domingo, 25 de setembro de 2011

Vocação

Na semana passada, durante a oração noturna, estive lendo "Pensamento e Vida" de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel.  O texto do Capítulo 16 fala em vocação e o seu primeiro parágrafo me tocou profundamente.

"A vocação é a soma dos reflexos da experiência que trazemos de outras vidas".


A ideia de que as pessoas nascem com uma vocação sempre me incomodou. Nunca me senti com vocação para nada. Escolhi um caminho profissional quando aos 17 anos tive que marcar no cartão do vestibular a formação que pretendia. Mas nunca tive grandes paixões pela escolha feita. Não que eu me considere um fracasso na minha profissão. Pelo contrário. Sou considerada boa profissional, responsável e dedicada ao que faz. Nunca fiquei sem trabalho e, algumas vezes, tive que recusar convites por falta de tempo.

Mas a verdade é que nunca me senti uma profissional completa. Sempre me faltou a paixão pela profissão que escolhi. Isto fez de mim uma pessoa constantemente insatisfeita com a minha vida profissional, sempre a procura de algo diferente para fazer.

O texto de Emmanuel trouxe esclarecimento para algo que sempre me incomodou. Sempre que vejo alguém se dedicar com paixão a sua profissão, eu sinto inveja. Gostaria de ter essa paixão, essa certeza inabalável sobre o que deve ser feito. Isto sempre me deixou triste. Sempre fiquei imaginando que se um dia eu conseguisse unir minha dedicação com a paixão pela profissão, eu seria uma profissional perfeita. Mas não encontrei, até hoje, esta certeza que muitos já demonstram desde a infância. 

Eu não guardo ilusões sobre o que eu fiz em vidas passadas, basta ver a minha vida e a reação que muitas pessoas inconscientemente têm a mim. Eu devo ter aprontado muito. Minha intuição me diz que eu fui a "outra" de muitos em vidas passadas. Tirei do corpo o meu sustento e nunca me envolvi com qualquer profissão convencional.

A verdade é que eu preciso agora recuperar o tempo perdido. É preciso construir em mim o amor pelo trabalho digno e honesto. Esta, com certeza, não será uma tarefa fácil. 

Senhor,
ensina-nos a orar sem esquecer o trabalho,
a dar sem olhar a quem,
a servir sem perguntar até quando,
a sofrer sem magoar seja a quem for,
a progredir sem perder a simplicidade,
a semear o bem sem pensar nos resultados,
a desculpar sem condições ,
a marchar para a frente sem contar os obstáculos,
a ver sem malicia,
a escutar sem corromper os assuntos,
a falar sem ferir,
a compreender o próximo sem exigir entendimento,
a respeitar os semelhantes sem reclamar consideração,
a dar o melhor de nos,além da execução do próprio dever
sem cobrar taxas de reconhecimento.
Senhor,
fortalece em nos a paciência para com as dificuldades
dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros
para com as nossas próprias dificuldades.
Ajuda-nos para que a ninguém façamos aquilo
que não desejamos para nós.
Auxilia-nos sobretudo a reconhecer que a nossa
Felicidade mais alta será invariavelmente
àquela de cumprir os desígnios ,onde e
como queiras ,hoje, agora e sempre



Emmanuel



Carmem Bezerra

domingo, 18 de setembro de 2011

O Médium na Casa Espírita

Eu sempre evitei falar da minha participação na mesa mediúnica dentro da Casa Espírita. Como ainda estou na educação mediúnica e não tenho ainda certeza sobre este trabalho, sempre me calei sobre isto. Quando me perguntam sobre os trabalhos que faço na Casa, falo de todos os meus outros trabalhos, nunca falo na mesa mediúnica.

Sempre considerei esta minha atitude como prudente devido a minha insegurança como médium. Se ninguém sabe, ninguém pergunta e assim não preciso externizar as minhas dúvidas. E nem aparentar uma segurança que não tenho.

Entretanto, tenho um amigo na Casa que é também meu companheiro em outra atividade. Este amigo não tem qualquer receio de dizer que faz parte da mesa mediúnica e, quando estou por perto, sempre me aponta como outra pessoa do trabalho mediúnico.

Hoje, muitas pessoas na Casa já sabem que trabalho na mesa mediúnica. Isto tem me trazido algumas situações que tem me preocupado. As pessoas me procuram para pedir ajuda, para me dar nomes para rezar. Noto o respeito com que as pessoas se dirigem a mim para contar os seus problemas e me pedir conselho. Como falar para estas pessoas que pouco sei? Que o fato de trabalhar na mesa não significa que eu saiba mais que elas?

Às vezes fico com a impressão que elas esperam que eu diga algo sobrenatural do tipo "o mentor da Casa está dizendo para você não desistir, que você está no caminho certo".  Esperam talvez que eu capte alguma mensagem e lhe diga algo que elas ainda não sabem.

Isto me angustia. Mesmo tendo o maior cuidado no que falo para estas pessoas, sempre fico com a impressão que posso ter falado algo que não devia. Não me considero como alguém diferente. Não vejo o que as outras pessoas vêem. Acho que o trabalho na mesa não torna ninguém especial ou superior. Desde que comecei o trabalho, noto que adquiri um melhor conhecimento sobre mim mesma, mas só isso. Tenho as mesmas dúvidas, incertezas e medos da maioria dos espíritas.


PRECE AOS MÉDIUNS
Deus-todo-Poderoso, permiti aos bons Espíritos na comunicação que solicito. Preservai-me da presunção de crer-me ao abrigo dos maus Espíritos; do orgulho que poderia me enganar sobre o valor do que obtenho; de todo sentimento contrário à caridade, com respeito aos outros médiuns. Se estou induzido ao erro, inspirai a alguém o pensamento que me fará aceitar a crítica com reconhecimento, e tomar para mim mesmo, e não para os outros, os conselhos que quererão me ditar os bons espíritos. Se estou tentado em abusar do que quer que seja, ou de me envaidecer da faculdade que vos aprouve me conceder, eu vos peço me retirar, antes de permitir que seja desviada de seu fim providencial, que é o bem de todos, e meu próprio adiantamento moral.
Allan Kardec

Carmem Bezerra

domingo, 11 de setembro de 2011

Pacto Áureo

Muito tenho ouvido falar sobre o Pacto Áureo e decidi pesquisar sobre o assunto. Abaixo um pouco do que li.

O Pacto Áureo foi um acordo assinado em 5 de outubro de 1949 que tinha por objetivo unificar o movimento espírita a nivel nacional. Ele foi assinado pela FEB e por representantes de várias Federações e Uniões de âmbito nacional.

Entre outras definições, em seu artigo 12º, o acordo estabelece:

"As sociedades componentes do Conselho Federativo Nacional são completamente independentes. A ação do Conselho só se verificará, aliás, fraternalmente, no caso de alguma Sociedade passar a adotar programa que colida com a doutrina exposta nas obras: "O Livro dos Espíritos" e "O Livro dos Médiuns", e isso por ser ele, o Conselho, o orientador do Espiritismo no Brasil."

Na época da assinatura do acordo, os espíritas estavam divididos entre diferentes interpretações da codificação. O livro de Roustaing parece ter sido dos pontos de discórdia. A FEB o adotara como um dos pilares da doutrina, mas muitos espíritas não o aceitavam como tal.

O pacto teve o objetivo de unir os espíritas em torno dos ensinamentos do Mestre e da codificação de Kardec. Os filiados à FEB passaram a ter liberdade em relação às questões doutrinárias sendo criado um conselho nacional apenas para orientar os seus filiados. Este conselho nenhum poder tem para punir ou obrigar os seus filiados a adotar qualquer medida.

Sem dúvida foi uma forma de resolver o problema. Não podemos reviver na doutrina os erros cometidos na Igreja Primitiva. Não podemos fazer das palavras de amor do Mestre motivos para perseguição e discórdia. Se ainda não estamos maturos para entender o que nos foi ensinado pelos Espíritos, então é melhor esperar.


Carmem Bezerra

domingo, 4 de setembro de 2011

Obsessão/Desobsessão

Estou lendo "Obsessão Desobsessão" de Suely Caldas Schubert publicado pela FEB. É um livro ao mesmo tempo interessante e assutador. Interssante porque a escritora usa sua experiência de vinte e cinco ano na mesa mediúnica para discutir as reuniões de desobsessão. Assustador porque nos mostra o quanto longe ainda estamos de compreender e aplicar o ensinamento do Mestre: "orai e vigiai".



Ao discutir os diversos graus de obsessão, Suely Caldas Schubert alerta:

"Não damos, na maioria das vezes, importância alguma aos nosos estados emocionais, que oscilam bastante. Se ponderarmos, iremos constatar que, para o desquilíbrio de nossas emoções, pequeninos nadas tornam-se agentes poderosos e fazem vacilar a nossa aparente serenidade interior, levando-nos a estados de visível turvação mental".

Os que trabalham na mesa mediúnica precisam ficar muito atento ao conselho acima. Hoje em dia, devido ao trabalho e aos afazeres domésticos, é quase impossível ter um momento de meditação antes de se dirigir à Casa Espírita. Muitos saem do trabalho e vão direto para o Centro. Chegam cansados, estressados e desanimados. Logo a harmonização do grupo nem sempre é uma tarefa fácil. A Espiritualidade pode inclusive precisar isolar o trabalhador que não consegue se desligar das ocorrências do dia.

Mas o que fazer? Afinal, não podemos parar as nossas atividades diárias. São elas que nos garantem a sobrevivência.

Como disse Raul Teixeira na palestra, é preciso que o médium esteja pacificado, ou seja, que o médium enfrente o dia-a-dia sem grandes alterações emocionais. Aceitar as vicissitudes da vida sem dramas, mas com coragem e determinação. É preciso orar e vigiar os nossos sentimentos e as nossas atitudes para que um palavra azeda não nos desequilibre.

É tarefa difícil, mas se fosse fácil, nós não precisaríamos estar na Terra. Estaríamos em outras esferas espirituais.


Senhor, ensina-nos:
A orar sem esquecer o trabalho;
A dar sem olhar a quem;
A servir sem perguntar até quando;
A sofrer sem magoar seja a quem for;
A progredir sem perder a simplicidade;
A semear o bem sem pensar nos resultados;
A desculpar sem condições;
A marchar para a frente sem contar os obstáculos;
A ver sem malícia;
A escutar sem corromper os assuntos;
A falar sem ferir;
A compreender o próximo sem exigir entendimento;
A respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração;
A dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever,
sem cobrar taxa de reconhecimento;
Senhor, fortalece em nós a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como
precisamos da paciência dos outros para com as nossas dificuldades;
Auxilia-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será
invariavelmente, aquela de cumprir-Te os desígnios onde como queiras, hoje, agora e sempre.
Emmanuel

AVISO: no dia 2 de outubro, ocorrerá o II Congresso CEJA-BARRA com o tema "A Mediunidade e sua Vida". O evento será no Clube Monte Líbano (Av. Borges de Medeiros, 701, Lagoa). Suely Caldas Schubert é uma das palestrantes do congresso. Para mais informações acesse www.cejabarra.org.

Carmem Bezerra