André. Ela apenas lembra que a curiosidade improdutiva não nos acrescenta nada e podemos está perdendo uma ótima oportunidade de crescimento pessoal.


Carmem Bezerra

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 24

Ao ligar o aparelho transmissor, Elísias e André Luiz ouvem um apelo da colônia Moradia ligada às zonas inferiores.
“Lembrai-vos de que a paz necessita de trabalhadores de defesa! Colaborai conosco na medida de vossas forças!... Há serviço para todos, desde os campos da crosta às nossas portas!... Que o Senhor nos abençoe.”
Elísias explica que uma nova Guerra Mundial se aproxima apesar de todos os esforços feitos pela Espiritualidade para evitá-la. A data é agosto de 1939 (os historiadores consideram que a 2a Guerra Mundial se iniciou em 1 de setembro de 1939 com a invasão da Polônia pela Alemanha Nazista).

André Luiz fica perplexo com a notícia e estranha o fato de estar ouvindo a noticia falada em português. Lísias esclarece:
"Estamos ainda muito longe das regiões ideais da mente pura. Tal como na Terra, os que se afinam perfeitamente entre si podem permutar pensamentos, sem as barreiras idiomáticas; mas, de modo geral, não podemos prescindir da forma, no lato sentido da expressão. Nosso campo de lutas é imensurável. A humanidade terrestre, constituída de milhões de seres, une-se à humanidade invisível do planeta, que integra muitos bilhões de criaturas. Não seria, portanto, possível atingir as zonas aperfeiçoadas, logo após a morte do corpo físico. Os patrimônios nacionais e linguísticos remanescem ainda aqui, condicionados a fronteiras psíquicas. Nos mais diversos setores de nossa atividade espiritual, existe elevado número de espíritos libertos de todas as limitações, mas insta considerar que a regra é sofrer-se dessas restrições. Nada enganará o princípio de sequência, imperante nas leis evolutivas."
Na mesa mediúnica, muitas vezes os Espíritos sofredores tiveram sua última encarnação em país de língua não portuguesa. Entretanto, isto não impede a comunicação, pois são usadas imagens e sentimentos. O médium capta o que o Espírito comunicante sente e vê. Ele normalmente não capta palavras.

André quer então saber de Lísias se não é possível evitar uma nova guerra mundial.
“Infelizmente a situação geral é muito crítica. Para atender às solicitações de "Moradia" e de outros núcleos que funcionam nas vizinhanças do Umbral, reunimos aqui numerosas assembleias, mas o Ministério da União Divina esclareceu que a humanidade carnal, como personalidade coletiva, está nas condições do homem insaciável que devorou excesso de substâncias no banquete comum. A crise orgânica é inevitável. Nutriram-se várias nações de orgulho criminoso, vaidade e egoísmo feroz. Experimentam, agora, a necessidade de expelir os venenos letais.”
Podemos entender que a Espiritualidade Superior deixou que as coisas na Terra seguissem o rumo traçado pelos seus habitantes. A humanidade precisava aprender sobre o mau uso do seu livre arbítrio. Foi uma lição amarga, mas necessária para a nossa evolução moral. A Espiritualidade poderia ter impedido a 2a Grande Guerra? Sim, poderia. Mas não levaria muito tempo para que a humanidade entrasse em um novo ciclo bélico e uma novo clima para uma guerra mundial se formasse. Imaginem se a 2a Grande Guerra tivesse acontecido na década de 60 ou de 70. Com o avanço tecnológico que tivemos (basta lembrar a bomba atômica), talvez a Terra não mais existisse. Quando a doença está incubada, é melhor deixar que ela se manifeste para ser logo tratada. Se a deixamos escondida, ela se fortalece e os remédios conhecidos podem já não ter efeito.
"Corrigirás o mal com o bem, afastarás a agressão com a paciência, extinguirás o ódio com o amor, desfarás a condenação com a benção."

Alma e Coração, Emmanuel/Chico Xavier



Carmem Bezerra

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 23

Neste capítulo, André Luiz conheceu um pequeno aparelho que, similar ao rádio, capta mensagens da Espiritualidade Superior para os habitantes de Nosso Lar. Lísias explica que não é permitido captar as transmissões radiofônicas da Terra, embora isso seja possível.
“No início da colônia, todas as moradias, ao que sabemos, ligavam-se com os núcleos de evolução terrestre. Ninguém suportava a ausência de notícias da parentela comum. Do Ministério da Regeneração ao da Elevação, vivia-se em constante guerra nervosa. Boatos assustadores perturbavam as atividades em geral.”
É uma situação difícil. Quem está na Espiritualidade quer notícias dos seres amados na Terra. O problema é que esta ligação constante com os encarnados pode retardar a evolução e o equilíbrio dos desencarnados.

A fala de Lísias deixa claro que a comunicação será possível quando existir equilíbrio espiritual nas duas esferas.
“Não devemos procurar notícias dos planos inferiores - prosseguiu, solícito - senão para levar auxílios justos. Convenhamos, porém, que a criatura alguma auxiliará com justiça, experimentando desequilíbrios do sentimento e do raciocínio. Por isso, é indispensável a preparação conveniente, antes de novos contatos com os parentes terrenos. Se eles oferecessem campo adequado ao amor espiritual, o intercâmbio seria desejável; mas esmagadora porcentagem de encarnados não alcançou, ainda, nem mesmo o domínio próprio e vive às tontas, nos altos e baixos das flutuações de ordem material. Precisamos, embora as dificuldades sentimentais, evitar a queda nos círculos vibratórios inferiores.”
A comunicação entre vivos e mortos através de aparelhos eletrônicos é estudada pela transcomunicação instrumental. Há notícias de mensagens obtidas por rádio, telefone, gravadores e computadores. Para que este tipo de intercâmbio se torne comum é preciso que nós nos tornemos primeiro mais espiritualizados. Só assim o intercâmbio continuo e amplo entre as duas esferas será permitido pela Espiritualidade Superior.


Carmem Bezerra

domingo, 8 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 22

Neste capítulo, D. Laura explica a André Luiz como funciona o bônus-hora.
"- Todos cooperam no engrandecimento do patrimônio comum e dele vivem. Os que trabalham, porém, adquirem direitos justos. Cada habitante de Nosso Lar recebe provisões de pão e roupa, no que se refere ao estritamente necessário; mas os que se esforçam na obtenção do bônus-hora conseguem certas prerrogativas na comunidade social. O espírito que ainda não trabalha, poderá ser abrigado aqui; no entanto, os que cooperem podem ter casa própria. O ocioso vestirá, sem dúvida; mas o operário dedicado vestirá o que melhor lhe pareça; compreendeu? Os inativos podem permanecer nos campos de repouso, ou nos parques de tratamento, favorecidos pela intercessão de amigos; entretanto, as almas operosas conquistam o bônus-hora e podem gozar a companhia de irmãos queridos, nos lugares consagrados ao entretenimento, ou o contato de orientadores sábios, nas diversas escolas dos Ministérios em geral. Precisamos conhecer o preço de cada nota de melhoria e elevação. Cada um de nós, os que trabalhamos, deve dar, no mínimo, oito horas de serviço útil, nas vinte e quatro de que o dia se constitui. Os programas de trabalho, porém, são numerosos e a Governadoria permite quatro horas de esforço extraordinário, aos que desejem colaborar no trabalho comum, de boa-vontade. Desse modo, há muita gente que consegue setenta e dois bônus-hora, por semana, sem falar dos serviços sacrificiais, cuja remuneração é duplicada e, às vezes, triplicada."
Na conversa, D. Laura deixa bem claro que a assiduidade e a dedicação são as medidas usadas no cálculo dos bônus-horas. Não existe essa estória de "descanse em paz" na Espiritualidade. Todos são chamados ao trabalho na seara do Divino Mestre. Cada um contribui conforme o seu adiantamento espiritual. Além disso, o trabalho visa educar os que estão na colônia a espera de uma nova chance no globo terrestre.
“Mãos vazias ou cabeça desocupada denunciam coração ocioso.”
IDEAL ESPÍRITA - Eurípedes Barsanulfo / Chico Xavier

Carmem Bezerra

Nosso Lar - Capítulo 21 (continuação)

Para fechar o estudo do Capítulo 21 é importante comentar o seu último parágrafo, no qual D. Laura fala do desencarne próximo da filha Teresa.
“- A mãe de Eloísa não tardará. A passagem dela através do Umbral será somente de algumas horas, em vista dos seus profundos sacrifícios, desde a infância. Pelo muito que sofreu não precisará dos tratamentos da Regeneração.”
Não é pelo simples fato de Teresa ter sofrido muito que ficará pouco tempo no Umbral. Ela certamente soube enfrentar os problemas na Terra sem revoltas. Aceitou a sua cruz e, com isso, evoluiu na escala de valores espirituais. A passagem pelo Umbral é necessária, neste caso, para que o Espírito se livre das energias negativas relacionadas à doença, se equilibre e possa, assim, entrar em Nosso Lar.
“Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.”
Mateus, 16: 24


Carmem Bezerra

sábado, 7 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 21

Neste capítulo, André Luiz nos fornece duas informações interessantes sobre a vida na Espiritualidade: propriedade de imóveis e reminiscências de vidas passadas.

Em relação ao primeiro assunto, André Luiz recebeu a seguinte explicação de D. Laura:
“- Tal como se dá na Terra, a propriedade aqui é relativa. Nossas aquisições são feitas à base de horas de trabalho. O bônus-hora, no fundo, é o nosso dinheiro. Quaisquer utilidades são adquiridas com esses cupons, obtidos por nós mesmos, a custa de esforço e dedicação. As construções em geral representam patrimônio comum, sob controle da Governadoria; cada família espiritual, porém, pode conquistar um lar (nunca mais que um), apresentando trinta mil bônus-hora, o que se pode conseguir com algum tempo de serviço.”
Muitas pessoas imaginam que após a morte do corpo físico "vão descansar em paz". Este é um erro dissiminado pela maioria das religiões terrenas. O tabalho é uma ferramenta para a nossa evolução moral. Não existem privilégios no Mundo Maior.

O segundo assunto foi discutido quando André quis saber de D. Laura se ela tinha recordado de imediato o passado ou se tinha esperado o curso do tempo.
“- Esperei-o - replicou, sorridente -; antes de tudo, é indispensável nos despojarmos das impressões físicas. As escamas da inferioridade são muito fortes. É preciso grande equilíbrio para podermos recordar, edificando. Em geral, todos temos erros clamorosos, nos ciclos da vida eterna. Quem lembra o crime cometido costuma considerar-se o mais desventurado do Universo; e quem recorda o crime de que foi vítima, considera-se em conta de infeliz, do mesmo modo. Portanto, somente a alma, muito segura de si, recebe tais atributos como realização espontânea. As demais são devidamente controladas no domínio das reminiscências, e, se tentam burlar esse dispositivo da lei, não raro tendem ao desequilíbrio e à loucura.”
Ela então explicou que ela e o marido tinham tido permissão para ler as anotações feitas pelo Ministério do Esclarecimento sobre as vidas passadas na Terra nos últimos trezentos anos. André perguntou se a simples leitura dessas anotações tinha sido suficiente para lembrar de tudo.
“- Não. A leitura apenas informa. Depois de longo período de meditação para esclarecimento próprio, e como surpresas indescritíveis, fomos submetidos a determinadas operações psíquicas, a fim de penetrar os domínios emocionais das recordações. Os espíritos técnicos no assunto nos aplicaram passes no cérebro, despertando certas energias adormecidas... Ricardo e eu ficamos, então, senhores de trezentos anos de memória integral. Compreendemos, então, quão grande é ainda o nosso débito para com as organizações do planeta!...”
A situação narrada por D. Laura é própria do nível evolutivo em que ela se encontrava. Espíritos Superiores se apropriam imediatamente do conhecimento de vidas passadas logo após o desencarne. Como já dito neste estudo, Madre Teresa de Calcultá começou a trabalhar logo depois da morte do corpo físico. Não pediu qualquer explicação e não precisou de período de recuperação. Apenas largou o corpo físico e foi ajudar os que precisavam.


Carmem Bezerra

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 20

Neste capítulo, D. Laura explica a André Luiz a importância da célula familiar para a nossa evolução na Terra e na Espiritualidade.
"Por enquanto, raros conhecem que o lar é instituição essencialmente divina e que se deve viver, dentro de suas portas, com todo o coração e com toda a alma."
Mais adiante, ela complementa:
“- Que fazer, porém, meu amigo? - replicou a bondosa senhora - na fase atual evolutiva do planeta, existem na esfera carnal raríssimas uniões de almas gêmeas, reduzidos matrimônios de almas irmãs ou afins, e esmagadora porcentagem de ligações de resgate. O maior número de casais humanos é constituído de verdadeiros forçados, sob algemas.”
Vivemos na Terra momentos conturbados, onde as aparências, o prazer e o imediatismo imperam. O núcleo familiar, que deveria ser porto seguro para os seus membros, é normalmente um campo de batalha. Os casamentos modernos não têm como alicerces o amor e a compreensão e, por isso, se desmoronam facilmente.

Nós, espíritas, precisamos cultivar em nós a cultura do perdão e da compreensão. O amor nascerá naturalmente. É difícil, sim. Mas pode ser feito. O primeiro passo é tentar ver no companheiro de lutas, um irmão doente que precisa de nosso apoio. O segundo passo é entender que nós também estamos doentes e que precisamos contar com a compreensão dos que nos cercam. O terceiro passo é lembrar que o aproveitamento da nossa estadia no hospital-escola Terra depende apenas de nós mesmos.
Nasceste no lar que precisavas.
Vestiste o corpo físico que merecias.
Moras onde melhor Deus te proporcionou, de acordo com teu adiantamento.
Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas
necessidades, nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas.
Chico Xavier


Carmem Bezerra

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 19

Neste Capítulo, André Luiz conhece a neta de Dona Laura, Eloísa, que retornara ao mundo espiritual após oito meses de luta contra a tuberculose.
"- Eloísa tem estado inquieta, aflita. Em parte, justifica-se. A tuberculose foi longa e deixou-lhe traços profundos; entretanto, não se pode prescindir, a tempo algum, do otimismo e da coragem."
A jovem reage às palavras da avó com desespero.
"- Tolinha! - disse a meiga senhora abraçando-a - é necessário reagir contra isso. Estas impressões são os resultados da educação religiosa deficiente, nada mais. Sabes que tua mãe não se demorará e que não podes contar com a fidelidade do noivo, que, de modo algum, está preparado a te oferecer uma sincera dedicação espiritual na Terra. Ele ainda está longe do espírito sublime do amor iluminado."
 O texto nos apresenta uma situação muito comum na Espiritualidade: a nossa falta de preparo para a vida após a morte do corpo físico. Não é uma questão apenas de religião. Este problema também atinge aos espíritas. Nosso apego às coisas materiais e o pouco tempo que dedicamos ao estudo da doutrina e à prática da caridade estão no centro do problema. Não adianta parecermos espíritas, temos de ser espíritas de verdade.
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações.”
Allan Kardec, E.S.E., XVII, 4


Carmem Bezerra

domingo, 1 de julho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 18

Laura, a mãe de Lísias, tece comentários sobre as refeições de Nosso Lar.
"Nosso irmão, André Luiz, talvez ainda ignore que o maior sustentáculo das criaturas é justamente o amor. De quando em quando, recebemos em Nosso Lar grandes comissões de instrutores, que ministram ensinamentos relativos à nutrição espiritual. Todo sistema de alimentação, nas variadas esferas da vida, tem no amor a base profunda. O alimento físico, mesmo aqui, propriamente considerado, é simples problema de materialidade transitória, como no caso dos veículos terrestres, necessitados de colaboração da graxa e do óleo. A alma, em si, apenas se nutre de amor. Quanto mais nos elevarmos no plano evolutivo da Criação, mais extensamente conheceremos essa verdade. Não lhe parece que o amor divino seja o cibo do Universo?"
Lísias completa a explicação para André Luiz:
"Tudo se equilibra no amor infinito de Deus, e, quanto mais evolvido o ser criado, mais sutil o processo de alimentação."
A alimentação dos Espíritos é um assunto muito interessante. Vou tentar resumir o tema, mas os interessados devem procurar literatura especializada.

1) Corpos espirituais - embora Kardec tenha falado apenas no perispírito, sabemos hoje que existem vários camadas entre o Espírito e o corpo físico. Para esta discussão precisamos entender a função do perispírito, do duplo etérico e do corpo físico.


2) Perispírito - em Obras Póstumas, Kardec explica o que é perispírito.
"Os Espíritos, como foi dito, têm um corpo fluídico ao qual se dá o nome de perispírito. A sua substância é haurida no fluido universal, ou cósmico, que o forma e o alimenta, como o ar forma e alimenta o corpo material do homem. O perispírito é mais ou menos etéreo segundo os mundos e segundo o grau de depuração do Espírito. Nos mundos dos Espíritos inferiores, a sua natureza é mais grosseira e mais se aproxima da matéria bruta."
Da leitura cuidadosa do texto acima podemos deduzir:
  • O perispírito é matéria, embora seja mais sutil que o corpo físico;
  • O perispírito também precisa de alimentos para sobreviver;
  • A matéria que forma o perispírito depende do nível evolutivo do Espírito e do mundo em que ele habita.
Além disso, com já foi dito anteriormente no estudo de Nosso Lar, o perispírito possui a programação (automatismo) dos órgãos do corpo. Por exemplo, toda a definição do processo de respiração que envolve os pulmões e a corrente sanguínea está no perispírito. Não precisamos pensar em respirar, isto é feito automaticamente graças ao perispírito.

A ligação do perispírito com o corpo físico é feita célula a célula. Médiuns relatam terem visto equipes espirituais operando o perispírito enquanto uma equipe de médicos encarnados operavam o corpo físico. Sem essa ajuda da Espiritualidade, os transplantes de órgãos, por exemplo, não seriam viáveis.

3) Duplo Etérico - é o nosso corpo fluídico, nosso posto particular de abastecimento energético. É de onde tiramos a energia para movimentar o corpo físico. Pode ser considerado uma extensão do perispírito que só existe enquanto existe corpo físico, embora esteja mais próximo do corpo físico do que do perispírito. No livro Perispírito, Zimmermann explica:
"Com a desencarnação, essa estrutura se desintegra com a própria organização física, perdendo, pois, o perispírito, em grande parte, essa túnica de vitalidade, essencial para o equilíbrio Espírito-corpo."
Mais adiante, no mesmo texto, Zimmermann completa:
"Uma estreita relação existe, pois, entre o duplo etérico e o corpo denso. A deficiência de energia em um repercute diretamente no outro, com nítida queda de vitalidade. E, ao contrário, o revigoramento do primeiro resulta na revitalização do segundo".
Em Evolução em Dois Mundos, André Luiz nos fornece mais informações sobre o duplo etérico.
"Todos os seres vivos, por isso, dos mais rudimentares aos mais complexos se revestem de um halo energético que lhes corresponde à natureza. No homem, contudo, semelhante projeção surge profundamente enriquecida e modificada pelos fatores do pensamento contínuo que, em se ajustando às emanações do campo celular, lhe modelam, em derredor da personalidade, o conhecido corpo vital ou duplo etéreo de algumas escolas espiritualistas, duplicata mais ou menos radiante da criatura. Nas reentrâncias e ligações sutis dessa túnica eletromagnética de que o homem se entraja, circula o pensamento, colorindo-a com as vibrações e imagens de que se constitui, aí exibindo, em primeira mão, as solicitações e os quadros que improvisa, antes de irradiá-los no rumo dos objetos e das metas que demanda.”
André Luiz explica no texto acima que os nossos pensamentos ganham forma (matéria) graças ao duplo etérico. Portanto, as nossas criações mentais são materializadas pela energia do duplo etérico.

4) Corpo Físico - é também formado (como o perispírito e o duplo etérico) de fluído cósmico universal.

Kardec perguntou aos Espíritos sobre o que faz o corpo físico ter vida.
Questão 62 - Qual é a causa da animalização da matéria? 
– Sua união com o princípio vital.
 O principio vital também provém do fluido universal. É o nosso combustível para o corpo físico.


5) Alimentação - Os seres humanos se nutrem de alimentos líquidos ou sólidos,do ar atmosférico e de energias cósmicas e espirituais.

O perispírito possui centros de força capazes de captar energias sutis (fluido cósmico universal e fluído vital de outros seres). O corpo físico é capaz de gerar energia através da alimentação e da respiração. O duplo etérico possui centros vitais que também captam energias, além das energias vindas do perispírito e do corpo físico. O duplo etérico serve de filtro entre o corpo físico e o corpo espiritual. Ele recebe, adapta e distribui energias de acordo com a necessidade. As energias do corpo espiritual são mais sutis, enquanto as energias do corpo físico são mais densas.



No livro Entre a Terra e o Céu, André Luiz explica:
“O nosso corpo de matéria rarefeita está intimamente regido por sete centros de força, que se conjugam nas ramificações dos plexos e que, vibrando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente, estabelecem, para nosso uso, um veículo de células elétricas, que podemos definir como sendo um campo eletromagnético, no qual o pensamento vibra em circuito fechado.”
É muito importante o que André Luiz nos informa no texto acima: nós somos responsáveis pela energia gerada para a nossa própria subsistência. Se temos sentimentos bons, a energia gerada será leve e sutil. Se temos sentimentos ruins, a energia gerada  será pesada e densa. Esta energia nos envolve e a transmitimos aos outros pelo pensamento e pela vontade. O passe é um exemplo de transmissão de energia de uma pessoa para outra.

Voltemos ao livro Nosso Lar. Agora fica fácil entender o que foi dito no Capítulo 18: o amor é, sem dúvidas, o alimento das almas. Com a evolução, seremos capazes de extrair do fluido cósmico universal (gerado pelo amor de Deus por nós) e da convivência com outros Espíritos (amor fraternal) toda a energia que precisamos para a nossa sobrevivência.

Carmem Bezerra