sábado, 30 de junho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 17

André recebe alta do hospital e é convidado por Lísias a morar com ele e sua família. É o primeiro contato de André com a organização doméstica na colônia.

Os habitantes de Nosso Lar se organizam da mesma forma que os encarnados na Terra. As casas possuem cômodos e objetos idênticos aos da Terra. Isto é esperado, pois a maioria dos Espíritos que habitam a colônia estão ainda muito ligados à matéria. Eles precisam do conforto de um ambiente a que estão acostumados.

Ao notar a admiração de André pelos livros que tinha em casa, a mãe de Lísias observou:
“Temos em Nosso Lar, no que concerne à literatura, uma enorme vantagem; é que os escritores de má-fé, os que estimam o veneno psicológico, são conduzidos imediatamente para as zonas obscuras do Umbral. Por aqui não se equilibram, nem mesmo no Ministério da Regeneração, enquanto perseveram em semelhante estado d’alma”.
O envio desses Espíritos para o Umbral deve ser interpretado como uma necessidade e não como uma punição. Esses escritores precisam se equilibrar antes de serem admitidos em outras esferas. A mente viciada em pensamentos de baixa vibração cria em torno de si uma atmosfera não salutar. É preciso primeiro que o Espírito sinta a necessidade de renovação e, assim, mude a sintonia dos seus pensamentos.
“O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem.”   Mateus 15:11


Carmem Bezerra

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 16

A mãe de André informa que o marido se encontra no Umbral.
“... eu o visito frequentemente. Ele, porém, não me percebe. Seu potencial vibratório é ainda muito baixo. Tento atrai-lo ao bom caminho, pela inspiração, mas apenas consigo arrancar-lhe algumas lágrimas de arrependimento, de quando em quando, sem obter resoluções sérias.”
André não entende o motivo.
“Assombravam-me as informações referentes a meu pai. Que espécie de lutas seriam as dele? Não parecia sincero praticante dos preceitos religiosos, não comungava todos os domingos?”
Através da sua própria estória, mais uma vez André nos informa que as aparências não importam no Mundo Maior. Não basta alguém parecer um bom cristão, ele precisa ser um bom cristão.

Entretanto, não considerem esta passagem como uma alfinetada no culto externo da religião Católica Romana. O pai de André poderia ser espírita e estar na mesma situação. Basta a gente se lembrar da estória de Frederico Finger (Irmão Jacob) narrada no livro Voltei. Ele foi um importante ativista do Espiritismo e diretor da FEB (Federação Espírita Brasileira) que, quando desencarnou, descobriu que sua situação espiritual não era algo de se orgulhar. Ele entendia como poucos a doutrina Espírita, mas não seguia as suas diretrizes de amor e perdão. É um livro belíssimo que merece ser lido.



Ao se despedir, a mãe de André informa:
“Esperam-me com urgência no Ministério da Comunicação, onde serei munida de recursos fluídicos para a jornada de regresso, nos gabinetes transformatórios.”
Fiquei pensando na informação dada na frase acima. Ela parece indicar que a mãe de André precisa de ajuda para retornar ao plano espiritual em que vive. Entretanto, ela vive em uma esfera espiritual superior à esfera espiritual de Nosso Lar. Portanto, isto deve significar que ela ainda não tem pleno conhecimento sobre manipulação de fluídos. Como há diferença na matéria entre os planos espirituais, ela deve ter sido ajudada na sua visita a Nosso Lar e deve precisar de ajuda para voltar. Pelo que li em outros livros, principalmente na série de André Luiz, os Espíritos encarregados desta tarefa fazem isto através da prece.


Carmem Bezerra





Nosso Lar - Capítulo 15

André Luiz finalmente se encontra com a mãe e aproveita para lamentar a sua situação. A mãe carinhosa aproveita para chamá-lo à razão.
"Não te queixes. Agradeçamos ao Pai a bênção desta reaproximação. Sintamo-nos agora numa escola diferente, onde aprendemos a ser filhos do Senhor. Na posição de mãe terrestre, nem sempre consegui orientar-te como convinha. Também eu trabalho, pois, reajustando o coração. Tuas lágrimas fazem-me voltar à paisagem dos sentimentos humanos. Alguma coisa tenta operar o retrocesso de minha alma. Quero dar razão aos teus lamentos, erigir-te um trono, qual se foras a melhor criatura do Universo; mas essa atitude, presentemente, não se coaduna com as novas lições da vida. Esses gestos são perdoáveis nas esferas da carne; aqui, porém, filho meu, é indispensável atender, antes de tudo, ao Senhor. Não és o único homem desencarnado a reparar os próprios erros, nem sou a única mãe a sentir-se distante dos entes amados. Nossa dor, portanto, não nos edifica pelos prantos que vertemos, ou pelas feridas que sangram em nós, mas pela porta de luz que nos oferece ao espírito, a fim de sermos mais compreensivos e mais humanos. Lágrimas e úlceras constituem o processo de bendita extensão dos nossos mais puros sentimentos."
Esta passagem me tocou profundamente. Como são sábias as palavras da mãe de André! O amor não é sinônimo de cegueira. Embora difícil, é preciso ver os erros das pessoas que amamos.

Na Terra, como seres imperfeitos, normalmente tomamos partido e as dores de quem amamos. Sempre temos uma desculpa e uma tese para defendê-los. Somos em parte responsáveis pelos seus erros. É por este motivo que os nossos inimigos se tornam os nossos melhores professores.


Carmem Bezerra

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 14

Clarêncio esclarece a situação de André Luiz e informa que tem recebido intercessões por ele.
“Logo após sua vinda, pedi ao Ministério do Esclarecimento providenciasse a obtenção de suas notas, que examinei atentamente. Muita imprevidência, numerosos abusos e muita irreflexão, mas, nos quinze anos de sua clínica, também proporcionou receituário gratuito a mais de seis mil necessitados. Na maioria das vezes, praticou esses atos meritórios, absolutamente por troça; mas, presentemente, pode verificar que, mesmo por troça, o verdadeiro bem espalha bênçãos em nossos caminhos. Desses beneficiados, quinze não o esqueceram e têm enviado, até aqui, veementes apelos a seu favor. Devo esclarecer, no entanto, que mesmo o bem que proporcionou aos indiferentes surge aqui a seu favor.”
Nada é escondido na espiritualidade. Portanto, essas 15 pessoas atendidas por André Luiz sabiam que não tinha sido um ato fraterno. Mesmo assim, sentiam-se gratas pelo que tinham recebido e intercediam por André.

Naturalmente, a colheita de André Luiz teria sido muito maior se tivesse feito da profissão um testemunho de amor. No livro O Semeador de Estrelas, Suely Caldas Schubert conta que Dr. Bezerra de Menezes, ao desencarnar, foi recebido por uma grande multidão. Ao perguntar quem eram aquelas pessoas, lhe responderam:
“- São aqueles a quem você consolou, sem nunca perguntar-lhes o nome. São aqueles Espíritos atormentados, que chegaram às sessões mediúnicas e a sua palavra caiu sobre eles como um bálsamo numa ferida em chaga viva; são os esquecidos da terra, os destroçados do mundo, a quem você estimulou e guiou. São eles, que o vêm saudar no pórtico da eternidade...”


Carmem Bezerra

domingo, 24 de junho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 13

Clarêncio recebe pedido de uma mãe que quer ajuda para os filhos em dificuldades na Terra.
"...o trabalho e a humildade são as duas margens do caminho do auxílio. Para ajudarmos alguém, precisamos de irmãos que se façam cooperadores, amigos, protetores e servos nossos. Antes de amparar os que amamos, é indispensável estabelecer correntes de simpatia. Sem a cooperação é impossível atender com eficiência."
Esta passagem me fez lembrar a parábola do semeador contada por Jesus. Nós colhemos o que plantamos (em nós mesmos). O trabalho no bem rende bons frutos. Quem espera uma hora melhor para começar o plantio, não terá frutos na época da colheita.

O mundo moderno nos faz mil exigências e o tempo parece ser sempre insuficiente. Fazemos o que nos é exigido pelo mundo e pouco nos dedicamos ao nosso crescimento espiritual.

Muitos espíritas acham que é suficiente ir toda semana ao centro para ouvir a palestra  e tomar o passe. São espíritas de ouvido e de boca, mas não de coração.

A nossa reforma íntima é urgente. Precisamos entender que o nosso tempo na Terra está se esgotando. É preciso aproveitar a oportunidade que agora temos. Clarêncio nos dá a dica: trabalho e humildade.
"Eis que o semeador saiu a semear. E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na; e outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda; mas vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz. E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na. E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."
Mateus, 13: 3-9

Carmem Bezerra

sábado, 23 de junho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 12

Neste Capítulo, Lísias fala sobre o Umbral a André Luiz. A partir da explicação dada pelo enfermeiro dedicado podemos concluir:
  1. É um local para os Espíritos se reequilibrarem após os excessos e erros cometidos no plano físico.
  2. “O Umbral funciona, portanto, como região destinada a esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona purgatorial onde se queima, a prestações, o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena.”
  3. É um local intermediário entre as colônias espirituais (para Espíritos em condição de aprendizado) e as colônias de reparação (para Espíritos ainda renitentes no mal).
  4. “E note você que a Providência Divina agiu sabiamente, permitindo se criasse tal departamento em torno do planeta. Há legiões compactas de almas irresolutas e ignorantes, que não são suficientemente perversas para serem enviadas a colônias de reparação mais dolorosa, nem bastante nobres para serem conduzidas a planos de elevação. Representam fileiras de habitantes do Umbral, companheiros imediatos dos homens encarnados, separados deles apenas por leis vibratórias. Não é de estranhar, portanto, que semelhantes lugares se caracterizem por grandes perturbações. Lá vivem, agrupam-se, os revoltados de toda espécie. Formam, igualmente, núcleos invisíveis de notável poder, pela concentração das tendências e desejos gerais.”
  5. É um local formado pela vibração de baixo teor dos encarnados e desencarnados. Portanto, o Umbral é criação nossa.
  6. "O plano está repleto de desencarnados e de formas-pensamento dos encarnados, porque, em verdade, todo espírito, esteja onde estiver, é um núcleo irradiante de forças que criam, transformam ou destroem, exteriorizadas em vibrações que a ciência terrestre presentemente não pode compreender. Quem pensa, está fazendo alguma coisa alhures. E é pelo pensamento que os homens encontram no Umbral os companheiros que afinam com as tendências de cada um. Toda alma é um ímã poderoso. Há uma extensa humanidade invisível, que se segue à humanidade visível."

"Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível." (Mateus 17:20)




Carmem Bezerra

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Nosso lar - Capítulo 11

Ao ser idagado por André Luiz, Lísias informa que existem outras colônias espirituais e que elas não possuem necessariamente a mesma organização vista em Nosso Lar.
"Se nas esferas materiais, cada região e cada estabelecimento revelam traços peculiares, imagine a multiplicidade de condições em nossos planos. Aqui, tal como na Terra, as criaturas se identificam pelas fontes comuns de origem e pela grandeza dos fins que devem atingir; mas importa considerar que cada colônia, como cada entidade, permanece em degraus diferentes na grande ascensão. Todas as experiências de grupo diversificam-se entre si e "Nosso Lar" constitui uma experiência coletiva dessa natureza. Segundo nossos arquivos, muitas vezes os que nos antecederam buscaram inspiração nos trabalhos de abnegados trabalhadores de outras esferas; em compensação, outros agrupamentos buscam o nosso concurso para outras colônias em formação. Cada organização, todavia, apresenta particularidades essenciais."
Portanto, Nosso Lar é apenas uma das moradas do Pai. Muitas outras existem. Cada colônia é livre para definir sua forma de organização e de trabalho. Quando o objetivo é seguir os ensinamentos do Mestre, ela é auxiliada por Espíritos de esferas mais altas.
 
 
Carmem Bezerra

Nosso Lar - Capítulo 10

Neste Capítulo, André é apresentado ao aeróbus e ao Bosque das Águas.

O aeróbus é um carro aéreo suspenso por fios invisíveis a uma altura de cinco metros do solo. Ele desce verticalmente a cada três quilômetros para soltar e pegar passageiros. Era o meio de transporte comum em Nosso Lar quando André Luiz lá chegou. Como os habitantes da colônia são ainda, em sua maioria, muito materializados, este veículo de locomoção se faz necessário. Entretanto, ele também é usado pelos Espíritos de Nosso Lar que podem volitar, evitando assim que irmãos mais materializados se sintam humilhados.

Lísias leva André para conhecer o Bosque das Águas onde fica o grande reservatório de água de Nosso Lar: o Rio Azul. Ele explica que o serviço de distribuição de água é da responsabilidade do Ministério da União Divina.
"Conhecendo-a mais intimamente, sabemos que a água é veículo dos mais poderosos para os fluidos de qualquer natureza. Aqui, ela é empregada, sobretudo como alimento e remédio. Há repartições no Ministério do Auxílio absolutamente consagradas à manipulação de água pura, com certos princípios suscetíveis de serem captados na luz do Sol e no magnetismo espiritual. Na maioria das regiões da extensa colônia, o sistema de alimentação tem aí suas bases. Acontece, porém, que só os Ministros da União Divina são detentores do maior padrão de Espiritualidade Superior, entre nós, cabendo-lhes a magnetização geral das águas do Rio Azul, a fim de que sirvam a todos os habitantes de Nosso Lar, com a pureza imprescindível. Fazem eles o serviço inicial de limpeza e os institutos realizam trabalhos específicos, no suprimento de substâncias alimentares e curativas. Quando os diversos fios da corrente se reúnem de novo, no ponto longínquo, oposto a este bosque, ausenta-se o rio de nossa zona, conduzindo em seu seio nossas qualidades espirituais."
 
 

Carmem Bezerra

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 9

Este Capítulo é um dos mais interessantes de Nosso Lar. Ele mostra as deficiências morais que ainda estamos sujeitos. O fato de estar no plano espiritual, ter conhecimento da situação da morte do corpo físico e ter a assistência fraterna de Espíritos Superiores, não nos faz mais humildes e nem mais sábios.

A decisão do Governador de Nosso Lar de reduzir a alimentação dos habitantes da Colônia ao que era realmente necessário provocou revolta, manifestações e traições por parte de vários habitantes da cidade. Somente a atitude pacífica e decidida do Governador permitiu que, após décadas, a resistência fosse vencida e que a nova diretriz alimentar fosse entendida como correta por todos.

Infelizmente a morte não nos traz sabedoria. A morte rasga o véu da ignorância, mas nem sempre ver significa enxergar.


Carmem Bezerra

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 8

Lísias explica a André Luiz como os serviços são organizados em Nosso Lar. O centro da cidade  tem uma grande praça com o formato de uma estrela de 6 pontas. No centro da estrela fica a Governadoria, centro administrativo da colônia espiritual. Em cada ponta da estrela fica um Ministério de Nosso Lar. Cada Ministério é orientado por 12 Ministros.


Cada Ministério é responsável por determinado serviço em Nosso Lar.
  1. Ministério da União Divina - é o Ministério mais elevado, liga Nosso Lar às esferas superiores.
  2. Ministério da Elevação - é onde são feitas as orações coletivas e definidos os programas para elevação espiritual dos habitantes da Colônia.
  3. Ministério do Auxílio - acolhe os espíritos resgatados do Umbral.
  4. Ministéiro da Regeneração - responsável por preparar os Espíritos que vão reencarnar na Terra.
  5. Ministério da Comunicação - responsável pelo intercâmbio com os que ainda estão encarnados na Terra.
  6. Ministério do Esclarecimento - responsável pelo acesso, ou não, aos arquivos das vidas passadas dos que habitam a Colônia.
 
Carmem Bezerra

Nosso Lar - Capítulo 7

Sentindo-se um pouco mais recuperado, André Luiz passa a observar o local para onde fora levado depois de ser resgatado do Umbral.
"Impressioanava-me, sobretudo, os aspectos da Natureza. Quase tudo, melhorada cópia da Terra."
É preciso lembrar que Nosso Lar é local de repouso e refazimentos de Espíritos ainda bastante ligados à crosta terrestre. Para que esses irmãos possam se sentir acolhidos, é importante que a colônia lembre a Terra. Por isso, podemos dizer que Nosso Lar é uma cópia melhorada das coisas boas da Terra.

Além disso, Lísias fornece a André uma explicação simples porque Nosso Lar se parace tanto com a Terra:
"Todo processo evolutivo implica gradação. Há regiões múltiplas para os desencarnados, como existem planos inúmeros e surpreendentes para as criaturas envolvidas de carne terrestre."
Quando André informa que deseja muito receber a visita da mãe que lhe antecedera no retorno à vida espiritual, Lísias aconselha:
"Convém não esquecer, contudo, que a realização nobre exige três requisitos fundamentais, a saber: primeiro, desejar; segundo, saber desejar; e, terceiro, merecer, ou, por outros termos, vontade ativa, trabalho persistente e merecimento justo."
Lísias simplesmente aconselha André a não esperar de braços cruzados que o pedido seja atendido. Ele deve trabalhar para merecer o que deseja.


 Carmem Bezerra


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 6

Após ouvir as lamentações de André Luiz, Clarêncio o adverte:
"Aprenda, então, a não falar excessivamente de si mesmo, nem comente a própria dor. Lamentação denota enfermidade mental e enfermidade de curso laborioso e tratamento difícil. É indispensável criar pensamentos novos e disciplinar os lábios."
Neste trecho do livro, mais uma vez recebemos a advertência sobre a importância dos nossos pensamentos. É preciso lembrar que existem dois elementos elementos gerais no universo: espírito e matéria (questão 79 do Livro dos Espíritos). Deus cria os Espíritos (questões 80 e 81 do Livro dos Espíritos). A matéria é plasmada pela força do pensamento dos Espíritos, pois Deus assim o permite. Sabemos que existem Espíritos Puros que trabalham na co-criação de mundos. No livro A Caminho da Luz, Emmanuel nos narra que Jesus organizou os elementos que formaram a Terra e permitiram o surgimento da vida humana. As ferramentas usadas pelo Divino Mestre foram a vontade e o pensamento.


Entretanto, a criação não é exclusiva dos Espíritos das ordens mais elevadas. Quando pensamos, criamos formas-pensamento que ficam ao nosso redor. São estas formas que moldam o ambiente em que vivemos e que atraem os Espíritos que com elas se identificam.

No livro Sexo e Obsessão, Manuel Philomeno de Miranda narra o que viu no quarto de um irmão preso aos desatinos da pedofilia e que bem exemplifica o que eu estou falando.
"O ambiente psíquico do quarto, possivelmente em razão das emanações habituais do residente vinculado aos desejos mórbidos, era deplorável. Entidades ociosas e viciadas ali permanenciam, umas em atitude de vigilância, enquanto outras se apresentavam como parasitas que se nutriam dos vibrões mentais e das formas-pensamento exteriorizadas pelo paciente infeliz."

Portanto, nós também somos co-criadores da matéria e usamos as mesmas ferramentas que os Espíritos mais elevados: o pensamento e a vontade. Mas, como crianças, ainda não somos capazes de entender e usar adequadamente o presente divino.

No final do capítulo, Clarêncio completa o conselho a André Luiz com uma lição maravilhosa.
"As almas débeis, ante o serviço, deitam-se para se queixarem aos que passam; as fortes, porém, recebem o serviço como patrimônio sagrado, na movimentação do qual se preparam, a caminho da perfeição."
Portanto, é parar de se queixar, arregaçar as mangas e começar o bom plantio.

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."    Chico Xavier


Carmem Bezerra


domingo, 17 de junho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 5

Lísias, novo amigo de André Luiz em Nosso Lar, informa sobre as condições de muitos irmãos que são trazidos para a Colônia.
"E talvez ignore que existem, por aqui, os mutilados. Já pensou nisso? Sabe que o homem  imprevidente, que gastou os olhos no mal, aqui aparece de órbitas vazias? Que o malfeitor nos atos criminosos apresentam a desolação da paralisia? Que os pobres obsidiados nas aberrações sexuais costumam chegar em extrema loucura?"
Mais uma vez, o livro nos alerta para o reflexo das atitudes adotadas na Terra no nosso corpo espiritual. Diante da verdade do mundo espiritual, o corpo mental se envergonha de seus erros e reflete as suas culpas no corpo etéreo. Não há como fugir e nem se enganar. Ninguém consegue ignorar uma verdade que está marcada no próprio corpo e que pode ser vista por qualquer um.
"Nosso Lar, não é instância de Espíritos propriamente vitoriosos, se conferirmos ao termo sua razoável acepção. Somos felizes, porque temos trabalho, a alegria habita por aqui, porque o Senhor, não nos retirou o pão abençoado do serviço."
No texto acima, Lísias lembra a André que ele ainda não alcançou o estado de Espírito feliz. Que ainda é preciso trabalhar para aprender.
“Acreditaria, porventura, que a morte do corpo nos conduziria a planos de milagres? Somos compelidos a trabalho áspero, a serviços pesados e não basta isso. Se temos débitos no planeta, por mais alto que ascendamos, é imprescindível voltar, para retificar, lavando o rosto no suor do mundo, desatando algemas de ódio e substituindo-as por laços sagrados de amor. Não seria justo impor a outrem a tarefa de mondar o campo que semeamos de espinhos, com as próprias mãos.”
O texto deixa bem claro a necessidade da reencarnação como instrumento de educação e reparação. Não é isto melhor do que ser condenado a penas eternas? Não é isto sinal do grande amor que Deus tem por nós?


Carmem Bezerra

Nosso Lar - Capítulo 4

André Luiz recebe explicações sobre o que levou ao seu desencarne.
"O organismo espiritual apresenta em si mesmo a história completa das ações praticadas no mundo."
O corpo físico é uma cópia do corpo espiritual e, como discutido no Capítulo 2, o corpo espiritual é organizado pelo corpo mental. Portanto, toda a estória da nossa encarnação, os nossos erros e os nossos acertos estão lá gravados para serem exeminados pelos mentores quando fazemos a passagem.
"A moléstia talvez não assumisse características tão graves, se o seu procedimento mental no planeta estivesse enquadrado nos princípios da fraternidade e da temperança. Entretanto, seu modo especial de conviver, muitas vezes exasperado e sombrio, captava destruidoras vibrações naqueles que o ouviam. Nunca imaginou que a cólera fosse manancial de forças negativas para nós mesmos? A ausência de autodomínio, a inadvertência no trato com os semelhantes, aos quais muitas vezes ofendeu sem refletir, conduziam-no frequentemente à esfera dos seres doentes e inferiores. Tal circunstância agravou, de muito, o seu estado físico."
O médico informa na passagem acima que André agravou o estado físico e apressou a sua morte ao se manter em vibração de sentimentos não fraternos. Lembro-me de sempre ter ouvido pessoas falarem que guardar rancor dá câncer. Nunca levei muito a sério este tipo de comentário, mas pela passagem lida acima, imagino que a frase não é uma tolice total. O constate mau humor faz antecipar e agravar as doenças cármicas que estão adormecidas em nós. Certamente André teria ainda vivido muitos anos na Terra se tivesse adotado atitudes mais equilibradas no trato dos problemas do dia a dia.
"Todo o aparelho gástrico foi destruído à custa de excessos de alimentação e bebidas alcóolicas, aparentemente sem importância. Devorou-lhe a sífilis energias essenciais. Como vê, o suicídio é incontestável".
André foi considerado suicida no plano espiritual, pois apressou a própria morte ao se exceder nos prazeres da vida terrena. O corpo físico é presente divino para ajudar em nossa educação e deve ser tratado com respeito. Ele é nossa ferramenta de trabalho na Terra e uma oportunidade para progredir.
Carmem Bezerra

Nosso Lar - Capítulo 3

Quando André perguntou onde se encontrava obteve como resposta:
"Estamos nas esferas espirituais vizinhas da Terra, e o Sol que nos ilumina, neste momento, é o mesmo que nos vivificava o corpo físico. Aqui, entretanto, nossa percepção visual é muito mais rica. A estrela que o Senhor acendeu para os nossos trabalhos terrestres é mais preciosa e bela do que a supomos quando no círculo carnal. Nosso Sol é a divina matriz da vida, e a claridade que irradia provém do autor da Criação."
Heigorina Cunha, médium e sobrinha de Eurípedes Barsanulfo,  teve a oportunidade de visitar em um desdobramento Nosso Lar. Após ter despertado, ela desenhou o que viu e, assim, temos a oportunidade de conhecer um pouco mais do local para onde André Luiz foi levado. Uma das figuras é mostrada abaixo.

A figura mostra a Terra e as suas esferas espirituais. Começando na crosta terrestre, temos a primeira esfera: o Umbral Grosso (em tom cinza). Ainda na crosta terrestre, temos o início da segunda esfera espiritual que se expande para a superfície da Terra: o Umbral Médio (desenho com rachaduras). Acima da superfície terrestre, temos a terceira esfera onde fica Nosso Lar (em forma de estrela): o Umbral Superior (em tom amarelo). As outras esferas são moradias de espíritos mais evoluídos que se encontram ligados ao desenvolvimento espiritual da Terra.
"A essa altura, serviram-me caldo reconfortante, seguido de água muito fresca, que me pareceu portadora de fuidos divinos"
Como André ainda se encontrava muito ligado às necessidades do corpo físico, era necessário reconfortá-lo com alimentos parecidos com o que ele tinha na Terra. Com o tempo e a sua evolução espiritual, esta necessidade desapareceria.
"Conserva-te tranquilo. Todas as residências e instituições de Nosso Lar estão orando com o Governador, através da audição e visão a distância. Louvemos o Coração Invisível do Céu."
André narra que a visão do Governador era possível graças a existência de vários aparelhos que lembravam os aparelhos de TV bem mais evoluídos. É possível imaginar que fossem imagens tridimensionais sem a presença de qualquer limitação física de uma caixa. Hoje a ciência já informa que esta será a TV do futuro, a tecnologia já está caminhando para isto.
"Terminada a sublime oração, regressei ao aposento de enfermo, amparado pelo amigo que me atendia de perto. Entretanto, não era mais o doente grave de horas antes."
Este é um ponto essencial de toda a narração de André Luiz: a importância da oração. Foi pela oração que ele foi resgatado do Umbral inferior. Foi pela oração que ele se sentiu mais reconfortado e pronto para recomeçar. Precisamos entender a importância da oração em nossos dias na Terra. Sei que muito devo neste quesito e que muitas vezes meus lábio apenas repetem palavras há décadas. Preciso aprender a rezar com toda a minha atenção e o meu amor. Preciso aprender a me concentar mais.

Carmem Bezerra

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 2 (continuação)

Estive analisando o que escrevi sobre o corpo mental e o períspirito e acho que não fui muito clara. Vou tentar melhorar a explicação.

"Crescera-me a barba, a roupa começava a romper-se..."

O livro "O Espiritismo de A a Z" da FEB define o corpo mental da seguinte forma:
“Por revestir todas as camadas do inconsciente, representaria o envoltório da mente ou espírito propriamente dito. Com isso, seria zona divisória entre o mundo espiritual e material”.
Portanto, o corpo mental armazena todas as informações que adquirimos desde a nossa criação.


No livro "Perispírito e Corpo Mental", Durval Ciamponi  completa:
“... o Corpo Mental é a parte imperecível do Perispírito ...”
Em "Perispírito e suas Modelações", Luiz Gonzaga Pinheiro explica a função do perispírito:
"Elaborado desde milhões de anos, nos laboratórios da natureza, o perispírito herdou o automatismo permanente que o mantém atuante, transmitindo ao Espírito as impressões dos sentidos e comunicando ao corpo as vontades deste. Graças a este automatismo perispiritual, o homem não precisa programar-se ou pensar para respirar, dormir, promover os efeitos digestivos, excretar, fazer circular o sangue e os hormônios e um sem número de funções que lhe passam desapercebidas."
Resumindo, o perispírito reflete a programação recebida do corpo mental. Quando há o desencarne, o perispírito continua a executar a sua programação. Por isso, é normal que os Espíritos mais materializados sintam fome e sede, vejam o cabelo crescer e sintam necessidades como qualquer pessoa encarnada. Isto não ocorre com os Espíritos mais evoluídos, pois eles possuem maior domínio sobre o corpo mental e conhecimento de como manipular os fluidos. Afinal, o perispírito é  matéria, embora mais sutil que a matéria do corpo físico.

Em relação às roupas, se André tivesse o conhecimento sobre manipulação de fluidos, ele poderia ter modificado a própria aparência. Kardec interrogou os Espíritos sobre a aparência e a vestimenta dos desencarnados. Abaixo um pequeno trecho do Capítulo VIII do Livro dos Médiuns.
4ª Dar-se-á que a matéria inerte se desdobre? Ou que haja no mundo invisível uma matéria essencial, capaz de tomar a forma dos objetos que vemos? Numa palavra, terão estes um duplo etéreo no mundo invisível como os homens são nele representados pelos Espíritos?  
"Não é assim que as coisas se passam. Sobre os elementos materiais disseminados por todos os pontos do espaço, na vossa atmosfera, têm os Espíritos um poder que estais longe de suspeitar. Podem, pois, eles concentrar à sua vontade esses elementos e dar-lhes a forma aparente que corresponda à dos objetos materiais." 
NOTA. Esta pergunta, como se pode ver, era a tradução do nosso pensamento, isto é, da idéia que formávamos da natureza de tais objetos. Se as respostas, conforme alguns o pretendem, fossem o reflexo do pensamento, houvéramos obtido a confirmação da nossa teoria e não uma teoria contrária.
5ª Formulo novamente a questão, de modo categórico, a fim de evitar todo e qualquer equívoco: São alguma coisa as vestes de que os Espíritos se cobrem?
"Parece-me que a minha resposta precedente resolve a questão. Não sabes que o próprio perispírito é alguma coisa?"
6ª Resulta, desta explicação, que os Espíritos fazem passar a matéria etérea pelas transformações que queiram e que, portanto, com relação à caixa de rapé, o Espírito não a encontrou completamente feita, fê-la ele próprio, no momento em que teve necessidade dela, por ato de sua vontade. E, do mesmo modo que a fez, pôde desfazê-la. Outro tanto naturalmente se dá com todos os demais objetos, como vestuários, jóias, etc. Será assim?
"Mas, evidentemente."

Carmem Bezerra

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 2

Abaixo alguns comentários sobre este capítulo do livro. Não vou recontar aqui a estória de André Luiz, isto fica por conta de cada um.

"Torturava-me a fome, a sede me escaldava."

André conta que sentia fome e sede como qualquer pessoa encarnada. Isto se deve ao fato de, na época da morte do corpo físico, ele ser uma pessoa muito ligada à matéria. Quanto mais evoluído é o Espírito, menos necessidades fisiológicas ele tem. Já me disseram que quando Madre Teresa de Calcutá faleceu, ela deixou o corpo na cama como se deixa uma roupa e foi ajudar imediatamente outras pessoas. Para Madre Teresa, a vida continuou normalmente, sem sobressaltos. Não foi esta a situação de André Luiz. Ele viveu para os valores do mundo e nunca se preocupou com a vida espiritual.

"Crescera-me a barba, a roupa começava a romper-se..."

Esta passagem é explicada no Capítulo XIV de "A Gênese".
14. - Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes as propriedades, como um químico muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual. Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção; doutras, são produto de um pensamento inconsciente. Basta que o Espírito pense uma coisa, para que esta se produza, como basta que modele uma ária, para que esta repercuta na atmosfera.

Portanto, André era o próprio responsável pelas mudanças que estavam ocorrendo. O perispírito é um reflexo do nosso corpo mental. Somos o que pensamos. Emmanuel costuma aparecer com o porte e a vestimenta de Senador da Roma Antiga. Foi nesta época que ele conheceu Jesus, por isso ele considera esta encarnação especial. A roupa rasgada e a barba crescida são eventos esperados na Terra após um tempo. Como espírito ainda muito materializado, André não podia esperar continuar com a mesma aparência. Ele refletiu no perispírito aquilo que ele achava que deveria acontecer. Entretanto, não são apenas Espíritos mais evoluídos que intencionalmente mudam a sua aparência. Basta que o Espírito em questão tenha o conhecimento sobre manipulação de fluidos e, como sabemos, o avanço intelectual nem sempre acompanha o avanço moral.

"Que buscas, infeliz! Aonde vais, suicida?"

Os outros espíritos que se encontravam no mesmo nível vibratório de André (o viam e podiam vê-lo) o consideravam suicida. Isto se deve ao fato de que nada pode ser escondido na espiritualidade. Não há máscaras. Por exemplo, quem está triste, mostra isto no seu padrão vibratório. A causa do desencarne de André podia ser identificado pelos que o viam. Nada precisava ser dito.

"- Coragem, meu filho! O Senhor não te desampara."

Esta passagem no livro mostra um exemplo da importância da oração. Quando André Luiz orou de coração ao Criador, ele foi socorrido. De nada valem as orações nascidas apenas dos lábios e que são meras repetições de frases ensinadas. A oração verdadeira é sempre respondida. Deus nos ouve sempre quando pedimos a sua ajuda.



Carmem Bezerra

sábado, 9 de junho de 2012

Nosso Lar - Capítulo 1

Ao iniciar a leitura do livro, me recordei as estórias que ouvi e li sobre ele. Dizem que houve relutância por parte da FEB para publicar Nosso Lar. O livro trazia muitas informações novas. Nunca antes a espiritualidade dera tantos detalhes sobre a vida no plano espiritual. Foi preciso a intervenção de Emmanuel para que o livro fosse publicado. E mesmo depois de publicado, muitos espíritas passaram a acreditar que o Chico estava obsediado. Não sei se isto realmente aconteceu, mas é possível. O ser humano costuma ter uma resistência muito grande ao que é novo. Mesmo que a informação tenha vindo de uma fonte confiável (o nosso Chico), ela encontrou muitas resistências para a sua aceitação.

No livro Testemunhos de Chico Xavier, Suely Caldas Schubert conta que a série de livros de André luiz foi supervisionada por Emmanuel e Dr. Bezerra de Menezes. Além disso, houve momentos em que a produção foi interrompida para que Espíritos de ordem mais elevada pudessem ser consultados. Portanto, não é trabalho de um espírito só. André Luiz contou a sua estória com a supervisão de outros espíritos. A forma e o que foi narrado tinha a prévia autorização da Espiritualidade Maior.


Em carta à Suely Caldas Schubert, Chico Xavier contou:
Noto, contudo, que Emmanuel, desde fins de 1941, se dedica, afetuosamente, aos trabalhos de André Luiz. Por essa época, disse-me ele a propósito de “algumas autoridades espirituais” que estavam desejosas de algo lançar em nosso meio, com objetivos de despertamento. Falou-me que projetavam trazer páginas que nos dessem a conhecer aspectos da vida que nos espera no “outro lado”, e, desde então, onde me concentrasse, via sempre aquele “cavalheiro espiritual”, que depois se revelou por André Luiz, ao lado de Emmanuel. Assim decorreram quase dois anos, antes do “Nosso Lar.
Portanto, o livro Nosso Lar marcou o início de uma nova era de revelações feitas pelos Espíritos. Não foi algo decidido repentinamente. Foi cuidadosamente planejado. Por isso, muitos espíritas consideram que a série André Luiz é a continuação da Codificação Kardecista. Chico Xavier confirma esta ideia quando narra para Suely Caldas Schubert:
Desde então, vejo que o esforço de Emmanuel e de outros amigos nossos concentrou-se nele, acreditando, intimamente, que André Luiz está representando um círculo talvez vasto de entidades superiores. Assim digo porque quando estava psicografando o “Missionários da Luz”, houve um dia em que o trabalho se interrompeu. Levou vários dias parado. Depois, informou-me Emmanuel, quando o trabalho teve reinício, que haviam sido realizadas algumas reuniões para o exame de certas teses que André Luiz deveria ou poderia apresentar ou não no livro. Em psicografando o capítulo Reencarnação, do mesmo trabalho, por mais de uma vez, vi Emmanuel e Bezerra de Menezes, associados ao autor, fiscalizando ou amparando o trabalho.
André Luiz inicia o Capítulo 1 de Nosso Lar com a seguinte frase:
Eu guardava a impressão de haver perdido a ideia de tempo. A noção de espaço esvaíra-se-me de há muito.
Em muitos livros psicografados, existem casos onde situações similares são narradas. O tempo e o espaço parecem ter um comportamento diferente do que nós estamos vivenciando na Terra. Um caso bem interessante é contado por Yvonne Pereira em Recordações da Mediunidade.
Uma vez, transportada ao estado de espírito semiliberto, vi que desaparecera a casa atual e, em seu lugar, via-se apenas um terreno com um casebre construído em adobes, coberto de telhas velhas, com janelas minúsculas, sem vidros, e portas muito toscas, de tábuas grosseiras, e chão de terra batida. Algumas plantações já arruinadas se deixavam ver (…). O habitante do casebre fora dado à prática de magias, de “macumba”, como vulgarmente é conhecida a dita prática no dialeto popular brasileiro. Um negro ainda moço, ou o seu Espírito, corpulento, simpático, cuidava das ervilhas com muita atenção (…). Pés descalços, inchados, como que atacados de elefantíase, enquanto o corpo reluzia, deformado pela inchação. Com a continuação do fenômeno, nas noites subseqüentes, e com a orientação do Espírito Guia Charles, fui informada de que aquela entidade chamara-se Pedro, quando encarnada, residira no casebre, e que, agora, desencarnada, continuava no mesmo local, fixando o pensamento no cenário passado e, por isso mesmo, construindo-o ao derredor de si, (…) à força de tanto recordá-lo (…). O cenário dava, pois, até a mim mesma, a ilusão da mais positiva realidade (…).

O caso narrado pela querida médium carioca e a situação de André Luiz são explicados na questão 1.012 do Livro dos Espíritos.
1012. De acordo com isso, o inferno e o paraíso não existiriam como os homens os representam?
- Não são mais do que figuras: os Espíritos felizes e infelizes estão por toda parte. Entretanto, como já o dissemos também, os Espíritos da mesma ordem se reúnem por simpatia. Mas podem reunir-se onde quiserem, quando perfeitos.
Comentário de Kardec: A localização absoluta dos lugares de penas e de recompensas só existe na imaginação dos homens. Provém da sua tendência de materializar e circunscrever as coisas cuja natureza infinita não podem compreender.
Portanto, o local para onde vamos depois do desencarne depende apenas do nosso estado de espírito. André Luiz se encontrava no Umbral, zona espiritual que fica dentro da crosta terrestre. A colônia Nosso Lar fica acima da cidade do Rio de Janeiro e pode ser considerada como um Umbral Superior para onde são levados espíritos ainda muito ligados à matéria.

Assim, o Umbral e o Nosso Lar são criações das mentes de encarnados e desencarnados que concientemente, ou não, plasmam as energias do universo. Por que então os espíritos não criam apenas ambientes bonitos e perfeitos? Porque a mente é a fonte geradora de tudo. Usamos o material que temos em nós. Só o amor é capaz de criar as mais belas formas. Não adianta apenas parecer bom e honesto para entrar nos mundos felizes. É preciso ser bom e honesto.

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
I Coríntios 13
 
Carmem Bezerra